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Para Onde Voam as Feiticeiras é o grande vencedor do Queer Porto 2020

por: Cinevitor

voamfesticeirasqueerportoPara Onde Voam as Feiticeiras: cinema brasileiro premiado.

Em 2015, a equipe do já consagrado Queer Lisboa, festival que apresenta filmes de temática gay, lésbica, bissexual, transgênero, transsexual, intersexo e de outras sexualidades e identidades não normativas, realizou a primeira edição do Queer Porto.

Após uma edição zero em outubro de 2014, o projeto de um festival queer na cidade começou a tomar forma. Em outubro de 2015, a Associação Cultural Janela Indiscreta organizou o Queer Porto que, com sede no Teatro Rivoli, foi ao longo dos anos ocupando vários outros espaços da cidade do Porto. A programação não se trata de uma extensão dos filmes da seleção de Lisboa e tem como objetivo apresentar uma identidade própria com títulos inéditos em Portugal.

Neste sábado, 17/10, foram anunciados os vencedores da sexta edição do Queer Porto. O júri da Competição Oficial, composto por Amanda Ribeiro, Daniel Gorjão e Francisco Alves, decidiu atribuir o prêmio de melhor filme ao documentário brasileiro Para Onde Voam as Feiticeiras, de Eliane Caffé, Carla Caffé e Beto Amaral.

O filme une encenações e improvisos de sete artistas pelas ruas de São Paulo, expondo a permanência de antigos preconceitos de gênero e raça. O elenco traz Ave Terrena Alves, Fernanda Ferreira Ailish, Gabriel Lodi, Mariano Mattos Martins, Preta Ferreira, Thata Lopes e Wan Gomez.

Sobre Para Onde Voam as Feiticeiras, o júri declarou: “Um filme fundamental e desafiante nos dias que correm, tanto no Brasil como no mundo. Simultaneamente disruptivo e pedagógico, mostra a importância da rua como palco da luta social, mantendo o espectador colado à tela pela sua energia, humor, algum refrescante otimismo e apelo à ação”. O longa também ganhou um prêmio no valor de 3 mil euros atribuído pela emissora RTP2, pela compra dos direitos de exibição do filme neste canal.

Entre os curtas-metragens, na competição In My Shorts, o filme português À Tarde, sob o Sol, de Gonçalo Pina, foi consagrado. Segundo o júri, o prêmio foi atribuído “pelo rigor técnico; e esperamos que este jovem realizador se possa afirmar em futuras obras”.

Foto: Divulgação.

Conheça os filmes selecionados para a 14ª CineBH – Mostra Internacional de Cinema de Belo Horizonte

por: Cinevitor

babielviscinebh2020Cena do curta Babi & Elvis, de Mariana Borges.

A CineBH – Mostra Internacional de Cinema de Belo Horizonte promove a conexão entre o cinema brasileiro e o mercado internacional. Além disso, apresenta-se como instrumento de formação, reflexão, exibição e difusão do audiovisual em diálogo com outros países.

A programação de sua 14ª edição, que acontecerá entre os dias 29 de outubro e 2 de novembro, prevê exibições de filmes nacionais e internacionais, pré-estreias e mostras retrospectivas, além de realizar um programa de formação com a oferta de oficina, laboratórios, debates e painéis. Também promove o fomento ao empreendedorismo, dissemina a informação, produz e difunde conhecimento, cria oportunidades de rede de contatos e negócios e reúne a cadeia produtiva do audiovisual em uma programação abrangente e gratuita.

A 14ª CineBH anunciou a seleção de filmes que integram a mostra temática A Cidade em Movimento. São 16 títulos: médias e curtas independentes realizados na Região Metropolitana de Belo Horizonte e que dialogam com a vivência urbana diante de contextos sociais propostos pela curadoria. A seleção desse ano levou em conta o cenário imposto pela pandemia de Covid-19 para pensar sua temática, definida como Sonhar a cidade. Os filmes poderão ser assistidos entre os dias 30 de outubro e 2 de novembro no site do evento (clique aqui).

A proposta da curadora Paula Kimo foi de pensar a relação entre a cidade e o sonho a partir dos seguintes questionamentos: qual cinema é produzido quando se parte do sonho, tanto aquele que conduz de forma onírica e inconsciente, quanto aquele que é possível produzir e fabricar na tentativa de imaginar o amanhã? O que o cinema é capaz de produzir quando se é provocado a pensar os desafios da cidade na perspectiva do sonho? Se é impedido de vivenciar a rua, a cidade, como vem acontecendo por conta da pandemia, como é possível experimentá-la através do sonho? Que cidade se pode sonhar, experimentar e debater por meio das imagens?

Diante da seleção dos 16 títulos que vão compor A Cidade em Movimento de 2020, a curadora detectou que a cidade se tornou espaço provisoriamente restrito, o que concentrou a conexão com ambientes domésticos e as redes, sejam virtuais ou psicológicas. “Talvez para a grande maioria de trabalhadores, a vida segue uma falsa normalidade, na qual as máscaras fazem parte do cotidiano e o risco de contrair a doença ameaça, mais uma vez, a população menos favorecida. Ainda nesses tempos, os sonhos passaram a inundar noites e dias, ocupando espaço na arte e na poesia, provocando o trânsito e o encontro mesmo num contexto de confinamento social”, comenta Paula Kimo. “São filmes produzidos na cidade e a partir dela: pessoas, memórias, sonhos, movimentos e forças políticas que fundam a vida cotidiana e projetam pensamentos para algum futuro”.

A curadora definiu quatro sessões, de forma a tematizar diversos aspectos e colocar em debate, nas Rodas de Conversa transmitidas pelo site do evento, as relações e conexões entre os filmes e a temática. A primeira sessão, Pandemia criativa, reúne um conjunto de filmes produzidos nesse cenário de exceção sanitária, na cidade de Belo Horizonte, em sua maioria gravados de forma independente e isolada, mas também em atrito com a cidade e suas subjetividades. Organizados juntos, tais filmes convidam a pensar os limites e as possibilidades de criação audiovisual no contexto da pandemia.

A segunda sessão é intitulada Corpos dissidentes, com filmes que transitam pelo universo LGBTQIA+. Corpos que renunciam aos padrões hétero e cisnormativos buscam falar da diversidade sexual, liberdade, amor e invenção; encontros, olhares e ritos de passagem traduzem gestos políticos de uma comunidade que se coloca e se impõe na dinâmica social e também nas telas do cinema.

Em O teatro em cena, produções que discutem o teatro belo-horizontino e seus desafios diante de uma situação emergencial que fechou as salas de espetáculo e os espaços coletivos onde os artistas se apresentavam, criando um vácuo de incertezas sobre o futuro. Por fim, a quarta sessão se chama A paz é branca ou a resistência tem cor e reúne três curtas-metragens sobre histórias, personagens e obras do cinema negro belo-horizontino, com filmes que tematizam o debate sobre o racismo e seu enfrentamento, por meio da expressão artística e política.

Conheça os filmes selecionados para a 14ª CineBH e a programação completa:

PROGRAMAÇÃO A CIDADE EM MOVIMENTO
(filmes estarão disponíveis de 30 de outubro a 2 de novembro)

SESSÃO 1: PANDEMIA CRIATIVA

Destino, de Matheus Gepeto
Presa, de Joana Bentes
Vem vindo alguém, será?, de Luis Evo (filme convidado)
Aqui, nem eu, de Gustavo Aguiar, Gustavo Koncht, Raiana Viana e Maria Flor de Maio
Cidade sem mar, de Felipe Nepomuceno
O menino e o gato, de Célio Dutra
Submundo, de Adriano Gomez
Vigília, de Rafael dos Santos Rocha

*RODA DE CONVERSA: 30 de outubro, quinta-feira, às 19h
Convidado especial: João Paulo Campos (crítico e pesquisador de cinema)

SESSÃO 2: CORPOS DISSIDENTES

Looping, de Maick Hannder (filme convidado)
Babi & Elvis, de Mariana Borges
Exu matou um pássaro, de Vinicius Sassine

*RODA DE CONVERSA: 31 de outubro, às 19h
Convidada especial: Juhlia Santos (jornalista, performer e produtora)

SESSÃO 3: O TEATRO EM CENA

Ao Teatro, de Rita Clemente
Cenas Curtas 20 Anos: A Festa dos Encontros, de Marcos Coletta e Paula Dante

*RODA DE CONVERSA: 01 de novembro, às 19h
Convidada especial: Marina Viana (atriz e dramaturga)

SESSÃO 4: A PAZ É BRANCA OU A RESISTÊNCIA TEM COR

Kilombo Souza – Memória, história e resistência, de Realização Coletiva
Coragem, de Mel Jhorge
Calmaria, de Catapreta

*RODA DE CONVERSA: 02 de novembro, às 19h
Convidada especial: Maya Quilolo (antropóloga, mestre em Comunicação e realizadora audiovisual)

Vale lembrar que o Brasil CineMundi – 11th International Coproduction Meeting será realizado dentro da programação da 14ª CineBH com 23 projetos para o mercado do cinema brasileiro. Nesse ano, as atividades serão realizadas em plataforma virtual, de forma a respeitar o isolamento social necessário para conter a pandemia de Covid-19.

Foto: Mariana Borges.

Curtas Mix Brasil 2020: conheça os filmes selecionados para os programas especiais do 28º Festival Mix Brasil

por: Cinevitor

curtaflushmixbrasilJoão CôrtesNicolas Prattes no curta Flush, de Diego Freitas.

Depois de anunciar os longas e curtas em competição, a 28ª edição do Festival Mix Brasil de Cultura da Diversidade, que acontecerá entre os dias 11 e 22 de novembro, divulgou os filmes selecionados para os programas especiais do Curtas Mix Brasil.

Além disso, o Prêmio Ícone Mix 2020 será entregue para a drag queen Marcia Pantera, ícone da noite paulistana. Com mais de trinta anos de carreira, é conhecida por ser a criadora e percursora do bate-cabelo. Também ganhou notoriedade por ser a primeira modelo do estilista Alexandre Herchcovitch, que já criou mais de 300 figurinos inspirados nela. Também atuou no premiado curta-metragem Verona e no longa Corpo Elétrico, ambos de Marcelo Caetano.

O Festival Mix Brasil é o maior evento cultural sobre a diversidade sexual da América Latina e um dos maiores do mundo. Desde 1993 traz para o Brasil os destaques da produção cinematográfica do gênero e leva para dezenas de festivais, em todo o mundo, filmes nacionais.

