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29º Festival Mix Brasil anuncia filmes internacionais, atrações especiais e homenagem a Ney Matogrosso

por: Cinevitor
Virginie Efira em Benedetta, de Paul Verhoeven: filme de abertura.

A 29ª edição do Festival Mix Brasil, o mais importante e celebrado evento de cultura dedicado à diversidade da América Latina, acontecerá entre os dias 10 e 21 de novembro, em formato híbrido e gratuito

Parte da programação será de forma presencial em cinco espaços culturais da capital paulista (CineSesc, Centro Cultural São Paulo – Sala Lima Barreto, MIS – Museu da Imagem e do Som de São Paulo, Teatro Paulo Eiró e Centro Cultural da Diversidade) e a outra parte será on-line, podendo ser assistida de qualquer parte do país e acessada a partir do site oficial. Os eventos presenciais seguirão os protocolos de segurança contra a Covid-19 exigidos pelos locais, inclusive a exigência do comprovante de vacinação.

Com direção de André Fischer, direção executiva de Josi Geller e direção de programação de Cinema de João Federici, o Festival Mix Brasil traz em 2021 um total de 117  filmes, de 28 países, e de todas as regiões do Brasil, cinco espetáculos teatrais inéditos, shows musicais, literatura, palestras e workshops sobre temas relevantes para comunidade LGBTQIA+, Crescendo com a Diversidade, Show do Gongo, além de homenagear com o prêmio Ícone Mix o cantor Ney Matogrosso.

Para os diretores do Mix, essa programação diversificada e híbrida reconquista o espaço público e mantém o acesso ampliado e democrático, graças às plataformas digitais; aliás, foi através delas que, no ano passado, segundo eles, o número de público do festival triplicou.

O festival abrirá com o aguardado filme Benedetta, de Paul Verhoeven, que faz a sua première latino-americana no evento, em uma sessão para convidados no CineSesc. Já para o público de casa, a abertura será com o show da cantora e compositora Ellen Oléria. Selecionado para o Festival de Cannes e San Sebastián, Benedetta conta a história de uma freira italiana que faz parte de um convento na Toscana desde sua infância. Perturbada por visões religiosas e eróticas, Benedetta é assistida por uma companheira de quarto. A relação entre as duas se transformará em um romance conturbado, ameaçando a permanência das irmãs no convento.

Neste ano, o Panorama Internacional traz títulos inéditos no Brasil de diretores e atores consagrados que tiveram suas obras premiadas e selecionadas nas últimas edições de festivais importantes. Entre os destaques estão: A Fratura, de Catherine Corsini, vencedor da Queer Palm no Festival de Cannes; Being BeBe – A História de BeBe Zahara Benet, de Emily Branham, documentário sobre a primeira vencedora de RuPaul’s Drag Race, BeBe Zahara Benet; e os alemães Instruções de Sobrevivência, de Yana Ugrekhelidze, ganhador do Prêmio Especial do Júri do Teddy em Berlim, Bliss, de Henrika Kull, exibido na mostra Panorama da Berlinale e no Queer Lisboa, Boy Meets Boy, de Daniel Sánchez Lopéz, Prêmio Especial do Júri no Festival Molodist de Kiev, e Genderation, de Monika Treut, que quase duas décadas depois de lançar seu documentário Gendernauts, em 1999, volta à Califórnia para reencontrar seus protagonistas, em um filme que teve sua estreia na mostra Panorama do Festival de Berlim.

Udo Kier em O Canto do Cisne, de Todd Stephens.

Outras atrações internacionais confirmadas são: Canela, de Cecilia Del Valle, melhor filme da crítica no Vancouver Latin American Film Festival; No Ritmo da Vida, de Phil Connell, Menção Honrosa de Atuação em longa estrangeiro para Cloris Leachman no Outfest Los Angeles; O Canto do Cisne, de Todd Stephens, protagonizado por Udo Kier e vencedor do Prêmio do Público no NewFest; Os Amores de Anaïs, de Charline Bourgeois-Tacquet, exibido na Semana da Crítica em Cannes; Um Lugar Distante, de Park Kun-young, vencedor do Grande Prêmio do Júri no Outfest Los Angeles; Sedimentos, de Adrian Silvestre, Menção Honrosa no Outfest Los Angeles; Esse Fim de Semana, de Mara Pescio, exibido em San Sebastián; Wigudun, Alma de Dois Espíritos, de Fernando Muñoz e Raphael Salazar, que fará sua estreia mundial no festival; entre outros títulos aguardados.

Já a Mostra Competitiva de longas e médias nacionais apresenta sete títulos concorrendo ao Coelho de Ouro de melhor filme brasileiro, entre eles, Deserto Particular, de Aly Muritiba, indicado do Brasil ao Oscar 2022. Clique aqui e confira a seleção de longas, curtas e apresentações especiais do Mix Brasil 2021.

O panorama nacional traz também cinco filmes dedicados ao cantor Ney Matogrosso, homenageado com o prêmio Ícone Mix deste ano. O festival traz ainda o programa REFRAME, com um recorte de filmes de forte inventividade. Para completar a programação de longas e médias brasileiros, o programa Queer.doc destaca a boa safra de documentários nacionais.

A Spcine participa do 29º Festival Mix Brasil promovendo o MixLab Spcine com mesas, workshop e uma masterclass com a cineasta Monika Treut, pioneira do cinema LGBTQIA+ alemão, que conta com dois filmes seus na programação deste ano: o clássico Gendernauts (1999) e Genderation (2021). A parceria com a Spcine também é representada por uma vitrine exclusiva de destaques do festival, que será exibida dentro da plataforma Spcine Play durante 90 dias a partir do início do evento.

O festival traz para os amantes de teatro mais uma edição do Dramática com cinco espetáculos inéditos, selecionados a partir de edital com 61 inscritos, que estão sendo desenvolvidos em residências desde setembro no Centro Cultural da Diversidade e que levantam temas fundamentais para comunidade LGBTQIA+. As estreias acontecerão entre os dias 12 e 14 de novembro no Teatro Paulo Eiró e serão disponibilizadas a partir do dia 17 de novembro nas plataformas digitais.

