Especial: os 10 melhores filmes brasileiros de 2017

por: Cinevitor

top10brasilcinevitor2017Top 10 Brasil: destaques no cinema nacional em 2017.

Em 2016, segundo a ANCINE (Agência Nacional do Cinema), 143 filmes brasileiros foram lançados em circuito comercial, atingindo a marca de 30,4 milhões de ingressos vendidos, considerado o melhor resultado desde 1984. Os dados deste ano ainda não foram divulgados, mas tudo indica que o cinema nacional baterá um novo recorde, com cerca de 160 produções.

Podemos dizer que o cinema brasileiro passa por seu melhor momento, em termos de diversidade nas telonas, com uma produção constante de filmes de todos os gêneros, provocando uma importante mudança no cenário audiovisual.

Se antes as produções eram centralizadas entre Rio de Janeiro e São Paulo, agora a situação é diferente: filmes de todos os cantos do país têm ganhado destaque nas bilheterias e também em festivais internacionais e nacionais. Hoje, a diversidade cultural brasileira está estampada nas telonas em longas e curtas que representam genuinamente cada pedaço do país, com outros costumes, sotaques e tradições. Com isso, somos apresentados a novos talentos, com novas histórias e com produções de qualidade.

Entre tantos excelentes filmes nacionais, seja com orçamentos grandiosos ou produções independentes, fizemos uma lista com os melhores longas-metragens brasileiros de 2017 que estrearam este ano em circuito comercial ou direto em plataformas digitais. Confira:

10º: TOC – TRANSTORNADA OBSESSIVA COMPULSIVA
Dirigido por Paulinho Caruso e Teodoro Poppovic

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Tatá Werneck começou no teatro, fez sucesso na TV e logo chegou ao cinema. Depois de algumas participações nas telonas estrelou, em janeiro de 2015, a comédia Loucas pra Casar, ao lado de Ingrid Guimarães e Suzana Pires, alcançando mais de 3 milhões de espectadores. Talentosa e conhecida por interpretações cômicas, a atriz lançou TOC – Transtornada Obsessiva Compulsiva no começo deste ano, sendo seu primeiro longa como protagonista. Com direção e roteiro de Paulinho Caruso e Teodoro Poppovic, o filme, inspirado em uma ideia original da própria Tatá, conta a história de Kika K, uma atriz que está em novelas, campanhas publicitárias e é idolatrada por milhões de fãs, mas, por trás das aparências, está em crise com sua vida pessoal e profissional. Diferente das comédias lançadas frequentemente por aqui, TOC se destaca pela criatividade em trabalhar diversos gêneros em sua narrativa, escapa da mesmice cômica e revela uma Tatá ainda mais talentosa em cenas dramáticas e emotivas.

EXTRA: entrevistas com elenco (Tatá Werneck, Daniel Furlan e Vera Holtz) + crítica do filme.

: ERA O HOTEL CAMBRIDGE
Dirigido por Eliane Caffé

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Com um toque documental, a ficção Era o Hotel Cambridge narra a trajetória de refugiados recém-chegados ao Brasil que, juntos com trabalhadores sem-teto, ocupam um velho edifício abandonado no centro de São Paulo. Em meio à tensão diária da ameaça do despejo, revelam-se dramas, situações cômicas e diferentes visões de mundo. A preparação do projeto levou dois anos e foi criado por um coletivo que permitiu transformar todo o edifício em um set criativo de filmagem. Dirigido por Eliane Caffé, o filme se destaca por apresentar uma proposta cinematográfica pouco vista no cinema brasileiro. Era o Hotel Cambridge recebeu Menção Especial no Prêmio Spanish Cooperation, do 64º Festival Internacional de Cinema de San Sebastián, que destaca a melhor contribuição para o desenvolvimento humano, a erradicação da pobreza e o pleno exercício dos direitos humanos. Além disso, saiu vitorioso na 40ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo com o prêmio do público de melhor ficção brasileira e também no Festival do Rio, com o troféu de melhor montagem e Prêmio da Crítica (FIPRESCI). Recentemente, o longa foi consagrado pela APCA, Associação Paulista de Críticos de Artes, com o Prêmio Especial do Júri pelo processo de criação.

EXTRA: crítica do filme.