Em junho deste ano, a organização anunciou que o evento seria em formato on-line por conta da pandemia de Covid-19, porém, não descartou a possibilidade de acontecer em salas de cinema se as orientações dos órgãos públicos locais permitissem tais atividades no período do evento

Conheça os filmes selecionados para o Curtas Mix Brasil 2020:

PROGRAMA CORPOS CÊNICOS
A Mais Forte, de Bruno Sousa (SP)
Antes do Azul, de Romy Pocztaruk (RS)
Morde & Assopra, de Stanley Albano (MG)
Papinha de Goiaba, de Tiago Fonseca (RJ)
Projeção Queer, de Gabriel Turbiani (SC)
Traviatas, de Manuel Alejandro Villalobos González (México)
Venus, de Pedro Estrada (MG)

PROGRAMA GOLDEN GIRLS & BOYS
Ela que Mora no Andar de Cima, de Amarildo Martins (PR)
La Amante, de Patricia Cruz (Porto Rico)
O Babado da Toinha, de Sérgio Bloch (RJ)
Ruth, de Igor Dalbone (SP)
Take Me To Prom, de Andrew Moir (Canadá)

PROGRAMA TENSÃO EM FAMÍLIA
Deine Schöne Gestalt, de Bernadette Kolonko (Alemanha)
No Homo, de Omri Laron (Israel)
So Long, Paris!, de Charles Dudoignon-Valade (França)

PROGRAMA CRESCENDO COM A DIVERSIDADE
Cua de Sirena, de Alba Barbé i Serra (Espanha)
Glitter Model – Season 3, de Angelo Nunes e André Nunes (SP)

PROGRAMA SEXY BOYZ 2020
A Walk Home, de Tsuyoshi Shoji (Japão)
Desconexo, de Lui Avallos (SP)
Odisseia, de William Mayer (RS)
Preludio, de Alejandro Sandoval Bertín e Sara Lucía Guerra Larrota (Colômbia)
Stalls, de João Dall’Stella (EUA)
The Lonely Prince, de Shivin & Sunny (Índia)

PROGRAMA SP MIX
Modelo Morto, Modelo Vivo, de Iuri Bermudes e Leona Jhovs (SP)
Não Te Amo Mais, de Yasmin Gomes (SP)
Os Cuidados com a Casa, de Camila Proto e Diego Mauro (SP)

PROGRAMA MIX JOVEM
Es Wird Kein Blut Geben, de Paulo Menezes (Alemanha)
Flush, de Diego Freitas (SP)
Karaoke, de Axel Rezinovsky (Argentina)
Me Falta Tempo para Celebrar teus Cabelos, de Caio Almeida e Daniel Zacariotti (DF)

PROGRAMA MULHERES ALFA
All I Need Is a Ball, de Elena Molina (Espanha)
Anti-corpos: Pedaços de uma Turnê Cúir, de Brunella Martina (SP)
La Vida Es Corta, de Florencia Bastida (Argentina)

PROGRAMA NÓS DUAS
Aonde Vão os Pés, de Débora Zanatta (PR)
La Guerre en Elle, de Yara Atz (Suíça)
Leo y Alex en Pleno Siglo 21, de Nuria Muñoz e Eva Libertad (Espanha)
Los Ultimos Recuerdos de Abril, de Nancy Cruz (México)
The Passing, de Nichola Wong (Reino Unido)

PROGRAMA IDENTIDADE & POLÍTICA
Fora de Época, de Drica Czech e Laís Catalano Aranha (SP)
Rasga Mortalha, de Thiago Martins de Melo (MA)
SANTATERROR, de Bruna Provazi (SP)
Terra Sem Pecado, de Marcelo Costa (DF)

PROGRAMA INCONCILIÁVEIS
Conexões, de Rafael Jardim (RJ)
Dois Homens ao Mar, de Gabriel Motta (RS)
Próprio, de Rafael Thomaseto (SP/EUA)
Salvo el Crepúsculo, de Mario Hernández (Espanha)

PROGRAMA PANDEMIX
Abraços, Aline, de Manu Zilveti (RS)
Beat 97, de Washington Calegari (SP)
Eu Sou Outre Você, de Daniel Wierman e Priscila Lima (SP)
O Interior, de Alice Stamato e Márcio Masselli (SP)
Ouça, de Cris Lyra (SP)
Picumã, de Vita Pereira (SP)

PROGRAMA SAGRADES
Exu Matou um Pássaro, de Vinicius Sassine (DF)
Mulheres de Fé, de Bruna Santos e Dalila Ramos (SP)
Sagradas, de Leandro Veneza, Daniela Paixão e Isabella von Haydin (SP)

Foto: Gabriel Côrtes.

Conheça os vencedores do 9º Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba

por: Cinevitor

metamorfosepassarosolharcinemaCena do filme português A Metamorfose dos Pássaros, de Catarina Vasconcelos: dois prêmios.

Foram anunciados nesta quinta-feira, 15/10, em uma cerimônia no YouTube, os vencedores do 9º Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba, que este ano aconteceu em formato on-line por conta da pandemia de Covid-19. Criado em 2012, o festival vem se destacando no cenário dos eventos nacionais por uma curadoria apurada e arriscada, sempre em busca de novos olhares e narrativas e atenta a temas pessoais e sociais relevantes.

Em uma noite marcada pela forte presença feminina, passeios pela história foram destaque na mostra competitiva do 9º Olhar de Cinema, que aconteceu de 7 a 15 de outubro, excepcionalmente de maneira inédita, e teve espectadores em todas as regiões do país, com uma grande procura e público recorde.

O júri da Competição, composto por Cynthia García Calvo, Nicolas Feodoroff e Tatiana Carvalho Costa, elegeu o brasileiro Luz nos Trópicos, de Paula Gaitán, como o melhor filme desta edição. O Prêmio da Crítica Abraccine, Associação Brasileira de Críticos de Cinema, foi entregue para o mexicano Los Lobos, de Samuel Kishi. O júri foi formado por Daniel Herculano, Stephania Amaral e Susy Freitas.

Conheça os vencedores do Olhar de Cinema 2020:

COMPETITIVA | LONGA-METRAGEM

Prêmio Olhar de Melhor Filme: Luz nos Trópicos, de Paula Gaitán (Brasil)
Prêmio Especial do Júri: Victoria, de Sofie Benoot, Liesbeth De Ceulaer e Isabelle Tollenaere (Bélgica)
Prêmio de Contribuição Artística: Catarina Vasconcelos, por A Metamorfose dos Pássaros
Prêmio do Público: A Metamorfose dos Pássaros, de Catarina Vasconcelos (Portugal)

COMPETITIVA | CURTA-METRAGEM

Prêmio Olhar de Melhor Filme: Telas de Shanzhai (Shānzhài Screens), de Paul Heintz (França)

FILME BRASILEIRO | Competitiva, Novos Olhares e Outros Olhares

Melhor longa-metragem brasileiro: Pajeú, de Pedro Diógenes (Brasil)
Menção Especial: Agora, de Dea Ferraz (Brasil)
Melhor curta-metragem brasileiro: Memby, de Rafael Castanheira Parrode (Brasil)

NOVOS OLHARES

Melhor Filme: O Ano do Descobrimento (El año del descubrimiento), de Luis López Carrasco (Espanha/Suíça)

OUTROS OLHARES

Melhor Filme: Visão Noturna (Visión nocturna), de Carolina Moscoso Briceño (Chile)
Menção Honrosa: O índio cor de rosa contra a fera invisível: a peleja de Noel Nutels, de Tiago Carvalho (Brasil)

OUTROS PRÊMIOS

Prêmio da Crítica | ABRACCINE: Los Lobos, de Samuel Kishi (México)
Prêmio AVEC-PR Berenice Mendes | Melhor curta-metragem | Mirada Paranaense: A Mulher que Sou, de Nathália Tereza
Prêmio AVEC-PR | Destaque do Júri | Mirada Paranaense: Meia Lua Falciforme, de Dê Kelm e Débora Evellyn Olimpio

PRÊMIO CINÉFILO
(será anunciado no dia seguinte, às 16h, depois do fim das exibições virtuais)

Foto: Divulgação.

Conheça os curtas-metragens brasileiros selecionados para o 28º Festival Mix Brasil

por: Cinevitor

romanticosmundomix2020Carlos Eduardo Ferraz e Mateus Maia em Os Últimos Românticos do Mundo.

28ª edição do Festival Mix Brasil de Cultura da Diversidade acontecerá entre os dias 11 e 22 de novembro. Neste ano, treze curtas-metragens brasileiros foram selecionadas para a competição. São Paulo aparece com cinco produções e Pernambuco com três; Ceará, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul completam a lista.

O Festival Mix Brasil é o maior evento cultural sobre a diversidade sexual da América Latina e um dos maiores do mundo. Desde 1993 traz para o Brasil os destaques da produção cinematográfica do gênero e leva para dezenas de festivais, em todo o mundo, filmes nacionais.

Em junho deste ano, a organização anunciou que o evento seria em formato on-line por conta da pandemia de Covid-19, porém, não descartou a possibilidade de acontecer em salas de cinema se as orientações dos órgãos públicos locais permitissem tais atividades no período do evento.

Conheça os curtas-metragens brasileiros selecionados para o Mix Brasil 2020:

A Mordida, de Pedro Neves Marques (SP/Portugal)
A Vapor, de Sávio Fernandes (CE)
Ar, de Marcelo Oliveira e William Oliveira (PE)
Fotos Privadas, de Marcelo Grabowsky (SP/RJ)
Inabitáveis, de Anderson Bardot (ES)
Inabitável, de Matheus Farias e Enock Carvalho (PE)
Letícia, Monte Bonito, 04, de Julia Regis (RS)
O Presente, de Daniel Wierman (SP)
O Que Pode um Corpo?, de Victor Di Marco e Márcio Picoli (RS)
Os Últimos Românticos do Mundo, de Henrique Arruda (PE)
Polvorosas, de Malu Teodoro e Thaneressa Lima (MG)
Pornô Anos 80, de Mateus Capelo (SP)
Quase Me Fizeram Acreditar que Eu Não Existia, de Rachel Daniel e Arthur Alfaia (SP)

*Clique aqui e conheça os longas brasileiros selecionados.

Foto: Barbara Hostin.

28º Festival Mix Brasil anuncia longas brasileiros selecionados

por: Cinevitor

mixbrasil2020ventosecoRafael Teophilo em Vento Seco, de Daniel Nolasco: selecionado.

28ª edição do Festival Mix Brasil de Cultura da Diversidade acontecerá entre os dias 11 e 22 de novembro. Neste ano, entre os longas brasileiros, nove produções foram selecionadas e estão na disputa pelo Troféu Coelho de Ouro. A seleção de curtas-metragens nacionais e filmes internacionais será divulgada em breve.

