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30º Cine Ceará – Festival Ibero-americano de Cinema: conheça os vencedores

por: Cinevitor

vencedorescineceara2020Katia Blander e Sávio Fernandes no encerramento: prêmios para o curta Noite de Seresta.

Foram anunciados nesta sexta-feira, 11/12, os vencedores do 30º Cine Ceará – Festival Ibero-americano de Cinema. A cerimônia de premiação foi gravada no Theatro José de Alencar e transmitida na tela do Cineteatro São Luiz, seguindo os protocolos de biossegurança, no canal do festival no YouTube e na TV Ceará.

Antes do anúncio dos vencedores, foi realizada a solenidade de encerramento, gravada no Cineteatro São Luiz. Lázaro Ramos foi homenageado pelo festival e recebeu o Troféu Eusélio Oliveira. O ator enviou um vídeo de agradecimento, projetado na ocasião. Após a homenagem, foi exibido o longa O Silêncio da Chuva, de Daniel Filho, em sessão hors-concours.

O documentário autobiográfico A Meia Voz (A Media Voz), de Patricia Pérez e Heidi Hassan, ganhou o Troféu Mucuripe nas categorias de melhor longa-metragem e melhor montagem, além do prêmio no valor de R$ 20 mil para distribuição do filme no Brasil, conforme regulamento do festival. O prêmio de melhor direção foi para Théo Court por Branco no Branco (Blanco en Blanco). A coprodução entre Chile, Espanha, França e Alemanha também venceu em outras três categorias.

Na Competitiva Brasileira de curta-metragem, o filme cearense Não Te Amo Mais, de Yasmin Gomes, ganhou o Troféu Mucuripe de melhor curta, eleito pelo júri oficial da mostra, e o Prêmio CTAv (Centro Técnico Audiovisual). Já O Barco e o Rio, de Bernardo Ale Abinader, venceu o Prêmio da Crítica, concedido pelo Júri Abraccine, e o Troféu Samburá de melhor curta-metragem, oferecido pela Fundação Demócrito Rocha e o Vida & Arte.

Cabeça de Nêgo, de Déo Cardoso, foi o vencedor do Troféu Mucuripe de melhor longa da Mostra Olhar do Ceará, eleito pelo júri oficial. Noite de Seresta, de Sávio Fernandes e Muniz Filho, foi eleito o melhor curta-metragem pelo júri oficial da mostra e ganhou, além do Troféu Mucuripe, o Prêmio Unifor de Audiovisual no valor de R$ 5 mil.

O Júri Olhar Universitário, formado por alunos de audiovisual da Universidade Federal do Ceará, Unifor, Vila das Artes e Porto Iracema das Artes, concedeu o Prêmio Olhar Universitário de melhor curta para Terceiro Dia, de Jéssica Queiroz. O longa-metragem Rio de Vozes, de Andrea Santana e Jean-Pierre Duret, foi o vencedor do Prêmio Enel de Sustentabilidade, no valor de R$ 5 mil. Foi escolhido por ser o filme que melhor desenvolveu a temática Um mundo melhor e mais sustentável para as gerações futuras.

Escolhido pelo júri Olhar Universitário, o Prêmio Cagece Mostra Hábitos de melhor curta-metragem, no valor de R$ 3 mil, foi para Trajetória, de José Walter Brilhante Júnior. A mostra, voltada para a realização de filmes captados em aparelho celular e dispositivos móveis, foi uma realização do 30° Cine Ceará em parceria com a Companhia de Gestão de Recursos Hídricos –  CAGECE.

Neste ano, o Júri Oficial foi formado por Ela Bittencourt, George Walter e Celso Sabadin na Mostra Competitiva ibero-americana de longa-metragem; Flávia Miranda, Filippo Pitanga e Carlos Wanderley na Mostra Competitiva de curta-metragem; e Daniele Ellery, Camila Osório e Daniel Garcia na Mostra Olhar do Ceará.

Conheça os vencedores do 30º Cine Ceará:

MOSTRA COMPETITIVA IBERO-AMERICANA DE LONGA-METRAGEM

Melhor Filme: A Meia Voz, de Patricia Pérez e Heidi Hassan (Espanha/França/Suíça/Cuba)
Melhor Direção: Théo Court, por Branco no Branco
Melhor Atriz: Amanda Minujín, por As Boas Intenções
Melhor Ator: Roney Villela, por A Morte Habita à Noite
Melhor Roteiro: Era Uma Vez na Venezuela, escrito por Anabel Rodríguez Ríos e Sepp Brudermann
Melhor Fotografia: Era Uma Vez na Venezuela, por John Márquez
Melhor Montagem: A Meia Voz, por Heidi Hassan, Patricia Pérez e Diana Toucedo
Melhor Trilha Sonora Original: Branco no Branco, por Jonay Armas
Melhor Som: Branco no Branco, por Carlos García
Melhor Direção de Arte: Branco no Branco, por Amparo Baeza

MOSTRA COMPETITIVA BRASILEIRA DE CURTA-METRAGEM

Melhor Filme: Não Te Amo Mais, de Yasmin Gomes (CE)
Melhor Direção: A Volta para Casa, de Diego Freitas (SP)
Melhor Roteiro: A Beleza de Rose, de Natal Portela (CE)
Prêmio Aquisição Canal Brasil: 5 Estrelas, de Fernando Sanches (SP)
Troféu Samburá | Melhor curta-metragem: O Barco e o Rio, de Bernardo Ale Abinader (AM)
Troféu Samburá | Melhor Direção: Natal Portela, por A Beleza de Rose (CE)