O tradicionalíssimo Show do Gongo, em que desapegados realizadores apresentam seus vídeos para o julgamento do público do Mix Brasil, cabendo à fabulosa Marisa Orth traduzir o anseio popular e decidir se os filmes serão gongados ou avaliados pelo júri, volta a contar com seu cativante público presencial. Com o avanço da vacinação e a abertura gradativa dos espaços, Marisa Orth terá novamente a alegria de interagir com a plateia no dia 11 de novembro, às 21h, direto do Teatro Paulo Eiró.

O Mix Music, programação musical voltada para o público LGBTQIA+ no Brasil, traz além do show de abertura com a cantora Ellen Oléria, o aguardado concurso Novos Talentos com apresentação de Silvetty Montilla; e para fechar, a cantora Raquel, uma das fundadoras da banda As Bahias e a Cozinha Mineira, e agora em carreira solo com a música Las Muchachas de Copacabana, clássico de Chico Buarque.

O Mix Literário, que conta com curadoria de Alexandre Rabello, celebra sua quarta edição trazendo mesas com a participação de nomes fundamentais do mercado editorial nacional, autores e editores que discutem o lugar da comunidade LGBTQIA+ na produção literária, além de lançamentos editoriais e sarau. Já o Mix Talks traz debates sobre temas atuais e relevantes com atores, jornalistas, publicitários, escritores, professores, influencers e poetas.

Toda a programação on-line do 29º Festival Mix Brasil de Cultura da Diversidade poderá ser acessada gratuitamente a partir do site oficial e também pelas redes sociais. Os filmes poderão ser assistidos pelas plataformas digitais InnSaei, Sesc DigitalSpcine Play. O acesso a alguns filmes será limitado e alguns longas serão exibidos apenas em sessões presenciais.

Conheça as novas atrações do Mix Brasil 2021:

PANORAMA INTERNACIONAL

A Fratura (La fracture), de Catherine Corsini (França)
Being BeBe – A História de BeBe Zahara Benet, de Emily Branham (EUA/Camarões)
Benedetta, de Paul Verhoeven (França/Holanda)
Bliss (Glück), de Henrika Kull (Alemanha)
Boy Meets Boy, de Daniel Sánchez Lopéz (Alemanha)
Campo de Papoulas (Câmp de maci), de Eugen Jebeleanu (Romênia)
Canela, de Cecilia Del Vall (Argentina)
Esse Fim de Semana (Ese fin de semana), de Mara Pescio (Argentina/Brasil)
Genderation, de Monika Treut (Alemanha)
Gendernauts (Gendernauts – Eine Reise durch die Geschlechter), de Monika Treut (Alemanha)
Hello World (Hei verden), de Kenneth Elvebakk (Noruega)
Instruções de Sobrevivência (Instructions for Survival), de Yana Ugrekhelidze (Alemanha/Geórgia)
Leading Ladies, de Ruth Caudeli (Colômbia)
No Ritmo da Vida (Jump, Darling), de Phil Connell (Canadá)
O Canto do Cisne (Swan Song), de Todd Stephens (EUA)
Os Amores de Anaïs (Les amours d’Anaïs), de Charline Bourgeois-Tacquet (França)
Potato Sonha com a América (Potato Dreams of America), de Wes Hurley (EUA)
Sedimentos, de Adrian Silvestre (Espanha)
Sweetheart, de Marley Morrison (Reino Unido)
Um Lugar Distante (A Distant Place), de Park Kun-young (Coreia do Sul)
Wigudun, Alma de Dois Espíritos, de Fernando Muñoz e Raphael Salazar (Panamá/Brasil)

MOSTRA TRIBUTO A NEY MATOGROSSO

Caramujo-Flor, de Joel Pizzini
Depois de Tudo, de Rafael Saar
Ney à Flor da Pele, de Felipe Nepomuceno
Olho Nu, de Joel Pizzini
Ralé, de Helena Ignez

MOSTRA REFRAME

A Cidade dos Abismos, de Priscyla Bettim e Renato Coelho (SP)
Bori, de Luiz Anastácio (SP)
Desaprender a Dormir, de Gustavo Vinagre (SP)
Dois Garotos que se Afastaram Demais do Sol, de Lucelia Sergio e Cibele Appes (SP)

PROGRAMA QUEER.DOC

A Última Imagem, de Benedito Ferreira (GO)
Perto de Você, de Cássio Kelm (PR)
Transversais, de Émerson Maranhão (CE)

PROGRAMAÇÃO TEATRO

Ele, de Oliver OLivia
O Que Resta?, de Edson Thiago Rossi
O Silêncio Anuncia o Grito ou Voz Bixa, de Marco Antonio Oliveira
Sobrevida, de Jacques Machado
Venganza: pega Homem?, de Dana Lisboa

Fotos: Divulgação.

Marcélia Cartaxo será homenageada no 28º Festival de Cinema de Vitória

por: Cinevitor
Marcélia Cartaxo: atriz consagrada e homenageada.

A 28ª edição do Festival de Cinema de Vitória, que acontecerá entre os dias 23 e 28 de novembro, em formato on-line e gratuito, revelou que a atriz e diretora Marcélia Cartaxo será a homenageada nacional deste ano. Com isso, receberá o Caderno da Homenageada e o Troféu Vitória na cerimônia de abertura do evento.

Nascida em Cajazeiras, no Sertão da Paraíba, Marcélia é um dos grandes nomes da atuação no Brasil. Com mais de 40 anos de carreira, a atriz já interpretou os mais diversos tipos: de freira a prostituta, de mãe a avó, ela imprime o sonho, a força, a luta e a realidade da mulher brasileira em suas atuações. Com participações no teatro e na televisão, foi no cinema que ela construiu uma carreira sólida e com personagens que entraram para a história do audiovisual brasileiro.

Entre os destaques estão a prostituta Laurita, de Madame Satã, de Karim Aïnouz, quando foi escolhida a melhor atriz no Grande Prêmio do Cinema Brasileiro; a bailarina incomum em Pacarrete, de Allan Deberton, que lhe rendeu diversos prêmios, entre eles, melhor atriz em Gramado e Vitória; a mãe do protagonista Francisco, no longa-metragem Big Jato, de Cláudio Assis, que lhe rendeu o prêmio de melhor atriz coadjuvante no Festival de Cinema de Brasília; entre outros.