O Festival Mix Brasil é o maior evento cultural sobre a diversidade sexual da América Latina e um dos maiores do mundo. Desde 1993 traz para o Brasil os destaques da produção cinematográfica do gênero e leva para dezenas de festivais, em todo o mundo, filmes nacionais.

Em junho deste ano, a organização anunciou que o evento seria em formato on-line por conta da pandemia de Covid-19, porém, não descartou a possibilidade de acontecer em salas de cinema se as orientações dos órgãos públicos locais permitissem tais atividades no período do evento.

Conheça os longas brasileiros selecionados para o Mix Brasil 2020:

COMPETITIVA BRASIL | LONGAS

A Torre, de Sérgio Borges (MG)
Alfabeto Sexual, de André Medeiros Martins (SP)
Limiar, de Coraci Ruiz (SP)
Mães do Derick, de Dê Kelm (PR)
Meu Nome é Bagdá, de Caru Alves de Souza (SP)
Para Onde Voam as Feiticeiras, de Eliane Caffé, Carla Caffé e Beto Amaral (SP)
Valentina, de Cássio Pereira dos Santos (MG/DF)
Vento Seco, de Daniel Nolasco (GO)
Vil, Má, de Gustavo Vinagre (SP)

MOSTRA VOZES DO BRASIL REAL

Cinema de Amor, de Edson Bastos e Henrique Filho (BA)
Homens Pink, de Renato Turnes (SP/SC)
Prazer em Conhecer, de Susanna Lira (RJ)
Quem Pode Jogar?, de Marcos Ribeiro (RJ)

*Clique aqui e conheça os curtas-metragens brasileiros selecionados.

Foto: Divulgação/Olhar Distribuição.

9º Olhar de Cinema: elenco de Vento Seco, dirigido por Daniel Nolasco, fala sobre a primeira exibição no Brasil

por: Cinevitor

ventoseco1olhardecinemaProtagonista: Leandro Faria Lelo em cena.

Depois de passar pelo Festival de Berlim, Queer Lisboa, Outfest Los Angeles LGBTQ Film Festival, entre muitos outros, Vento Seco, dirigido por Daniel Nolasco, foi exibido pela primeira vez no Brasil na nona edição do Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba.

O longa faz parte da Mostra Foco, que este ano destaca o cineasta goiano Daniel Nolasco. Nascido em Catalão, o realizador escreveu e dirigiu mais de nove curtas-metragens e dois documentários; todos os filmes participaram e foram premiados em diversos festivais. Além de Vento Seco, a programação traz também outros dois títulos do diretor: Mr. Leather e Paulistas.

Usando o artificialismo como proposta estética, Vento Seco procura estabelecer um diálogo direto entre alguns elementos do melodrama e do filme erótico, buscando uma reflexão sobre a vida cotidiana dos trabalhadores de uma fábrica de fertilizantes. Além disso, busca levar ao cinema o ambiente pouco representado do interior do centro-oeste brasileiro com todas as suas complexidades. O filme também se debruça sobre a representação do desejo homoerótico buscando um diálogo com filmes que procuraram pensar uma forma de representação que rompesse com a tentativa de enquadrar os laços homoafetivos, exclusivamente, dentro de códigos estabelecidos por uma cultura que nunca teve como preocupação entender os relacionamentos homoeróticos sobre outro prisma, além daquele estabelecido pela moral vigente.

Com reprise na quarta-feira, 14/10, na programação on-line do Olhar de Cinema, o filme foi muito procurado pelo público e gerou bastante repercussão: “Ainda é muito recente nossa estreia por aqui. Mas tenho recebido muitas mensagens de amigos e também de pessoas que me procuram nas redes sociais. Isso tem me deixado muito feliz, pois estava ansioso em ver o filme no Brasil. As pessoas têm recebido de uma maneira muito positiva. Não é um filme fácil e pode ser levado para um lado superficial, porém, tenho recebido o carinho e olhares sensíveis das pessoas que conseguiram ser tocadas pela beleza e sutilezas do longa. É muito bom ver o filme percorrer o mundo”, disse o ator Rafael Teophilo, que interpreta o personagem Maicon, em entrevista ao CINEVITOR.

ventoseco2olhardecinemaRafael Teophilo em cena do filme.

A atriz Renata Carvalho também comentou a estreia nacional: “O filme está fazendo um caminho lindo por festivais no mundo todo, mas quando vem para o nosso país tem um gostinho especial. O público, de uma forma geral, inclusive no exterior, sempre manda mensagens carinhosas a respeito do filme. Estou muito feliz que a minha estreia no cinema tenha sido com Vento Seco”.

Leandro Faria Lelo, que interpreta o protagonista Sandro, também falou ao CINEVITOR sobre as primeiras impressões do público brasileiro: “Eu estava super ansioso pela repercussão do filme e tem sido muito bacana. O público tem se identificado e, até o momento, e o retorno tem sido de manifestações de carinho e agradecimento. As pessoas se reconhecem em alguma característica do Sandro”.

Recentemente, Leandro levou o prêmio de melhor ator no Iris Prize LGBT+ Film Festival: “Ser reconhecido por um trabalho que você fez é sempre muito bacana. Nesse caso, especialmente, é um trabalho no qual foi o mais intenso da minha carreira; de maior entrega, de maior cuidado no sentido de olhar para cada milésimo do personagem, cada respiração, movimento, cada expressão que passava pelo rosto. Foi um personagem muito trabalhado. Eu lembro que no set eu sempre ficava mais isolado porque precisava dessa concentração maior. Eu precisava entrar nesse clima introspectivo que é totalmente ao contrário da minha personalidade. Então, receber esse prêmio é incrível porque mostra que esse trabalho árduo valeu a pena, ter encarado todas as dificuldades do personagem (e não são nem as cenas de nudez). O prêmio vem para coroar esse encontro brilhante orquestrado pelo Daniel Nolasco. Um prêmio de ator nunca é só do ator porque ele não faz sozinho. Eu devo a todo mundo da equipe”, disse.

Allan Jacinto Santana, que além de interpretar o personagem Ricardo, também assinou a preparação de elenco, falou sobre sua relação com o filme: “Eu acho a proposta muito interessante e de como esse projeto foi se formando junto com a ideia do Nolasco, da equipe toda. Eu tenho um caso de afeto com a história e com o espaço em geral por ser goiano. Acho fenomenal participar disso porque, principalmente, é uma forma de catarse. Poder falar sobre isso, da forma que estamos falando, e observar esses corpos é fundamental para me entender. Conseguimos fazer um retrato muito bonito e muito artístico sem perder a força e o peso que tem de você desejar, amar e querer coisas que são fora da caixinha dessa sociedade que vivemos”.

ventoseco3olhardecinemaAlém de atuar, Allan Jacinto Santana também foi responsável pela preparação do elenco.

Sobre as filmagens e o entrosamento com a equipe, Renata Carvalho comentou: “Passamos quase dois meses em Catalão, que foi importante para conseguir unir o elenco. As relações foram daquelas que ficam guardadas para sempre no coração e na memória. E o Daniel Nolasco eu guardo num lugar muito especial, pois foi através dele que realizei um dos maiores sonhos da minha vida: fazer cinema”.

Rafael Teophilo também falou sobre o set e sua amizade com o diretor: “Eu já conhecia o Dani há um tempo quando morei no Rio de Janeiro. Fiz uma peça que ele escreveu e um dia ele me falou que tinha um filme e que teria um personagem para mim; alguns anos depois veio o Vento Seco. Hoje estamos aqui vivenciando todas essas conquistas. Fiquei dois meses em Catalão entre ensaios e filmagens. Não conhecia ninguém, além do Daniel. E foi mágico, foi uma delícia, muitos aprendizados pessoais e profissionais. Não poderia estrear no cinema da melhor forma! O Dani conversou muito conosco e sempre deixou claro que não precisaria fazer nada que não quisesse. Trabalhamos com muita generosidade e respeito”.

“O Nolasco tem uma forma muito sincera de lidar com tudo. Eu achei muito fácil entender o que ele queria pela forma de lidar com muita sinceridade e uma consciência de necessidade de saber o que fazer. Isso ajudou muito a entender as personagens, a história e aquele universo que se passa. Daniel era sempre muito direto no que queria e no que pedia. E isso faz todo sentido, sem grandes elucubrações, sem grandes filosofias porque estávamos ali para realizar uma prática. A filosofia está no filme, na forma como o filme carrega. O Daniel tem talento para falar sobre a realidade que é fenomenal. A sinceridade dele é o que mais me comove”, refletiu Allan Jacinto Santana.

ventoseco4olhardecinemaRenata Carvalho e Leandro Faria Lelo: colegas de cena.

Questionado sobre a importância de fazer parte deste trabalho, ainda mais em um momento no qual o audiovisual brasileiro passa por diversas ameaças, Leandro Faria Lelo comentou: “O meu último trabalho autoral é uma peça chamada Subcutâneo, realizada em 2015, que falava de um Brasil distópico, dominado por um governo fundamentalista religioso com dois personagens gays que viviam escondidos e reprimidos porque não podiam sair à rua sob ameaça de serem mortos. Então, desde já, eu venho trabalhando dentro desse universo, desses questionamentos. Quando eu entrei em contato com o Daniel, essa sinergia foi a primeira coisa que me atraiu. Então, vamos trazer à tona questões que são necessárias. E, obviamente, com toda essa relação com o governo atual, acho que se torna ainda mais necessário. Precisamos falar. Não podemos nos deixar calar por essa onda conservadora, tradicionalista e extremista que o Brasil tem enfrentado. Eu acho que a gente não conseguiria produzir um filme como Vento Seco hoje em dia; sem verba do governo e sem apoio privado. Seria quase inviável. Mas eu fico muito feliz de ter participado e muito honrado de dar minha cara para esse tipo de questionamento e discussão, que eu acho essenciais para esse momento”.

Rafael também comentou: “Sim, o filme é explícito em todos os sentidos. Quebra qualquer preconceito e conservadorismo e não está apenas nas falas em si, mas nas ações. É um filme que é! É corajoso, ousado, assumido, forte e, hoje, mais do que nunca, nós devemos ser e estar atentos e fortes. O Dani merece esse reconhecimento todo e serei eternamente grato a ele pelo Maicon. A arte denuncia, reflete seu tempo, quebra paradigmas, sensibiliza; é caos e beleza. Sempre existirá e nós estamos aqui para servi-la. Tenho orgulho em ser artista, amo meu ofício. Isso basta. Ameaça nenhuma me fará deixar de acreditar. Somos muitos e vamos continuar fazendo, sempre”.