MOSTRA OLHAR DO CEARÁ

Melhor longa-metragem: Cabeça de Nêgo, de Déo Cardoso
Melhor curta-metragem: Noite de Seresta, de Sávio Fernandes e Muniz Filho
Prêmio Unifor de Audiovisual: Noite de Seresta, de Sávio Fernandes e Muniz Filho
Prêmio Olhar Universitário de melhor curta-metragem: Terceiro Dia, de Jéssica Queiroz

OUTROS PRÊMIOS

Prêmio Enel de Sustentabilidade: Rio de Vozes, de Andrea Santana e Jean-Pierre Duret
Prêmio da Crítica | Melhor longa-metragem: Era Uma Vez na Venezuela, de Anabel Rodríguez
Prêmio da Crítica | Melhor curta-metragem: O Barco e o Rio, de Bernardo Ale Abinader
Prêmio Cagece Mostra Hábitos: Trajetória, de José Walter Brilhante Júnior

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Foto: Chico Gadelha.

A Meia Voz, de Heidi Hassan e Patricia Pérez Fernández, encerra a mostra competitiva de longas do 30º Cine Ceará

por: Cinevitor

meiavozcineceara1Documentário autobiográfico: premiado ao redor do mundo.

O documentário A Meia Voz (A Media Voz), dirigido pelas cineastas cubanas Heidi Hassan e Patricia Pérez Fernández, encerrou, na quinta-feira, 10/12, a Mostra Competitiva ibero-americana de longas-metragens da 30ª edição do Cine Ceará.

Através da correspondência audiovisual entre duas cineastas cubanas radicadas na Galiza e Genebra, articula-se o diálogo deste documentário etnoautobiográfico. Duas mulheres à beira dos 40 anos enfrentam os desafios da emigração, tentando se reconstruir longe do seu país natal. Duas histórias em que identidade, maternidade e criação se entrelaçam e impulsionam.

Vencedor do principal prêmio no IDFA, Festival Internacional de Documentários de Amsterdã, A Meia Voz também foi consagrado no Festival de Havana, Málaga, Atenas, Ventana Sur e CinéMartinique. Para falar mais sobre o filme, as diretoras participaram, direto de Madri, na Espanha, do debate mediado pela crítica de cinema Neusa Barbosa, que aconteceu no dia seguinte à exibição no Cineteatro São Luiz, em Fortaleza.

Sobre o começo do projeto, Patricia Pérez Fernández falou: “Foram quatro anos em fase de financiamento para conquistar os produtores sobre um projeto com caráter tão pessoal. Queríamos convencê-los de que, embora fosse um filme autobiográfico, falava também de um contexto geral. Tivemos que encontrar as palavras certas que dessem sentido ao projeto. Quando, finalmente, conseguimos o dinheiro, decidimos começar essa comunicação entre nós duas, que aparece já no começo do filme em tempo real. Passamos oito meses em intercâmbio de vídeo-cartas; demorou um pouco para encontrar a voz que precisávamos para traças esse arco entre nós”.

E completou: “A motivação principal para realizar o filme era entender como nos sentíamos com 40 anos, mulheres, imigrantes cubanas e cineastas. Todas essas respostas foram encontradas durante o processo do filme. Essa busca pela identidade, foi, pelo menos, o ponto de partida do processo criativo”.

meiavozdiretorasPatricia e Heidi: as cineastas participaram virtualmente do debate.

Heidi Hassan comentou sobre a linguagem do documentário: “Durante o processo do roteiro, enxergamos diversas possibilidades. Mas, encontramos a linguagem no momento da montagem, pois essa construção é complexa. O processo anterior de escrita era muito teórico e só ganhou sua forma real quando encontrou esse vínculo pessoal”. Patricia completou: “Esse processo foi feito de maneira separada. Eu escrevia, editava e pensava nas imagens e nos sons. A outra respondia da mesma maneira. Depois disso, o processo foi resolvido na própria edição com a montadora Diana Toucedo”.

Consagrado em festivais, Heidi lembrou da exibição em Cuba: “O filme tem feito uma carreira muito bonita por onde passa e consegue chegar aos corações de públicos diferentes. Certamente, a apresentação no Festival de Havana foi muito especial. Na sala, todos identificaram algum conhecido que tinha vivido uma história parecida. A questão da imigração é um tema muito recorrente em Cuba, porém pouco tratada no cinema”.

Questionada sobre a presença feminina nos filmes e festivais, Patricia comentou: “A participação hoje em dia é muito mais presente. Tenho visto muitos júris formados por várias mulheres, além de filmes premiados e dirigidos por mulheres. Na Europa, alguns editais apoiam projetos onde a equipe principal é feminina”. Heidi completou: “Isso é necessário e espero que em algum momento seja um cenário mais aberto, natural e equilibrado. Eu acredito que realizar esse filme é um ato de resistência; é um canto à resistência para defender nossa profissão”, finalizou.

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Fotos: Divulgação.