Sua estreia no cinema aconteceu em 1985, em A Hora da Estrela, quando interpretou uma das personagens mais emblemáticas da literatura brasileira: Macabéa, do livro homônimo de Clarice Lispector. Ao dar vida a ingênua datilógrafa, que se muda do Nordeste para São Paulo, no filme de Suzana Amaral, Marcélia ganhou o mundo e recebeu, entre outros prêmios, o Urso de Prata de melhor atriz no Festival de Berlim.

Nos últimos anos, além da atuação, Cartaxo também vem atuando atrás das câmeras e exercendo a função de diretora. São dela os curtas-metragens Tempo de Ira (2003), De Lua (2013), Redemunho (2016) e Casa do Louvor (2020) que ampliam o seu universo de grande contadora de histórias e comprovam a sua importância para a cultura brasileira.

Segundo Lucia Caus, diretora do Festival de Cinema de Vitória, é uma honra poder homenagear uma profissional da importância da atriz: “Marcélia Cartaxo é uma artista que usa o seu trabalho para jogar luz sobre as inúmeras possibilidades de existência. Uma profissional versátil, extremamente talentosa e uma pessoa doce e divertida. Um ser humano especial. É uma honra para o festival poder homenageá-la”.

Além de Cartaxo, o Festival de Cinema de Vitória também revelou a homenageada capixaba desta edição. Multitalentosa, Margarete Taqueti é um marco para a produção audiovisual brasileira e do Espírito Santo. Sempre empenhada em difundir e preservar a memória artística-cultural do Espírito Santo, Taqueti escreveu seu nome na história do cinema atuando como diretora, roteirista, pesquisadora, produtora, continuísta, atriz, dramaturga, cineclubista e gestora pública de cultura.

Uma referência para inúmeros profissionais que também desejam construir uma carreira no audiovisual. Margarete Taqueti tem, sem dúvidas, um papel imprescindível nas conquistas das mulheres no universo cinematográfico do estado e do país.

*Clique aqui e conheça os filmes selecionados para o Festival de Vitória 2021.

Foto: Rodrigo Barbosa.

16º Fest Aruanda do Audiovisual Brasileiro anuncia curtas-metragens em competição

por: Cinevitor
Priscilla Vilela e Enio Cavalcante no curta Sideral, de Carlos Segundo.

Foram anunciados nesta quarta-feira, 03/11, os curtas-metragens selecionados para a mostra competitiva da 16ª edição do Fest Aruanda do Audiovisual Brasileiro, que acontecerá entre os dias 9 e 15 de dezembro, em João Pessoa.

Neste ano, o evento volta ao formato presencial, com exibições gratuitas na rede Cinépolis do Manaíra Shopping, mas também contará com sua programação virtual através da plataforma Aruanda Play.

O Comitê de Seleção de curtas-metragens foi formado pelos jornalistas e críticos de cinema Amilton Pinheiro e Marcus Mello (ambos da Abraccine, Associação Brasileira de Críticos de Cinema), e a diretora e curadora Camila de Moraes.

“Fazer parte de uma seleção de curtas-metragens para um festival sempre é uma tarefa ao mesmo tempo desafiadora e difícil de executar. Foram 423 curtas, de todas as regiões do Brasil, entre ficções, documentários e animações. Nos deparamos com filmes de realizadores que não deixaram de tratar de temas complexos e necessários, mas sem abrir mão da formalidade conceitual e da linguagem. Um ponto que vale destacar na seleção do Comitê de Curtas Nacional é a descentralização das produções das regiões mais abastadas, ainda mais quando os filmes foram realizados fora da capital das cidades do país, adentrando o Brasil diverso e fecundo e nos revelando em nossa integridade”, disse Amilton Pinheiro, presidente do Comitê de Seleção.

Camila de Moraes também comentou: “Foi um imenso desafio participar da seleção da Mostra Competitiva Nacional de curtas-metragens dessa 16ª edição do Fest Aruanda 2021. Foram muitos filmes inscritos com debates instigantes e necessários. Dentro desta mostra do que estamos produzindo no audiovisual brasileiro, será possível verificar uma grande diversidade de conteúdos, gêneros e expressões artísticas, e regionalidade. A representação LGBTQIA+ se faz presente nas telas, bem como um protagonismo negro. Desde já, fica o convite para todes acompanharmos toda a programação do festival e que tenhamos uma ótima sessão”.

“É uma enorme satisfação integrar mais uma vez a comissão de seleção do Fest Aruanda. Foram meses de muito trabalho com meus parceiros Amilton Pinheiro e Camila de Moraes. Foi um trabalho muito rico, vimos curtas de todo o Brasil. Infelizmente tem que escolher só 12, mas no geral, estamos muito satisfeitos com o resultado. Acredito que quem for acompanhar o Fest Aruanda vai ter acesso a uma produção muito vigorosa, revelando novos autores, novas vozes, uma emergência cada vez mais significativa de um cinema negro realizado por diretores e diretoras negras, uma presença muito forte do cinema da região nordeste”, finalizou Marcus Mello.

Além dos curtas, o Fest Aruanda anunciou recentemente um dos homenageados deste ano: o escritor, contista, roteirista, cordelista, produtor, dramaturgo, diretor, ator e artista plástico W. J. Solha; e também a presença do longa brasileiro Deserto Particular, de Aly Muritiba, na seleção oficial.

Conheça os filmes selecionados para a Mostra Competitiva de curtas-metragens do Fest Aruanda 2021:

Animais na Pista, de Otto Cabral (PB)
Aurora – A Rua que Queria Ser um Rio, de Radhi Meron (SP)
Cabidela’s Bar, de Tadeu de Brito (PB)
Coleção Preciosa, de Rayssa Coelho e Filipe Gama (BA)
Ele tem Saudade, de João Campos (DF)
Entre Muros, de Gleison Mota (BA)
Foi um Tempo de Poesia, de Petrus Cariry (CE)
Hortelã, de Thiago Furtado (PI)
Inventário do Corpo, de Alini Guimarães e Jonathan Bào (SP)
O Pato, de Antônio Galdino (PB)
Sideral, de Carlos Segundo (RN)
Yabá, de Rodrigo Sena (RN)

Foto: Divulgação/Casa da Praia Filmes.

