Especial: os 10 melhores filmes brasileiros de 2019

por: Cinevitor

top10brasil2019cinevitorDiversidade nas telonas: o cinema brasileiro resiste!

Há tempos que o cinema brasileiro não brilhava tanto: por aqui e ao redor do mundo. Neste ano, praticamente todos os grandes festivais internacionais tiveram presença de, pelo menos, uma produção nacional em sua programação. E, muitas vezes, fomos premiados.

Filmes de todos os cantos do país ganharam destaque nas bilheterias, nas plataformas digitais e também em festivais. A diversidade cultural brasileira impressa em longas e curtas-metragens representaram genuinamente cada pedaço do país, com diversos costumes, sotaques e tradições. Mesmo com tantas novas histórias e opções variadas de filmes nacionais, a luta para se manter em cartaz ainda é um trabalho árduo, assim como a realização dessas produções, que têm enfrentado cada vez mais obstáculos.

Infelizmente, não é de hoje que a cultura brasileira é atacada, porém, neste ano, diversos acontecimentos prejudicaram ainda mais o andamento de projetos, editais, festivais e outras atividades ligadas ao audiovisual. Em um ano tão positivo para o cinema brasileiro, é inadmissível compactuar com ideais tão retrógradas, que remetem à censura e a um descaso com diversos profissionais que se dedicam à arte.

E mais: você sabia que no Brasil 90% dos municípios não possuem salas de cinema? De acordo com o Sistema de Informações e Indicadores Culturais, divulgado pelo IBGE, no ano passado, ir ao cinema só era possível em 10% dos municípios do Brasil. Além disso, 39,9% das pessoas moravam em cidades sem, ao menos, um cinema. Ainda de acordo com o levantamento, 43,8% das crianças e adolescentes até 14 anos estão em cidades sem salas de exibição. A boa notícia é que o país tem uma das mais importantes e ativas redes de eventos cinematográficos do mundo.

Vale destacar também que o setor audiovisual brasileiro injeta mais de 25 bilhões de reais por ano na economia, maior que o turismo, por exemplo. Gera mais de 300 mil empregos e exporta talento, criatividade e trabalho. Nossas histórias (todos os tipos de histórias, que devem e podem ser contadas) e nossa cultura são retratadas nas telonas em diversos gêneros, em grandes, pequenas e independentes produções.

Nossa identidade ganha vida nas telonas, nos orgulha e movimenta a economia há anos. Isso causa um impacto social, cultural e econômico necessário e importante. O audiovisual brasileiro é uma indústria vibrante e criativa. Emociona, diverte, reflete, encanta e gera valor para o país. Cinema é arte. Cinema é cultura. Mesmo em tempos tão sombrios, nossa história não será apagada, nossos cartazes continuarão nas paredes e nossa cultura continuará retratada nas telonas e exportada para todos os cantos. Seguimos em frente: lutando, criando, encantando, divertindo, emocionando, trabalhando. Somos muitos e estamos juntos!

Sendo assim, para encerrar com orgulho e chave de ouro esse ano tão bonito do nosso cinema, apesar dos pesares e da insistência em destruir nossa arte, fizemos uma lista com os melhores longas-metragens brasileiros de 2019 que estrearam este ano em circuito comercial (nas salas de cinema ou nas plataformas digitais). Confira:

10º: DIÁRIOS DE CLASSE
Dirigido por Maria Carolina da Silva e Igor Souza

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O documentário acompanha o cotidiano de três mulheres: uma jovem trans, uma mãe encarcerada e uma empregada doméstica, estudantes de centros de alfabetização para adultos em Salvador. Embora trilhem caminhos distintos, suas trajetórias coincidem nos preconceitos e injustiças sofridos cotidianamente. Com estilo direto, o filme aposta no recorte espacial da sala de aula a fim de se aprofundar no dia a dia dessas personagens, revelando suas tentativas diárias de contornar o apagamento sistemático de suas existências. Cineastas e cineclubistas baianos, Maria Carolina e Igor iniciaram a parceria há cinco anos com o curta de animação Entroncamento. Atualmente, produzem a série de animação infantil Aventuras de Amí e Diários de Classe é o primeiro longa-metragem da dupla. O filme foi exibido na 50ª edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, na 7ª edição do Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba e fez parte do Projeta Brasil Cinemark.

EXTRA: entrevista com os diretores no Olhar de Cinema + programa especial em Curitiba.