A Festa de Formatura

por: Cinevitor

afestadeformaturaposterThe Prom

Direção: Ryan Murphy

Elenco: James Corden, Meryl Streep, Nicole Kidman, Andrew Rannells, Keegan-Michael Key, Kerry Washington, Jo Ellen Pellman, Ariana DeBose, Tracey Ullman, Kevin Chamberlin, Mary Kay Place, Logan Riley, Sofia Deler, Nico Greetham, Nathaniel J. Potvin, Frank DiLella, Chet Dixon, Sam Pillow, Spencer Tomich, Portia Bartley, Carmyne Rey, Mia Danelle, Cora Lu Tran, Phi Kenzie, Lando Coffy, Caroline Rich, Beth Johnson Nicely, Patrick Wetzel, Pam Cook, Michele Levar, Kayley Stallings, Briana Price, Carly J. Casey, John Wusah, Jill K. Allen, Ryan Kendrick, Richard Tanner, Annie Ruby, Brenna Daly, Megan Truong, Riley Rydin, Colin McCalla, Sebastian Vale, Jack Daniel Stanley, Becky Stockton, Brooklin Thacher, Juliet Fischer, Alan Salazar, Lonnie Henderson, Carlena Britch, Louis Williams Jr., Ashley L Douglas, Leanne Langston, Jade Patteri, Owen O. Scarlett, Ry Chase, Brendan Jordan, Taylor Plecity, BJ Wolf, Noah Conner Der, Miracle Washington, Amanda LaCount, Ashley Porter, Nikki Keeshin, Ray Gordon, Sydney Lewis, Gigi Dia, David Eby, Kara Fry, Breanne Lawson, Josh Margulies, Naimah, Samas Wu.

Ano: 2020

Sinopse: Um grupo de estrelas decadentes da Broadway agita a vida de uma cidadezinha do interior ao ajudar uma garota proibida de levar a namorada à festa de formatura.

Nota do CINEVITOR:

nota-3-estrelas

Théo Court fala sobre Branco no Branco, filme exibido no 30º Cine Ceará

por: Cinevitor

branconobrancoceara1Cineasta: Théo Court participa do debate.

Na quarta-feira, 09/12, a Mostra Competitiva ibero-americana de longas da 30ª edição do Cine Ceará exibiu uma coprodução entre Chile, Espanha, França e Alemanha: Branco no Branco (Blanco en Blanco), de Théo Court.

No prelúdio do século XX, Pedro chega à Terra do Fogo, um território hostil e violento, para fotografar o casamento do poderoso fazendeiro Mr. Porter. A futura esposa, apenas uma garota, vira sua obsessão. Tratando de capturar sua beleza, trai o poder que domina o território. Descoberto e castigado, Pedro não consegue escapar e acaba sendo partícipe e cúmplice da sociedade que convive com o genocídio dos nativos Selk’nam.

O longa, exibido no Festival de Veneza do ano passado, recebeu três prêmios, entre eles, melhor filme segundo a FIPRESCI, Federação Internacional de Críticos de Cinema, e melhor direção da mostra Horizontes. Além disso, foi selecionado para os festivais de Havana, Santiago, Gijón, entre muitos outros.

Nascido de pais chilenos em Ibiza, Espanha, em 1980, o cineasta Théo Court mudou-se para o Chile em 1996, onde começou a estudar cinema. Estudou fotografia em Madri e mais tarde formou-se na Escuela Internacional de Cine de San Antonio de los Baños, em Cuba, com especialização em direção. Seu filme de tese, El Espino, foi selecionado para a Cinéfondation, em Cannes. Em 2007, recebeu o Hubert Bals Fund para desenvolver o roteiro de seu primeiro longa-metragem, Ocaso, que estreou no Festival de Cinema de Roterdã. Seus filmes foram exibidos extensivamente em festivais em todo o mundo; Blanco en Blanco é seu segundo longa-metragem.

alfredobrancobrancoAlfredo Castro em cena.

No dia seguinte à exibição no Cineteatro São Luiz, Théo Court participou de um debate mediado por Neusa Barbosa e falou sobre vários aspectos da produção: “O filme adota um pouco a estética e narrativa do próprio fotógrafo, que testemunha tanto a inocência da menina quanto a beleza da paisagem e o horror que vem depois. Tudo parte do ponto de vista deste fotógrafo, que tem como base uma fotografia de Julius Popper, que registrou essa matança e o extermínio da população originária da Terra do Fogo; na época, foi como se tivesse passado um anjo exterminador e destruído toda a cultura local”, disse o diretor.

Sobre sua escolha narrativa e referências, Théo falou: “A Terra do Fogo, que fica no extremo sul do continente americano, é conhecida como o fim do mundo. Ou o começo, depende do ponto de vista. Mas, esse não é um filme etnográfico. É uma ficção. Os personagens não existiram, mas foram criados em cima daquele contexto. Tive muitas referências de western, principalmente dos filmes de John Ford, que sou muito fã. E também referências literárias que passam por Samuel Baker e Franz Kafka”.

Branco no Branco é protagonizado pelo consagrado ator chileno Alfredo Castro, conhecido por diversos trabalhos, entre eles: Tony Manero, O Clube, De Longe Te Observo e, recentemente, o brasileiro Verlust, de Esmir Filho. Théo falou sobre essa parceria: “Eu já conhecia Alfredo de algum festival, no qual ele viu meu primeiro filme e gostou muito. A partir disso, começamos a manter contato e mandei a primeira versão do roteiro, perto de 2011. Ele sempre foi minha escolha para protagonizar o filme”. Também falou sobre a jovem atriz Esther Vega Pérez Torres, que interpreta Sara: “Ela foi encontrada em uma escola de teatro. O trabalho foi delicado, sempre com a presença da mãe e explicando tudo que estava acontecendo. O Alfredo também contribuiu muito para o trabalho dela, já que era seu primeiro filme”, revelou.

branconobranco2cearaO diretor fala sobre o filme exibido no Cine Ceará.

