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Repescagem da 44ª Mostra de São Paulo: conheça os filmes selecionados

por: Cinevitor

diasmostrasprepescagemKang-sheng Lee no filme Dias, de Tsai Ming-Liang.

A partir desta quinta-feira, 05/11, começa a repescagem da 44ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, uma nova chance para o público assistir aos filmes que se destacaram nesta edição.

Diferente dos outros anos, as sessões não serão presenciais, por conta da pandemia de Covid-19, e os títulos estarão disponíveis até o dia 8 de novembro na plataforma Mostra Play. Vale lembrar que o filme ficará disponível na biblioteca por até três dias, mas, a partir do momento que o espectador começa a assisti-lo, terá 24 horas para terminá-lo.

A seleção traz cerca de 130 títulos, entre eles, alguns finalistas ao Troféu Bandeira Paulista, como: os brasileiros Filho de Boi, de Haroldo Borges; Mar de Dentro, de Dainara Toffoli; e Valentina, de Cássio Pereira dos Santos. O português Mosquito, de João Nuno Pinto, uma coprodução entre França e Brasil, também estará disponível.

Conheça os filmes selecionados para a repescagem da 44ª Mostra de São Paulo:

#EAGORAOQUE, de Jean-Claude Bernardet e Rubens Rewald
17 QUADRAS, de Davy Rothbart
499, de Rodrigo Reyes
9,75, de Uluç Bayraktar
A DEUSA DOS VAGALUMES, de Anaïs Barbeau-Lavalette
A MARINA, de Étienne Galloy e Christophe Levac
A MORTE DO CINEMA E DO MEU PAI TAMBÉM, de Dani Rosenberg
A PASTORA E AS SETE CANÇÕES, de Pushpendra Singh
A SANTA DO IMPOSSÍVEL, de Marc Wilkins
A TERRA É AZUL COMO UMA LARANJA, de Iryna Tsilyk
A VIDA NA ESTRADA, de Adnan Faroq, Sidra Rezwan, Ekhlas Heydar Samubud e Salva Soleiman Sedo
AL-SHAFAQ – QUANDO O CÉU SE DIVIDE, de Esen Isik
ANA. SEM TÍTULO, de Lúcia Murat
ANERCA, RESPIRAÇÃO DA VIDA, de Markku Lehmuskallio
ANIMA, de Reza Golchin
AO ENTARDECER, de Sharunas Bartas
APENAS MORTAIS, de Liu Ze
AS ÓRBITAS DA ÁGUA, de Frederico Machado
AS VEIAS DO MUNDO, de Byambasuren Davaa
ASSIM COMO ACIMA, ABAIXO, de Sarah Francis
ASSIM DESSE JEITO, de Kislay
BEANS, de Tracey Deer
BERLIN ALEXANDERPLATZ, de Burhan Qurbani
CALAZAR, de Janis Rafa
CAMINHANDO CONTRA O VENTO, de Shujun Wei
CASULO, de Leonie Krippendorff
CAVALEIRO DE VERÃO, de Xing YOU
CHICO VENTANA TAMBÉM QUERIA TER UM SUBMARINO, de Alex Piperno
CICLO SOLITÁRIO, de Qi Zhang
CIDADE PÁSSARO, de Matias Mariane
CORRENDO PARA O CÉU, de Mirlan Abdykalykov
CORVOS, de Naghi Nemati
COZINHAR F*DER MATAR, de Mira Fornay
CRIANÇAS DO SOL, de Majid Majidi
DE VOLTA A VISEGRAD, de Julie Biro e Antoine Jaccoud
DENTE POR DENTE, de Julio Taubkin e Pedro Arantes
DEZESSEIS PRIMAVERAS, de Suzanne Lindon
DIAS, de Tsai Ming-Liang
EM MEUS SONHOS, de Murat Çeri
ENTRE CÃO E LOBO, de Irene Gutiérrez
ENTRE MORTES, de Hilal Baydarov
EQUINÓCIO, de Lena Knauss
ESPACATE, de Christian Johannes Koch
ESTAVA CHOVENDO PÁSSAROS, de Louise Archambault
ÊXTASE, de Moara Passoni
EYIMOFE (ESSE É MEU DESEJO), de Arie Esiri e Chuko Esiri
FEELS GOOD MAN, de Arthur Jones
FILHO DE BOI, de Haroldo Borges
GATO NA PAREDE, de Mina Mileva e Vesela Kazakova
GÊNERO, PAN, de Lav Diaz
GLAUBER, CLARO, de César Meneghetti
HAVEL, de Slávek Horák
IMPEDIMENTO EM CARTUM, de Marwa Zein
IRMÃ, de Luciana Mazeto e Vinícius Lopes
JANTAR NA AMÉRICA, de Adam Rehmeier
JOSEP, de Aurélien Froment
KAIRÓS, de Nicolás Buenaventura Vidal
KUBRICK POR KUBRICK, de Grégory Monro
LA FRANCISCA, UNA JUVENTUD CHILENA, de Rodrigo Litorriaga
LABIRINTO YO’EME, de Sergi Pedro Ros
LAMAÇAL, de Franco Verdoia
LIMIAR, de Rouzbeh Akhbari e Felix Kalmenson
LORELEI, de Sabrina Doyle
LUA VERMELHA, de Lois Patiño
MÃE DE ALUGUEL, de Jeremy Hersh
MÃES DE VERDADE, de Naomi Kawase
MALMKROG, de Cristi Puiu
MAMÃE, MAMÃE, MAMÃE, de Sol Berruezo Pichon-Riviére
MAR DE DENTRO, de Dainara Toffoli
MASTERS IN SHORT (curtas-metragens), de Sergei Losnitza, Jia Zhang-ke, Evan Johnson, Galen Johnson, Guy Maddin e Jafar Panahi
MATE-O E DEIXE ESTA CIDADE, de Mariusz Wilczyński
MATRIARCA, de Jure Pavlovic
MEU CORAÇÃO SÓ IRÁ BATER SE VOCÊ PEDIR, de Jonathan Cuartas
MEU REMBRANDT, de Oeke Hoogendijk
MINHA IRMÃ, de Stéphanie Chuat e Véronique Reymond
MISS MARX, de Susanna Nicchiarelli
MOSQUITO, de João Pinto Nuno
MULHER OCEANO, de Djin Sganzerla
MURMÚRIO, de Heather Young
NADANDO ATÉ O MAR SE TORNAR AZUL, de Jia Zhang-ke
NADIA, BORBOLETA, de Pascal Plante
NÃO HÁ MAL ALGUM, de Mohammad Rasoulof
NARIZ SANGRANDO, BOLSOS VAZIOS, de Bill Ross e Turner Ross
NAS ASAS DA PAN AM, de Silvio Tendler
NEM HERÓI NEM TRAIDOR, de Nicolás Savignone
NHEENGATU, de José Barahona
NOSSA SENHORA DO NILO, de Atiq Rahimi
NOTTURNO, de Gianfranco Rosi
NÚMEROS, de Oleg Sentsov e Akhtem Seitablaev
O ANO DA MORTE DE RICARDO REIS, de João Botelho
O CHARLATÃO, de Agnieszka Holland
O CLUBE VINLAND, de Benoit Pilon
O NARIZ OU A CONSPIRAÇÃO DOS DISSIDENTES, de Andrey Khrzhanovsky
O NEON ATRAVÉS DO OCEANO, de Matthew Victor Pastor
O PERGAMINHO VERMELHO, de Nelson Botter Jr
O PROBLEMA DE NASCER, de Sandra Wollner
O SÉCULO 20, de Matthew Rankin
O TREMOR, de Balaji Vembu Chelli
O ÚLTIMO BANHO, de David Bonneville
OLLIVER HAWK, O HIPNOTIZADOR, de Arthur Franck
ORDEM MORAL, de Mário Barroso
OS NOMES DAS FLORES, de Bahman Tavoosi
PAISAGEM NA SOMBRA, de Bohdan Sláma
PANQUIACO, de Ana Elena Tejera
PARI, de Siamak Etemadi
PIEDRA SOLA, de Alejandro Telemaco Tarraf
PRAZER, CAMARADAS!, de José Filipe Costa
PROBLEMAS COM A NATUREZA, de Illum Jacobi
QUANDO A LUA ESTAVA CHEIA, de Narges Abyar
QUANDO ANOITECE, de Braden King
REBELDES DE VERÃO, de Martina Saková
ROSE INTERPRETA JULIE, de Christine Molloy e Joe Lawlor
SANGUINETTI, de Christian Díaz Pardo
SEM RESSENTIMENTOS, de Faraz Shariat
SEM VOZ, de Pascal Rabaté
SHIRLEY, de Josephine Decker
SILÊNCIO E PÔR DO SOL, de Kazufumi Umemura
SPORTIN’ LIFE, de Abel Ferrara
STARDUST, de Gabriel Range
SUMMERTIME, de Carlos López Estrada
SUOR, de Magnus von Horn
TODAS AS MELODIAS, de Marco Abujamra
UM CRIME EM COMUM, de Francisco Marquez
UM DIA COM JERUSA, de Viviane Ferreira
UMA MÁQUINA PARA HABITAR, de Yoni Goldstein
VALENTINA, de Cássio Pereira dos Santos
VERÃO BRANCO, de Rodrigo Ruiz Patterson
VIVOS, de Ai Weiwei
WALDEN, de Bojena Horackova
XEQUE MATE, de Bruna Piantino

