Festival de Toronto 2019 anuncia novos filmes e produções brasileiras se destacam na programação

por: Cinevitor

tresveroestorontoRegina Casé em Três Verões, de Sandra Kogut: filme selecionado.

Considerado um dos eventos mais importantes do cinema mundial e conhecido como um termômetro para o Oscar, o Festival Internacional de Cinema de Toronto anunciou novos filmes na programação de sua 44ª edição, que acontecerá entre os dias 5 e 15 de setembro.

Nesta nova leva de filmes anunciados, o cinema brasileiro marca presença com diversas produções. Na mostra Contemporary World Cinema destacam-se: Bacurau, de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, e A Vida Invisível, de Karim Aïnouz, ambos premiados em Cannes recentemente.

Além disso, Três Verões, de Sandra Kogut, também foi selecionado. No longa, através do olhar de Madá, interpretada por Regina Casé, uma caseira num condomínio de luxo à beira mar, acompanhamos o desmantelamento de uma família em função dos dramas políticos que abalaram o país. O filme se passa ao longo de três anos consecutivos (2015, 2016 e 2017), sempre na última semana do ano, entre o Natal e o Ano Novo, na luxuosa casa de veraneio da família. O personagem de Madá está entre dois mundos, ela é dona da casa sem ser: Madá manda nos empregados, mas é também submissa aos patrões.

“Dizem que se antes os brasileiros costumavam saber de cor o nome dos jogadores da seleção, hoje isso se transferiu para os nomes dos juízes do STF. A população passou a seguir os acontecimentos do país como quem acompanha uma novela, colada nos próximos capítulos. Três Verões nasceu do desejo de falar sobre o que vem acontecendo no Brasil nestes últimos anos através de personagens que estão geralmente num canto do quadro. Ou fora da tela. Os figurantes, os invisíveis. O que acontece com aqueles que orbitam em torno dos ricos e poderosos quando a vida destes desmorona? De que maneira eles sofrem as consequências?”, disse a diretora Sandra Kogut.

A história começa em 2015, quando tudo aparenta ir bem para o casal Edgar (Otávio Müller) e Marta (Gisele Fróes). Cercados de amigos, do sogro viúvo e do filho adolescente, eles celebram o Natal e o fim do ano numa festa espetacular. A única sombra é a chegada de um dos convidados usando uma tornozeleira eletrônica. Durante este curto período do ano, Madá e os outros empregados precisam se acostumar a conviver com os patrões e suas festas, que só aparecem nesta época. Mas no segundo verão, em 2016, vemos Madá sendo obrigada a desmarcar a mesma celebração. A partir daí os empregados são obrigados a usar a criatividade para lidar com os problemas que começam a surgir.

“É um olhar sobre o momento que antecedeu os acontecimentos de 2018. Percebemos que os sinais do que vinha pela frente estavam todos ali, mas ninguém era capaz de enxergá-los”, comentou Kogut. O elenco conta também com Carla Ribas, Carol Pismel, Wilma Melo, Luciano VidigalJéssica Ellen e Daniel Rangel.

Além dessas produções, o cinema brasileiro também ganha destaque na mostra Wavelengths com os curtas A Mordida, de Pedro Neves Marques, uma coprodução com Portugal; e Sete Anos em Maio, de Affonso Uchoa, coprodução com a Argentina. Além do longa A Febre, Maya Da-Rin.

Wasp Network, de Olivier Assayas, produzido pelo brasileiro Rodrigo Teixeira, da RT Features, e inspirado na obra Os Últimos Soldados da Guerra Fria, de Fernando Morais, também foi anunciado nesta edição na mostra Special Presentations.

Conheça os novos filmes selecionados para o Festival de Toronto 2019:

CONTEMPORARY WORLD CINEMA:

