Juliette Binoche e François Civil em Quem Você Pensa que Sou.
A diversidade da cinematografia francesa chega mais uma vez ao Brasil com o Festival Varilux de Cinema Francês, que acontecerá entre os dias 6 e 19 de junho. Consolidado como o maior festival de filmes franceses fora da França, em sua décima edição e no ano em que ultrapassa a marca de um milhão de espectadores no país, o Varilux traz para o público uma programação composta por 16 longas-metragens recentes, um clássico e um filme de ação com uma sessão aberta ao público apenas no Rio de Janeiro.
Comédia, animação, drama, ação e filmes históricos são algumas opções desta edição. O público terá a oportunidade de assistir aos mais novos trabalhos de cineastas, astros e estrelas consagradas e também de premiados jovens talentos que imprimem diversidade e originalidade ao cinema francês.
Uma das mais populares atrizes francesas, Juliette Binoche está no filme Quem Você Pensa que Sou, no original Celle que vous croyez, dirigido por Safy Nebbou. A obra retrata o caso de catfishing de uma mulher que, para espionar seu marido, cria um perfil falso nas redes sociais forjando ser muito mais nova do que realmente é. Ela atua ao lado de François Civil, ator em ascensão que prestigiará o Festival e representará ainda a comédia romântica Amor à Segunda Vista, no original Mon Inconnue, onde divide a cena com Joséphine Japy, também presente esse ano.
Em Finalmente Livres (En Liberté), de Pierre Salvadori, que foi premiado na Quinzena dos Realizadores, em Cannes, e indicado ao César Awards, Pio Marmaï e Damien Bonnard dividem a cena com Adèle Haenel. Pierre Niney, conhecido pelo público brasileiro por sua atuação em Yves Saint Laurent e Frantz, está em Através do Fogo (Sauver ou périr), de Frédéric Tellier. Já a prestigiada Camille Cottin participa de O Mistério de Henri Pick (Le mystère Henri Pick) ao lado do consagrado Fabrice Luchini.
Pierre Niney no drama Através do Fogo, de Frédéric Tellier.
O cinema francês, mais do que qualquer outro no mundo, faz questão de abordar questões sociais. Assim, dois filmes encenam o tema escaldante do abuso sexual este ano. O premiado Graças a Deus (Grâce à Dieu), de François Ozon, retrata a história real do padre acusado de molestar dezenas de meninos entre os anos 1980 e 1990. A produção foi vencedora do Urso de Prata, Grande Prêmio do Júri, no Festival de Berlim deste ano. O ator Swann Arlaud, vencedor do Prêmio César, interpreta um dos três personagens principais desse filme e estará presente no festival.
Exibido em Cannes, Inocência Roubada (Les Chatouilles), de Andréa Bescond e Eric Métayer, é baseado na história real vivida pela diretora e mostra a dança como um importante meio de superar traumas sofridos a partir de abusos sexuais na infância. O longa, que passou na mostra Un Certain Regard no ano passado, garantiu dois prêmios César nas categorias de melhor roteiro adaptado e melhor atriz coadjuvante para Karin Viard.
A história da luta dos franceses por seus direitos também será uma das temáticas apresentadas pelo festival. Em julho deste ano comemora-se 230 anos da Tomada da Bastilha e o longa A Revolução em Paris (Un peuple et son roi), de Pierre Schoeller, revisita parte desta história. Na ocasião, o povo francês uniu-se contra a monarquia de Luís XVI exigindo uma transformação na sociedade. Sob os ideais de Liberdade, Igualdade, Fraternidade, o movimento derrubou o Antigo Regime. O elenco conta com Gaspard Ulliel, Adèle Haenel e Louis Garrel.
Cena de A Revolução em Paris: duas indicações ao César Awards.
Outro aniversário é o de 30 anos do clássico Cyrano de Bergerac, de Jean-Paul Rappeneau, com o consagrado Gérard Depardieu, baseado na comédia heroica de Edmond Rostand, cuja criação em 1897 é objeto de outro filme da seleção, a cinebiografia Cyrano Mon Amour, de Alexis Michalik, que virá ao festival. Esse filme mostra o processo criativo do dramaturgo francês ao escrever a aclamada peça Cyrano de Bergerac, sua obra de sucesso traduzida em mais de 40 línguas e tendo seu personagem considerado arquétipo humano como Hamlet e Don Quixote. Cyrano de Bergerac acumulou diversos prêmios pelos festivais onde passou. Ganhou o Oscar de melhor figurino, em 1991, além das indicações para melhor ator (Depardieu), filme estrangeiro, direção de arte e maquiagem. No Festival de Cannes, o protagonista levou o troféu de melhor ator, em 1990. No Globo de Ouro, a produção venceu na categoria de melhor filme estrangeiro. Além disso, recebeu dez estatuetas no César, considerado o Oscar francês, entre elas, melhor filme, melhor ator e melhor direção.