9º: A SOMBRA DO PAI
Dirigido por Gabriela Amaral Almeida

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O longa fez sua estreia mundial no 51º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, onde levou três prêmios. Escrito e dirigido por Gabriela Amaral Almeida, de O Animal Cordial, aborda a complexa inversão de papéis entre um pai e uma filha. Protagonizado por Julio Machado e Nina Medeiros, A Sombra do Pai conta a história de Dalva, uma menina de nove anos às voltas com o silêncio do pai, o pedreiro Jorge, que fica mais triste após perder o melhor amigo em um acidente. A irmã de Jorge, Cristina, interpretada por Luciana Paes, administrava a vida de pai e filha desde a morte da mãe da menina, há três anos. Quando Cristina deixa a casa do irmão para se casar, Jorge e Dalva precisam enfrentar a distância que os separa. Fã de filmes de terror, Dalva acredita ter poderes sobrenaturais e ser capaz de trazer a mãe de volta à vida. À medida que Jorge se torna cada vez mais ausente, e eventualmente perigoso, resta a Dalva a esperança de que sim, sua mãe há de voltar. Gabriela trabalhou neste roteiro, que seria seu primeiro filme, há anos, e para a escolha dos atores, contou com o apoio da produtora de elenco Alice Wolfenson e do preparador de elenco Tomás Decina. Além de Brasília, o filme foi premiado no Rio Fantastik Festival, Fantasia Film Festival e Brooklyn Horror Film Festival.

EXTRAS: entrevista com a diretora e Julio Machado + trailer.

8º: LOS SILENCIOS
Dirigido por Beatriz Seigner

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Diretora do premiado Bollywood Dream – O Sonho Bollywoodiano, seu primeiro longa totalmente filmado na Índia, Beatriz Seigner rodou a ficção Los Silencios na fronteira entre Brasil, Peru e Colômbia. O filme se passa em quatro níveis distintos do Rio Amazonas, o que fez a diretora e sua equipe se dividirem em barcos durante as filmagens, rodando sem chão sob os pés. O longa conta a história de Amparo, interpretada por Marleyda Soto, que foge com seus filhos pequenos Núria, vivida por María Paula Tabares Peña, e Fabio, vivido por Adolfo Savinvino, do conflito armado colombiano e encontra o pai das crianças, papel de Enrique Diaz, que estava desaparecido, vivendo numa ilha povoada por fantasmas no Rio Amazonas, na fronteira entre a Colômbia, o Peru e o Brasil. Los Silencios fez sua estreia na Quinzena dos Realizadores, no Festival de Cannes, e venceu o Stockholm Impact Award, na Suécia. Recebeu também uma Menção Honrosa da UNESCO, o prêmio honorário do Festival Internacional de Cinema de GOA, na Índia; melhor roteiro e o Prêmio Especial do Júri no Festival de Lima, no Peru; prêmio da Cooperação Espanhola no Festival de San Sebastián, na Espanha; melhor Contribuição Artística do Festival de Havana, em Cuba; melhor filme de guerra, no War in Cinema; Grande Prêmio do ICAE (Confederação dos Cinemas de Arte e Ensaio) e do Cine Junior, na França. Participou também de festivais em Israel, Canadá, Noruega, China e Venezuela. No Brasil, conquistou os prêmios de melhor direção e melhor filme pela Abraccine, Associação Brasileira de Críticos de Cinema, no 51º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro; e de melhor roteiro, fotografia e som na Mostra Internacional de Cinema de São Luís. Também participou do Festival do Rio, da Mostra de São Paulo, do Janela Internacional de Cinema, em Recife, Panorama Coisa de Cinema, em Salvador, Pachamama Cinema de Fronteira, em Rio Branco, e festivais no Maranhão e Foz do Iguaçu. Foi destacado como uma das cinco produções brasileiras para ficar de olho pela revista Marché du Film, do Festival de Cannes, e considerado um dos 20 melhores do festival pela Hollywood Reporter, recebendo destaque nas principais revistas de cinema do mundo como a Cahiers du Cinéma, Screen International, Variety, entre outras.

EXTRAS: entrevista com a diretora e com o ator Enrique Diaz + matéria sobre as filmagens.