A Viagem de Pedro: Laís Bodanzky, Isac Graça e Welket Bungué falam sobre o filme exibido na 45ª Mostra de São Paulo

por: Cinevitor
Ao ar livre: a diretora na primeira exibição mundial do filme.

Escrito e dirigido por Laís Bodanzky, A Viagem de Pedro, protagonizado por Cauã Reymond, é o primeiro longa histórico da diretora e teve sua estreia mundial na 45ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo.

O filme aborda a vida privada de Dom Pedro I. Responsável por escrever em 1824 a primeira Constituição do Brasil imperial, considerada liberal e progressista para a época, o longa compreende o momento em que o ex-imperador retorna para Portugal, em 1831, fugindo de ser apedrejado pela população brasileira, nove anos depois de proclamar a Independência do país.

A produção mostra uma reflexão do personagem a bordo da nau inglesa Warspite sobre sua vida no Brasil, desde a chegada de Portugal ao lado dos pais, em 1808, até sua abdicação, motivada por desdobramentos do seu exercício do Poder Moderador, pela rixa entre políticos conservadores e liberais, bem como pela rivalidade entre brasileiros e portugueses que estavam radicados no Brasil. O filme retrata o personagem em sua intimidade, tentando compreender a série de acontecimentos e o porquê de tudo dar errado quando parecia que iria dar certo.

O elenco conta também com a artista plástica Rita Wainer, em sua estreia como atriz, no papel de Domitila; Luise Heyer como Leopoldina; Francis Magee vivendo o Comandante Talbot e Welket Bungué interpretando o Contra Almirante Lars. No elenco português estão Victória Guerra, como Amélia; Luísa Cruz no papel de Carlota Joaquina; João Lagarto interpretando Dom João VI; Isac Graça vivendo Miguel; e Isabél Zuaa como Dira. Celso Frateschi, Gustavo Machado, Luiza Gattai, Dirce Thomas, Marcial Mancome e Sergio Laurentino completam o elenco.

O diretor de arte inglês Adrian Cooper e o diretor de fotografia espanhol Pedro J. Márquez foram os responsáveis pelo trabalho de reconstrução de época. Produzido por Biônica Filmes, Buriti Filmes e O Som e a Fúria (Portugal), o filme conta com a coprodução da Globo Filmes. Bianca Villar, Cauã Reymond, Fernando Fraiha, Karen Castanho, Laís Bodanzky, Luiz Bolognesi, Luis Urbano e Mario Canivello são responsáveis pela produção. A Vitrine Filmes assina a distribuição, com estreia prevista para 2022. 

Para falar mais sobre A Viagem de Pedro, conversamos com a diretora e com os atores Isac Graça e Welket Bungué antes da sessão especial no vão-livre do MASP.

Aperte o play e confira:

*O filme terá mais uma exibição na Mostra de São Paulo no dia 3 de novembro (quarta-feira), às 18h10, no Espaço Itaú Frei Caneca.

Foto: Mario Miranda Filho/Agência Foto.

45ª Mostra de São Paulo: conheça os finalistas ao Troféu Bandeira Paulista

por: Cinevitor
Cena do filme Clara Sola, de Nathalie Álvarez Mesén: finalista.

Foram anunciados nesta quinta-feira, 28/10, os finalistas ao Troféu Bandeira Paulista da 45ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo. Durante a primeira semana, foram computados os votos do público dos filmes que participam da Competição Novos Diretores.

Nos próximos dias, os títulos mais votadas serão submetidos ao júri desta edição, formado por Beatriz Seigner, Carla Caffé e Joel Zito Araújo, que avaliará e escolherá o grande vencedor do Troféu Bandeira Paulista, uma criação da artista plástica Tomie Ohtake, na categoria de melhor filme; os jurados também podem premiar obras em outras categorias.

Além disso, a Abraccine, Associação Brasileira de Críticos de Cinema, também realiza uma premiação que escolhe o melhor filme brasileiro entre os diretores estreantes e, nesta edição, a tarefa está a cargo dos jornalistas e críticos Diego Benevides, Lorenna Montenegro e Raquel Gomes, que formam o júri do Prêmio Abraccine. A imprensa também concede o Prêmio da Crítica e o público escolhe seus preferidos nos gêneros ficção e documentário.

Na lista dos títulos mais votados, alguns ainda podem ser vistos nos cinemas ou pela plataforma Mostra Play. Os vencedores serão anunciados no dia 3 de novembro, durante a cerimônia de encerramento da 45ª Mostra.

Conheça os finalistas ao Troféu Bandeira Paulista 2021 da Mostra de São Paulo:

A Felicidade das Coisas, de Thais Fujinaga (Brasil)
Bob Cuspe – Nós Não Gostamos de Gente, de Cesar Cabral (Brasil)
Clara Sola, de Nathalie Álvarez Mesén (Costa Rica/Suécia/Bélgica)
Colmeia (Hive), de Blerta Basholli (Kosovo/Suíça/Macedônia do Norte/Albânia)
Compartment Nº 6, de Juho Kuosmanen (Finlândia/Alemanha/Estônia/Rússia)
Laranjas Sangrentas (Oranges Sanguines), de Jean-Christophe Meurisse (França)
Murina, de Antoneta Alamat Kusijanovic (Croácia/Brasil/EUA/Eslovênia)
Olga, de Elie Grappe (Suíça, Ucrânia, França)
Onoda – 10 Mil Noites na Selva (Onoda, 10,000 Nights in the Jungle), de Arthur Harari (França/Japão/Alemanha/Bélgica/Itália/Camboja)
Pegando a Estrada (Hit The Road), de Panah Panahi (Irã)
Pequena Palestina, Diário de um Cerco (Little Palestine, Diary Of A Siege), de Abdallah Al-Khatib (Líbano/França/Qatar)
Você Parece Comigo (Tu Me Ressembles), de Dina Amer (França/Egito/EUA)
Who We Are – A Chronicle of Racism in America, de Emily Kunstler e Sarah Kunstler (EUA)

Foto: Divulgação.