“Estar nesse projeto me deixa muito orgulhosa. O filme, desde sua equipe técnica e elenco, é composto por LGBTs em sua maioria. Essa história ser realizada neste momento onde a cultura e o cinema estão sofrendo grandes ataques de um governo fascista, é uma espécie de farol e respiro para conseguir contar essa história”, finalizou Renata Carvalho.

Vento Seco tem estreia comercial prevista para o primeiro semestre de 2021.

Fotos: Divulgação/Olhar Distribuição.

Cineasta Paula Gaitán fala sobre Luz nos Trópicos, exibido no 9º Olhar de Cinema

por: Cinevitor

luznostropicos1O ator português Carloto Cotta em cena.

Depois de passar pelo Festival de Berlim, em fevereiro deste ano, Luz nos Trópicos, de Paula Gaitán, foi exibido na Mostra Competitiva da nona edição do Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba.

O longa atravessa diferentes épocas galopando como um cavalo selvagem, culminando em uma homenagem às florestas e rios da América do Norte e do Sul e aos povos indígenas que as habitam: “Luz nos Trópicos é um projeto expandido e continua acontecendo. Ele está em movimento, mesmo tendo sido concretizado numa obra. Esse processo do filme abre uma perspectiva não só existencial e filosófica em torno do homem, do estado desse homem no geral, mas nesse momento de tanta violenta e ao mesmo tempo extraordinário porque estamos no combate. O filme, de certa maneira, foi um pouco premonitório”, comentou a diretora em conversa virtual, no canal do YouTube do festival, mediada por Camila Macedo.

Inspirado em uma expedição europeia do século XIX e mobilizado pela busca de Igor, interpretado por Begê Muniz, por sua ancestralidade kuikuro no momento presente, o filme revisita e reinventa, entre Nova York e o Pantanal, imagens, parcerias e procedimentos que atravessam a obra da artista.

O ator Carloto Cotta, em conversa com a equipe do Olhar de Cinema, falou sobre seu trabalho no longa: “Foi a primeira vez que trabalhei com a Paula e não tinha ideia do que ia fazer. Foi realmente um teste de adaptação muito intenso e foi uma experiência de antíteses”. Begê Muniz também comentou: “Foi uma experiência incrível. O filme acabou criando uma linguagem de um lugar onde tudo se encontre e talvez seja o começo de uma nova era ou o fim de tudo. Criou também uma espécie de memória da vida real e um novo sentido a partir dessa nova realidade que vivemos”.

luznostropicos2Kanu Kuikuro em Luz nos Trópicos.

Ainda no mesmo bate-papo virtual, a atriz Clara Choveaux destacou sua personagem: “Foi uma experiência muito forte, principalmente ao que se toca em relação ao corpo. A minha personagem é a única mulher da expedição e ela traduz uma certa emancipação da mulher. Ela tem essa representação. A Paula me indicou muita coisa de filosofia para estudar e eu me inspirei na mulher do Lévi-Strauss, nas falas dela. Sinto que a minha personagem tem uma transformação visceral. Esse filme foi um grande presente para mim”.

Paula Gaitán, que é artista plástica, fotógrafa, poeta e cineasta franco-colombiana, mudou-se para o Brasil em 1977 e logo ingressou na sétima arte. Começou como figurinista de A Idade da Terra, de Glauber Rocha, com quem foi casada e teve dois filhos: o cineasta Eryk Rocha e a cantora Ava Rocha. Com o então marido, também assinou o pôster de seu filme Cabeças Cortadas.

Seu primeiro longa-metragem, Uaka, foi lançado em 1988. Desde então, Paula realizou diversas obras, como: Diário de Sintra, VidaExilados do Vulcão (grande vencedor do Festival de Brasília, em 2013), Agreste, Sutis Interferências e É Rocha e Rio, Negro Leo, exibido recentemente na Mostra de Cinema de Tiradentes e no Festival ECRÃ. Além dos curtas Kogi, exibido no Festival de Tribeca; e Elza Soares: A Mulher do Fim do Mundo.

paulagaitantiradentesA cineasta na Mostra de Cinema de Tiradentes, em janeiro.

Em entrevista ao CINEVITOR, por e-mail, Paula Gaitán falou sobre a participação de Luz nos Trópicos em competição: “Sempre desejei participar do Olhar de Cinema porque considero uma das melhores curadorias atualmente no circuito de festivais: criteriosa e criativa. Porque a seleção de um grupo de filmes específicos do panorama mundial e brasileiro, permeada por um conceito estético intelectual e político, determina o quanto esses filmes/constelações irão dialogar entre si por afinidade e contraste; e, finalmente, um filme sempre ilumina um outro permitindo essa conexão sensível do espectador com aquilo que irá assistir”, declarou. E completou: “Assistir filmes é como ler e estudar. Também é prazeroso ou sofrido. Tem filmes que são mais difíceis, portanto, vão exigir um pouco mais do espectador. Provavelmente, é o que eu mais gosto do cinema: encontrar essas dificuldades para depois aderir totalmente ao filme. Ou ao contrário: ficar à deriva”.

Sobre esse novo formato virtual do festival, a cineasta também comentou: “Sinto muito interesse por novas possibilidades de circulação dos filmes. No caso de É Rocha e Rio, Negro Leo foi uma experiência positiva no Festival ECRÃ. O filme abrangeu um público variado e foi maravilhosa a repercussão; lembrando que o filme tinha estreado no começo do ano na Mostra Tiradentes, na tenda, em uma sessão especialíssima. No caso de Luz nos Trópicos, até agora tem sido muito bom também, porém, acredito que esse filme trabalha com a escala do cinema e não de qualquer cinema porque tem um tom épico e intimista. A composição dos planos, o ritmo, texturas, luz e som… tudo fica muito mais potente no ritual de assistir esse filme em sala. Em Berlim, foi exibido em salas deslumbrantes com som e imagem perfeitos. Foram cinco sessões impecáveis tecnicamente e um público respeitoso e concentrado. Foi emocionante”, finalizou.

Luz nos Trópicos reprisa na programação do Olhar de Cinema nesta terça-feira, 13/10.

Fotos: Divulgação/Netun Lima/Universo Produção.

44ª Mostra de São Paulo: conheça os filmes selecionados, destaques da programação e homenageados

por: Cinevitor

dafoesiberiamostraspWillem Dafoe em Siberia, de Abel Ferrara: drama, fantasia e terror.

A 44ª edição da Mostra Internacional de Cinema em São Paulo acontecerá entre os dias 22 de outubro e 4 de novembro. A seleção de filmes deste ano traz 198 títulos, de 71 países, que serão apresentados nas seções Perspectiva Internacional, Competição Novos Diretores, Mostra Brasil e Apresentação Especial.

Por conta da pandemia de Covid-19, pela primeira vez, a Mostra Internacional de Cinema em São Paulo ocorrerá majoritariamente de forma virtual, por meio de uma plataforma exclusiva, a Mostra Play. Todos os filmes desta edição poderão ser acessados pelo site da Mostra, que irá direcionar para as plataformas. Os títulos disponibilizados na Mostra Play custarão R$ 6,00 por visualização. Este ano, dada as diferentes formas de exibição (plataformas Sesc Digital e Spcine Play também) e ao valor reduzido dos ingressos, a Mostra não oferecerá pacotes e haverá número limitado de visualizações por filme.

Também ocorrerão sessões no Belas Artes Drive-in e no CineSesc Drive-in (na unidade Sesc Parque Dom Pedro II). Tendo em vista que, este ano, a Mostra não trará seus convidados para São Paulo, a presença dos diretores e profissionais da área se dará por meio de vídeos enviados previamente, entrevistas especiais gravadas e lives.

Dentre os 198 títulos da seleção, cerca de 25% contam com mulheres assinando a direção, entre eles: Gato na Parede (Cat In the Wall), de Vesela Kazakova e Mina Mileva, exibido nos festivais de Locarno e Sarajevo; Impedimento em Cartum (Khartoum Offside), de Marwa Zein, que passou no Cairo International Film Festival; A Arte de Derrubar (The Art of Fallism), de Aslaug Aarsæther e Gunnbjörg Gunnarsdóttir; o brasileiro Mulher Oceano, de Djin Sganzerla; Rebeldes de Verão (Summer Rebels), de Martina Saková; Irmãs Separadas (Sisters Apart), de Daphne Charizani; entre outros.

gatonaparedemostra2020Irina Atanasova no drama Gato na Parede, de Vesela Kazakova e Mina Mileva.

Neste ano, o filme de abertura será Nova Ordem (Nuevo orden), do cineasta mexicano Michel Franco. Vencedor do Grande Prêmio do Júri (Leão de Prata) e do Leoncino d’Oro Agiscuola no Festival de Veneza deste ano e exibido nos festivais de San Sebastián, Toronto e Chicago, o thriller é ambientado em uma Cidade do México que ferve com protestos, em que uma revolta inesperada abre caminho para um violento golpe de Estado. Na história, um casamento luxuoso da classe alta dá errado. Visto pelos olhos de Marian, a jovem e simpática noiva, e dos criados que trabalham para, e contra, sua família rica, o filme traça o colapso de um sistema político enquanto uma substituição mais angustiante surge em seu rastro.

A seleção da 44ª edição da Mostra conta também com filmes premiados e exibidos em festivais internacionais, além de títulos inéditos como: o documentário Kubrick por Kubrick (Kubrick by Kubrick), de Gregory Monro, exibido em Tribeca; o português O Ano da Morte de Ricardo Reis, de João Botelho, baseado no livro homônimo de José Saramago e protagonizado pelo brasileiro Chico Díaz; Berlin Alexanderplatz, de Burhan Qurbani, que disputou o Urso de Ouro no Festival de Berlim e foi premiado em Roterdã; Araña, do chileno Andrés Wood, indicado ao Prêmio Goya e apresentado em San Sebastián e Toronto; o drama Vencidos da Vida, de Rodrigo Areias; O Paraíso da Serpente (El Paraiso de La Serpiente), de Bernardo Arellano, exibido no Festival de Beijing; o português Ordem Moral, de Mário Barroso e protagonizado por Maria de Medeiros; entre outros.

Do Festival de Veneza, a Mostra exibe filmes como: o documentário Sportin’ Life, de Abel Ferrara, também diretor de Sibéria, protagonizado por Willem Dafoe e apresentado na Competição Oficial de Berlim; o documentário City Hall, de Frederick Wiseman; Entre Mortes (In Between Dying), de Hilal Baydarov; A Herdade, de Tiago Guedes; além dos premiados Crianças do Sol (Khorshid), de Majid Majidi, que rendeu a Rouhollah Zamani o prêmio de melhor ator jovem; Miss Marx, de Susanna Nicchiarelli; Gênero, Pan (Lahi, Hayop), de Lav Diaz; Zanka Contact, de Ismaël El Iraki; e o documentário Notturno, de Gianfranco Rosi.

novaordemmostraspNaian González Norvind em Nova Ordem, de Michel Franco: filme de abertura.