8º: BINGO: O REI DAS MANHÃS
Dirigido por Daniel Rezende

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Inspirado na vida de Arlindo Barreto, conhecido por ter interpretado o palhaço Bozo, o filme conta a história de Augusto, um artista que sonha com seu lugar sob os holofotes. A grande chance surge ao se tornar Bingo, um palhaço apresentador de um programa infantil na televisão que é sucesso absoluto. Porém, uma cláusula no contrato não permite revelar quem é o homem por trás da máscara. Augusto, o “Rei das Manhãs”, é o anônimo mais famoso do Brasil. Com uma carga dramática que se mistura ao cômico com entrosamento, Bingo: O Rei das Manhãs, que retrata com excelência a década de 1980, foi escolhido para representar o Brasil no Prêmio Goya, importante premiação espanhola, e também no Oscar 2018 na disputa por uma vaga entre os finalistas da categoria de melhor filme estrangeiro. Dirigido por Daniel Rezende, premiado montador indicado ao Oscar por Cidade de Deus, o longa rendeu o prêmio de melhor ator para Vladimir Brichta na eleição da APCA, Associação Paulista de Críticos de Artes.

EXTRAS: entrevista com diretor e Vladimir Brichta + crítica do filme.

: CORPO ELÉTRICO
Dirigido por Marcelo Caetano

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Dirigido por Marcelo Caetano, que escreveu o roteiro junto com Gabriel Domingues e colaboração de Hilton Lacerda, Corpo Elétrico acompanha Elias, interpretado por Kelner Macêdo, um jovem que tenta equilibrar seu cotidiano entre o trabalho em uma fábrica de vestuários e encontros casuais com outros homens. Em cada cama que Elias se deita, um universo se abre a partir das narrativas contadas pelos personagens. São corpos enlaçados que se acariciam, vozes que falam baixo e suavemente, amantes que relatam encontros, aventuras sexuais e sonhos. Segundo o diretor, o filme tem influência do poema Eu canto o Corpo Elétrico, de Walt Whitman, em que o autor americano celebra a beleza dos corpos, independente da idade, gênero, cor e forma. O longa começou sua carreira no 46º Festival Internacional de Cinema de Roterdã e foi premiado em diversos festivais importantes, como: Festival Internacional de Cine en Guadalajara, com o Prêmio Maguey; e Queer Lisboa – Festival Internacional de Cinema Queer, onde recebeu Menção Especial do júri. Neste mês, foi eleito o melhor filme do ano pela APCA, Associação Paulista de Críticos de Artes.

EXTRA: entrevista com o diretor e com o ator Kelner Macêdo + programa especial sobre o 12º Festival de Cinema Latino-Americano de São Paulo.

: JOAQUIM
Dirigido por Marcelo Gomes

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Dirigido por Marcelo Gomes, de Cinema, Aspirinas e Urubus, Joaquim foi selecionado para a Competição Oficial do Festival de Berlim deste ano. Mesclando situações fictícias com relatos históricos, o cineasta, que também assina o roteiro, relata a vida do protético e alferes da Guarda Real Joaquim José e seu processo de consciência política ao se tornar um rebelde contra o domínio colonial português. A história mostra a vida de um brasileiro comum, com um caráter verdadeiramente humano: seus defeitos, contradições, medos e ambiguidades. A narrativa é centrada num determinado momento da vida de Tiradentes: quando ele, a serviço da coroa portuguesa, realiza viagens pelas precárias, lamacentas e perigosas estradas de Minas a procura de contrabandistas de ouro. Com Julio Machado, Isabél Zuaa, Nuno Lopes, Rômulo Braga, Welket Bungué e Karai Rya Pua no elenco, Joaquim foi premiado na categoria de melhor figurino no Prêmio Iberoamericano de Cine Fénix, premiação que celebra o trabalho daqueles que se dedicam ao cinema na América Latina, Espanha e Portugal.

EXTRA: entrevista com o diretor e com os atores Julio Machado e Isabél Zuaa.