*Os títulos da repescagem da 44ª Mostra só poderão ser vistos até as 23h59 do dia 8 de novembro.

Foto: Divulgação.

Entrevista: ator Welket Bungué fala sobre Berlin Alexanderplatz, exibido na 44ª Mostra de São Paulo

por: Cinevitor

berlinwelket4Welket Bungué: protagonista em cena.

Exibido na Competição do Festival de Berlim deste ano, Berlin Alexanderplatz, de Burhan Qurbani, é baseado no romance homônimo escrito por Alfred Döblin. O longa, que disputou o Urso de Ouro, foi premiado no German Film Awards em cinco categorias, no Festival de Roterdã e também no Stockholm Film Festival.

Destaque da Perspectiva Internacional da 44ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, a trama se passa quando Francis, interpretado por Welket Bungué, é resgatado no litoral do sul da Europa e faz um juramento a Deus: de agora em diante, será um novo homem; um homem melhor e decente. Agora, Francis está em Berlim, onde se dá conta de como é difícil ser justo quando você é um refugiado ilegal na Alemanha; sem papéis, sem uma nação e sem autorização para trabalhar.

Ele, então, recebe uma oferta de trabalho de Reinhold, papel de Albrecht Schuch, um carismático alemão, com a promessa de conseguir dinheiro fácil. Francis, inicialmente, resiste à tentação, mantém seu juramento e se afasta dos negócios obscuros de Reinhold. Mas, eventualmente, ele se vê imerso no submundo de Berlim e sua vida fica totalmente fora de controle.

Para falar mais sobre o filme, conversamos por e-mail com o protagonista Welket Bungué, que foi premiado por sua atuação no Stockholm Film Festival. Nascido em Guiné-Bissau, também atuou em diversas produções brasileiras. Confira:

Berlin Alexanderplatz é baseado no romance homônimo de Alfred Döblin. A história já tinha sido adaptada para os cinemas, em 1931, por Phil Jutzi e também por Rainer Werner Fassbinder, na década de 1980, para uma série televisiva. Você já conhecia essas outras versões? Se não conhecia, chegou a ir atrás para buscar alguma referência? Como foi o seu trabalho de construção do personagem Francis?

Na verdade, eu somente ouvi falar do romance depois que fui contactado pela produtora alemã Sommerhaus, em abril de 2017. Depois disso, envolvi-me mais com o conceito criativo do Burhan para esta nova adaptação do romance do Alfred Döblin. Para encarnar o personagem assisti bastante filmes e, sobretudo, me conscientizei profundamente sobre as dinâmicas político-sociais que me influenciaram durante as minhas idas ao Brasil, e para outros quadrantes internacionais. Na verdade, sendo eu um artista internacionalizado, já tinha vivenciado algumas situações semelhantes às vividas pelo meu personagem no filme. E refiro-me a situações de injustiça social, ou mesmo de descriminação por preconceitos vários. Lembro-me de ler James Baldwin e de ver o filme Beasts of No Nation, e isso fortaleceu muito o meu imaginário do background do Franz B. Mas, este filme foi especialmente desafiador porque falo alemão em mais de 65% da trama, e até então eu não tinha nenhuma familiaridade nem com a língua nem cultura alemãs. Por isso, precisei de aprender alemão durante cerca de cinco meses.

berlinwelket2Welket Bungué e Albrecht Schuch em cena.

Como você chegou nesse projeto? E como foi o entrosamento com o elenco e com o diretor no set?

Esse projeto chegou até mim em 2017, em abril, logo após regressar ao Rio de Janeiro vindo do Festival de Berlim onde estivemos em competição com o filme Joaquim, de Marcelo Gomes. Recebi um e-mail maioritariamente escrito em alemão e em inglês, e de início até desconfiei que fosse spam. Depois disso, confirmou-se que era coisa séria, mas precisei fazer uma self tape para me apresentar para o diretor e para a produção. Depois, em outubro de 2017, sensivelmente, pude conhecer o diretor no contexto de casting ao vivo, onde igualmente conheci meus colegas Jella e Albrect. Penso que nesse momento, a química entre esse grupo triádico foi consensual e o diretor e o fotógrafo Yoshi perceberam que o filme começava a ganhar corpo e rostos vivos. Posteriormente, nos reunimos cada vez mais para discutir a origem do Francis, que acabou por ser assumidamente da Guiné-Bissau e não mais da Nigéria. O filme foi rodado entre maio e julho de 2018 na Alemanha e depois ainda filmei as cenas passadas em solo africano na África do Sul (Cape Town), em dezembro de 2018. A uma fusão de cumplicidade e de afeto ao longo do filme, que foi abençoada com a humanidade do nosso diretor Burhan Qurbani, e, claro, com a equipe que ele tem trabalhado desde o seu primeiro longa-metragem. Em especial, a minha performance no papel de Francis é muito iluminada pela parceria forte e constante do Albrecht Schuch, que interpreta Reinhold.

Berlin Alexanderplatz participou da Competição Oficial do Festival de Berlim deste ano e disputou o Urso de Ouro. Depois disso, foi premiado no German Film Awards. Pra você, como protagonista, qual a importância dessas participações em festivais e como isso afeta sua carreira?

O filme teve um lançamento até bastante gracioso tendo em conta que estamos a viver um ano atípico. Depois da Berlinale, tivemos 11 nomeações técnicas e artísticas no German Film Awards, das quais fomos premiados em cinco categorias. Foram momentos de grande emoção e que eu considero de grande prestígio para todos os envolvidos. Percebemos que o filme tem qualidade e que o júri viu com dedicação. Atribui-nos uma grande responsabilidade perante aquele que veio a ser o entendimento e comunicação do filme perante o público alemão dali em diante. Eu, sendo um cidadão natural da Guiné-Bissau, crescido e formado em Portugal, e agora a circular por todo o mundo, ver-me nomeado naquilo que é, à falta de melhor termo, a primeira liga de atores e atrizes alemães, é um grande marco para a minha trajetória artística. Mas, também do ponto de vista da minha autoestima, dos meus objetivos pessoais e de como se configura a paisagem humana no que toca à representatividade na indústria do cinema europeu. A Academia Alemã veio dar-me um selo de qualidade que poderá ser observado por um público internacional e isso deixa-me bastante feliz e curioso para ver o que se seguirá no futuro.

berlinwelket3Dupla em cena: Welket Bungué e Jella Haase.