O trabalho de direção de fotografia de José Ángel Alayón também foi comentado: “A fotografia sempre foi trabalhada com, basicamente, luz natural, luz de vela, tochas e fogo. Além disso, tinha a questão geográfica e da logística em relação a um lugar muito isolado. Foi um trabalho muito cuidadoso. A preocupação era de capturar a atmosfera daquele lugar que apresenta tons de azul e violeta”.

Carlos García, renomado engenheiro de mixagem e designer de som, que trabalhou em filmes como O Abraço da Serpente, Pássaros de Verão e Ninfomaníaca também foi citado: “O som tem um protagonismo muito importante no filme e, por isso, me preocupei muito em registrar e trabalhar essa textura sonora, como o vento e os barulhos da própria casa. Trabalhamos com muito foley para ter essa interação com os objetos, o tato, os passos. Foi muito importante tudo isso”.

Ao final do debate, Théo concluiu: “Sendo um filme histórico, fizemos um paralelo com essa situação que o Chile ainda vive em relação à população indígena. Também faz um retrato dessa estratificação tão masculina do poder. Pra mim, era importante que as coisas fossem se transformando. Eu queria criar uma dinâmica que o espectador fosse ativo para somar seu ponto de vista interagindo com a proposta de direção”, finalizou.

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Fotos: Rogerio Resende/Divulgação.

Todos os Mortos

por: Cinevitor

todososmortosposterDireção: Caetano Gotardo e Marco Dutra.

Elenco: Mawusi Tulani, Clarissa Kiste, Carolina Bianchi, Thaia Perez, Agyei Augusto, Rogério Brito, Andrea Marquee, Leonor Silveira, Thomás Aquino, Luciano Chirolli, Teca Pereira, Vinícius Meloni, Eduardo Silva, Livia Silva, Tuna Dwek, Alaíde Costa, Gilda Nomacce, Ledda Marotti, Dagoberto Feliz, Lucio Correia, Edgar Castro, Palomaris Mathias Mansel, Pedro Souza, Luís Mármora, Eduardo Rodrigues Deguti Barros, Laura Vieira, Gustavo Vinagre, Clément Duboin, John Trengove, Othon Perdigão.

Ano: 2020

Sinopse: Na São Paulo de 1899, entre o passado conturbado do Brasil e seu presente fraturado, as mulheres da família Soares, antigas proprietárias de terra, tentam se agarrar ao que resta de seus privilégios. E Iná Nascimento, que viveu muito tempo escravizada, luta para reunir seus entes queridos em um mundo que lhes é hostil, enquanto procura dar vazão a suas próprias vontades.

*Filme visto no 48º Festival de Cinema de Gramado.

Nota do CINEVITOR:

nota-3,5-estrelas

Os 8 Magníficos

por: Cinevitor

8magnificosposterDireção: Domingos Oliveira

Elenco: Alexandre Nero, Carolina Dieckmann, Eduardo Moscovis, Fernanda Torres, Maria Ribeiro, Mateus Solano, Sophie Charlotte, Wagner Moura, Domingos Oliveira.

Ano: 2017

Sinopse: Em um dia de domingo, os atores Wagner Moura, Maria Ribeiro, Fernanda Torres, Carolina Dieckmann, Sophie Charlotte, Mateus Solano, Alexandre Nero e Du Moscovis almoçam na casa de um deles. O evento dá início a uma discussão sincera, divertida, instigante, descontraída e existencialista sobre a arte de representar, a profissão, a alma do ator e, sobretudo, às dúvidas sobre o amor e a vida.

Nota do CINEVITOR:

nota-3,5-estrelas

Nazinha Olhai Por Nós, de Belisario Franca, é exibido no 30º Cine Ceará

por: Cinevitor

nazinhaceara2Círio de Nazaré em Belém, no Pará: destaque no filme.

Dirigido por Belisario Franca, o documentário Nazinha Olhai Por Nós foi exibido na terça-feira, 08/12, na Mostra Competitiva ibero-americana de longa-metragem da 30ª edição do Cine Ceará.

O cineasta, que não conseguiu participar do evento presencialmente, mandou um vídeo de apresentação, que passou na telona do Cineteatro São Luiz: “É uma alegria estar no Cine Ceará, que marcou minha vida. Foi aqui que eu estreei o filme Menino 23, o primeiro da Trilogia do Silenciamento; a seguir veio o Soldados do Araguaia e agora Nazinha Olhai Por Nós. É sempre um prazer participar do Cine Ceará, um evento extremamente bem organizado e com uma curadoria que sempre nos reserva algumas pérolas”.

O filme se passa às vésperas do Círio de Nazaré, uma das maiores festividades católicas do mundo, e apresenta quatro presidiários que aguardam por um indulto especialmente concedido para aqueles que desejam celebrar Nossa Senhora de Nazaré, padroeira da cidade de Belém, no Pará.

nazinhaceara1O Brasil é a terceira maior população carcerária no mundo.

