TOC – Transtornada Obsessiva Compulsiva

por: Cinevitor

tocposterDiretores: Paulinho Caruso, Teodoro Poppovic.

Elenco: Tatá Werneck, Vera Holtz, Daniel Furlan, Bruno Gagliasso, Luis Lobianco, Pedro Wagner, Mario Gomes, Patricya Travassos, Luciana Paes, Laura Neiva, Felipe Torres, Fábio Marcoff, Ingrid Guimarães.

Ano: 2017

Sinopse: Atriz, comediante, estrela de novelas e de campanhas publicitárias, Kika K. é uma celebridade idolatrada por milhões de fãs. Por trás das aparências, no entanto, as coisas não andam nada fáceis. Em crise com sua vida pessoal e profissional, Kika precisa lidar com um fã obsessivo, o namorado galã sem noção e os compromissos profissionais marcados pela exigente empresária. Tudo isso enquanto tenta controlar seu mais íntimo segredo: ela sofre de Transtorno Obsessivo Compulsivo. Durante a turnê de lançamento de um livro de autoajuda que ela nem mesmo escreveu, Kika recebe a misteriosa visita do verdadeiro autor da obra, que lhe entrega uma mensagem cifrada antes de sumir sem deixar vestígios. Com a ajuda de Vladimir, Kika tentará resolver o enigma que pode colocar um fim à sua crise.

Crítica do CINEVITOR: Você deve estar se perguntando: mais uma comédia brasileira nos cinemas? E a resposta é: sim, mais uma e tampouco a última. Não podemos negar que, ultimamente, a carreira do cinema brasileiro tem caminhado junto com filmes deste gênero e como de costume, ora somos presenteados com boas histórias, ora com filmes descartáveis. TOC – Transtornada Obsessiva Compulsiva entra no time dos acertos. Não só por ser diferente, pois consegue trabalhar com a comédia em sua narrativa de uma forma muito adequada, mas também por conseguir fazer o público rir e refletir, fugindo daquele humor escrachado com formato televisivo. Em seu primeiro trabalho como protagonista nas telonas, Tatá Werneck comprova ainda mais a força de seu talento. Conhecida por interpretações cômicas na TV, a atriz entrega não só uma atuação divertida, como de costume, com tons de improviso em cenas hilárias e muita segurança em frente às câmeras, como também ótimos momentos dramáticos. Na história, Tatá é Kika K., uma atriz de sucesso em crise pessoal e profissional. Apesar da fama e dos fãs, sente-se sozinha e perdida em mundo de futilidades e interesses. Preste atenção no belíssimo clipe em que vemos a protagonista, ao som de Ouro de Tolo, de Raul Seixas, com feições emotivas que correspondem aos sentimentos vividos por ela. Se você não acreditava que Tatá funcionaria longe da comédia, aqui sua opinião mudará. Sentimos a solidão de sua personagem, suas angústias e sua vontade de encontrar a felicidade. Ao retratar o mundo das celebridades com humor, TOC fica ainda mais interessante por apresentar uma crítica relevante em sua narrativa. Ao mesmo tempo em que o espectador ri de uma situação, como por exemplo, o divertidíssimo encontro entre Tatá Werneck e Ingrid Guimarães em uma emissora, é possível também fazer uma reflexão sobre tais atitudes e comportamentos dessas pessoas públicas. O glamour que envolve as celebridades de vez em quando vem acompanhado por um vazio interior coberto por maquiagem, sorrisos falsos, roupas caras e muitos seguidores nas redes sociais. O filme retrata os dois lados da moeda com personagens essenciais que fazem parte disso, como a assessora dominadora, interpretada pela brilhante Vera Holtz, ou o fã obcecado, vivido por Luis Lobianco. Há também o galã projetado para o sucesso, papel de Bruno Gagliasso, e o rapaz totalmente deslocado desse meio, interpretado por Daniel Furlan. TOC tem um pouco de tudo, na medida certa. Vale ressaltar a renovada direção de Paulinho Caruso, que conta com videoclipes e curtas-metragens no currículo, e Teodoro Poppovic, roteirista do extinto Comédia MTV, no qual Tatá fez parte. Eles, que também assinam o roteiro ao lado de colaboradores, inserem o humor em cenas que não caem no formato batido de esquetes de internet e/ou TV e ganham pontos ao deixar a comédia escrachada de lado, sem apelar para o ridículo. A edição, outro diferencial do filme, brinca com certas situações cômicas do roteiro por meio de combinações de imagens que lembram muito as criativas propagandas da MTV Brasil. Fora a comédia e o drama, TOC ainda tem o seu momento romântico com uma das cenas mais bonitas dos últimos tempos do cinema brasileiro, quando Tatá Werneck e Daniel Furlan cantam, em um karaokê, a música Eva, que ficou conhecida pela voz de Ivete Sangalo. Pode acreditar: você vai se emocionar. São várias as qualidade de TOC, um filme diversificado que fala sobre celebridades instantâneas, disputas profissionais, fama, solidão. Embora sua narrativa siga a linha da comédia, o roteiro consegue desviar com mérito e facilidade entre outros gêneros. Com um ótimo elenco, momentos reflexivos e risadas garantidas, TOC – Transtornada Obsessiva Compulsiva se destaca entre as recentes comédias brasileiras porque sai do lugar comum e arrisca em ser diferente. (Vitor Búrigo)

*Clique aqui e confira as entrevistas com o elenco.

Nota do CINEVITOR:

nota-4-estrelas

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