Você recentemente ganhou uma sessão especial na Mostra CineBH com a exibição de alguns de seus trabalhos. Ao mesmo tempo, participava da Mostra de São Paulo com Berlin Alexanderplatz. Estes eventos ganharam uma abrangência ainda maior este ano por conta do formato on-line. Como foi a repercussão disso tudo para você? E qual a sua relação com o Brasil, visto que já participou de algumas produções nacionais como Corpo Elétrico e Joaquim?

As repercussões a esse respeito têm sido bastante generosas. Tenho conseguido alcançar um público mais amplo e verdadeiramente interessado nos conteúdos e temáticas abordadas na minha filmografia. E isso não tem preço! É um tipo de dinâmica que, para um artista independente, ainda não representado por nenhum produtor ou galeria de arte, é praticamente incansável em tão pouco tempo. É claro que o mediatismo associado ao meu trabalho como ator internacionalizado ajuda a alcançar uma maior amplitude de público, mas isso é um trabalho muito árduo. No entanto, sinto que com o formato on-line e pelas pessoas estarem mais sequiosas de consumir conteúdos com substância e profundidade, que isso ajudou-me a encontrar um nicho de pessoas ou de entusiastas que entendem e discutem mais os filmes que tenho produzido até aqui. Aparentemente sentimo-nos todos “periferizados” e as linguagens do meu “cinema de autorrepresentação” conseguem agora tocar mais as pessoas, porque há uma diluição de contextualizações sociopolíticas que acabam por de alguma maneira igualar-nos no sentido humano do termo. No entanto, a minha relação com o Brasil e o seu cinema ainda tem muito para dar. Isto é, aguardo a estreia do filme A Travessia de Pedro, de Laís Bodanzky, e A Matéria Noturna, de Bernard Lessa. Tomara que em 2021 possamos estar numa grandiosa estreia com um desses filmes!

Fotos: Divulgação.

28º Festival Mix Brasil anuncia filmes internacionais e atrações especiais

por: Cinevitor

mixbrasildragkidsQueen Lactatia no documentário Drag Kids, de Megan Wennberg.

O 28° Festival Mix Brasil, maior evento cultural dedicado à diversidade da América Latina e um dos maiores do mundo, acontecerá entre os dias 11 e 22 de novembro em formato on-line e gratuito. Algumas sessões presenciais acontecerão no CineSesc, assim como espetáculos teatrais no Centro Cultural da Diversidade e exposição em diversos centros culturais de São Paulo, com um número limitado de espectadores e respeitando os protocolos de segurança por conta da pandemia de Covid-19.

Com direção de André Fischer e direção executiva de Josi Geller, a programação do Festival Mix Brasil de Cultura da Diversidade traz 101 filmes, de 24 países, espetáculos de teatro, música, seminário de literatura, laboratório audiovisual, mesas sobre temas relevantes para comunidade LGBTQIA+, artes visuais e o já tradicional Show do Gongo. Tudo estará disponível na plataforma do Mix Brasil (clique aqui). Este ano, a homenageada com o prêmio Ícone Mix será a drag queen Marcia Pantera, criadora do movimento bate-cabelo e destaque em diversos filmes do cinema nacional, como Corpo Elétrico.

“Iremos sentir falta do calor humano e dos encontros antes das sessões, mas o lado bom é a democratização do conteúdo do festival, pois esse ano estaremos em todo Brasil”, observa Josi Geller. Para Fischer, a edição deste ano busca trazer uma mensagem de força e sorte como estímulo, para lembrar que tudo que está acontecendo vai passar e que sairemos mais fortes: “Encontramos essa potência na imagem da figa, símbolo-gesto europeu apropriado pelas religiões brasileiras de matriz africana. A comunicação visual desse ano surge a partir de trabalho original de Felippe Moraes, que o reproduziu especialmente para o festival nas mãos de diversas pessoas”; o resultado é uma exposição de fotografias em grandiosos lambe-lambes, que estará em diversos centros culturais de São Paulo.

mixbrasilverao85Benjamin Voisin e Félix Lefebvre em Verão de 85, de François Ozon.

O festival abrirá no dia 11/11, quarta-feira, às 20h, com uma cerimônia totalmente on-line, que contará com um pocket show da cantora Linn da Quebrada seguido da exibição do premiado filme argentino As Mil e Uma (Las Mil y Una), de Clarisa Navas, inédito no Brasil e selecionado para a mostra Panorama do Festival de Berlim. O longa faz um retrato contemporâneo da periferia da cidade argentina de Corrientes, onde Iris conhece Renata, uma mulher jovem com um passado difícil, e imediatamente se sente atraída por ela. Iris e seus amigos superam medos e lutam contra a intolerância ao seu redor para viverem seus primeiros amores e experiências sexuais. O filme ficará disponível na plataforma do festival a partir do término do show.

Uma seleção de grandes filmes que passaram pelos principais festivais de cinema do mundo marca o Panorama Internacional, seção organizada por João Federici, diretor de programação do Mix Brasil. Inéditos no Brasil, os destaques são: o drama Verão de 85 (Été 85), de François Ozon, que disputou a Concha de Ouro no Festival de San Sebastián; The World to Come, de Mona Fastvold, vencedor do Queer Lion no Festival de Veneza deste ano e exibido em San Sebastián, protagonizado por Katherine Waterston e Vanessa Kirby; I Carry You with Me, de Heidi Ewing, que levou o Prêmio do Público no Festival de Sundance; a comédia dramática Saint-Narcisse, de Bruce La Bruce, que recebeu o Graffetta d’Oro no Festival de Veneza; Lingua Franca, de Isabel Sandoval, grande vencedor do Queer Lisboa 2020; o drama Suk Suk, de Ray Yeung, exibido no Festival de Berlim e premiado no Hong Kong Film Awards.

mixbrasiltheworldtocomeKatherine Waterston e Vanessa Kirby em The World to Come, de Mona Fastvold.

A lista segue com: Shiva Baby, comédia dirigida por Emma Seligman, exibida no Festival de Toronto e premiada no L.A. Outfest na categoria de melhor roteiro; o documentário Pequena Garota (Petite fille), de Sébastien Lifshitz, premiado no Festival de Chicago e exibido em Berlim; a comédia australiana Ellie & Abbie (& Ellie’s Dead Aunt), de Monica Zanetti; o drama argentino Emilia, de César Sodero, destaque do Festival de Roterdã; Cured, de Patrick Sammon e Bennett Singer, eleito pelo público como o melhor documentário do Frameline Film Festival; o chileno A Morte Virá e Levará Seus Olhos (Vendrá la Muerte y Tendrá Tus Ojos), de José Luis Torres Leiva, premiado no Mar del Plata Film Festival e exibido em San Sebastián e no IndieLisboa; e o documentário A Cidade Era Nossa (De stad was van ons), de Netty van Hoorn, documentário sobre o movimento lésbico holandês nos anos 1970.