No dia seguinte à exibição, Belisario participou de um debate virtual, que foi mediado pela crítica Neusa Barbosa: “Essa última década eu fiquei muito interessado nessas questões ligadas ao silenciamento; a negação que nós, brasileiros, exercemos em muitos aspectos e muitas áreas. Isso sempre me chamou muita atenção. Em 2013, eu viajei para Belém, no Pará, e estive lá durante o Círio. Aquilo me deixou extremamente impactado pela demonstração de fé. Me impactou muito mais e me deixou comovido ver as pessoas muito simples nesses eventos e nos cortejos durante os dias que duram o Círio de Nazaré. Com isso, começamos uma especulação sobre que tipo de olhar poderia nos trazer lá. Chegamos à questão da saída temporária para presos, que possuem um determinado processo de bom comportamento, que permite que eles passem essa data específica com a família. Chegamos nesse caminho e começou o início de uma investigação para saber se tinha um filme ali”, disse o diretor.

Sobre o início e a ideia do projeto, Belisario comentou: “Estávamos interessados na questão de como a fé atravessava a vida dessas pessoas. A autorização para entrar naquele espaço aconteceu e começamos a falar com os presos. Claro que foi uma etapa mais demorada porque passamos antes por uma seleção [de personagens]; quem topava e quais histórias poderiam ser diferentes para que essa diversidade ficasse interessante. E aí chegamos nessas quatro pessoas que seguimos durante três anos e meio. Tudo teve que ser feito com muito cuidado e eles compreenderam que estávamos ali apenas observando essa trajetória”.

nazinhaceara3Manifestação religiosa em Belém, no Pará.

O diretor também comentou a abordagem utilizada no documentário: “O filme permite olhar sem glamourizar a violência dentro da prisão. Não precisa mostrar uma guerra de facção para mostra violência. Nesse filme, olhamos para as pessoas, demos voz a elas, acompanhamos suas histórias e entendemos que são pessoas como nós; com famílias, sonhos, irmãos, filhos, que se arrependem, que querem reconstruir suas vidas, que não conseguem se redimir, que falham de novo. É humano. Vemos quatro histórias com suas dificuldades, sonhos e decepções”.

Sobre a escolha dos personagens, comentou: “Selecionamos alguns personagens e começamos a gravar. Logo no início tínhamos um personagem que cuidava dos porcos, mas ele fugiu, desapareceu. Fizemos alguns outros acompanhamentos, mas, aos poucos, fomos gostando mais dos quatro que ficaram no filme. Um dos critérios de seleção era a diversidade e também a história e abordagem”.

Segundo dados informados no filme, o Brasil é a terceira maior população carcerária no mundo: “A nossa abordagem era deixar as histórias acontecerem na nossa frente e foi o que a gente pretendeu mostrar. Mas o dado, para bom entender, tá claro; qual é a questão de gênero, raça e classista. Claramente, com mínimo de recurso, você já tem outro tratamento diante da justiça, outras possibilidades. Notamos que dentro de um cárcere há pessoas oriundas de camadas menos favorecidas da sociedade brasileira. E isso também forma o quanto a justiça e o sistema penitenciário não estão preparados para lidar de uma maneira eficiente com essas pessoas, em qualquer aspecto. O Brasil tem mais de 800 mil pessoas em suas prisões com histórias muitas vezes parecidas, melhores ou piores que a gente conta”, finalizou.

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Fotos: Divulgação/Giros Filmes.

Era Uma Vez na Venezuela: Anabel Rodríguez Ríos fala sobre o documentário exibido no 30º Cine Ceará

por: Cinevitor

anabelvenezuela1A cineasta venezuelana durante o debate.

Depois de passar pelos festivais de Sundance, Toronto, Miami, Málaga, Atlanta, Hot Docs e ser premiado no Hot Springs Documentary Film Festival e no Festival de Cine Venezolano, o documentário Era Uma Vez na Venezuela (Érase Una Vez en Venezuela, Congo Mirador), de Anabel Rodríguez Ríos, foi exibido na Mostra Competitiva ibero-americana de longas da 30ª edição do Cine Ceará.

Sob os relâmpagos silenciosos do Catatumbo existe uma cidade aquática chamada Congo Mirador, ao sul do Lago Maracaibo, o maior campo petrolífero da Venezuela. Lá, as pessoas se preparam para as eleições parlamentares. Para a líder chavista do povoado, Tamara, cada voto conta, e faz todo o possível para obtê-los. Para Natalie, timidamente oposta, a política é uma arma para tirá-la do emprego de professora. A pequena Yoaini observa sua comunidade ficar lamacenta com a sedimentação e sua infância sendo dissolvida. Como pode uma vila de pescadores sobreviver à corrupção, poluição e devastação política?

Depois da exibição na segunda-feira, 07/12, no Cineteatro São Luiz, a diretora participou presencialmente de um debate mediado por Neusa Barbosa, que também foi transmitido no canal do YouTube do festival. Entre tantos assuntos, Anabel Rodríguez Ríos comentou sobre o seu primeiro contato com Congo Mirador: “Em 2008, eu estava me preparando para fazer uma série documental sobre os latino-americanos, que era coproduzida pelo Brasil [por Malu Campos]. Para falar da Venezuela, começamos a filmar naquela região para mostrar o fenômeno dos raios [Relâmpago do Catatumbo] que abre o documentário. Logo, as crianças se aproximaram em uma embarcação improvisada e assim tive o primeiro contato”.