A seleção do Festival de Cannes também marca presença com diversos títulos que receberam um selo especial do festival, como: Fevereiro (February), de Kamen Kalev; Nadia, Borboleta (Nadia, Butterfly), de Pascal Plante; a animação Josep, de Aurel, também exibida no Festival de Annecy; Dezesseis Primaveras (Spring Blossom), de Suzanne Lindon; Suor (Sweat), de Magnus von Horn; o brasileiro Casa de Antiguidades, de João Paulo Miranda Maria; Mães de Verdade (True Mothers), de Naomi Kawase; A Morte do Cinema e do Meu Pai Também (The Death of Cinema and My Father Too), de Dani Rosenberg; Caminhando Contra o Vento (Ye Ma Fen Zong), de Wei Shujun; e Ao Entardecer (In the Dusk), de Sharunas Bartas.

Do Festival de Berlim, integram a programação da Mostra os premiados: Não Há Mal Algum (Sheytan vojud nadarad), de Mohammad Rasoulof e vencedor do Urso de Ouro; Fábulas Ruins (Favolacce), de Fabio e Damiano D’Innocenzo, premiado como melhor roteiro; Sem Ressentimentos (Wir), de Faraz Shariat, vencedor do Teddy Award de melhor filme; Malmkrog, de Cristi Puiu; Nossa Senhora do Nilo (Notre-Dame Du Nil), de Atiq Rahimi, vencedor do Urso de Cristal da mostra Geração 14plus; Pai (Otac/Father), de Srdan Golubović, consagrado na mostra Panorama; Dias (Rizi), de Tsai Ming-Liang, também exibido no IndieLisboa e San Sebastián; Welcome To Chechnya, de David France e vencedor do prêmio do público de melhor documentário da mostra Panorama; Mamãe, Mamãe, Mamãe (Mamá, Mamá, Mamá), de Sol Berruezo Pichon-Rivière; O Problema de Nascer (The Trouble With Being Born), de Sandra Wollner; Desenterrar (Digger), de Georgis Grigorakis; e O Século 20 (The Twentieth Century), de Matthew Rankin.

Além dos premiados, a Mostra também conta com títulos exibidos na Berlinale, entre eles: o espanhol Lua Vermelha, de Lois Patiño; Animais Nus (Nackte Tiere), de Melanie Waelde; Minha Jovem Irmã (Schwesterlein), de Stéphanie Chuat e Véronique Reymond; A Deusa dos Vagalumes (Goddess Of The Fireflies), de Anaïs Barbeau-Lavalette; o nigeriano Eyimofe (Esse É o Meu Desejo), de Arie Esiri e Chuko Esiri; A Pastora e as Sete Canções (Laila Aur Satt Geet), de Pushpendra Singh; As Veias do Mundo (Die Adern Der Welt), de Byambasuren Davaa; A Saída dos Trens (Ieşirea Trenurilor Din Gară), de Radu Jude e Adrian Cioflâncă

E mais de Berlim: a coprodução entre Argentina, Brasil e Suíça, Um Crime em Comum (Un Crime Común), de Francisco Márquez; Números (Nomery), de Oleg Sentsov e Akhtem Seitablaev; Assim Como Acima, Abaixo (Kama Fissamaa’ Kathalika Ala Al-ard), de Sarah Francis; o drama Pari, de Siamak Etemadi; o indiano Eeb Allay Ooo!, de Prateek Vats; Casulo (Kokon), de Leonie Krippendorff; O Charlatão, de Agnieszka Holland, representante da República Tcheca para a categoria de melhor filme internacional do Oscar; e Dau Degeneration, de Ilya Khrzhanovskiy e Ilya Permyakov e Dau Natasha, de Ilya Khrzhanovskiy e Jkaterina Oertel, projeto de Ilya Khrzhanovskiy que simula o sistema soviético, combinando cinema, ciência, performance, espiritualidade, experimentação social e artística, literatura e arquitetura para falar do uso totalitário do poder.

naohamalalgummostra2020Baran Rasoulof em Não Há Mal Algum: Urso de Ouro no Festival de Berlim.

A 44ª edição da Mostra de São Paulo, como de costume, fortalece o olhar para o cinema brasileiro. Mais de 30 títulos nacionais integram a seleção da Mostra Brasil. Os longas estão divididos nas seções Apresentação Especial, Competição Novos Diretores e Perspectiva Internacional. Destacam-se na programação: o documentário Candango: Memórias do Festival, de Lino Meireles; Filho de Boi, de Haroldo Borges e exibido no Festival de Busan, na Coreia do Sul; #Eagoraoque, de Jean-Claude Bernardet e Rubens Rewald; Entre Nós um Segredo, de Beatriz Seigner e Toumani Kouyaté; a animação O Pergaminho Vermelho, de Nelson Botter Jr; Cidade Pássaro, de Matias Mariani e exibido em Berlim; Glauber, Claro, de César Meneghett sobre o cineasta Glauber Rocha e os tempos de exílio na Itália; Um Dia com Jerusa, de Viviane Ferreira; Verlust, de Esmir Filho; Todas as Melodias, de Marco Abujamra sobre Luiz Melodia; entre outros.

Os diretores com filmes selecionados para a Mostra Brasil poderão concorrer a uma vaga na Incubadora Paradiso, programa de apoio ao desenvolvimento de longas de ficção do Projeto Paradiso, iniciativa filantrópica de apoio ao audiovisual do Instituto Olga Rabinovich, que é parceiro da Mostra pelo terceiro ano consecutivo.

A Mostra de São Paulo conta também com uma seleção de cerca de 25 títulos produzidos ou coproduzidos por outros países latino-americanos, como Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, México, Cuba e Uruguai, entre os quais alguns que participaram e foram premiados em festivais internacionais, como: Nem Herói, Nem Traidor, de Nicolás Savignone; Piedra Sola, de Alejandro Telémaco Tarraf e exibido em Roterdã; Chico Ventana Também Queria Ter um Submarino, de Alex Piperno, exibido em Berlim; Uma Máquina para Habitar, de Yoni Goldstein, documentário americano rodado em Brasília; Uivos São Ouvidos, de Julio Hernández Cordón, exibido no FID Marseille; Entre Cão e Lobo, de Irene Gutiérrez, seleção da mostra Forum de Berlim; Entre Mortes, de Hilal Baydarov; e Panquiaco, de Ana Elena Tejera, exibido em Roterdã.

mulheroceanomostraspCena do filme brasileiro Mulher Oceano, de Djin Sganzerla.

Outros eventos internacionais importantes também marcam presença na 44ª edição da Mostra de São Paulo. Do Festival de Sundance, destacam-se: Shirley, de Josephine Decker e protagonizado por Elisabeth Moss, que recebeu Menção Especial do Júri e também foi exibido em Berlim; A Terra é Azul como uma Laranja, de Iryna Tsilyk, vencedor do prêmio de melhor direção e também exibido em Berlim; o drama Farewell Amor, de Ekwa Msangi; Feels Good Man, de Arthur Jones, vencedor do Prêmio Especial do Júri de melhor documentário de diretor estreante; de Lesoto, o drama Isso Não É um Enterro, É uma Ressurreição, de Lemohang Jeremiah Mosese, vencedor do Prêmio Especial do Júri da seção World Cinema Dramatic; Jantar na América, de Adam Rehmeier; do Egito, o drama Luxor, de Zeina Durra, também exibido no Karlovy Vary; a comédia musical Summertime, de Carlos López Estrada; Verão Branco, de Rodrigo Ruiz Patterson; entre outros.

Do Festival de Roterdã, a programação traz: Calazar (Kala Azar), de Janis Rafa, vencedor do Prêmio KNF; Cozinhar F*der Matar (Cook F**k Kill), de Mira Fornay; o português Mosquito, de João Nuno Pinto; O Despertar de Fanny Lye, de Thomas Clay e protagonizado por Maxine Peake, também exibido no Festival de Londres; o drama dinamarquês Problemas com a Natureza, de Illum Jacobi; e Quando Anoitece, de Braden King, também exibido em Sundance.

O prestigiado Festival de Busan também traz representantes entre os selecionados da Mostra, como: Assim Desse Jeito (Aise Hee), de Kislay; e Correndo para o Céu (Jo Kuluk), de Mirlan Abdykalykov, vencedor do Prêmio da Crítica. Do Festival de Tóquio, destaque para Cavaleiro de Verão, de Xing You. Já o drama O Nome Encravado em Seu Coração, de Kuang-Hui Liu, foi exibido nos festivais de Taipei e Golden Horse, e é baseado em uma história real sobre a luta pelo amor verdadeiro e as mudanças emblemáticas em Taiwan, o primeiro país asiático a legalizar o casamento gay.

shirleymostrasp2020Michael Stuhlbarg e Elisabeth Moss em Shirley, de Josephine Decker.

A seleção da Mostra também apresenta títulos do Festival de Cinema de Tribeca, entre eles: 17 Quadras (17 Blocks), de Davy Rothbart, indicado ao Spirit Awards e também exibido em Zurique, Telluride e Melbourne; 499, de Rodrigo Reyes, premiado como melhor fotografia e vencedor do Prêmio Especial do Júri no Festival Hot Docs; Lorelei, de Sabrina Doyle; Meu Coração Só Irá Bater se Você Pedir, de Jonathan Cuartas, que recebeu Menção Especial do Júri em fotografia; e Stardust, de Gabriel Range, com Jena Malone e Johnny Flynn como David Bowie.

O renomado Visions du Réel, festival de documentários realizado na Suíça, está representado com: A Arte de Derrubar (The Art of Fallism), de Aslaug Aarsæther e Gunnbjörg Gunnarsdóttir; e Anerca, Respiração da Vida, de Johannes Lehmuskallio e Markku Lehmuskallio, vencedor do prêmio de longa-metragem mais inovador.

O Festival de Cinema de Animação de Annecy também marca presença na 44ª edição da Mostra com: o polonês Mate-o e Deixe Esta Cidade (Zabij To I Wyjedz Z Tego Miasta), de Mariusz Wilczynski, vencedor do Prêmio Especial do Júri e exibido em Berlim; e O Nariz ou a Conspiração dos Dissidentes, de Andrey Khrzhanovskiy, também vencedor do Prêmio Especial do Júri e exibido em Roterdã.