27º Festival de Cinema de Vitória Itinerante promove encontro entre cinema e música

por: Cinevitor
Cena do curta Manaus Hot City, de Rafael Ramos: destaque na programação.

A 27ª edição do Festival de Cinema de Vitória Itinerante acontecerá entre os dias 28 e 30 de outubro com a proposta de promover o encontro entre o cinema e a música. O evento será realizado de quinta a sábado, a partir das 19h30, no canal do YouTube do festival e terá apresentação do ator, cantor e diretor Silvero Pereira

Na programação em formato on-line, em função dos protocolos de segurança por conta da pandemia de Covid-19, o público irá conferir três lives musicais inéditas. Também assistirá três sessões audiovisuais retrospectivas, tendo como base os filmes exibidos ao longo da história do festival, além de laboratórios de formação. Tanto os shows quanto os filmes ficarão disponíveis por 24 horas, a partir do horário de estreia, no YouTube.

Em sua primeira edição virtual, o evento percorre simbolicamente as cidades de Vitória, Cariacica e Serra. A proposta desta edição é alcançar pessoas de várias partes do Brasil com uma programação eclética que dialoga com a diversidade do festival. Evento que tradicionalmente marca o encerramento das atividades do FCV, o Festival de Cinema de Vitória Itinerante percorre, em suas versões presenciais, diversas cidades do Espírito Santo. Com foco na promoção e na difusão do audiovisual brasileiro, ao realizar sessões gratuitas e abertas em espaços públicos, a itinerância também promove atividades de formação cultural e o fomento da produção musical.

“O foco do Festival de Cinema de Vitória Itinerante está na democratização do acesso ao cinema e na descentralização das atividades culturais que o projeto oferece. No formato on-line, o evento se propõe a ampliar o público e chegar a pessoas de diversas partes do país. Nesta edição, vamos exibir curtas-metragens realizados nos últimos 20 anos e muito importantes para o audiovisual brasileiro e que contam um pouco da história do festival”, disse a diretora do festival, Lucia Caus.

Quem abre a programação musical é Alice Caymmi. Dona de uma voz inconfundível e com um álbum novo, chamado Imaculada, recém-lançado nas plataformas de streaming, a cantora preparou uma apresentação especial e vibrante que promete encantar o público do 27º FCV Itinerante.

No segundo dia, quem sobe ao palco é André Prando. Um dos principais nomes da música produzida no Espírito Santo, o cantor e compositor apresenta uma mistura de rock, MPB e psicodelia em suas canções. No repertório autoral, um passeio pelos seus três álbuns, além das canções do EP Calmas Canções do Apocalipse, seu trabalho mais recente lançado em 2020, e produzido durante o período de isolamento social causado pela pandemia do Covid-19. 

Letrux: uma das atrações do evento.

Encerrando a programação do 27º FCV Itinerante: Letrux. Escritora, cantora, compositora, poeta e atriz, a artista é um dos nomes de maior destaque no cenário da música independente contemporânea, com dois álbuns lançados em seu projeto solo: o super premiado Em Noite de Climão e o recente Aos Prantos. Com um trabalho autoral repleto de drama, humor e ousadia, a carioca apresenta o show Letrux Redux para fechar o evento. 

Além da música, o curta-metragem é um símbolo do Festival de Cinema de Vitória. Ao longo de quase três décadas foram exibidos filmes de diversos estados brasileiros, de gêneros e múltiplas linguagens, criando uma identidade audiovisual do Brasil.  

Para essa edição especial do 27º Festival de Cinema de Vitória Itinerante foram escolhidos filmes que apresentam um recorte dessa produção. Serão exibidas 15 obras, que ficaram disponíveis por 24 horas, divididas em três programas, com cinco curtas-metragens cada, e que dimensionam a pluralidade audiovisual do país.

A primeira sessão, que entra no ar na quinta-feira (28), começa com o filme Macabéia (2000), de Erly Vieira Jr, Lizandro Nunes e Virginia Jorge, uma adaptação livre do clássico A Hora da Estrela. Na sequência, Água Viva (2018), de Bárbara Ribeiro, acompanha um grupo de frequentadoras de uma sessão de hidroginástica. Depois de Tudo (2008), de Rafael Saar, aborda a relação de um casal na terceira idade. Agrados para Cloê (2007), de Jefinho Pinheiro, é uma ficção sobre fé e tempo com linguagem poética; e Santos Imigrantes (2018), de Thiago Costa, resgata a religiosidade afro a partir de uma intervenção urbana.

Na sexta-feira (29), entra no ar a segunda sessão, que apresenta um recorte de filmes que abordam experiências pessoais e que afetam a percepção do todo. Braços Vazios (2017), de Daiana Rocha, trata da questão do extermínio da juventude negra sob a perspectiva de uma mãe solo. Manaus Hot City (2020), de Rafael Ramos, joga luz sobre uma relação de amizade com inquietude, melancolia e doçura. Montação (2016), de Wan Viana, acompanha um grupo de drag queens enquanto se preparam para um show. Vento Sul (2014), de Saskia Sá, acompanha a volta de uma mulher à sua cidade depois de um longo tempo ausente. Sweet Karolynne (2009), de Ana Bárbara Ramos, aborda a questão periférica nordestina a partir do olhar de uma criança. 

Cena de O Olho e o Zarolho, de Juliana Vicente e René Guerra.

Encerrando a programação, no sábado (30), a terceira sessão traz filmes que atravessam o universo infantil. O Olho e o Zarolho (2013), de Juliana Vicente e René Guerra, é uma fábula  delicada sobre as novas configurações familiares. A Piscina de Caíque (2017), de Raphael Gustavo da Silva, traça um paralelo entre as brincadeiras infantis e a realidade brasileira. Guri (2019), de Adriano Monteiro, acompanha o desejo de um menino em vencer um campeonato de bolinha de gude do seu bairro. Pobre Yurinho (2018), de João Ademir, aborda de forma bem-humorada o universo particular da amizade entre crianças. Encerrando a programação, a aventura futurista Arani Tempo Furioso (2019), de Roobertchay Domingues Rocha.   