7º: DIVINO AMOR
Dirigido por Gabriel Mascaro

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Divino Amor, de Gabriel Mascaro, começou sua carreira na Competição Internacional do Festival de Sundance, em janeiro deste ano. Depois, foi exibido na mostra Panorama do Festival de Berlim e foi selecionado para mais de vinte festivais. O longa conta a história de uma mulher profundamente religiosa que é escrivã de cartório e usa sua posição no trabalho para tentar salvar casais que chegam para se divorciar. Joana, interpretada por Dira Paes, faz tudo em nome de um projeto maior de fé dentro da fidelidade conjugal. Enquanto espera por um sinal em reconhecimento pelos seus esforços, é confrontada com uma crise no seu próprio casamento que termina por deixá-la ainda mais perto de Deus. Divino Amor foi fotografado pelo mexicano Diego Garcia, que também assina a fotografia de Boi Neon, tradicional parceiro de Mascaro. O elenco conta também com Emílio de Melo, Julio Machado, Thalita Carauta, Mariana Nunes, Teca Pereira e Tuna Dwek. Recentemente, foi exibido na Competição Oficial do Festival de Havana, no Janela Internacional de Cinema do Recife, IndieLisboa e no Sydney Film Festival. Além disso, foi premiado nos festivais de Guadalajara, Durban, Montréal, Amsterdã e no Festival de Cinema Luso-Brasileiro de Santa Maria da Feira.

EXTRAS: entrevista com o diretor e com a atriz Dira Paes + teaser.

6º: SÓCRATES
Dirigido por Alexandre Moratto

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Após uma bem sucedida carreira internacional, Sócrates ganhou prêmios e conquistou elogios de publicações especializadas, como Variety, L.A. Times e Hollywood Reporter. Com direção de Alexandre Moratto e produção executiva de Fernando Meirelles, o filme foi realizado por jovens capacitados nas oficinas audiovisuais do Instituto Querô, em Santos. A ideia do diretor surgiu em 2016 com a proposta de produzir junto com os jovens do projeto o seu primeiro longa-metragem, e também o primeiro do Instituto, em comemoração aos 10 anos das oficinas. Christian Malheiros interpreta o protagonista gay que após a morte da mãe precisa lutar contra a burocracia do sistema, o preconceito do pai, a falta de oportunidades no mercado de trabalho e confiar em pessoas que nunca viu para tentar sobreviver. Menor de idade, desempregado, sem dinheiro e sem o apoio de conhecidos, a história dele se constrói a cada nova cena, deixando o público em estado de alerta. A periferia da baixada Santista é o cenário onde o jovem precisa a todo momento criar novas estratégias para garantir a própria sobrevivência. Sócrates foi indicado em três categorias no Independent Spirit Awards 2019, prêmio que elege as melhores produções independentes do ano: melhor ator para Christian Malheiros, Prêmio John Cassavetes e Someone to Watch Award, na qual saiu vencedor pelo talento de um cineasta com uma visão singular que ainda não recebeu grande reconhecimento. Além disso, foi o grande vencedor do 26º Festival Mix Brasil, exibido em Havana e premiado no Festival do Rio, na Mostra de São Paulo, no Woodstock Film Festival, Queer Lisboa, OUTshine Film Festival, entre outros. Recentemente, Christian Malheiros levou o troféu de melhor ator segundo a APCA, Associação Paulista de Críticos de Artes.

EXTRA: entrevista com Christian Malheiros na Mostra de Cinema de Gostoso.