Além disso, a seleção traz mais destaques internacionais, como: Beans, de Tracey Deer, vencedor do Rising Stars Award no Festival de Toronto; Contos da Prisão, de Ábel Visky, exibido no FIPA e no Hot Docs; De Volta para Casa – Marina Abramovic e Seus Filhos, de Boris Miljkovic; Espacate, de Christian Johannes Koch, exibido nos festivais de Zurique e San Sebastián; o drama canadense Estava Chovendo Pássaros, de Louise Archambault, exibido em Toronto e San Sebastián; Exílio, de Visar Morina, premiado nos festivais de Sarajevo e Taipei e exibido nos festivais de Sundance e Berlim; Mãe de Aluguel (The Surrogate), de Jeremy Hersh, que participou do SXSW; o holandês Meu Rembrandt, de Oeke Hoogendijk, exibido no IDFA, Festival Internacional de Documentários de Amsterdã.

E mais: Murmúrio, de Heather Young, da seleção de Toronto; Nariz Sangrando, Bolsos Vazios, de Bill Ross IV e Turner Ross, premiado no Champs-Élysées Film Festival e exibido em Sundance e Berlim; o português Prazer, Camaradas!, de José Filipe Costa, exibido no Festival de Locarno; Rose Interpreta Julie, de Joe Lawlor e Christine Molloy, destaque do Festival de Londres; o francês Walden, de Bojena Horackova, exibido no Festival de Locarno e parte da seleção da L’ACID do Festival de Cannes; e o curta-metragem Os Caçadores de Coelhos, de Evan Johnson, Galen Johnson e Guy Maddin, com Isabella Rossellini, em homenagem ao centenário de Federico Fellini.

stardustmostra2020Johnny Flynn é David Bowie em Stardust, de Gabriel Range.

Há 17 anos, a Mostra presta homenagens a grandes nomes do cinema com o Prêmio Humanidade. Nesta edição, duas desta honraria serão entregues: a primeira será aos funcionários da Cinemateca Brasileira e a segunda ao conceituado documentarista americano Frederick Wiseman. O Prêmio Leon Cakoff será entregue à produtora Sara Silveira. Em homenagem a ela, a Mostra irá exibir sua mais recente produção, o longa Todos os Mortos, de Marco Dutra e Caetano Gotardo, no CineSesc Drive-in (unidade Sesc Parque Dom Pedro II) no dia 2 de novembro, onde a produtora receberá o prêmio.

E mais: o documentário Coronation, do artista Ai Weiwei, que retrata o confinamento em Wuhan, na China, durante o início do surto de Covid-19 no começo do ano, será exibido durante o evento. Ai Weiwei apresenta um segundo filme na Mostra: o longa Vivos, sobre um grupo de estudantes mexicanos que foram brutalmente atacados por forças policiais e outros agressores mascarados.

Também ganha sessão especial o curta Escondida (Hidden), do iraniano Jafar Panahi, que segue o cineasta, sua filha e seu amigo a uma remota vila curda para visitar uma cantora sobrenaturalmente talentosa, que é proibida de se apresentar publicamente. Outro curta que integra a programação é Uma Noite na Ópera, do renomado diretor ucraniano Sergei Loznitsa. Baseado em imagens de arquivo dos anos 1950 e 1960, o filme revisita as noites de gala na Ópera de Paris.

Além disso, Jia Zhangke, que assina o pôster desta edição, apresenta seu longa Nadando até o Mar Se Tornar Azul e também o seu mais recente trabalho, o curta A Visita (Visit), gravado com o celular. O filme retrata uma reunião entre dois parceiros de trabalho que acaba revelando os rígidos protocolos de cuidados impostos pela epidemia do novo coronavírus.

noitegalaopera2mostraspCena do curta Uma Noite na Ópera, de Sergei Loznitsa.

O brasileiro Fernando Coni Campos (1933-1988) ganha homenagem póstuma nesta edição do evento com a apresentação especial de três de seus sete longas-metragens: Viagem ao Fim do Mundo (1968), vencedor do Leopardo de Prata no Festival de Locarno; Ladrões de Cinema (1977); e O Mágico e o Delegado, melhor filme no Festival de Brasília, em 1983. A Mostra proporciona uma rara oportunidade de revisitar o universo desse autor original e originário do Recôncavo Baiano.

O júri deste ano será formado por: Cristina Amaral, uma das principais e mais importantes montadoras do país; Felipe Hirsch, diretor, dramaturgo, cenógrafo e produtor de teatro; e Sara Silveira, nome fundamental da produção cinematográfica brasileira.

Além dos filmes, a 44ª edição da Mostra de São Paulo apresenta diversas atividades paralelas, como: a segunda edição do Fórum Nacional Lideranças Femininas no Audiovisual; o Fórum Mostra, que será virtual; o evento Memórias do Cinema, que reúne depoimentos de artistas e personalidades sobre os filmes que exerceram alguma influência em suas vidas (e estarão disponíveis na plataforma e no site da Mostra); e um curso de cinema com o cineasta Ruy Guerra e participação do historiador Adilson Mendes.

Fotos: Cosmopol Film/Divulgação.

Entrevista: cineasta Dea Ferraz fala sobre Agora, exibido no 9º Olhar de Cinema

por: Cinevitor

agoradeaferrazolhardecinemaAgora: único longa pernambucano na programação do festival.

Exibido na mostra Novos Olhares da 9ª edição do Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba, Agora, dirigido pela cineasta pernambucana Dea Ferraz, foi rodado com o apoio e a energia de parceiros que acreditam no cinema brasileiro, sem verba de edital algum. Em um país que extingue as janelas de financiamento para a cultura, o filme é, também, o testemunho da arte como resistência.

Depois das eleições de 2018, com a vitória de um presidente de extrema direita, declaradamente racista, misógino e LGBTQfóbico, a cineasta sentiu o ímpeto de registrar o incômodo que a atravessava. Já durante a campanha, o candidato apresentara sua agenda de desmonte para políticas públicas desenhadas nas últimas décadas. A partir daí, Dea convida artistas ativistas para um mergulho corporal em uma caixa cênica, numa tentativa de resposta à agonia e, também, em mais uma investigação fílmica a explorar os limites da linguagem cinematográfica; vide suas obras anteriores, como Câmara de Espelhos (2016), Modo de Produção (2017) e Mateus (2019).

Atrizes, músicos, poetas, bailarinos, corpos negros, corpos brancos, pessoas trans, gente jovem, gente mais velha: a partir da individualidade de cada uma e cada um, Agora fabrica um tecido social e político, uma bandeira deflagrada em composição humana com a qual é possível indagar: qual o gesto possível de um tempo como esse? Passado, presente e futuro, portanto, flutuam e se fundem no longa. Ao forjar uma temporalidade própria, alinhavando sensações íntimas a um turbulento horizonte político no país (seja no pós-eleição de 2018, seja durante a pandemia de 2020), o documentário sublinha a importância do cinema como ferramenta de reflexão.

Para falar mais sobre Agora, entrevistamos a diretora Dea Ferraz por e-mail. Confira:

O filme foi realizado em 2018, depois das eleições presidenciais com a vitória de um candidato de extrema direita, machista, homofóbico e preconceituoso. Hoje, dois anos depois, o cenário artístico brasileiro segue ameaçado e sem perspectiva de melhora. Como você enxerga seu filme nos dias de hoje e de que maneira ele pode reverberar no público?

O filme nasce naquele momento de país e como resultado de algumas angústias sobre a imagem, que, para mim parecia perder o seu potencial de liberdade, e surge também a partir de um desejo de registrar corpos em conexão com aquele tempo. Artistas que têm na arte suas formas de vida e que sempre se colocaram em oposição a qualquer tipo de projeto fascista. O que essas pessoas estariam sentindo? E o que seus corpos poderiam nos dizer? Não me interessava tanto acionar a racionalidade dos discursos da palavra, porque naquele momento as palavras pareciam esvaziadas. Não conseguíamos dialogar na diferença. Acho que ainda não conseguimos. Então, a minha questão era falar com o corpo. Acionar o corpo como portal que se abre ao tempo externo e interno, coletivo e pessoal. O corpo como presença a ser resgatada no mundo. Porque, em certa medida, sinto que nossos corpos estão adormecidos e o que o filme tenta fazer é justamente acionar outras dimensões de nossas sensibilidades. Os gestos que surgem naqueles corpos, naquele momento, são gestos que nos remetem a história da humanidade. Gestos carregados de sentimentos que reconhecemos e que carregamos em nós. Se, como sugerem algumas cosmologias africanas e indígenas, observarmos o tempo como uma espiral, entendemos que esses gestos vão e voltam em nós mesmos, reatualizando quem somos e de onde viemos. Por isso, pra mim, o filme, apesar de ser um registro daqueles corpos naquele tempo histórico, ele se atualiza a cada ‘agora’, a cada exibição, diante de quem o assiste. No encontro. Difícil imaginar como o filme vai reverberar nas pessoas. A gente nunca sabe ao certo e isso é o que torna a arte tão importante e tão livre. Deixar que cada um sinta o que vê, em conexão com o que carrega dentro de si. A gente não controla e nem pode prever, mas o meu desejo é de que as pessoas, através do filme, acionem seus próprios corpos, ou, como diz Suely Rolnik, que a arte seja capaz de acordar nosso corpo vibrátil, esse que não enxerga só com o olhos, mas com todos os sentidos. Porque eu acredito que acordar nosso corpo é acordar uma dimensão de nossa existência imprescindível para as transformações que tanto desejamos.

Como você chegou nesse grupo de artistas para o filme? Como foi a pesquisa e a escolha desses personagens?

Depois das eleições, naquele limbo entre a vitória desse projeto de desmonte do Brasil e sua posse, eu pensei que não voltaria a filmar tão cedo. Porque, de fato, entrei em crise com a imagem, suas potências artísticas e libertárias. No entanto, um dia, ao me levantar da cama, bem no meio desse gesto, uma imagem se desprendeu do meu corpo e era uma imagem muito simples: uma mulher, numa caixa, tentando me dizer o que sentia, utilizando apenas o seu corpo. É muito simbólico, pra mim, que tenha sido uma imagem que nasce do gesto e isso já me disse muito do que gostaria de fazer. Um corpo em improviso, acionando seus sentimentos a partir de uma provocação muito simples, mas não por isso fácil. O dispositivo, pra mim, já sinalizava um recorte, pois acionar o corpo em presença pede pessoas que já conheçam caminhos internos para isso. Convidei Bruna Leite, produtora de elenco, parceira e companheira de militância, para fazer a pesquisa e, naquele momento, tudo que eu sabia era que gostaria de construir um corpo coletivo composto por pessoas que fossem artistas ativistas, ou seja, pessoas que têm na arte suas formas de existência, pessoas que unificam uma ideia de corpo/existência/arte. E Bruna, num trabalho primoroso, me trouxe os treze nomes que compõem essa constelação. O mais incrível disso é que são artistas muito potentes, com suas agendas e compromissos, e que naquele momento toparam sem titubear. O filme parecia estar marcado antes mesmo da ideia. As agendas se encontraram e em 45 dias conseguimos pré produzir e filmar o longa.

deaferrazagoraA cineasta pergunta: no Brasil de hoje, qual o gesto possível do agora?