Mantendo o compromisso de ampliar a cadeia produtiva da cultura, as atividades de formação também fazem parte da programação do 27º Festival de Cinema de Vitória Itinerante. Entre os dias 27 e 29 de outubro, de quarta a sexta, a partir das 14 horas, acontece no Centro Cultural Eliziário Rangel, na Serra, o Laboratório Criativo de Fotografia, com a fotógrafa Luara Monteiro

A proposta é apresentar os conceitos básicos da fotografia e da câmera considerando o olhar observador, enquadramento, timing e luz. Além de estimular a pensar imagens de pontos de vista pouco óbvios, trabalhar rapidamente conceitos e referências de autorretrato, fotojornalismo até chegar em fotografia de cinema e suas interações.

A programação do 27º Festival de Cinema de Vitória Itinerante é on-line e gratuita.

Fotos: Divulgação.

Halder Gomes e Marta Aurélia serão homenageados no 31º Cine Ceará

por: Cinevitor
O homenageado deste ano na 25ª edição do evento, em 2015.

O cineasta Halder Gomes e a atriz Marta Aurélia, ambos cearenses, serão as personalidades homenageadas no 31º Cine Ceará – Festival Ibero-americano de Cinema, que acontecerá entre os dias 27 de novembro e 3 de dezembro em formato presencial em Fortaleza, em TV por assinatura e on-line. Os homenageados serão agraciados com o Troféu Eusélio Oliveira na solenidade de abertura do festival.

Mestre em taekwondo, artista plástico e formado em Administração de Empresas, foi no cinema que Halder Gomes seguiu sua carreira profissional, onde conquistou lugar de destaque com sucessos de bilheteria com suas comédias autorais. Ao invés de deixar o Ceará, criou a sua própria Holliúdy, atraindo anualmente investimentos milionários para sua terra e suas histórias que, na esmagadora maioria, são rodadas no sertão cearense.

Jornalista, atriz, cantora, compositora e performer, Marta Aurélia é uma artista com mais de 30 anos de carreira que transita com desenvoltura entre as linguagens e atualmente desenvolve trabalhos na arte experimental e arte híbrida.

A carreira de Halder Gomes no cinema começou em 1991 como dublê em filmes de artes marciais nos Estados Unidos. Dez anos depois estreava como diretor no longa No Calor da Terra do Sol, que teve sua primeira exibição pública em 2004 no Cine Ceará. Em seguida rodou o curta Cine Holiúdy – O Astista Contra o Caba do Mal, base para seu quarto longa, Cine Holliúdy, que em 2013 foi o filme brasileiro que alcançou a maior média de público por sala; a trama teve continuidade em 2019 com Cine Holliúdy 2 – A Chibata Sideral.

No mesmo ano, a saga de Francisgleydisson, vivido por Edmilson Filho, inspirou a série Cine Holliúdy, em 10 episódios, que foi lançada inicialmente no serviço de streaming Globoplay e posteriormente na Rede Globo, se tornando um fenômeno de audiência do horário na sua estreia e na reprise um ano depois, também em horário nobre da emissora. O DNA Cine Holliúdy obteve resultados fenomenais em todos seus desdobramentos da franquia em todo o Brasil e em festivais nos cinco continentes, destroçando de vez a diminutiva e limítrofe expressão regionalista.

Em uma trajetória marcada pela diversidade de gêneros e temas, Halder Gomes também dirigiu o terror The Morgue, em codireção com Gerson Sanginitto; o premiado curta documental Loucos de Futebol; o drama As Mães de Chico Xavier, em codireção com Glauber Filho; a comédia de ação O Shaolin do Sertão; a comédia urbana Os Parças; e o stand-up para a Netflix, Edmilson Filho em: Notas, uma comédia de relacionamentos. Em tempos de pandemia, entre outros trabalhos em desenvolvimento, finalizou em 2021 o longa Vermelho Monet, ainda inédito, seu primeiro drama com temática sobre pintura, filmado em Lisboa; e rodou a comédia Bem-vinda a Quixeramobim.

Realizou durante o lockdown o curta Cóu Stóries, a convite de Kleber Mendonça Filho através do Instituto Moreira Sales; como produtor, em parceria com Mayra Lucas, lançou em 2020 na Netflix a comédia de ação Cabras da Peste, dirigida por Vitor Brandt, e o suspense psicológico Dente por Dente, dirigido por Júlio Taubkin e Pedro Arantes. Ainda no início da pandemia chegou a filmar um quarto da 2ª temporada da série Cine Holliúdy. No momento, Halder filma no sertão cearense a primeira temporada de uma série de comédia e ação para o streaming.

Homenagem: atriz cearense consagrada.

Marta Aurélia teve sua primeira experiência no cinema em Luzia Homem, em 1988, de Fábio Barreto. No papel da beata Maria de Araújo em Milagre em Juazeiro, longa de estreia de Wolney Oliveira, ganhou o prêmio de melhor atriz coadjuvante no Festival de Brasília. Protagonizou o curta Francisca Carla, de Natal Portela, com Ney Matogrosso e Elke Maravilha no elenco. Participou do curta Marco, de Sara Benvenuto, que correu festivais pelo Brasil, e está em Cabeça de Nêgo, de Déo Cardoso, premiado no Cine Ceará em 2020 como melhor longa da Mostra Olhar do Ceará.

A artista acaba de protagonizar o filme Circuito, de Alan Sousa e Leão Neto, e integra a equipe performática e musical do projeto Resumo da Ópera, com os grupos Teatro Máquina e No Barraco da Constância Tem!; os dois trabalhos são inéditos. Na área musical, prepara-se para lançar dois singles, Tectônica e Sub-repticiamente, com produção de Caio Castelo, e em novembro festeja 60 anos de vida com um show no Theatro José de Alencar.