5º: BACURAU
Dirigido por Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles

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Vencedor do Prêmio do Júri no Festival de Cannes e do prêmio de melhor filme no Filmfest München, Bacurau, de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, já soma mais de 730 mil espectadores nos cinemas. O longa foi rodado no Sertão do Seridó, divisa do Rio Grande do Norte com a Paraíba. As locações foram encontradas depois da equipe percorrer mais de dez mil quilômetros em Alagoas, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte. As filmagens duraram dois meses e três dias, com uma equipe de 150 pessoas. As cidades de Parelhas e Acari serviram de base para a produção. Exibido na noite de abertura do 47º Festival de Cinema de Gramado, Bacurau também passou na competição do Neuchâtel International Fantastic Film Festival, na Suíça, no Sydney Film Festival, na Austrália, no SoFilm Summercamp, em Nantes, e La Rochelle, ambos na França, onde o filme estreou em setembro. Foi selecionado para o New York Film Festival, escolhido para representar o Brasil nos prêmios Goya, o Oscar espanhol, e premiado no Festival de Cine de Lima nas categorias: melhor filme, direção e Prêmio da Crítica. Num futuro recente, Bacurau, um povoado do sertão de Pernambuco, dá adeus a Dona Carmelita, mulher forte e querida, falecida aos 94 anos. Dias depois, os moradores percebem que a comunidade some misteriosamente do mapa. Quando uma série de assassinatos inexplicáveis começam a acontecer, os moradores da cidade tentam reagir. Mas como se defender de um inimigo desconhecido e implacável? Sonia Braga, o alemão Udo Kier e Karine Teles fazem parte de um elenco composto por dezenas de atores, como Bárbara Colen, Silvero Pereira, Thomás Aquino, Suzy Lopes, Ingrid Trigueiro, Antonio Saboia, Rubens Santos e Lia de Itamaracá. Também foi premiado nos festivais de Havana, Montreal e Key West. Recentemente, foi eleito o melhor filme brasileiro do ano pela APCA, Associação Paulista de Críticos de Artes, e também venceu na categoria de melhor direção. Foi exibido em Toronto e em janeiro de 2020 será exibido, fora de competição, no Festival Internacional de Cinema de Roterdã.

EXTRAS: entrevistas com os diretores em Gramado + entrevistas com os atores Thomás Aquino e Bárbara Colen + entrevista com Sonia Braga + entrevista com Ingrid Trigueiro + trailer.

4º: NO CORAÇÃO DO MUNDO
Dirigido por Gabriel Martins e Maurílio Martins

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Escrito e dirigido por Gabriel Martins e Maurílio Martins, No Coração do Mundo teve sua estreia mundial na Tiger Competition do Festival Internacional de Cinema de Roterdã, em janeiro deste ano. Ambos diretores já haviam trabalhado juntos em curtas-metragens da produtora Filmes de Plástico, da qual fazem parte junto ao cineasta André Novais Oliveira e o produtor Thiago Macêdo Correia, há dez anos. A partir dos curtas Contagem e Dona Sônia pediu uma arma para seu vizinho Alcides, que foram filmados no mesmo bairro da cidade mineira de Contagem, surgiu a ideia do novo roteiro. No longa, as histórias dos personagens Ana e Marcos, que haviam aparecido no curta Contagem, voltam a ser contadas e por isso foi natural que os mesmos atores voltassem a interpretá-los: Kelly Crifer e Leo Pyrata. O papel de Selma era novo e os diretores pensavam em quem poderia dar vida à personagem, quando um amigo em comum sugeriu Grace Passô. A cidade de Contagem, região metropolitana de Belo Horizonte, especialmente os bairros Laguna e Milanez onde os diretores foram criados, também é personagem fundamental do longa. No Coração do Mundo se passa na periferia de Contagem, onde os moradores acabam formando uma comunidade. Suas relações interpessoais e com o lugar são o pano de fundo do filme, que mistura elementos de filme de assalto e alguns toques de comédia. Marcos se vira como pode para levar a vida, aplicando golpes aqui e ali e cometendo alguns delitos. Um dia, Selma, antiga conhecida, propõe a ele a execução de um plano, que pode mudar suas vidas para sempre, e Marcos precisa convencer sua namorada, a cobradora Ana, a embarcar com eles nessa. A assinatura das produções da Filmes de Plástico, com interpretações naturalistas e as relações familiares e cotidianas, continua presente no longa, mas também novas formas de apresentar a história na tela. O elenco conta também com Bárbara Colen, Robert Frank, Rute Jeremias, MC Carol de Niterói, Karine Teles, Renato Novaes e Gláucia Vandeveld. Em julho deste ano, foi premiado no Festival de Cinema Latino-Americano de São Paulo.

EXTRAS: trailer + homenagem Grace Passô na Mostra de Cinema de Tiradentes.