A reação de cada corpo apresentada no filme diz muito sobre aquela pessoa, naquele lugar vazio e que realiza sua performance diante do questionamento sobre como é esse corpo e onde ele queria estar. Com isso, as apresentações se tornam muito pessoais e potentes. Como aconteceu a preparação de elenco? Os artistas também contribuíram com outras ideias além de suas performances?

Quando começamos a entender o dispositivo e os desejos que nos conduziam, percebemos que precisávamos criar um ambiente acolhedor e amoroso para receber esses artistas. Tanto do ponto de vista da produção, quanto da técnica. No entanto, mais do que isso, era preciso pensar como ajudar essas pessoas a se conectarem consigo, com a caixa, com o país, tudo em pouco tempo, já que tínhamos, entre chegada, preparação e filmagem, uma média de 3h com cada artista. Eu já tinha trabalhado em duas ocasiões com Livia Falcão e Silvia Góes, que além de irmãs, são artistas incríveis e também terapeutas da alma e do corpo. Já havíamos experimentado alguns caminhos tendo em vista essa construção de presença, então pra mim foi como uma continuidade, não tinha como fazer esse filme se não fosse com elas ao lado. O trabalho que elas fazem, na verdade, pra mim, nem sei se a gente pode chamar de ‘preparação de elenco’. Livia deixa sempre isso muito claro. Porque não tinham personagens a serem construídos, não tinha narrativa a ser pesquisada, o desejo que havia estava mais próximo de uma desconstrução a ser empreendida. Então, do ponto de vista mais prático, elas trabalhavam com as pessoas durante no máximo 1h e depois a equipe entrava na caixa pra filmar, numa tentativa de não quebrar a conexão estabelecida. Eu acho que só Silvia e Livia podem falar dos caminhos internos que elas empreenderam para o filme, de minha parte, o que posso dizer é que quando eu entrava na caixa já havia um campo estabelecido e os corpos pareciam abertos para o salto. Foi muito intensa a experiência. Cada pessoa um mundo. Cada pessoa muitas pessoas, porque eles e elas pareciam exceder quem eram. É claro que são artistas com bagagem e conhecimento dos mecanismos pessoais que dispõem para acionar seus corpos em criação e improviso, mas o trabalho de Livia e Silvia foi imprescindível, para que houvesse entrega, amor e confiança. Para que houvesse, inclusive, a possibilidade de desconstrução desses caminhos conhecidos. Abertura e salto.

Cada artista expõe seu sentimento de uma maneira; seja em uma performance musical, em um desenho, em gargalhadas ou lágrimas, na dança, em textos. Fato é que a arte está presente nesses personagens e, com ela, é possível perceber uma forte conexão entre corpo, mente e indivíduo. Hoje, já com o filme finalizado e com esses discursos apresentados ao público, você observa sua obra como uma forma de registro de um momento sombrio do nosso país? E você acredita que essa proposta narrativa (de um lugar vazio e liberdade de expressão) vista no filme também foi importante e necessária para esses artistas?

Sim, eu acho que é o registro de um tempo específico, mas também acho que o ultrapassa. Como disse antes, acho que os gestos empreendidos são gestos carregados de muitos tempos e por isso não se fixam. Pra mim, a ideia da caixa – esse espaço vazio e livre, por que descontextualizado de qualquer pressuposto – tem a ver com minha pesquisa sobre a linguagem cinematográfica. Diz de um desejo de quebra do simulacro, de uma performatividade assumida, de uma quebra da 4a parede, de uma espacialidade que ao mesmo tempo que é circunscrita e também aberta e cheia de preenchimentos. Não saberia dizer se isso foi importante para as pessoas que improvisaram. Talvez só elas possam falar sobre isso. O que sei é que muitas, ao final, usavam palavras como cura, catarse, liberação. E naquele momento de país que vivíamos poder experimentar todas essas sensações dentro dessa caixa e juntes, foi transformador. Pra mim, foi um processo de muitas curas, de reativação de uma certa crença em nós e na arte. Um retorno à crença na imagem, essa que cria um espaço de movência, como diz Marie-José Mondzain, por onde o espectador pode imaginar, criar, fabular e completar o que vê com sua liberdade.

*O filme reprisa na terça-feira, 13/10, na programação do Olhar de Cinema.

Entrevista e edição: Vitor Búrigo
Fotos: Divulgação/Cecília da Fonte

9º Olhar de Cinema: filmes brasileiros ganham destaque na programação e repercussão on-line

por: Cinevitor

cabecadenegoolhardecinemaLucas Limeira em Cabeça de Nêgo, de Déo Cardoso.

O Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba tem como objetivo destacar e celebrar o cinema independente realizado em todo mundo e apresenta filmes que se arriscam em novas formas de linguagem cinematográfica, que estão abertos ao experimentalismo e que possuem um grande potencial de comunicação com o público. Com isso, forma-se uma programação de grande diversidade temática e estética, que não rejeita gêneros, formatos e durações.

Neste ano, por conta da pandemia de Covid-19, sua nona edição teve que ser adaptada ao formato virtual. Sendo assim, a seleção com aproximadamente 130 filmes, como acontece de costume, teve que ser reduzida por diversos motivos. Mas, nem por isso, a programação perdeu qualidade. Mesmo sem algumas tradicionais mostras, como Olhares Clássicos, Olhar Retrospectivo e Pequenos Olhares, o festival também conseguiu atrair seu público com outras atividades, além dos filmes, e ganhou uma abrangência ainda maior por conta das sessões on-line.

Mesmo sendo um festival internacional, o Olhar de Cinema sempre valorizou o cinema brasileiro e também paranaense, ao garimpar o que há de mais precioso e urgente nessas cinematografias, garantindo cuidado especial ao programar tais obras. Além da mostra Olhares Brasil, que apresenta um panorama de curtas e longas brasileiros, o festival busca compor mostras que mesclam filmes brasileiros e estrangeiros possibilitando o diálogo e a troca entre todos esses universos.

Neste ano, 78 títulos completam a programação, entre longas e curtas, sendo 41 filmes brasileiros. As produções nacionais também ganham destaque na mostra Foco, que celebra a trajetória do diretor Daniel Nolasco.

Sobre a forte presença brasileira na programação, conversamos com Eduardo Valente, que é membro da equipe de programação do Olhar de Cinema desde 2016. Neste ano, ao lado de Aaron Cutler, Carla Italiano e Camila Macedo, assinou a curadoria de longas-metragens: “Eu acho que um festival que acontece no Brasil tem obrigação, tanto ética e moral, de estar envolvido no todo que significa o cinema brasileiro. Temos uma produção tão vasta hoje em dia, tão ampla de possibilidades e tão interessante. Tem oferta de todos os tipos”, ressaltou.

ventosecoqueerlisboa2020Leandro Faria Lelo em Vento Seco, de Daniel Nolasco: sessões disputadas.

Fato é que os festivais realizados em formato on-line ganharam uma abrangência maior. Filmes que antes ficavam limitados ao público presencial, agora estão disponíveis para o Brasil todo. Com isso, a repercussão ganha outras proporções, principalmente nas redes sociais, com comentários diversos (não só de críticos, mas do público em geral) e uma divulgação ainda maior por parte das equipes dos filmes: “Claro que os realizadores e produtores têm feito um movimento muito grande de mobilizar atenção e público. Eu não tenho esses dados exatos, porque quem coleta isso é a produção em Curitiba, mas pelo que eu soube de cinco ou seis sessões lotadas nesse formato on-line, quase 70% ou 80% foram de filmes brasileiros. Além das informações e do interesse das pessoas sobre o festival e os filmes em geral, os próprios produtores e realizadores fazem uma divulgação muito específica”, comentou Valente.

Esse novo formato também tem agradado os realizadores: “O feedback do público foi muito incrível nas redes sociais depois da primeira sessão”, disse Henrique Arruda ao CINEVITOR, diretor do premiado curta Os Últimos Românticos do Mundo, que será exibido novamente nesta segunda-feira, 12/10.

Pedro Diogenes, diretor do longa Pajeú, que reprisa na quarta-feira, 14/10, destacou o alcance da primeira sessão virtual do filme: “Estou surpreendido e feliz com a repercussão do Pajeú. Estou recebendo muitos retornos calorosos. Ler sobre o filme e as experiências com o Pajeú está suprindo um pouco as trocas dos corredores e debates dos festivais. Várias pessoas que viram o filme estão fazendo questão de escrever alguma coisa, mandar uma mensagem e conversar. Os filmes, os espectadores, o festival, nós (os diretores e diretoras), vocês (crítica), todos estamos tentando se adaptar ao momento e, de alguma forma, estamos sobrevivendo”.

Sobre esse novo formato, Henrique Arruda completou: “Tem sido absurdamente diferente de todas as minhas experiências anteriores. É muito lindo sentir que o filme tem sido um respiro bom para as pessoas a cada nova sessão; e pela primeira vez eu vejo que a obra em si vai formando um público fiel que nos acompanha e divulga a cada nova exibição online. Isso tem sido muito carinhoso, apesar de não substituir o calor do encontro que uma sala de cinema de festival proporciona”.

romanticosdomundomexicoCarlos Eduardo Ferraz no curta Os Últimos Românticos do Mundo, de Henrique Arruda.

Com um público fiel de várias partes do Brasil, alguns festivais virtuais também precisam limitar o número de ingressos e visualizações por conta de contratos de exibição com produtoras, distribuidoras, entre outros. Algo parecido com o que acontece no formato presencial, no qual as salas possuem um número exato de ingressos, sujeito a lotação máxima; algo que quase sempre acontece. “Existe muito interesse pelas obras, mas também existe a dificuldade do acesso aos filmes e o on-line quebra um pouco isso”, comenta Eduardo Valente.

Outro lado positivo destes festivais virtuais é o acesso aos filmes brasileiros, que, mesmo premiados e muito comentados durante tal evento pelo público presente, acabavam perdendo força até o lançamento, seja pela pequena janela de exibição comercial ou dificuldades de conseguir uma distribuição. Com essa propagação da divulgação constante nas redes sociais, filmes que talvez não conseguissem tal alcance anteriormente, agora estão sendo vistos e falados por mais tempo por espectadores diversos. A disponibilidade dessas obras em vários festivais que adotaram esse novo formato, faz com que elas fiquem em evidência em um prazo maior, gerando interesse de outras pessoas que talvez não teriam acesso a esses títulos.