Formada em jornalismo e especialista em teorias da comunicação e da imagem (UFC), Marta Aurélia trabalhou por 30 anos na Rádio Universitária FM como locutora e produtora de programas musicais e jornalísticos. É pesquisadora da voz e do corpo na perspectiva da arte, saúde e autoconhecimento. Desde que começou a cantar canções indígenas do povo Tremembé de Almofala, nos anos 1990, Marta Aurélia vem, paulatinamente, se colocando mais ao lado das lutas dos povos originários. Atualmente, investe no projeto Casa D’Aurélia, que investiga a estreita relação entre arte e vida e consiste em morar em temporadas com outros artistas, cada uma marcada por produções artísticas, intensificadas durante a pandemia.

Sobre o festival: mostras competitivas e exibições especiais, com produções locais, nacionais e internacionais vão compor a 31ª edição do evento. Realizado anualmente desde 1991, esta é a segunda edição do Cine Ceará no formato presencial e virtual. Margarita Hernandez é a diretora de programação do evento e o cineasta Wolney Oliveira é o diretor executivo do festival desde 1993.

Para a programação presencial o festival seguirá os protocolos sanitários vigentes do setor de audiovisual/cinema, estabelecidos pelo Governo do Ceará por meio de decreto.

Fotos: Rogerio Resende/Divulgação.

CINEVITOR #399: Entrevista com Karim Aïnouz | Marinheiro das Montanhas | 45ª Mostra de São Paulo

por: Cinevitor
O cineasta no Festival de Cannes deste ano.

Depois de passar pelo Festival de Cannes deste ano, na mostra Sessões Especiais, o documentário Marinheiro das Montanhas, de Karim Aïnouz, teve sua primeira exibição no Brasil na 45ª edição da Mostra Internacional de Cinema em São Paulo.

O longa, produzido pela VideoFilmes, é assumidamente biográfico. A trama é um diário de viagem filmado na primeira ida de Karim à Argélia, país em que seu pai nasceu. Entre registros da viagem, filmagens caseiras, fotografias de família, arquivos históricos e trechos de super-8, o filme opera uma costura fina entre a história de amor dos pais do diretor, a Guerra de Independência Argelina, memórias de infância e os contrastes entre Cabília (região montanhosa no norte da Argélia) e Fortaleza, cidade natal de Karim e de sua mãe, Iracema. Passado, presente e futuro se entrelaçam em uma singular travessia.

O documentário é todo narrado por Karim, que lê uma carta para a sua mãe, já falecida, transformada em uma companheira imaginária de viagem. Enquanto relata e comenta episódios da jornada, ele reativa memórias familiares e revela os muitos sentimentos contraditórios que marcam o seu percurso.

Com roteiro de Karim e Murilo Hauser, a fotografia é assinada por Juan Sarmiento; a produção é de Walter Salles, João Moreira Salles e Maria Carlota Bruno em coprodução com a Globo Filmes, Globo News, em associação com MPM Film, Big Sister, Watchmen e Cinema Inflamável; a distribuição é da Gullane.

Vale lembrar que, em 2019, o cineasta passou por Cannes com A Vida Invisível, que foi eleito o melhor filme da mostra Un Certain Regard, que coloca em evidência filmes mais atípicos aos da Competição Oficial. A trajetória do diretor é marcada pelo evento, também responsável por sua estreia com Madame Satã e pela aplaudida sessão de O Abismo Prateado na Quinzena dos Realizadores.

Conversamos com Karim Aïnouz sobre a ideia de Marinheiro das Montanhas, material de arquivo pessoal, montagem de Ricardo Saraiva, família, trilha sonora, novas experiências cinematográficas, exibição em Cannes, A Vida Invisível, Cine Ceará (no qual será o filme de encerramento deste ano), Argélia e processo de criação.

Aperte o play e confira:

Foto: Kate Green/Getty Images Europe.

Fédro: Reynaldo Gianecchini e Marcelo Sebá apresentam documentário na 45ª Mostra de São Paulo

por: Cinevitor
Marcelo Sebá e Reynaldo Gianecchini em noite de estreia na Mostra de São Paulo.

Dirigido por Marcelo Sebá, em seu primeiro longa-metragem como diretor, Fédro foi exibido pela primeira vez na 45ª edição da Mostra Internacional de Cinema em São Paulo neste domingo, 24/10, no Espaço Itaú Frei Caneca.

O documentário, codirigido por Camila Mota e que faz parte da Mostra Brasil e da Competição Novos Diretores, marca o reencontro entre o ator Reynaldo Gianecchini, após ter deixado o Teatro Oficina há 20 anos, e o diretor José Celso Martinez Corrêa. Uma primeira leitura de Fedro, de Platão, é o gancho para o início do longa.

No filme, rodado em São Paulo, os dois passam o texto adaptado pelo diretor teatral em que as reflexões filosóficas do diálogo entre Sócrates e o jovem Fédro acerca do amor, da beleza e do desejo nele contidas servem de disparadores para uma verdadeira aula.

Nesse reencontro, o afeto e a coragem ressurgem como lembranças, aprendizados e revisões da existência individual e coletiva. Zé Celso é Sócrates e Gianecchini é Fédro, ou vice-versa, não há separação, há fusão dos corpos e das almas. Ao contrário do que prega a religião da psicanálise, que busca separar os corpos/individualidades pelas neuroses, negando o amor como estado de exceção, como fusão, o diretor e o ator, aos seus modos, negam essa cultura, essa política da neurose, do esquecimento da arte pelo amor.

Para falar mais sobre o filme, conversamos com o ator Reynaldo Gianecchini e com o diretor antes da primeira sessão do filme na Mostra.

Aperte o play e confira:

*O filme terá mais duas exibições na Mostra: segunda-feira (25/10), às 15h45, no Espaço Itaú Frei Caneca; e na terça-feira (26/10), às 19h, no CCSP.

Foto: Charles Naseh.

Murina

por: Cinevitor

Direção: Antoneta Alamat Kusijanovic

Elenco: Gracija Filipovic, Danica Curcic, Leon Lucev, Cliff Curtis, Jonas Smulders, Niksa Butijer, Mislav Cavajda, Klara Mucci, Marina Redzepovic, Milan Strljic, Lovro Zafred, Ivana Zivkovic.