E mais: o romance chileno Caminhos Esquecidos (La Nave del Olvido), de Nicol Ruiz Benavides; 7 minutes, de Ricky Mastro; o documentário Sempre Amber (Always Amber), de Hannah Reinikainen Bergenman e Lia Hietala, exibido em Berlim; Cigarra (Cicada), de Matthew Fifer e Kieran Mulcare, premiado no NewFest: New York’s LGBT Film Festival; o documentário Drag Kids, de Megan Wennberg, exibido no Hot Docs; e o chileno Los Fuertes, de Omar Zúñiga Hidalgo, exibido no Festival de Gramado deste ano e premiado no L.A. Outfest.

mixbrasilosfortesSamuel González e Antonio Altamirano em Los Fuertes, de Omar Zúñiga Hidalgo.

A Mostra Competitiva de filmes brasileiros, divulgada anteriormente, reúne nove títulos em uma seleção fortemente marcada pelas investigações das afetividades e identidades da população LGBTQIA+. Entre os concorrentes ao Coelho de Ouro, a maioria fará sua première nacional no festival. Além disso, quatro documentários relatam as vivências de diferentes populações ignoradas ou marginalizadas do nosso país no panorama Vozes do Brasil Real. Clique aqui e relembre os selecionados.

Já os curtas metragens contam com uma Mostra Competitiva com 13 filmes, de 7 estados, além de outros 48 trabalhos nacionais e 20 estrangeiros. Os 13 programas temáticos de curtas trarão temas como Corpos Cênicos, Golden Girls & Boys, Identidade e Política, Inconciliáveis, Mix Jovem, Mulheres Alfa, Nós Duas, Sagrades, Sexy Boyz 2020, SP Mix, Tensão em Família e Crescendo com a Diversidade, destinado ao público de todas as idades. Clique aqui e confira a seleção.

O júri da Mostra Competitiva Brasil de longas será formado por: Gil Baroni, diretor de Alice Júnior, grande vencedor do Mix do ano passado; a cineasta Livia Perez; e a apresentadora da TV Cultura, Adriana Couto. A Mostra Competitiva Brasil de curtas terá no júri: a atriz Bruna Linzmeyer; o artista e realizador Asaph Luccas; e a cineasta Carol Markowicz.

mixbrasilcigarraSheldon D. Brown e Matthew Fifer em Cigarra.

O Mix Talks, com produção de Gustavo Koch e mediação de Ali Prando, que também são co-curadores do evento, promove a sexta edição da conferência que ganha nova roupagem com o objetivo de aproximar o público de discussões muitas vezes restritas a ambientes acadêmicos. A lista reúne convidados como as cantoras Jup do Bairro e Marina Lima, a intelectual Joanna Burigo, o ativista Victor Di Marco, personalidades como Erika Palomino, atual diretora do CCSP, Centro Cultural São Paulo, e Daniel Nolasco, diretor do longa-metragem Vento Seco. Ao todo, 18 convidados vão se revezar nas conversas. Entre os temas, questões como decolonialidade na arte, a cultura ballroom e até mesmo a cantora Madonna, que inspira um painel sobre envelhecimento e mídia. Se Toque: O Corpo Feminino Além da Erotização, mesa de feminismo que tem a curadoria e produção de Vanessa Siqueira e mediação da Bárbara Falcão, com Gabriela Garcia, Gaia Qav e Márcia Zuliane, completa a programação.

No momento em que o distanciamento social é necessário, o Show do Gongo será transmitido on-line e ao vivo no dia 16 de novembro direto do Centro Cultural da Diversidade para todo o Brasil. A dinâmica continua a mesma: desapegados realizadores apresentam seus vídeos para o julgamento do público do Mix Brasil, cabendo à fabulosa Marisa Orth gongar ou não.

O Mix Music apresenta, nesta edição on-line, shows viscerais, ao vivo, com artistas importantes da cena LGBTQIA+, como: Linn da Quebrada, Bia Ferreira, Jaloo e Martte. Já o Mix Literário, que conta com curadoria de Alexandre Rabello, chega a sua terceira edição trazendo mesas com a participação de nomes fundamentais do mercado editorial nacional, autores e editores que discutem o lugar da comunidade LGBTQIA+ na produção literária. Entre os destaques estão: Luiz Fernando Prado Uchôa e Jordhan Lessa; Beatriz RGB; Itamar Vieira Junior e Marco Severo; Francisco Mallmann, Mike Sullivan, Natalia Borges Polesso e Maya Falks. O evento também lança, em parceria com a editora Reformatório, o Prêmio Caio Fernando Abreu de Literatura, destinado à publicação em livro inédito focado na diversidade, além de premiar com o troféu Coelho de Prata uma obra publicada em livro físico entre outubro de 2019 e setembro de 2020, cuja narrativa se relacione a vivências e questões específicas da comunidade LGBTQIA+.

mixbrasilbrucelabruceFélix-Antoine Duval em Saint-Narcisse, de Bruce La Bruce.

A parte teatral do Mix traz a primeira edição do Prêmio Dramática. Seis textos inéditos, selecionados a partir de um edital, concorrerão ao Coelho de Ouro (Prêmio do Júri) e Coelho de Prata (Prêmio do Público). As apresentações, que seguirão todos os protocolos sanitários, serão ao vivo com presença de público limitado no Centro Cultural da Diversidade e transmitidas para todo o país. Os concorrentes são: Wonder! Vem pra Barra Pesada!, de Rafael Carvalho e Wallie Ruy; Meta-Me – Um Dossiê de Ode ao Júbilo, solo de Bruno Canabarro; MINI-BIUs, BILs, BIOs, com Andreya Sá e Carlos Jordão e direção de Marina Mathey; O Armário Normando, com direção e performance de Janaina Leite e André Medeiros Martins, do Grupo XIX; Rainha, de Guilherme Gonzalez e atuação de Sérgio Rufino; e Vírus Manifesto – Onde Estão os Meus Chinelos?!…, de Davi Parizotti e direção de Thiago Sak.

A 5ª edição do MixLab Spcine, encontro que visa o intercâmbio de experiências e relações profissionais na área cinematográfica, será totalmente on-line e abre com uma masterclass do cineasta Esmir Filho. O evento conta ainda com mesas como Criação e produção de audiovisual LGBTQIA+ independente em tempos de pandemia e Produção de conteúdo LGBTQIA+ na cidade de São Paulo. A parceria com a Spcine também é representada por uma vitrine exclusiva de destaques do festival, que será exibida dentro da plataforma Spcine Play durante 90 dias a partir do início do evento.

Uma série de fotografias em grandiosos lambe-lambes, desenvolvidas pelo artista Felippe Moraes, com o gesto da Figa, identidade visual da 28ª edição do Mix, que pela primeira vez não tem uma palavra como tema, estará em exposição espalhada por diversos centros culturais de São Paulo como CCN (Centro de Culturas Negras – Mãe Sylvia de Oxalá), CCJ (Centro Cultural da Juventude Ruth Cardoso) e CCD (Centro Cultural da Diversidade) e Vila Itororó. A exposição gratuita, que abre dia 14 de novembro e vai até 23 de dezembro, das 11h às 15h, traz este símbolo europeu que se fundiu aos cultos de terreiro, disseminando-se popularmente como amuleto de proteção contra forças destrutivas.

mixbrasilalwaysamberCena do documentário Always Amber, de Hannah Reinikainen Bergeman e Lia Hietala.

Toda a programação on-line do Mix Brasil 2020 poderá ser acessada gratuitamente pelo site do evento. Os filmes poderão ser assistidos pelas plataformas digitais InnSaei, Sesc Digital e Spcine Play. O acesso a alguns filmes será limitado e alguns longas serão exibidos apenas em sessões presenciais, como: Verão de 85, The World to Come e I Carry You with Me.