: AS DUAS IRENES
Dirigido por Fabio Meira

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Protagonizado pelas jovens atrizes Priscila Bittencourt e Isabela Torres, que fazem sua estreia no cinema, o filme tem a narrativa construída a partir da vida de duas adolescentes e de seus pontos de vista. Irene, uma garota de 13 anos, de uma família tradicional do interior, descobre que seu pai tem uma filha de outra mulher, com a mesma idade e o mesmo nome dela. Sem que ninguém saiba, ela decide procurar a garota e um mundo de descobertas se inicia. O longa, exibido na mostra Generation do Festival de Berlim, foi premiado no 45º Festival de Gramado em quatro categorias: melhor filme segundo o Júri da Crítica, melhor roteiro, melhor direção de arte e melhor ator coadjuvante para Marco Ricca. Além disso, As Duas Irenes foi escolhido como o melhor primeiro filme e melhor fotografia da Competição ibero-americana do 32º Festival Internacional de Cine en Guadalajara e indicado ao Prêmio Iberoamericano de Cine Fénix.

EXTRAS: entrevista com diretor e elenco (Priscila Bittencourt, Isabela Torres, Marco Ricca e Inês Peixoto) + matéria especial no Festival de Gramado + entrevistas em Gramado.

: GABRIEL E A MONTANHA
Dirigido por Fellipe Barbosa

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Dirigido por Fellipe Barbosa, de Casa Grande, Gabriel e a Montanha é inspirado em uma história real e recria a viagem de Gabriel Buchmann, brasileiro formado em Economia que foi para a África a fim de estudar melhor a pobreza e se preparar para um doutorado em políticas públicas na UCLA. Com roteiro baseado em anotações, e-mails de Gabriel para a mãe e a namorada, e entrevistas com pessoas que cruzaram seu caminho na África, o filme é dividido em quatro capítulos, cada um ambientado em um país pelo qual ele viajou, até seu fim trágico. Gabriel morreu de hipotermia após decidir subir o Monte Mulanje, pico mais alto do Malawi com mais de 3 mil metros de altitude, sem a companhia de um guia. Com João Pedro Zappa e Caroline Abras no elenco, o longa, visto por mais de 80 mil espectadores na França, recebeu dois prêmios na Semana da Crítica, mostra paralela ao Festival de Cannes: Prix Révélation France 4, oferecido ao diretor pela obra que mostra a paixão e o entusiasmo de um novo talento da indústria cinematográfica e Prix Fondation Gan à la Diffusion, dado à distribuidora francesa para alavancar a distribuição do filme na França. No prêmio APCA, da Associação Paulista de Críticos de Artes, ganhou na categoria de melhor roteiro e na 41ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo recebeu o Prêmio da Crítica de melhor filme brasileiro.

EXTRAS: matéria especial na 41ª Mostra de São Paulo + entrevistas com diretor e elenco na Mostra.

: JONAS E O CIRCO SEM LONA
Dirigido por Paula Gomes

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Aos 13 anos de idade, Jonas tem uma difícil missão: administrar o circo que ele mesmo fundou no quintal de sua casa. Neto de artistas circenses, o garoto tenta manter a paixão da família através do seu circo improvisado, na periferia de Salvador. Rodado ao longo de dois anos na Região Metropolitana de Salvador, o filme partiu de uma pesquisa iniciada em 2006 pela diretora Paula Gomes, que procurava por circos itinerantes pelo interior da Bahia. Vindo de uma família tradicional de artistas, Jonas teve a ideia de criar seu próprio picadeiro, usando materiais que restaram do circo que a família tinha deixado para trás. Os novos artistas são amigos e vizinhos que ele convidou para participar e ensinou um pouco da arte circense. O documentário, que discute a educação no Brasil através do dilema do artista mirim, sem incentivo da escola e dos professores, e que prefere deixar os estudos de lado para se dedicar a sua paixão, percorreu mais de 30 festivais e foi premiado no México, Estados Unidos, Espanha e na França. Além disso, foi o único representante latino-americano no IDFA: International Documentary Filmfestival Amsterdam. No Brasil, ganhou o prêmio de melhor longa pelo Júri Especial do Festival Panorama de Cinema, Prêmio Destaque no Cine Esquema Novo e Menção Honrosa do júri do Cachoeira Doc 2016.

EXTRA: crítica do filme.