Sobre esse assunto, Eduardo Valente cita dois exemplos: Cabeça de Nêgo [de Déo Cardoso] foi exibido em Tiradentes, em janeiro, no formato tradicional. Teve uma recepção muito forte na sala, na sessão, nos textos. Semana passada, ficou disponível on-line na Mostra Tiradentes SP e teve uma quantidade enorme de pessoas do país inteiro que acabaram vendo o filme, que não tinham como ver antes, mas que já tinham ouvido falar em um momento inicial. Os festivais chamam atenção para os filmes, despertam interesse e curiosidade, mas como e quando as pessoas vão assistir? Nos cinemas, muitas vezes, demora muito e quando chega passa muito rápido. Então, a Mostra Tiradentes SP trouxe o filme de volta, com uma reação ainda maior. E agora entrou no Olhar e está sendo muito procurado”.

“Mesma coisa com Sertânia [de Geraldo Sarno]. Passou em Tiradentes e no Ecrã e teve uma reação incrível; no Letterboxd, por exemplo, tem quase mil visualizações. Depois de ter ficado também de graça quase dez dias no mês passado, agora está no Olhar com sessões cheias e as pessoas interessadas porque as informações estão circulando e os filmes estão disponíveis”.

pajeuolhardecinemaYuri Yamamoto e Fátima Muniz em Pajeú, de Pedro Diogenes.

A disputa por um destaque digno no circuito comercial destes filmes brasileiros, considerados independentes, não é de hoje e torna-se quase impossível conseguir um lugar ao sol entre tantos títulos de super-heróis e outros blockbusters que dominam as bilheterias. “Claro que ninguém acha que Sertânia ou Canto dos Ossos vai ter 3 milhões de espectadores como Minha Mãe é uma Peça. Isso não é da natureza destes filmes. Mas, agora, estão mais acessíveis para muita gente, que inclusive sabem que eles existem. Mas aí vem a questão: e depois dos festivais? Quanto tempo leva para esses filmes estarem disponíveis efetivamente para as pessoas? Essa oportunidade de ocupar um lugar quase de serviços de streaming, com extrema curadoria e divulgação, tem comprovado como tem demanda, principalmente por esses filmes brasileiros”.

Por conta de festivais como o Olhar de Cinema, títulos nacionais, não só premiados internacionalmente, têm sido enaltecidos pelo público e pela crítica; principalmente os curtas, que, geralmente, possuem uma janela de exibição quase que restrita a esses eventos e não chegam ao grande público. “Eu senti que a equipe do festival encontrou uma forma bacana de deixar o filme acessível para o Brasil inteiro. Dessa forma, conseguimos atingir novos públicos e estou recebendo muito feedback bacana, de pessoas do Brasil todo. Mesmo não estando lá presencialmente para comentar sobre, temos encontrado novas formas de chegar ao número máximo de pessoas possíveis. É isso que a gente quer, na verdade, que o filme seja visto”, disse Sávio Fernandes, que divide a direção de Noite de Seresta com Muniz Filho. O curta, em competição, reprisa na terça-feira, 13/10.

sertaniacenaexclusivaVertin Moura em Sertânia, de Geraldo Sarno: sucesso de público.

A imprensa, acostumada a cobrir os festivais de cinema de forma presencial, também precisou se adaptar ao novo formato e analisa, para os próximos anos, edições multiplataforma: “A pandemia nos trouxe muitos desafios que foram parcialmente contornados pela virtualização das coisas. Há um lado muito positivo com os festivais on-line. Filmes que nem todos veriam nascer nesse eventos pela incapacidade de deslocamento acabaram alcançando um público vasto ao serem disponibilizados na internet e isso colabora fortemente com o acesso e a democratização dessas obras e desses eventos de cinema. Acredito que temos muito a aprender com essa experiência, mas também devemos ter em mente que esse é um ano de exceção”, declarou Diego Benevides, jornalista, crítico, curador e pesquisador de cinema, membro da Abraccine, Associação Brasileira de Críticos de Cinema, e da Aceccine, Associação Cearense de Críticos de Cinema.

E completou: “Os festivais de cinema são, per si, eventos que agregam muito mais do que a simples exibição de filmes. Um festival se dá nos debates, nas conversas pós-sessão, nos encontros, nas relações que se estabelecem em sua vivência presencial a partir de um ritmo próprio que esses eventos impõem a quem participa deles. Talvez seja a hora de, a partir dessa experiência pandêmica, propor novos formatos para o futuro, apostando na união tanto da programação presencial quanto online e na ampliação do alcance dessas obras, que é o mais importante”.

noitedeserestaolhardecinemaKatia Blander no curta Noite de Seresta.

A curadoria da nona edição do Olhar de Cinema tem sido elogiada com frequência nas redes sociais, tanto pelo público como pelos realizadores: “Sempre desejei participar do Olhar de Cinema porque considero uma das melhores curadorias atualmente no circuito de festivais: criteriosa e criativa”, disse a cineasta Paula Gaitán, em entrevista ao CINEVITOR. Seu filme Luz nos Trópicos, exibido no Festival de Berlim, está na mostra competitiva e reprisa na terça-feira, 13/10.

O cineasta cearense Pedro Diogenes também falou sobre isso: “Sempre tive vontade de participar do Olhar de Cinema. Acompanhei de longe as edições anteriores com muita curiosidade, pois o festival sempre prezou por uma curadoria corajosa e instigante. Me mantinha atento para ver os filmes que tinham passado no Olhar pois sempre era garantia de uma boa experiência. Os outros realizadores e realizadoras com quem conversava sobre o festival sempre falaram com muito carinho do Olhar. Então, a vontade de passar aqui sempre foi enorme. Neste ano, esse desejo se tornou realidade. Um ano atípico, com um festival virtual. Mas mesmo à distância estou conseguindo sentir toda a potência do festival e o carinho com eles tratam os filmes”.

“Outra coisa que eu percebi é que todos os meus amigos estavam marcando os mesmos filmes no Letterboxd, todos do Olhar. E achei isso incrível. Mesmo cada um em suas casas conseguimos preservar esse espírito de coletividade”, comentou Sávio Fernandes.

Como de costume, um festival de cinema é pensado para acontecer dentro da sala de cinema. Porém, vale destacar o esforço dos organizadores em manter esses eventos de forma virtual por conta de sua importância, principalmente para o setor audiovisual brasileiro. “Os festivais estão, ao mesmo tempo suprindo uma série de demandas e trazendo uma série de coisas interessantes, mas também demonstrando como ainda há gargalos e dificuldades; como esse mercado é difícil de enfrentar algo que parece tão simples que é o interesse das pessoas pelos filmes e a capacidade de acessá-los ou não”, finaliza Eduardo Valente.

Ainda que nossa cultura esteja sob ameaça constante, é preciso resistir e tentar olhar para frente com esperança. O desmonte da cultura brasileira é assustador, mas é na arte que retratamos nossas histórias e personagens. Esses registros, que se multiplicam em diversas telas e formatos, ficam marcados para sempre e ajudam a enaltecer nossos profissionais e suas obras. Assim como os festivais de cinema e seu público fiel. Seja virtual ou presencial.

Entrevistas e edição: Vitor Búrigo
Fotos: Divulgação.

Conheça os filmes selecionados para o 9º Festival Curta Brasília

por: Cinevitor

abarcacurtabrasiliaAne Oliva no curta alagoano A Barca, de Nilton Resende.

Foram anunciados nesta segunda-feira, 12/10, os selecionados para a 9ª edição do Festival Curta Brasília, que acontecerá entre os dias 17 e 20 de dezembro, em formato digital por conta da pandemia de Covid-19.

Ao longo de oito edições, o festival recebeu 7.053 filmes inscritos de 26 estados e do Distrito Federal, com 1.356 inscrições só em 2019. Em oito anos, foram exibidos quase 700 filmes, sendo 440 curtas nacionais, 125 curtas do DF e 153 curtas internacionais. Neste ano, foram 1.114 filmes inscritos, cuidadosamente analisados pela comissão de curadoria, que selecionou 15 produções para a Mostra Nacional e Tesourinha.

Além disso, nesta edição a Tesourinha se tornou um selo dos filmes do DF que compõem a programação, ou seja, participarão da mostra competitiva nacional e também concorrem a prêmios específicos para a produção local.

Ao se aproximar de uma década de existência, o Curta Brasília está consolidado no calendário de festivais de cinema do Distrito Federal e do Brasil. O número de inscrições recebidas cresce a cada ano e é comparável a outros grandes festivais nacionais e internacionais. Cada vez mais conhecido por realizadores de todo o país, o evento carrega o nome da capital e busca valorizar de maneira expressiva a identidade local.

Ao expandir para a versão on-line, o festival reforça sua missão de valorizar o cinema local, regional e nacional em maior amplitude, dando destaque para obras cinematográficas recentes por meio de inscrições gratuitas e curadoria feita por profissionais da área; sendo de vital importância num momento delicado para as artes no Brasil, no contexto de isolamento social, impedimento de eventos presenciais e tornando o espaço virtual uma vitrine para o cinema atual.

Conheça os filmes selecionados para o Curta Brasília – Festival Internacional de curta-metragem 2020:

MOSTRA NACIONAL E TESOURINHA

A Barca, de Nilton Resende (Maceió/AL)
À Beira do Planeta Mainha Soprou a Gente, de Bruna Barros e Bruna Castro (Salvador/BA)
A Terra das Muitas Águas, de Catu Rizo (Nilópolis/RJ)
A Terra em que Pisar, de Fáuston da Silva (Estrutural/DF)
Ainda Te Amo Demais, de Flávia Correia (Maceió/AL)
As Rendas de Dinho, de Adriane Canan (Florianópolis/SC)
Exu Matou um Pássaro, de Vinicius Sassine (Brasília/DF)
Filme de Domingo, de Lincoln Péricles (São Paulo/SP)
Inabitáveis, de Anderson Bardot (Vila Velha/ES)
Inabitável, de Matheus Farias e Enock Carvalho (Recife/PE)
Joãosinho da Goméa – O Rei do Candomblé, de Janaina Oliveira ReFem e Rodrigo Dutra (Duque de Caxias/RJ)
Mãtãnãg, A Encantada, de Shawara Maxakali e Charles Bicalho (Belo Horizonte/MG)
Mundo Pequeno, de Gustavo Amora e Cícero Fraga (Brasília/DF)
Os Últimos Românticos do Mundo, de Henrique Arruda (Recife/PE)
Quantos Eram Pra Tá?, de Vinícius Silva (São Paulo/SP)

Foto: Vanessa Mota.