O Festival Mix Brasil de Cultura da Diversidade é organizado anualmente desde 1993 pela Associação Cultural Mix Brasil que tem como missão a promoção do respeito e livre expressão da diversidade sexual. O objetivo do Mix Brasil é apresentar novas possibilidades para a comunidade LGBTQIA+ livres de preconceitos, promovendo a tolerância, compreensão, cidadania e o combate a toda forma de discriminação.

Fotos: Divulgação.

Entrevista: cineasta Dainara Toffoli fala sobre Mar de Dentro, exibido na 44ª Mostra de São Paulo

por: Cinevitor

monicaiozzimardedentroEm vez de romantizada, a maternidade humanizada.

Dirigido por Dainara Toffoli e protagonizado por Monica Iozzi, Mar de Dentro é um dos destaques da Mostra Brasil da 44ª edição da Mostra Internacional de Cinema em São Paulo e segue disponível na plataforma Mostra Play até quarta-feira, 04/11.

O longa, que está entre os finalistas ao Troféu Bandeira Paulista, sendo um dos mais votados pelo público, reflete, por meio da história particular da protagonista, as dúvidas e inquietações que rondam muitas mulheres ao redor do mundo a respeito da maternidade.

O filme fez sua première mundial em junho no festival Cine Las Americas. A estreia nacional aconteceu na Mostra de São Paulo pela plataforma do evento e também será exibido em uma sessão especial no Belas Artes Drive-in no dia 03/11, terça-feira.

A trama acompanha a trajetória de Manuela, uma profissional liberal, que vive em uma grande cidade, tem uma carreira estabelecida e uma vida amorosa livre. Mas, quando engravida de um colega de trabalho, encara uma mudança de vida cujo impacto não é capaz de controlar. As transformações em seu dia a dia vão desde as perdas em relação ao cargo que ocupa no trabalho, as questões emocionais, as transfigurações e oscilações em seu corpo e até mesmo uma inesperada solidão. Enquanto lida com tantos desafios, ela se defronta com uma fatalidade que afeta ainda mais seu destino. Entre tantas transformações, Manuela, afinal, quer aprender a ser e a se descobrir mãe, mesmo sem, a priori, gostar da maternidade.

Assim, o filme propõe que o espectador mergulhe e tenha uma vivência na experiência única daquela mulher. Uma mulher que, sufocada pela rotina extenuante do bebê, acha que tem que cuidar de tudo sozinha. E quando precisa voltar a trabalhar, terceiriza os cuidados de Joaquim para outras mulheres, que também terceirizam os cuidados dos seus, nessa rede de mulheres que cumprem tripla jornada para manter o emprego e vencer os boletos do final do mês.

mardedentromostrasp2Monica Iozzi em cena.

Escrito e dirigido por Dainara Toffoli, Mar de Dentro marca a estreia da cineasta na direção de longas de ficção e traz Monica Iozzi no papel de Manuela. “Mar de Dentro é como se a gente tivesse uma janela de um ano, mais ou menos, na vida de uma mulher. É um convite à contemplação do processo de transformação na vida dessa mulher. É um filme de nuances, com muitos silêncios”, comentou Monica.

Graduada em jornalismo, Dainara tem longa carreira na direção, transitando entre as áreas de documentário, ficção e publicidade. Para levar adiante uma história tão autoral quanto universal, era preciso uma equipe de produção que entendesse as especificidades de um projeto como Mar de Dentro. Quem assina a produção do longa é Eliane Ferreira, à frente da Muiraquitã Filmes: “Este é um filme de mulheres. Há dez anos ninguém falava sobre isso. Tateamos um lugar que depois se tornou mais que um assunto, virou uma luta. Foi um processo duro, mas recompensador”, disse Eliane.

Além de Monica Iozzi, o elenco conta também com Rafael Losso, Gilda Nomacce, Fabiana Gugli, Zé Carlos Machado e Magali Biff. Glauco Firpo assina a direção de fotografia; a direção de arte é de Fernando Timba; Diana Galantini assina a produção de elenco; e Aline Canela o figurino.

Com estreia prevista para 2021, o longa se insere em um contexto global que traz cada vez mais olhares e temas diversos ao cinema. Em tempos em que se discute a questão da paridade de gêneros tanto na frente quanto atrás das câmeras, um projeto que trata da maternidade com contundência ganha destaque em um mercado cada vez mais plural, em que narrativas levam em conta que metade do público é formado por mulheres.

Para falar mais sobre Mar de Dentro, entrevistamos a diretora Dainara Toffoli por e-mail. Confira:

Mar de Dentro fala de uma realidade tão comum na vida das mulheres, mas pouco retratada nas telonas. Como surgiu a ideia desse roteiro?

Foi justamente este meu ponto de partida. Quando eu tive filho percebi o quão pouco eu sabia sobre a maternidade e comecei a refletir sobre isso. Não é à toa que, com as redes sociais, surgiram tantos grupos e redes de mães para trocar dicas práticas e, também, ter uma rede de apoio emocional. Na nossa cultura, criar filhos é responsabilidade da mulher, sozinha, com ou sem marido. A licença paternidade de 5 dias já estabelece esta dinâmica. Isso é muito cruel. É cruel com os homens que querem estar mais presentes, mas é muito mais cruel com as mulheres. Acho que há um tabu de expor o mundo privado e que é, por outro lado, uma forma de esconder este momento de empoderamento do feminino.

diretoramardedentroA diretora Dainara Toffoli: estreia em longa-metragem de ficção.

É interessante a maneira como a vida da protagonista é colocada em cena, sem romantizar tudo: seus afazeres profissionais, pessoais, o romance, a angústia de seguir em frente com a maternidade e as consequências (tanto positivas como negativas) de encarar essa realidade. Mostrar a vida como ela realmente é sempre foi uma opção?

Intuitivamente, sim, pois parti de minha experiência física e psicológica com a maternidade. Gosto de fazer documentário, de observar as pessoas sem julgar a lógica do mundo delas e, também, gosto de filmes onde percebemos menos as encenações e artifícios do cinema. Mas ainda nas últimas versões de roteiro e na filmagem, eu tinha cenas para fazer avançar o plot. Eu tinha, o que a gente chama, da trilha da aventura por onde a personagem passava enquanto vivia a questão mais importante do filme que é a maternidade. Quando cheguei na montagem, o Willem Dias, montador e eu, começamos a cortar algumas dessas cenas e, percebemos que o filme ficava mais forte. Fizemos algumas cabines com amigos e isso se comprovava. Então fomos lapidando mais. Acho que isso só foi possível pelo incrível trabalho da Monica Iozzi e do time de atores excelentes que toparam fazer o filme. Diria que este filme é assim porque ela me trouxe esta presença muito natural em cena.

Você acredita que existe um certo tabu (e também preconceito) em falar de maternidade? Falar das dores, das alegrias, da solidão, das angústias e das tantas emoções que esse momento causa na mulher?

Totalmente, chega a ser conspiratório (risos). Há uma pesquisa da FGV de que cerca de 50% das mães são demitidas, sem justa causa, depois que voltam a trabalhar. Apenas no primeiro semestre deste ano, 6.31% das crianças foram registradas sem o nome do pai em um país onde o aborto não é legalizado e que tem altíssima taxa de feminicídio. Crimes cometidos majoritariamente por maridos, ex-maridos, namorados, etc. São muitas violências normalizadas em um mundo onde as instituições e as leis são feitas por homens.

mardedentromostrasp1Casal em cena: Monica Iozzi e Rafael Losso.

Como você chegou no nome da Monica Iozzi para a protagonista? E como foi a preparação e o entrosamento no set?