37 Seconds, de Hikari (Japão/EUA)
Adam, de Maryam Touzani (Marrocos/Bélgica)
Arab Blues (Un Divan à Tunis), de Manele Labidi (França)
Atlantics, de Mati Diop (França/Senegal/Bélgica)
Atlantis, de Valentyn Vasyanovych (Ucrânia)
Bacurau, de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles (Brasil)
Balloon (Qi Qiu), de Pema Tseden (China)
The Barefoot Emperor, de Jessica Woodworth e Peter Brosens (Bélgica/Holanda/Croácia/Bulgária)
Beanpole (Dylda), de Kantemir Balagov (Rússia)
Beneath the Blue Suburban Skies, de Edward Burns (EUA)
Blow the Man Down, de Danielle Krudy e Bridget Savage Cole (EUA)
Bombay Rose, de Gitanjali Rao (Índia/Reino Unido/Qatar)
Chicuarotes, de Gael García Bernal (México)
The Climb, de Michael Angelo Covino (EUA)
Corpus Christi (Boze Cialo), de Jan Komasa (Polônia/França)
The County (Héraðið), de Grímur Hákonarson (Islândia/Dinamarca/Alemanha/França)
Dogs Don’t Wear Pants (Koirat eivät käytä housuja), de J-P Valkeapää (Finlândia/Letônia)
The Father (Bashtata), de Petar Valchanov e Kristina Grozeva (Bulgária/Grécia/Itália)
Flatland, de Jenna Bass (África do Sul/Luxemburgo/Alemanha)
A Girl Missing (Yokogao), de Koji Fukada (Japão/França)
Hala, de Minhal Baig (EUA)
Henry Glassie: Field Work, de Pat Collins (Irlanda)
Incitement, de Yaron Zilberman (Israel)
Instinct, de Halina Reijn (Holanda)
A Vida Invisível, de Karim Aïnouz (Brasil/Alemanha)
Jallikattu, de Lijo Jose Pellissery (Índia)
Knuckle City, de Jahmil X.T. Qubeka (África do Sul)
La Llorona, de Jayro Bustamante (Guatemala/França)
Les Misérables, de Ladj Ly (França)
The Long Walk (Bor Mi Vanh Chark), de Mattie Do (Laos/Espanha/Singapura)
Made in Bangladesh, de Rubaiyat Hossain (França/Bangladesh/Dinamarca/Portugal)
Mariam, de Sharipa Urazbayeva (Cazaquistão)
Maria’s Paradise (Marian paratiisi), de Zaida Bergroth (Finlândia/Estônia)
Nobadi, de Karl Markovics (Áustria)
Our Lady of the Nile (Notre-Dame du Nil), de Atiq Rahimi (França/Bélgica/Ruanda) (filme de abertura)
The Perfect Candidate, de Haifaa Al-Mansour (Arábia Saudita/Alemanha)
Red Fields (Mami), de Keren Yedaya (Israel/Luxemburgo/Alemanha)
Resin (Harpiks), de Daniel Joseph Borgman (Dinamarca)
So Long, My Son (Di Jiu Tian Chang), de Wang Xiaoshuai (China)
Spider (Araña), de Andrés Wood (Chile)
A Sun (Yang Guang Pu Zhao), de Chung Mong-Hong (Taiwan)
Synonyms (Synonymes), de Nadav Lapid (França/Israel/Alemanha)
Terminal Sud (South Terminal), de Rabah Ameur-Zaïmeche (França)
Três Verões (Three Summers), de Sandra Kogut (Brasil/França)
Verdict, de Raymund Ribay Gutierrez (Filipinas/França)
A White, White Day (Hvítur, Hvítur Dagur), de Hlynur Pálmason (Islândia/Dinamarca/Suécia)
The Wild Goose Lake (Nan Fang Che Zhan De Ju Hui), de Diao Yinan (China/França)
You Will Die at Twenty, de Amjad Abu Alala (Sudão/França/Egito/Alemanha/Noruega/Qatar)

GALA PRESENTATIONS:

The Aeronauts, de Tom Harper (Reino Unido)
The Burnt Orange Heresy, de Giuseppe Capotondi (EUA/Reino Unido)

SPECIAL PRESENTATIONS:

American Son, de Kenny Leon (EUA)
Deerskin (Le Daim), de Quentin Dupieux (França)
Dirt Music, de Gregor Jordan (Reino Unido/Austrália)
The Elder One (Moothon), de Geetu Mohandas (Índia)
Guns Akimbo, de Jason Lei Howden (Alemanha/Nova Zelândia)
Human Capital, de Marc Meyers (EUA)
Jungleland, de Max Winkler (EUA)
Lucy in the Sky, de Noah Hawley (EUA)
Lyrebird, de Dan Friedkin (EUA)
Mosul, de Matthew Michael Carnahan (EUA)
Seberg, de Benedict Andrews (EUA/Reino Unido)
Sibyl, de Justine Triet (França/Bélgica)
SYNCHRONIC, de Aaron Moorhead e Justin Benson (EUA)
The Truth (La vérité), de Hirokazu Kore-eda (França/Japão)
Wasp Network, de Olivier Assayas (França/Brasil/Espanha/Bélgica)
Waves, de Trey Edward Shults (EUA)

WAVELENGTHS | LONGA-METRAGEM:

143 Sahara Street (143 rue du désert), de Hassen Ferhani (Argélia)
Endless Night (Longa noite), de Eloy Enciso (Espanha)
A Febre (The Fever), de Maya Da-Rin (Brasil/França/Alemanha)
Fire Will Come (O que arde), de Oliver Laxe (Espanha/França/Luxemburgo)
Heimat is a Space in Time (Heimat ist ein Raum aus Zeit), de Thomas Heise (Alemanha/Áustria)
Krabi, 2562, de Anocha Suwichakornpong e Ben Rivers (Tailândia/Reino Unido)
Liberté, de Albert Serra (França/Espanha/Portugal/Alemanha)
State Funeral, de Sergei Loznitsa (Holanda/Lituânia)
Un Film Dramatique, de Éric Baudelaire (França)
Vitalina Varela, de Pedro Costa (Portugal)

Foto: Divulgação/Vitrine Filmes.

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