Vale destacar que Relâmpago do Catatumbo, segundo a Wikipédia, é um fenômeno atmosférico que ocorre na Venezuela, somente sobre a foz do rio Catatumbo, onde ele deságua no lago Maracaibo. Os poderosos e frequentes relâmpagos sobre esta área relativamente pequena são considerados o maior gerador único do mundo de ozônio troposférico.

eraumavezvenezuela1Premiado: cena do documentário que rodou diversos festivais.

Depois desse primeiro contato, Anabel se aproximou ainda mais daquelas pessoas: “Um pouco depois, voltamos para filmar um curta, também produzido pela Malu, que se chama El Galón (The Barrel). E aí já foi uma aproximação mais direta com a população”. Com isso, ao longo de muitos anos, se tornou íntima daquelas pessoas: “Eu quis começar a contar essa nova história através das crianças. Foi um processo longo e decidimos focar na história da professora Tamara. Durante aqueles anos, aconteceram várias eleições, pois na Venezuela elas acontecem quase que anualmente. Só que nesse momento, em 2015, foi uma eleição muito tensa e aí decidimos focar nessa específica por ser a mais importante para mostrar”.

Recentemente, Era Uma Vez na Venezuela, também conhecido como Once Upon a Time in Venezuela, foi o escolhido do país para disputar uma vaga entre os finalistas na categoria de melhor filme internacional do Oscar 2021: “É uma honra ter o nosso filme escolhido. Primeiro porque quem seleciona é uma comunidade de cineastas [independente do governo] e ali haviam chavistas e não chavistas. Por isso, chegar nesse acordo foi incrível. Tinham outros filmes muito interessantes, como La Fortaleza [de Jorge Thielen Armand], que passou em Roterdã e Guadalajara”.

E falou mais sobre o prêmio da Academia: “Agora temos essa responsabilidade de empurrar o filme para que ele se torne visível. Temos uma estratégia, uma equipe; há também um apoio econômico de um distribuidor nos Estados Unidos, mas também estamos levantando recursos por crowdfunding. É como se fosse uma campanha eleitoral para conseguir chamar atenção dos membros da Academia. É publicidade pura e muito custoso. Me sinto uma formiga na Amazônia. Parece uma missão impossível… mas, vamos lá! Para Venezuela é uma esperança e funciona como um grito”.

Sobre a atual situação de seu país de origem, Anabel comentou: “A Venezuela vive algo muito complexo. A começar que as pessoas estão passando fome, não só o mais pobres, mas também da classe média como alguns dos meus familiares. As pessoas estão inventando formas de sobrevivência; uma forma de economia de escambo”.

anabelmalucinecearaAnabel e a produtora brasileira Malu antes da exibição do filme no São Luiz.

A cineasta, que hoje mora na Áustria, também revelou dados importantes sobre o cinema feito na Venezuela: “A situação atual é: no momento, não temos fundo para a realização dos filmes. Existe o Instituto de Cinema, que foi formado, há 30 anos, por uma lei através de cineastas. Há um concurso, mas perdeu-se a pluralidade. Quando tem dinheiro, por exemplo, consegue-se pouco, algo como mil dólares para fazer um filme. Não existe um interesse econômico em nossas histórias e por isso temos que procurar coproduções fora. Neste ano, foram produzidos apenas 15 filmes na Venezuela. Sempre dentro desse esquema de coprodução ou com cineastas que moram fora do país. Antes produziam três vezes mais”.

Ao final do debate, Malu Campos, produtora brasileira do filme, falou sobre sua participação no projeto: “Há alguns anos tenho acompanhado o trabalho de Anabel. Neste, queríamos realmente que fosse uma coprodução de fato e não só algo burocrático. Fizemos toda a parte de finalização de som no Brasil, com o Daniel Turini, que Anabel tem muita admiração. Essa foi a nossa grande contribuição para o trabalho”.

Sobre o lançamento do filme, Anabel comentou: “Já apresentamos o filme de forma on-line na Venezuela, mas nisso há um filtro porque nem todos conseguem pagar para assistir. Porém, a recepção tem sido muito boa. Através do IFDA estamos com um projeto de exibição pública para a população”.

*O CINEVITOR está em Fortaleza e você acompanha a cobertura do 30º Cine Ceará por aqui, pelo canal no YouTube e pelas redes sociais: Twitter, Facebook e Instagram.

Fotos: Rogerio Resende/Chico Gadelha/Divulgação.

AmarElo – É Tudo Pra Ontem

por: Cinevitor

amareloposteremicidaDireção: Fred Ouro Preto

Elenco: Emicida, Fernanda Montenegro, Wilson das Neves, Majur, Pabllo Vittar, MC Tha, Zeca Pagodinho, Lélia Gonzalez, Ruth de Souza, Carlinhos 7 Cordas, Marissol Mwaba, Indy Naíse, Nina Oliveira, Mateus Aleluia, Fabiana Cozza, Pastor Henrique Vieira, Pixinguinha, Ismael Silva, Clara Nunes, Mestre Marçal, Os Originais do Samba, Beth Carvalho, Jorge Aragão, Johnny Alf, Marcos Valle, Marcelo D2, Negra Li, Maria Rita, Rappin’ Hood, Angela Davis, Leci Brandão, Wilson Simonal, Abdias do Nascimento, Jé Santiago, Larissa Luz, Nave, Jamah, Toniquinho Batuqueiro, Veronica Valenttino, Evandro Fióti, Marielle Franco.