Eu tinha uma outra atriz para o projeto que foi uma grande parceira e eu teria tido um enorme prazer de trabalhar com ela, mas quando conseguimos finalizar a captação e marcar a filmagem, ela não teria agenda por quase um ano. Comecei a pensar em outros nome quando fui assistir ao filme de um amigo e vi a Monica. A interpretação dela me encantou porque ela vestia a personagem de um jeito muito natural e era isso que eu buscava.

Participar da Mostra de São Paulo é uma grande vitrine para qualquer produção, ainda mais esse ano com uma edição on-line e com abrangência maior. Como tem sido a recepção do público, mesmo que virtual?

Tem sido uma experiência diferente e a falta dos encontros presenciais e do calor humano foi compensada por um alcance muito maior do filme. Esta foi a primeira vez que Mar de Dentro foi exibido no Brasil e eu estava apreensiva. Não sabia se as pessoas iam se identificar e foi muito gratificante receber tantas mensagens e tantos depoimentos sobre como o filme às impactou, que nunca tinham assistido nada tão próximo à experiência real que tinham tido… enfim, ufa. Penso que chegamos no lugar que intuitivamente queríamos.

Entrevista e edição: Vitor Búrigo
Fotos: Divulgação.

Conheça os curtas-metragens paraibanos selecionados para o 15º Fest Aruanda do Audiovisual Brasileiro

por: Cinevitor

remoinhoaruanda2020Cely Farias no curta Remoinho, de Tiago A. Neves.

Depois de revelar os curtas-metragens nacionais em competição e o filme de abertura, a 15ª edição do Fest Aruanda do Audiovisual Brasileiro, que acontecerá entre os dias 10 e 17 de dezembro, em João Pessoa, divulgou a lista com os dez curtas paraibanos que estarão na mostra competitiva Sob o Céu Nordestino.

Além disso, a organização também revelou o primeiro longa-metragem selecionado para a mostra competitiva nacional: o documentário Todas as Melodias, dirigido por Marco Abujamra, sobre o cantor e compositor Luiz Melodia. “É um orgulho muito grande voltar à Paraíba e agora para apresentar esse filme sobre Luiz Melodia, nosso cantor, compositor, dançarino e outras coisas mais”, disse o diretor em um vídeo postado nas redes sociais.

Em comunicado oficial, Amilton Pinheiro, curador do festival, disse: “A seleção reflete novas possibilidades cinematográficas. Do sertão que nunca vira mar, passando pela cidade multifacetada com sua busca de existência de gêneros e geográfica, seja no presente ou em um futuro distópico, até a faceta incomum da animação como expressão, os curtas-metragens entrelaçam organicamente propostas inventivas de linguagem e de elementos narrativos como possibilidades cinematográficas”.

E mais: o documentário Me Chama Que Eu Vou, de Joana Mariani, sobre o cantor Sidney Magal será o filme de encerramento desta edição; Os Quatro Paralamas, de Roberto Berliner e Paschoal Samora, vai abrir o festival este ano.

Conheça os curtas paraibanos selecionados para o Fest Aruanda 2020:

A Pontualidade dos Tubarões, de Raysa Prado
Cura-Me, de Eduardo Varandas Araruna
E agora, Você, de Edson Lemos Akatoy
Makinaria, de Igor Tadeu
Maracastelo Chegou, de Ângela Gaeta
Marília e Arthur, de Astrée Cleyet-Merle
Não Mora Mais em Mim, de Vitor Celso e Bruna Guido
Pranto, de Jaime Guimarães
Reinado Imaginário, de Hipólito Lucena
Remoinho, de Tiago A. Neves

Foto: Divulgação.

Conheça os filmes selecionados para o 10º Festival Internacional de Cinema em Balneário Camboriú

por: Cinevitor

gildanomacceviajantesGilda Nomacce no curta As Viajantes, de Davi Mello.

O Festival Internacional de Cinema em Balneário Camboriú apresenta o melhor do cinema brasileiro e estrangeiro para o público. A curadoria busca apresentar o trabalho de diretores estreantes ou consolidados, que estimulem diferentes tipos de sensibilidade, através de filmes exclusivos e inéditos de longa, média e curta-metragem, além de obras audiovisuais inovadoras realizadas em diferentes formatos de produção e destinadas às variadas formas de exibição.

Nesta edição comemorativa de dez anos do FICBC, o evento acontecerá entre os dias 26 de novembro e 6 de dezembro no espaço da Arthousebc e no Estaleiro Village, na praia do Estaleiro, com filmes de vários países, oficinas e debates. O festival seguirá todos os protocolos de segurança por conta da pandemia de Covid-19.

A programação é dividida em várias sessões: na Internacional, filmes brasileiros e estrangeiros fazem sua estreia internacional ou nacional; a sessão Vivo é aberta a novas manifestações da linguagem audiovisual através de novos meios de produção e diferentes suportes de exibição; já a sessão Catarina projeta filmes realizados por diretores catarinenses ou que possuam alguma relação (diretor, produtor, elenco, equipe, locação, outros) com o estado de Santa Catarina; a Noturna abre uma janela para o cinema fantástico em sessões noturnas; e a Corujinha traz filmes para todas as idades, formando jovens cinéfilos.

Os filmes selecionados são avaliados pelo Júri Oficial, que escolhe os vencedores da Coruja de Ouro em diversas categorias. O festival poderá contemplar uma produção de longa-metragem com o Prêmio de Distribuição, que garantirá a distribuição do filme no circuito comercial brasileiro de cinema. As produções também serão premiadas pelo Prêmio do Público e pelo Prêmio da Crítica.

Conheça os filmes selecionados para o 10º Festival Internacional de Cinema em Balneário Camboriú:

SESSÃO INTERNACIONAL | LONGA-METRAGEM

As Fúrias (Las Furias), de Tamae Garateguy (Argentina)
Cidade Pequena em Wisconsin (Small Town Wisconsin), de Niels Mueller (EUA)
Colômbia em Meus Braços (Colombia in My Arms), de Jenni Kivistö e Jussi Rastas (Noruega/Dinamarca/França/Colômbia)
De Olhos Fechados (Iz zavyazanymy ochyma), de Taras Dron (Ucrânia)
Desaparecer, de Gwai Lou (Espanha)
Nona – Se Me Molham Eu Os Queimo (Nona. Si me mojan, yo los quemo), de Camila José Donoso (Chile/França/Brasil)
O Nome das Flores (Los nombres de las flores), de Bahman Tavoosi (Bolívia)
Todos os Mortos, de Caetano Gotardo e Marco Dutra (Brasil/França)
Um Burro Chamado Geronimo (Der Esel hieß Geronimo), de Arjun Talwar e Bigna Tomschin (Alemanha)
Um Crime em Comum (Un crimen común), de Francisco Marquez (Argentina/Brasil/Suíça)

SESSÃO INTERNACIONAL | MÉDIA-METRAGEM

Calor, de Martin Liji (Argentina)
Chuveiro (Sekt), de Eric M. Weglehner (Áustria)
Fabiu, de Stefan Langthaler (Áustria)
Flor Azul, de Saadi Constantine (Suíça)
Homens Pink, de Renato Turnes (Brasil)
Lar, e um Arquivo Distante (Home, and a Distant Archive), de Dorothy Cheung (Hong Kong)
Mulheres da Terra, de Isadora Carneiro, Katia Lund e Mayara Boaretto (Brasil)
Passeata (Parede), de Yohann Gloaguen (França)