Ano: 2021

Sinopse: As tensões se acirram entre Julija, uma adolescente rebelde, e Ante, seu pai opressor, quando um velho amigo da família chega à casa de veraneio deles na Croácia. Enquanto Ante tenta fechar um negócio promissor, a rotina tranquila, porém isolada, desperta em Julija a vontade de conhecer mais sobre esse influente hóspede, o que oferece um vislumbre de liberdade durante um fim de semana propenso ao desejo e à violência.

*Filme visto na 45ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo.

Nota do CINEVITOR:

15º For Rainbow: conheça os filmes selecionados

por: Cinevitor
Cena do documentário cearense Transversais, de Émerson Maranhão.

Foram anunciados nesta sexta-feira, 22/10, os filmes selecionados para a 15ª edição do For Rainbow – Festival de Cinema e Cultura da Diversidade Sexual e de Gênero, que acontecerá entre os dias 19 e 25 de novembro no Centro Cultural Dragão do Mar, em Fortaleza.

Após uma edição completamente virtual no ano passado, o festival volta ao presencial respeitando os protocolos de segurança exigidos por conta da pandemia de Covid-19. A programação será gratuita e contará com 30 horas de exibição de filmes nacionais e estrangeiros nas mostras Feminino Plural, Mostra Educativa e Mostra Competitiva Internacional. Também serão realizadas apresentações de teatro, dança, música, literatura, exposição de artes visuais, oficinas, debates e ações de acessibilidade.

Neste ano, oito longas-metragens e 24 curtas disputam o Troféu Elke Maravilha em várias categorias; foram inscritos 1.520 filmes, de 101 países. A curadoria, coordenada pelo jornalista e crítico de cinema Diego Benevides, contou com Rosa Caldeira, cineasta; e Ceci Alves, diretora.

Além dos prêmios principais, o evento também entrega o Prêmio João Nery, que reconhece produções que abordam a militância LGBTQIA+ e o reflexo positivo dessa atuação na vida das pessoas; e o Júri da Crítica de melhor longa e melhor curta.

Conheça os filmes selecionados para o For Rainbow 2021:

LONGAS-METRAGENS

A Cidade dos Abismos, de Priscyla Bettim e Renato Coelho (Brasil)
Assim como o Ar, Sempre nos Levantaremos, de Clara Angélica (Brasil)
Baja Come Down, de Anderson Matthew (EUA)
Instructions for Survival, de Yana Ugrekhelidze (Alemanha)
Kapana, de Philippe Talavera (Namíbia)
The House of Love, de Luca Ferri (Itália)
Transversais, de Émerson Maranhão (Brasil)
Wigudun, de Fernando Muñoz e Raphael Salazar (Panamá)

CURTAS-METRAGENS

And Just Two More, de Alireza Mohammadi (Irã)
Antígona Pajubá, de Fabrício Boliveira (Brasil)
Ausência, de Alexia Araujo (Brasil)
B Não é de Biscoito, de Hilda Lopes Pontes e Chris Mariani (Brasil)
Céu de Agosto, de Jasmin Tenucci (Brasil)
Dans la Nature, de Marcel Barelli (Suíça)
Downpression, de Assaggi Piá e Rodrigo Mends (Brasil)
Elle, de Liliane Mutti e Daniela Ramalho (França)
King Max, de Adèle Vincenti-Crasson (França)
Lost in Time, de Megan Ellis (Austrália)
Malattesa, de Gianni Gentile e Giorgia Colonna (Itália)
Mormaço, de Carol Lima (Brasil)
Outside the Aquarium, de Alex Mello (Alemanha)
Park Slope, de Felipe André Silva (Brasil)
Pokett Nery – Rainha do Samba Junino, de Fabíola Aquino Coelho (Brasil)
Praia dos Crush, de Marieta Rios Freitas (Brasil)
Quero Ser Helena, de Sunslly Marques (Brasil)
The Man Who Isn’t There and Other Stories of Longing, de Trishtan Perez (Filipinas)
The Washing Machine, de Diane Malherbe (Espanha)
Thine Own Self, de Evan Bode (EUA)
Time de Dois, de André Santos (Brasil)
Vagalumes, de Léo Bittencourt (Brasil)
When I Wallowed in a Bowl of Sunshine, de Kukay Zinampan (Filipinas)
Xmas Eve Eve, de Dazhi Huang (EUA)

Foto: Juno Braga e Linga Acácio.

8 Presidentes 1 Juramento – A História de um Tempo Presente, documentário de Carla Camurati, ganha trailer e data de estreia

por: Cinevitor
Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Henrique Cardoso na posse de 2003.

Primeiro documentário da cineasta Carla Camurati, 8 Presidentes 1 Juramento – A História de um Tempo Presente acompanha o compromisso declarado por todos os políticos que ocuparam o cargo mais importante do país nos últimos 35 anos e revive a trajetória da democracia desde o movimento Diretas Já até a posse de Jair Bolsonaro.

Dona de uma filmografia responsável por trazer à tona as ambivalências do país, com destaque para Carlota Joaquina, Princesa do Brazil, longa que marcou a retomada do cinema nacional nos anos 1990, Carla Camurati dedicou mais de três anos à produção do novo trabalho: “Gostaria que o filme nos ajudasse a compreender que a história se constrói no presente, a partir da reflexão sobre o arco dramático da política brasileira nestes 35 anos”, afirma a cineasta.

O documentário é resultado de uma pesquisa minuciosa em arquivos nacionais e internacionais e apresenta um mosaico de imagens que ilustram as oscilações da vida pública no país. O longa usa registros da imprensa, cinema, jornais e outras mídias, reconstruindo os principais dilemas nacionais. Promessas, corrupção, traições, euforia e desilusão se misturam e têm consequências na realidade de cada brasileiro.

Ao observar as reviravoltas da República a partir de 1985, o documentário examina sob que condições cada presidente seguiu o juramento oficial, presente no Artigo 78 do texto constitucional de 1988. Entre expectativas e frustrações, o filme lança um olhar sobre as atitudes presidenciais diante do compromisso firmado com o país. As imagens mostram como a história política do país impactou a sociedade brasileira e traz uma nova luz ao período de redemocratização do Brasil.

Confira o trailer de 8 Presidentes 1 Juramento – A História de um Tempo Presente, que estreia no dia 18 de novembro nos cinemas:

Foto: Divulgação.