: DIVINAS DIVAS
Dirigido por Leandra Leal

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Em seu primeiro longa-metragem como diretora, Leandra Leal resolveu falar sobre Rogéria, Jane Di Castro, Divina Valéria, Camille K, Eloína dos Leopardos, Fujika de Halliday, Marquesa e Brigitte de Búzios, ícones da primeira geração de artistas travestis do Brasil. A partir de uma íntima relação com a diretora e com o teatro de sua família, importante palco na trajetória de todas elas, o filme acompanha as personagens no processo de construção de um espetáculo que celebra seus 50 anos de carreira. No Festival do Rio do ano passado, o longa ganhou o prêmio de melhor documentário pelo voto popular e também recebeu o Prêmio Felix, voltado para produções com temáticas relativas à diversidade de gênero. Além disso, foi consagrado com o Prêmio do Público da Mostra Global do SXSW Film Awards (Festival South by Southwest), em Austin, no Texas, e melhor filme pelo Júri Popular e melhor direção no 11º Fest Aruanda do Audiovisual Brasileiro, em João Pessoa.

EXTRAS: entrevistas com a diretora e elenco (Rogéria e Divina Valéria) + matéria especial no Festival Mix Brasil + entrevistas no 24º Mix Brasil + entrevista com Leandra Leal na 40ª Mostra de São Paulo + crítica do filme.

: COMO NOSSOS PAIS
Dirigido por Laís Bodanzky

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Dirigido por Laís Bodanzky, de Bicho de Sete Cabeças e Chega de Saudade, Como Nossos Pais, selecionado para a Mostra Panorama do Festival de Berlim deste ano, conta a história de Rosa, interpretada por Maria Ribeiro, que se vê diante de conflitos existenciais quando precisa, ao mesmo tempo, cuidar de suas filhas, manter seus sonho e objetivos profissionais, enfrentar as dificuldades do casamento e lidar com uma relação conflituosa com sua mãe. A diretora, que assina o roteiro ao lado de Luiz Bolognesi, apresenta dramas cotidianos com sutileza e retrata com naturalidade a vida como ela é, com personagens reais. Além do brilhante desempenho da protagonista, em sua melhor atuação da carreira, há também Clarisse Abujamra no elenco, um furacão em cena. Paulo Vilhena, Felipe Rocha, Herson Capri, Jorge Mautner e Cazé Peçanha completam o time de Como Nossos Pais, consagrado como o grande campeão do 45º Festival de Cinema de Gramado, premiado em seis categorias: melhor filme, melhor direção, melhor ator (Paulo Vilhena), melhor atriz (Maria Ribeiro), melhor atriz coadjuvante (Clarisse Abujamra) e melhor montagem (Rodrigo Menecucci). O longa, que retrata conflitos cotidianos com uma linguagem universal, foi eleito também o melhor filme do 19º Festival de Cinema Brasileiro de Paris pelo júri popular, rendeu o prêmio de melhor atriz para Clarisse Abujamra na premiação da APCA, Associação Paulista de Críticos de Artes, além de ter sido exibido em diversos países e em outros festivais, como o Seminci – Valladolid International Film Festival, na Espanha, e o Festival Internacional del Nuevo Cine Latinoamericano, em Havana, Cuba. Um filme comovente e afetuoso, que ocupa, merecidamente, o primeiro lugar no pódio do TOP 10 2017 de filmes brasileiros do CINEVITOR.

EXTRAS: programa especial com entrevistas com a diretora e com a atriz Maria Ribeiro + matéria especial no Festival de Gramado 2017 + entrevistas com elenco (Maria Ribeiro, Paulo Vilhena e Clarisse Abujamra) em Gramado + crítica do filme.

MENÇÃO HONROSA (em ordem alfabética):
Axé: Canto do Povo de um Lugar, de Chico Kertész
Deserto, de Guilherme Weber
Divórcio, de Pedro Amorim
Entre os Homens de Bem, de Carlos Juliano Barros e Caio Cavechini
Não Devore Meu Coração, de Felipe Bragança
No Intenso Agora, de João Moreira Salles
O Filme da Minha Vida, de Selton Mello
Pendular, de Júlia Murat
Pitanga, de Beto Brant e Camila Pitanga
Por Trás do Céu, de Caio Sóh
Redemoinho, de José Luiz Villamarim
Soundtrack, de 300ml
Vazante, de Daniela Thomas
Vermelho Russo, de Charly Braun
Waiting for B., de Paulo Cesar Toledo e Abigail Spindel

Fotos: Divulgação.

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