SESSÃO INTERNACIONAL | CURTA-METRAGEM

Acabarei na Prisão (I’ll End Up in Jail), de Alexandre Dostie (Canadá)
Amanhã, de Aline Flores e Alexandre Cristófaro (Brasil)
Barroco (Baroque), de Chrysa Koutrakou (Grécia)
Cheito, de Alejandro Sandoval Bertín (Colômbia)
Cleo, de Arthur Ianckivicz (Brasil)
Gilson, de Vitoria Di Bonesso (Brasil)
Gosta de Poesia?, de Eduardo Mattos (Brasil)
Kini, de Hernan Olivera (Uruguai)
Leite de Limão (Lemon Milk), de Wylie Chan Wai Yee (Hong Kong)
O Eletricista e as Três Elfas (The Electrishman and the three Elves), de Fabian Joest (Espanha)
O Retratista (The Portraitist), de Roman Kosov (Rússia)
Troca por Troca, de Pedro M. Afonso (Portugal)

SESSÃO VIVO | LONGA-METRAGEM

Estamos Aqui Agora (Vi er her nå), de Mariken Halle (Noruega)
Fendas, de Carlos Segundo (Brasil)

SESSÃO VIVO | MÉDIA-METRAGEM

O que Acontece Quando Nada Acontece, de Alcimar Verissimo (Brasil)
O Velho Homem Sonhava Sobre Os Leões – Volume I (The Old Man Was Dreaming About The Lions – Volume Ⅰ), de Moojin Brothers (Coreia)

SESSÃO VIVO | CURTA-METRAGEM

Corações Delicados (Tender Hearts), de Lauren Jevnikar (EUA)
Haiku, de Martin Gerigk (Alemanha)
Leite Selecionado – Adicionado de Pó Reconstituído de Leite Totalmente Pasteurizado e Homogeneizado (Selected Milk Added from Reconstituted Milk Powder Whole Pasteurized Homogenized), de Jose Luis Ducid (Espanha)
Natureza. Prado. Céu. Plano Longo. (Nature. Meadow. Sky. Long Shot.), de Yannick Mosimann (Suíça)
Rebocando o Pavilhão Philips, de Filipe Maliska e Kauê Werner (Brasil)
Um Novo Normal (A New Normal), de Luzie Loose (Alemanha)

SESSÃO NOTURNA | LONGA-METRAGEM

Rio em Chamas (The Flaming River), de Dima Kosygin (Ucrânia)

SESSÃO NOTURNA | MÉDIA-METRAGEM

Animais Anônimos (Les Animaux Anonymes), de Baptiste Rouveure (França)
Mamãe têm um Demônio, de Demmerson Souza (Brasil)

SESSÃO NOTURNA | CURTA-METRAGEM

As Viajantes, de Davi Mello (Brasil)
Cuidado com os Australianos (Watch Out For Australians), de Steven Arriagada e Kuni Hashimoto (Austrália)
Estudos em Huningue/Basel ou a Árvore para Dormir (Etudes à Huningue/Bâle ou l’Arbre pour Dormir), de Lutz P. Kayser (Alemanha)
Fim da Rua (End Of The Road), de Ahmad Adnan Al-Sharif (Qatar)
Mar (Mare), de Guille Vásquez (Espanha)
Salgado e Doce (Salty, Sweet), de Péter Hajmási (Hungria)
Um Golpe de Sorte, de Antonia Baudouin (Argentina)

SESSÃO CATARINA | MÉDIA-METRAGEM

As Rendas de Dinho, de Adriane Canan (Florianópolis)
Desassossego, de Fabiana Pena (Florianópolis)

SESSÃO CATARINA | CURTA-METRAGEM

Chave Paraíso, de Marcos Pacheco (Garopaba)
Copi, de André Gevaerd (Balneário Camboriú)
Diálogo com a Morte, de Willian Bongiolo (Içara)
Estilhaços, de Julie de Oliveira (Florianópolis)
Estou a Contar Cerejas, de Gabriele Mendonça (Florianópolis)
Travesia, de Décio Gorini e Sander Hahn (Criciúma)

CORUJINHA | CURTA-METRAGEM

Antes que Vire Pó, de Danilo Custódio (Brasil)
Campo (Pastourelle), de Maria Giménez Cavallo (França)
Espírito das Garotas Afogadas (Spirit of the Drowning Girls), de Runze Cao (China)
Frágil (Fragille), de Kholood Al Ali (Qatar)
Glitter Model, de Angelo Nunes (Brasil)
Mimi Conhece Livros (Mimi Meets Books), de Yih-Fen Chou (Taiwan)
Mimi Diz Não (Mimi Says No), de Yih-Fen Chou (Taiwan)
Nano, de Christian Pincheira (Chile)
Narratal de Faz de Contos, de Diego Rezende (Brasil)
Padrões (Patterns), de Tomoko Inaba (Japão)
Um Homem, Uma Verdade (Un Homme, Un Vrai), de Aurélian Mathieu (França)
Uma Carta para Meu Amigo na França (A Letter To My Friend In France), de Akram Elbezzawy (Egito)

FOCO ARGENTINA
*Festival parceiro: FESAALP, Festival de cine latinoamericano de La Plata

As Fúrias, de Tamae Garateguy (Argentina)
Calor, de Martin Liji (Argentina)
Copi, de André Gevaerd (Balneário Camboriú)
Leite Selecionado – Adicionado de Pó Reconstituido de Leite Totalmente Pasteurizado e Homogeneizado, de Jose Luis Ducid (Espanha)
Um Crime em Comum, de Francisco Marquez (Argentina/Brasil/Suíça)
Um Golpe de Sorte, de Antonia Baudouin (Argentina)

Foto: Viktor Ximenes Ferraz.

Morre, aos 90 anos, o ator Sean Connery

por: Cinevitor

seanconnerymorreO eterno James Bond e mais de noventa filmes ao longo da carreira.

Morreu neste sábado, 31/10, aos 90 anos, o ator escocês Sean Connery, conhecido por ter sido o primeiro intérprete do agente secreto James Bond nos cinemas. Segundo informações divulgadas pela imprensa internacional, Connery estava doente há algum tempo e morreu enquanto dormia em sua casa em Nassau, capital das Bahamas.

Nascido em Edimburgo, na Escócia, Sean Connery trabalhou como motorista de caminhão, leiteiro, jogador de futebol e modelo vivo antes de ingressar no mundo artístico. Depois de ficar em terceiro lugar no concurso de Mister Universo, foi convencido por um amigo a fazer um teste para a peça musical South Pacific, que acabou lhe abrindo muitas portas para sua nova carreira.

Como ator, começou em curtas-metragens e pequenas participações em seriados de TV. Seu primeiro longa foi o policial No Road Back, de Montgomery Tully, lançado em 1957. Depois disso, atuou em diversas produções.

Porém, o reconhecimento mundial aconteceu em 1962 quando interpretou James Bond, pela primeira vez, em O Satânico Dr. No, de Terence Young. Com isso, foi indicado ao prêmio de melhor ator em filme de ação no Laurel Awards. Depois de inaugurar uma das mais bem sucedidas franquias cinematográficas, na qual atuou em seis filmes oficiais, Connery ganhou ainda mais destaque no cinema.

No papel do agente secreto mais famoso das telonas, criado pelo escritor Ian Fleming, também apareceu em: Moscou Contra 007, de Terence Young; 007 Contra Goldfinger, de Guy Hamilton, que lhe rendeu o prêmio de melhor ator em filme de ação no Laurel Awards; 007 Contra a Chantagem Atômica, de Terence Young, que lhe rendeu outro prêmio no Laurel Awards; Com 007 Só Se Vive Duas Vezes, de Lewis Gilbert; 007 – Os Diamantes São Eternos, de Guy Hamilton; e 007 – Nunca Mais Outra Vez, de Irvin Kershner, que não faz parte da saga original.

sean007Bond, James Bond: cena de 007 Contra Goldfinger, de 1964.