Rebelde e tipicamente francês, um dos personagens mais icônicos do país, marca presença no festival: o invencível Asterix. Na programação, seu mais novo filme e, como os outros, dedicado a toda a família: Asterix e o Segredo da Poção Mágica (Astérix – Le Secret de la Potion Magique), de Louis Clichy e Alexandre Astier. A animação tem roteiro original e a trama conta a aventura da dupla Asterix e Obelix na busca de um novo guardião para a poção mágica da Gália e na tentativa de impedir que a receita caia nas mãos erradas. O filme levou mais de quatro milhões de pessoas aos cinemas na França e também será projetado no âmbito das várias sessões educativas organizadas por todo país.
Estrelado por Omar Sy e por François Civil, o thriller de ação O Chamado do Lobo (Le chant du loup), de Antonin Baudry, terá sessão ao ar livre no Rio de Janeiro. A superprodução poderá ser vista no dia 9, domingo, às 18h30m, na Capitania dos Portos.
Gérard Depardieu e Vincent Perez em Cyrano de Bergerac.
Completam a programação: a comédia dramática Boas Intenções (Les bonnes intentions), de Gilles Legrand; Os Dois Filhos de Joseph (Deux fils), com Vincent Lacoste e Benoît Poelvoorde; o drama de guerra Filhas do Sol (Les filles du soleil), de Eva Husson, com Golshifteh Farahani e Emmanuelle Bercot; Um Homem Fiel (L’homme fidèle), dirigido por Louis Garrel, com Laetitia Casta e Lily-Rose Depp; O Professor Substituto (L’heure de la sortie), de Sébastien Marnier; e a comédia dramática Meu Bebê, com Sandrine Kiberlain e Arnaud Valois.
A delegação francesa formada por nove pessoas, entre atores e diretores, desembarca em São Paulo no dia 5 de junho. Além dos eventos de abertura, apresentam seus filmes em sessões com debate com o público. Para apresentar o filme Amor à Segunda Vista, de Hugo Gélin, estarão no país a atriz Joséphine Japy e o ator François Civil. A produção foi assistida por cerca de 340 mil espectadores na França e Civil recebeu o Prêmio de Interpretação Masculina no Festival International du Film de Comédie de l’Alpe d’Huez.
Para representar a comédia Meu Bebê (Mon Bébé), que traz a terna relação de uma mãe com sua filha caçula que está prestes a sair de casa para estudar no Canadá, virão a diretora Lisa Azuelos e a jovem atriz Thaïs Alessandrin. Mãe e filha na vida real, a história do longa é inspirada nas experiências e sensações vividas por elas. Assistido por quase 600 mil pessoas na França, o longa recebeu o Grand Prix de direção e de melhor atriz para Sandrine Kiberlain no Festival International du Film de Comédie de l’Alpe d’Huez.
Outra dupla presente nesta edição é o casal de diretores Éric Métayer e Andréa Bescond, que está no comando de Inocência Roubada. O roteiro foi escrito originalmente para o teatro e venceu o Prêmio Molière de melhor monólogo, em 2016. Além disso, o diretor, autor e roteirista Alexis Michalik estará no Brasil para falar sobre Cyrano Mon Amour. Outro diretor integrante da delegação é Pierre Scholler, de A Revolução em Paris, que levou 219 mil pessoas aos cinemas franceses.
Emmanuelle Bercot, Golshifteh Farahani e Mehdi Taleghani em Filhas do Sol.
Mais de 80 cidades brasileiras, nas quais também estão 20 unidades do SESC, exibirão a programação do Festival Varilux. São Paulo, no dia 5 de junho, e o Rio de Janeiro, nos dias 6, 7 e 8 de junho, recebem ainda a delegação artística formada por atores e diretores. Além da exibição dos longas-metragens, o festival realiza também atividades paralelas como sessões com debates com participação de integrantes da delegação, ações e sessões educativas e o 3º Laboratório Franco-Brasileiro de Roteiros sob a coordenação de François Sauvagnargues, especialista de ficção e diretor geral do FIPA, Festival Internacional de Programação Audiovisual. Com inscrições prévias, o Laboratório acontece entre 3 e 7 de junho no Rio de Janeiro.
“Queremos dedicar essa décima edição à formidável criatividade da sétima arte francesa, aos exibidores e distribuidores brasileiros que resistem; ao entusiasmo e à curiosidade do público; a todos aqueles e aquelas que nos apoiam e a todos os que defendem a diversidade cultural e cinematográfica no Brasil”, enfatiza Christian Boudier, diretor e curador do festival.
“Em 2010, o Festival era apresentado em nove cidades para 22 mil espectadores. No ano passado, desembarcou em 88 cidades e conquistou 180 mil espectadores, provando que o público para um cinema diferente é sempre mais numeroso. Tivemos mais de 600 projeções gratuitas através da parceria com o SESC, uma rede preciosa para a democratização da cultura no Brasil, e mostramos que o Festival também se dedica a formar novos públicos”, conclui Emmanuelle Boudier, diretora e curadora do Varilux.
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Fotos: Divulgação.