Deserto Particular, de Aly Muritiba, é escolhido para representar o Brasil no Oscar 2022

por: Cinevitor
Antonio Saboia e Pedro Fasanaro em cena.

A Academia Brasileira de Cinema e Artes Audiovisuais anunciou virtualmente nesta sexta-feira, 15/10, o longa brasileiro que vai disputar uma vaga entre os cinco finalistas na categoria de melhor filme internacional (antes chamada de filme estrangeiro) no Oscar 2022.

Entre 15 inscritos, o escolhido foi Deserto Particular, de Aly Muritiba. O filme é protagonizado por Antonio Saboia, que interpreta Daniel, um policial afastado do trabalho depois de cometer um erro. Ele mora em Curitiba, com um pai doente, de quem cuida com devoção. Taciturno, Daniel fala pouco e sorri menos ainda. Seu único motivo de alegria é a misteriosa Sara, uma moça que mora no sertão da Bahia, e com quem se corresponde por aplicativo de celular. O desaparecimento súbito de Sara faz com que Daniel resolva cruzar o país em busca de seu amor. 

Recentemente, o longa recebeu o Prêmio do Público na Giornate degli Autori, mostra paralela ao Festival Internacional de Cinema de Veneza, além de ter ficado entre os três finalistas segundo o Júri Oficial. Com Pedro Fasanaro, Zezita Matos, Thomás Aquino, Laila Garin e Cynthia Senek no elenco, o roteiro é assinado por Henrique dos Santos e pelo diretor Aly Muritiba, que se consagrou com obras como Para Minha Amada Morta e Ferrugem, e a série documental O caso Evandro.

O Comitê Brasileiro de Seleção deste ano foi presidido por Leonardo Edde, produtor e diretor, e contou também com: Allan Deberton, produtor, diretor e roteirista; Belisario Franca, cineasta e produtor; Felipe Lacerda, montador; Luiz Zanin, crítico de cinema; Paula Barreto, produtora; e Virginia Cavendish, atriz e produtora.

“Foi uma escolha difícil. Ficamos entre alguns filmes, considerando cinematografia, temas. Por fim, chegamos a um consenso. É sempre uma escolha difícil quem representa o Brasil pro mundo. Tivemos excelentes filmes inscritos, com uma representação muito diversa da cinematografia brasileira, de diferentes estados, e todos eles muito engajados. Deserto Particular traz um tema muito importante: como o amor pode ser um agente de transformação. É disso que o mundo precisa hoje”, afirma Leonardo Edde.

Na última edição do Oscar, o Brasil esteve na disputa com o documentário Babenco – Alguém tem que ouvir o coração e dizer: Parou, dirigido por Bárbara Paz, mas não conseguiu uma vaga na premiação. Vale lembrar que a última vez que o país concorreu na categoria de melhor filme internacional (antes chamada de filme estrangeiro) foi em 1999, com Central do Brasil; e em 2008, O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias, de Cao Hamburger, ficou entre os nove semifinalistas.

Além de Deserto Particular, também estavam na disputa este ano: 7 Prisioneiros, de Alexandre Moratto; A Nuvem Rosa, de Iuli Gerbase; A Última Floresta, de Luiz Bolognesi; Cabeça de Nêgo, de Déo Cardoso; Callado, de Emilia Silveira; Carro Rei, de Renata Pinheiro; Cavalo, de Rafhael Barbosa e Werner Salles Bagetti; Doutor Gama, de Jeferson De; Limiar, de Coraci Ruiz; Medida Provisória, de Lázaro Ramos; Meu Nome é Bagdá, de Caru Alves de Souza; Por que Você Não Chora?, de Cibele Amaral; Selvagem, de Diego da Costa; e Um Dia com Jerusa, de Viviane Ferreira.

Em janeiro, antes do anúncio final, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood selecionará dez produções estrangeiras. Desse grupo, saem os cinco finalistas. A lista com os indicados ao Oscar 2022 será divulgada no dia 8 de fevereiro e a cerimônia está marcada para o dia 27 de março, em Los Angeles.

O representante brasileiro disputará uma vaga na 94ª edição da premiação mais importante do cinema com diversas produções de outros países, como: o colombiano Memoria, de Apichatpong Weerasethakul; o francês Titane, de Julia Ducournau; o japonês Drive My Car, de Ryusuke Hamaguchi; o húngaro Post Mortem, de Péter Bergendy; o finlandês Compartment No. 6, de Juho Kuosmanen; o espanhol El buen patrón, de Fernando León de Aranoa; o suíço Olga, de Elie Grappe; entre outros.

A Academia Brasileira de Cinema e Artes Audiovisuais é a única entidade responsável pela seleção do filme brasileiro que irá concorrer a uma vaga entre os indicados ao prêmio de melhor longa-metragem internacional no Oscar, sem qualquer tutela do governo que esteja no poder.

Foto: Divulgação/Pandora Filmes.

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