3º: INFERNINHO
Dirigido por Guto Parente e Pedro Diogenes

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Ambientado todo dentro de um bar, o longa Inferninho, de Guto Parente e Pedro Diogenes, é uma tragicomédia inspirada nos melodramas de pessoas que não se enquadram nos padrões da sociedade. Na história, Deusimar é dona do Inferninho, um bar escuro e degradado que é refúgio de sonhos e fantasias. Seu sonho é deixar tudo para trás e ir embora para qualquer lugar distante, o mais longe possível daquele lugar. Apaixonar-se por Jarbas, o marinheiro bonito que chega ao bar, sonhando em encontrar um lar, vai mudar completamente sua vida e a vida dos empregados do bar: Luizianne, a cantora; Coelho, o garçom; e Caixa-Preta, a faxineira. O elenco conta com Yuri Yamamoto, Demick Lopes, Samya de Lavor, Rafael Martins, Tatiana Amorim, Paulo Ess, Galba Nogueira, Pedro Domingues e Gustavo Lopes. Inferninho foi exibido na seção Bright Future do Festival Internacional de Cinema de Roterdã do ano passado, no Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, no BAFICI, em Buenos Aires, e também no 26º Festival Mix Brasil. Recebeu o Prêmio Especial do Júri da mostra Première Brasil Novos Rumos no Festival do Rio e foi premiado no Queer Lisboa 2018. Além disso, foi eleito o melhor filme do XI Janela Internacional de Cinema do Recife e foi agraciado com o Prêmio Imprensa de melhor longa-metragem da 5ª Mostra de Cinema de Gostoso. Também foi exibido na 22ª Mostra de Cinema de Tiradentes. O longa nasceu do encontro de dois grupos artísticos de Fortaleza: Grupo Bagaceira de Teatro e Alumbramento Filmes. O primeiro roteiro, que a principio era uma série de TV, começou a ser desenvolvido dentro do Laboratório de Audiovisual do Porto Iracema das Artes, com os dois coletivos trabalhando juntos. Os atores participaram criativamente do processo desde a elaboração do roteiro e foram fundamentais na construção das personagens.

EXTRAS: crítica do filme + entrevista com Pedro Diogenes + entrevista com Guto Parente.

2º: BIXA TRAVESTY
Dirigido por Kiko Goifman e Claudia Priscilla

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Linn da Quebrada é uma cantora, atriz e performer à procura da desconstrução de paradigmas e estereótipos. Dona de uma forte e ousada presença no palco, é ela o foco do documentário Bixa Travesty, dirigido por Claudia Priscilla e Kiko Goifman, com produção do Canal Brasil e distribuição da Spcine e da Arteplex Filmes. O longa ganhou prêmios no mundo todo, entre eles, o Teddy Award de melhor documentário no Festival de Berlim, melhor direção no Festival de Cartagena, e melhor longa do júri popular e melhor trilha sonora no Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. Nascida na periferia da zona leste paulistana, Linn é uma grande expoente da cena musical da cidade. No filme, ela trata de assuntos contemporâneos de uma forma original e usa o próprio corpo como arte. O longa vai além dos registros dos shows e bastidores deles: cenas em um estúdio de rádio, na própria casa e na de amigos, no hospital tratando um câncer, nas ruas e em banheiros revelam a personagem em registros íntimos e afetivos. Entre os que participam da produção estão a mãe de Linn, a amiga e parceira Jup do Bairro, Liniker e As Bahias e a Cozinha Mineira. A dupla de diretores convidou a artista para estar criativamente ativa no projeto e juntos assinaram o roteiro. Linn é um corpo que confronta padrões conservadores da sociedade. Sua forma de atuação política é peculiar: o humor ácido é sua principal ferramenta. O longa também foi exibido no Festival de Cinema Latino-Americano de São Paulo e no Festival de Havana; além de ter sido indicado ao Prêmio Iberoamericano de Cine Fénix 2018 e premiado no 26º Festival Mix Brasil.

EXTRA: entrevista com Linn da Quebrada e Jup do Bairro nos bastidores do programa TransMissão do Canal Brasil.