Ano: 2020

Sinopse: O documentário do rapper, escritor e pensador contemporâneo Emicida joga luz sobre a história da cultura brasileira e evidencia acontecimentos, movimentos e personagens negros que foram responsáveis pela formação histórica e cultural do país, mas foram invisibilizados ao longo dos anos. O artista costura a narrativa com outro marco na linha do tempo: o show que ele fez no Theatro Municipal de São Paulo, em 2019. O filme ainda traz cenas do processo criativo e da gravação do projeto de estúdio AmarElo, além de imagens dos bastidores do show e entrevistas com personalidades brasileiras.

Nota do CINEVITOR:

nota-3,5-estrelas

Era Uma Vez na Venezuela

por: Cinevitor

Érase Una Vez en Venezuela, Congo Mirador

Direção: Anabel Rodriguez Rios

Ano: 2020

Sinopse: Sob os relâmpagos silenciosos do Catatumbo existe uma cidade aquática chamada Congo Mirador, ao sul do Lago Maracaibo, o maior campo petrolífero da Venezuela. Lá, as pessoas se preparam para as eleições parlamentares. Para a líder chavista do povoado, Tamara, cada voto conta, e faz todo o possível para obtê-los. Para Natalie, timidamente oposta, a política é uma arma para tirá-la do emprego de professora. A pequena Yoaini observa sua comunidade ficar lamacenta com a sedimentação, e sua infância sendo dissolvida. Como pode uma vila de pescadores sobreviver à corrupção, poluição e devastação política?

*Clique aqui e leia a matéria especial sobre o filme no Cine Ceará.

*Filme visto no 30º Cine Ceará – Festival Ibero-americano de Cinema.

Nota do CINEVITOR:

Filmes de Ana García Blaya e Victor Furtado são exibidos no 30º Cine Ceará

por: Cinevitor

victorultimacidade1Victor Furtado no debate: primeiro longa como diretor.

A segunda noite da 30ª edição do Cine Ceará – Festival Ibero-americano de Cinema exibiu duas produções da Mostra Competitiva Ibero-americana de longa-metragem: o argentino As Boas Intenções (Las buenas intenciones), de Ana García Blaya; e o brasileiro Última Cidade, de Victor Furtado, em première mundial.

Lembrando que, este ano, o evento conta com exibições presenciais dos longas em competição no Cineteatro São Luiz, em Fortaleza, e também on-line no Canal Brasil pelo serviço de streaming Canais Globo, no YouTube e na TV Ceará.

Com Javier Drolas e Amanda Minujin no elenco, As Boas Intenções levou o Prêmio Especial do Júri no Festival de Havana do ano passado, Menção Especial no Festival Biarritz Amérique Latine e o Prêmio Jovem no Festival de San Sebastián. Além disso, foi exibido em Toronto, Mar del Plata, Palm Springs, entre outros.

A trama se passa em Buenos Aires, início dos anos noventa. Amanda tem 10 anos, dois irmãos mais novos e pais separados com quem os filhos vivem alternadamente. O pai, Gustavo, ama os filhos um pouco mais do que a si mesmo. Quando com ele, Amanda é obrigada a assumir o lugar de um adulto e a cuidar de todos como pode. Um dia, a mãe propõe a alternativa de levar os filhos morar fora do país, longe da crise econômica e da vida complicada do pai. A proposta coloca Amanda em xeque.

boasintencoescineceara2Amanda Minujin e Javier Drolas em As Boas Intenções.

Responsável pela trilha sonora do longa, Pablo García Blaya, irmão da diretora, marcou presença no Cine Ceará no debate realizado no dia seguinte com mediação de Neusa Barbosa; Ana García Blaya participou virtualmente: “O filme é bastante autobiográfico e poderia ter várias versões; do meu irmão, do meu pai, da minha mãe. Foi escrito há dez anos de forma muito livre e sincera e tem a ver com minha infância e meus pais. Também respeita um ponto de vista e um momento específico da minha vida. Fui muito fiel com minhas lembranças”, disse a diretora.

Sobre o uso de imagens antigas e caseiras no longa, ela revelou: “Eu tinha muitos vídeos que meu pai filmava quando éramos crianças e sempre usei esse material como referência para a direção de arte, figurino e atores. Não pensava em utilizá-lo no filme. Porém, percebi que poderia complementar a história e fui buscar mais arquivos”.

Pablo também falou sobre as influências familiares: “Nós crescemos em um ambiente musical, já que meu pai foi dono de uma loja de discos e também músico. Absorvemos muito isso e diversas situações do filme traduzem o ambiente sonoro que crescemos. Foi uma forma de reconstruir a cena musical da década de 1990”. E completou: “A realização do filme foi uma viagem sonora e uma reconstrução afetiva da nossa infância. Tivemos a colaboração de pessoas que eram clientes da loja de discos, que eram compositores e músicos e que oferecerem suas músicas, já que seria difícil conseguir versões originais de cantores consagrados”, finalizou.

boasintencoescineceara1Debate: Neusa BarbosaPablo García Blaya.

Depois da exibição do argentino, foi a vez do cearense Última Cidade, dirigido por Victor Furtado, tomar conta do Cineteatro São Luiz. O elenco conta com Julio Adrião, Hector Briones, Danilo Pinho, Yasmin Salvador, Cristina Costa, Liduina Costa, Maria do Carmo e José Rufino.

Montado em seu cavalo Cruzeiro, e na companhia de um andarilho chamado Tahiel, João adentra uma grande cidade do nordeste brasileiro para enfrentar àquele que tomou suas terras e acabou com sua família.

O diretor também participou do debate e comentou sobre a ideia do longa: “Foi um processo muito particular e singular. O argumento foi escrito em três noites durante um réveillon que fiquei sozinho; talvez concatenando algumas ideias em cima dessa intenção de despistar nosso imaginário nordestino e brasileiro. De lá pra cá, tive a imensa colaboração do corroteirista Thiago Mendonça. O processo de pré-produção refez esse roteiro e tivemos a participação de vários integrantes da equipe quando percebemos que precisávamos mudar um pouco o rumo da narrativa. Filmamos em 2018, enquanto nosso absurdo presidente estava recebendo uma facada, e isso foi alterando um pouco o estado de espírito do filme”.

ultimacidadecineceara2Julio Adrião em Última Cidade.

E completou sobre o processo de criação: “Os elementos principais do filme já estavam lá. Acredito que mudamos a consistência e o tom de algumas cenas no processo criativo antes de filmá-lo. O tema latino-americano já estava e acredito que essa contribuição que fizemos traz uma tradição do cinema brasileiro de lidar com esse tema da migração. Essa invenção do Nordeste que a gente tem caminhou junto com a abordagem desse tema pelas artes. O filme bebe muito de Glauber Rocha, por exemplo”.

O cineasta também falou sobre os atores: “A presença do elenco foi muito importante para dar corpo ao filme. Eu escrevi pensando nessas pessoas. O Julio Adrião foi um desafio porque ele é um carioca maravilhoso e tem a ver com a construção de um arquétipo; é um personagem difícil de ser interpretado porque é um personagem superficial que absorve uma complexidade que o filme pode ensaiar. Para isso, eu precisava de uma ator com a experiência do Julio. E a escola de teatro que ele carrega no corpo é um pouco a pegada de registro de atuação do nosso filme. Foi um trabalho gostoso de fazer porque nos preocupamos muito em compor esse elenco”.

Sobre referências e simbologias, Victor falou: “Eu não estou criando nada novo. A gente se propõe a remexer no que a América Latina e o Brasil já construíram. Miguel de Cervantes, por exemplo, é um autor que eu adoro e poderia ser uma ponte com o nosso universo sertanejo. É a velha história que a gente ainda não conseguiu romper e articular a sociedade para que os espaços de poder consigam transformar essa história. O passado parece ser a constatação desse futuro. Então, como mudar isso? É um filme muito de superfície e trabalhamos muito com símbolos. Acredito que eu não trato de uma maneira muito aprofundada a complexidade desse projeto de desenvolvimento, que nasce com a colonização europeia, mas embaralho isso em uma série de símbolos para que o espectador faça diversas interpretações”, finalizou.

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Fotos: Rogerio Resende/Divulgação.

Entrevista: Eduardo Morotó fala sobre A Morte Habita à Noite, filme de abertura do 30º Cine Ceará

por: Cinevitor

diretormoroto1cinecearaO cineasta pernambucano durante o debate do filme.

Depois dos discursos e da homenagem à atriz Gloria Pires, a noite de abertura da 30ª edição do Cine Ceará – Festival Ibero-americano de Cinema contou com a exibição do primeiro filme da Mostra Competitiva de longas: A Morte Habita à Noite, de Eduardo Morotó.

Protagonizado por Roney Villela e inspirado em contos do autor Charles Bukowski, o filme fez sua estreia nacional e presencial em Fortaleza. Antes disso, passou pelo Festival de Roterdã, Viña del Mar e Inffinito Film Festival, que rendeu um prêmio de atuação para Villela. Em breve, será exibido no Festival de Havana.

Aos cinquenta anos, alcoólatra e desempregado, a tábua de equilíbrio de Raul é sua paixão por Lígia, que nos últimos anos foi sua parceira de uma vida sem regras. Mas a relação entre os dois não é mais a mesma. Durante uma noite conturbada, Raul cruza com Cássia, uma jovem desgarrada e cheia de vida que vai despertar nele um lado antes desconhecido. O elenco conta também com Mariana Nunes, Endi Vasconcelos, Rita Carelli e Pedro Gracindo.

mortehabitanoite1Roney Villela e Endi Vasconcelos em cena.

Formado em Cinema, o pernambucano Eduardo Morotó já roteirizou e dirigiu curtas-metragens que têm acumulado mais de 80 prêmios em festivais nacionais e internacionais, como: Agreste Adentro, Mar Exílio, Quando Morremos À Noite, Eu Nunca Deveria Ter Voltado e Todos Esses Dias em que Sou Estrangeiro. Em 2017, rodou seus mais recentes filmes, o curta Repulsa, selecionado para vários festivais internacionais, e seu primeiro longa-metragem, A Morte Habita À Noite. Atualmente trabalha no desenvolvimento do seu segundo longa, Irmãos Karaiba.

Para falar mais sobre o filme de abertura do 30º Cine Ceará, exibido na competição ibero-americana de longas, conversamos com o diretor sobre a ideia do roteiro, referências, elenco e a importância de exibir o filme nos cinemas.

Aperte o play e confira:

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Fotos: Rogerio Resende/Divulgação.