1º: A VIDA INVISÍVEL
Dirigido por Karim Aïnouz

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Escolhido para ser o representante brasileiro na disputa por uma vaga entre os finalistas da categoria de melhor filme internacional no Oscar 2020, A Vida Invisível foi premiado como melhor filme da mostra Un Certain Regard, paralela ao Festival de Cannes. Além da consagração no festival francês, sendo o primeiro filme brasileiro a receber o prêmio máximo na categoria, também foi contemplado com o CineCoPro Award no Filmfest München, na Alemanha, e consagrado no Festival de Cine de Lima. O filme conta a história das irmãs inseparáveis Guida, que sonha em casar e ter uma família, e Eurídice, a mais nova, pianista prodígio. Um dia, as duas são separadas para sempre e passam suas vidas tentando se reencontrar, como se somente juntas fossem capazes de seguir em frente. O longa é uma livre adaptação da obra A Vida Invisível de Eurídice Gusmão, de Martha Batalha, e traz Fernanda Montenegro, Carol Duarte, Júlia Stockler, Gregorio Duvivier, Maria Manoella, Bárbara Santos, Flavia Gusmão e Flavio Bauraqui no elenco. Com roteiro assinado por Murilo Hauser, em colaboração com a uruguaia Inés Bortagaray e o próprio diretor, o longa, ambientado majoritariamente na década de 1950, foi rodado no Rio de Janeiro, nos bairros da Tijuca, Santa Teresa, Estácio e São Cristóvão. A direção de fotografia é da francesa Hélène Louvart, de As Praias de Agnès e Lazzaro Felice, que assina seu primeiro longa brasileiro, e a alemã Heike Parplies, de Toni Erdmann, assina a montagem. Recentemente, ficou entre os melhores filmes estrangeiros do ano segundo a National Board of Review e foi indicado ao Independent Spirit Awards. Além de Cannes e Munique, o filme esteve nas seleções oficiais dos festivais de Sydney, do Midnight Sun, na Finlândia, e de Karlovy Vary, na República Tcheca, e também foi exibido no Transatlantyk Festival, na Polônia, no Festival de Toronto e no Festival de Cinema da Nova Zelândia. Produzido pela RT Features, de Rodrigo Teixeira, o filme se tornou o primeiro título latino-americano a ganhar distribuição pela Amazon Studios nos cinemas dos Estados Unidos. O sétimo longa-metragem do diretor, classificado pelo próprio como um melodrama tropical, também foi premiado em Havana, na Semana Internacional de Cine de Valladolide, na qual recebeu o Prêmio FIPRESCI, entre outros, no Festival Biarritz América Latina, e pela Associação Paulista de Críticos de Artes, que concedeu o Troféu APCA de melhor atriz para as protagonistas Carol Duarte e Júlia Stockler. O longa também foi o filme de abertura do 29º Cine Ceará.

EXTRAS: entrevistas com o diretor, Carol Duarte e Júlia Stockler no Ceará + homenagem Karim Aïnouz no Cine Ceará + abertura do Cine Ceará + início das filmagens + entrevista com Karim no Olhar de Cinema + entrevista com Rodrigo Teixeira + trailer.

MENÇÃO HONROSA: aos realizadores de curtas-metragens, que seguem na luta para a realização de seus filmes, seja por meio de editais ou de forma independente, e são consagrados em festivais nacionais e internacionais, oficinas, exibições especiais em escolas, eventos e outros locais que acolhem a arte. Mesmo com dificuldades, como a busca por mais janelas de exibições, estes profissionais se destacaram ainda mais em 2019 com curtas importantes e necessários de gêneros diversos e temas variados, contando histórias, emocionando, revelando personagens e surpreendendo os espectadores. O cinema brasileiro só cresce com esses filmes e realizadores, que trazem esperança ao audiovisual, dialogam com todos os públicos e permitem que o espectador conheça histórias únicas, tanto ficcionais quanto documentais.

MENÇÃO ESPECIAL (em ordem alfabética):
Amazônia Groove, de Bruno Murtinho
Azougue Nazaré, de Tiago Melo
A Rosa Azul de Novalis, de Gustavo Vinagre e Rodrigo Carneiro
Democracia em Vertigem, de Petra Costa
Deslembro, de Flavia Castro
Dias Vazios, de Robney Bruno Almeida
Diz a Ela que Me Viu Chorar, de Maíra Bühler
Espero Tua (Re)volta, de Eliza Capai
Estou me Guardando Para Quando o Carnaval Chegar, de Marcelo Gomes
Greta, de Armando Praça
Hebe: A Estrela do Brasil, de Mauricio Farias
Homem Livre, de Alvaro Furloni
Lembro Mais dos Corvos, de Gustavo Vinagre
Meu Nome é Daniel, de Daniel Gonçalves
Morto Não Fala, de Dennison Ramalho
O Clube dos Canibais, de Guto Parente
O Corpo é Nosso!, de Theresa Jessouroun
Pastor Cláudio, de Beth Formaggini
Temporada, de André Novais Oliveira
Tito e os Pássaros, de André Catoto, Gabriel Bitar e Gustavo Steinberg
Torre das Donzelas, de Susanna Lira
Turma da Mônica – Laços, de Daniel Rezende

Textos: Vitor Búrigo
Fotos: Divulgação/Victor Jucá/Leonardo Feliciano.

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