Além do personagem marcante, Sean Connery também atuou em diversas produções que fizeram sucesso, como: Os Intocáveis, de Brian De Palma, que lhe rendeu o Oscar e o Globo de Ouro de melhor ator coadjuvante, em 1988, e uma indicação ao BAFTA. Ainda pelo papel de Jim Malone, foi eleito o ator do ano pelo London Critics Circle Film Awards e premiado na National Board of Review.

Dirigido por Jean-Jacques Annaud em O Nome da Rosa, Connery levou o prêmio de melhor ator no BAFTA, o Oscar britânico, e também no German Film Awards. Por sua atuação em Indiana Jones e a Última Cruzada, de Steven Spielberg, também foi indicado ao BAFTA e ao Globo de Ouro e premiado no Jupiter Award como melhor ator internacional.

Ao longo da carreira, se destacou em filmes como: A Caçada ao Outubro Vermelho, de John McTiernan, que lhe rendeu outra indicação ao BAFTA; Outland: Comando Titânio, de Peter Hyams; Armadilha, de Jon Amiel, no qual foi indicado ao Framboesa de Ouro ao lado da parceira de cena Catherine Zeta-Jones; A Rocha, de Michael Bay; Os Bandidos do Tempo, de Terry Gilliam; A Colina dos Homens Perdidos, de Sidney Lumet; Encontrando Forrester, de Gus Van Sant, que também atuou como produtor e foi indicado ao Satellite Awards; Marnie, Confissões de uma Ladra, de Alfred Hitchcock; Ver-te-ei no Inferno, de Martin Ritt; Coração de Dragão, de Rob Cohen, que lhe rendeu uma indicação ao Annie Awards; entre muitos outros.

Outro momento marcante de sua trajetória foi quando protagonizou O Homem que Queria ser Rei, de John Huston, que foi indicado em diversas premiações. Além do elogiado trabalho como ator e produtor, também se arriscou na direção com o documentário The Bowler and the Bunnet.

seanintocaveisCom Andy Garcia, Kevin Costner e Charles Martin Smith em Os Intocáveis.

Sua carreira como ator conta também com: Na Rota do Inferno (1957), A Maior Aventura de Tarzan (1959), Até o Último Gangster (1961), A Colina dos Homens Perdidos (1965), Shalako (1968), O Golpe de John Anderson (1971), Assassinato no Expresso Oriente (1974), O Vento e o Leão (1975), Robin e Marian (1976), O Próximo Homem (1976), Highlander: O Guerreiro Imortal (1986), Mais Forte que o Ódio (1988), A Casa da Rússia (1990), Sol Nascente (1993), Lancelot, o Primeiro Cavaleiro (1995), A Liga Extraordinária (2003), entre outros. Seu último trabalho como ator foi na animação Sir Billi, de Sascha Hartmann, na qual dublou o protagonista.

Em 1991, recebeu a Legião de Honra do governo francês e, anos depois, foi agraciado com o título de Sir pela Rainha Elizabeth II, em julho de 2000, em uma cerimônia realizada na Escócia, por sua contribuição às artes cinematográficas e ao Império Britânico.

Além dos prêmio que recebeu, Connery também foi homenageado diversas vezes, entre elas: no Globo de Ouro, em 1996, recebeu o Cecil B. DeMille Award; em 1998 foi honrado com o Academy Fellowship do BAFTA; foi consagrado pelo conjunto da obra pela National Board of Review, American Film Institute, Academy of Science Fiction, Fantasy & Horror Films, CinEuphoria Awards, David di Donatello Awards, European Film Awards, Film Society of Lincoln Center, Gold Derby Awards, Karlovy Vary International Film Festival, Palm Springs International Film Festival, Festival de Roma, entre outras.

Fotos: Frazer Harrison/Getty Images Entertainment.

4º Prêmio ABRA de Roteiro: conheça os vencedores

por: Cinevitor

bacuraupremioABRAThomás Aquino em Bacurau, de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles.

A ABRA, Associação Brasileira de Autores Roteiristas, nasceu após a junção das duas principais associações de roteiristas brasileiros: a AR (Associação de Roteiristas) e a AC (Autores de Cinema). A união, oficializada em meados de 2016, visa unir a classe de roteiristas sob a mesma organização.

A Associação Brasileira de Autores Roteiristas tem como objetivo representar, exercer e defender os direitos dos autores de roteiros e argumentos de obras audiovisuais de qualquer natureza, televisão, cinema ou quaisquer meios eletrônicos de difusão de roteiros de obras audiovisuais, existentes ou a serem criadas, bem como aproximar os roteiristas de um modo geral.

O Prêmio ABRA surgiu em 2017 com a finalidade de valorizar os autores-roteiristas e ressaltar a importância do roteiro na cadeia de produção da indústria audiovisual nacional. Na primeira edição, Kleber Mendonça Filho foi premiado por Aquarius na categoria de ficção e Di Moretti venceu pelo documentário Do Pó da Terra.

Neste ano, por conta da pandemia de Covid-19, a cerimônia de premiação da quarta edição do Prêmio ABRA foi realizada nesta sexta-feira, 30/10, pelo YouTube com apresentação da atriz Nany People e da roteirista Nathália Cruz, do canal Porta dos Fundos. O evento virtual contou também com a participação de Carolina Kotscho, presidente da ABRA.

A vencedora da categoria Roteirista do Ano foi Rosane Svartman, que levou também o Prêmio Paradiso, que conta com o apoio, pelo segundo ano consecutivo, do Projeto Paradiso e oferece um encontro virtual com roteiristas em formação de carreira. Os outros indicados à categoria, que se destacaram em 2019, foram: Carol Rodrigues, Cleissa Regina Martins, Gabriel Martins e Luh Maza.

O cineasta, escritor, jornalista e roteirista Orlando Senna foi o homenageado desta edição. A cineasta e produtora Carla Esmeralda recebeu o Prêmio ABRA Parceria. Além disso, nesta edição, 440 obras que estrearam na TV e no cinema, em circuito comercial, no ano passado foram inscritas.

Conheça os vencedores do 4º Prêmio ABRA de Roteiro:

MELHOR ROTEIRO ORIGINAL | LONGA-METRAGEM | FICÇÃO
Bacurau, escrito por Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles

MELHOR ROTEIRO ADAPTADO | LONGA-METRAGEM | FICÇÃO
A Vida Invisível, escrito por Murilo Hauser, Inés Bortagaray e Karim Aïnouz; baseado no livro A Vida Invisível de Eurídice Gusmão, de Martha Batalha

MELHOR ROTEIRO | LONGA-METRAGEM | COMÉDIA
A Primeira Tentação de Cristo, escrito por Fabio Porchat e Gustavo Martins (Porta dos Fundos)

MELHOR ROTEIRO | LONGA-METRAGEM | DOCUMENTÁRIO
Bixa Travesty, escrito por Claudia Priscilla, Linn da Quebrada e Kiko Goifman

MELHOR ROTEIRO | CURTA-METRAGEM
Sem Asas, escrito por Renata Martins

MELHOR ROTEIRO | TELENOVELA
Órfãos da Terra, criada por Duca Rachid e Thelma Guedes; escrita por Dora Castellar, Aimar Labaki, Carolina Ziskind e Cristina Biscaia (Rede Globo)

MELHOR ROTEIRO | SÉRIE DE FICÇÃO | DRAMA
Segunda Chamada (1ª Temporada), criada por Carla Faour, Julia Spadaccini e Jo Bilac; escrita por Carla Faour, Julia Spadaccini, Victor Atherino, Giovana Moraes e Maira Motta (Rede Globo)

MELHOR ROTEIRO | SÉRIE DE FICÇÃO | COMÉDIA
Tá no Ar: a TV na TV (6ª Temporada), redação final: Marcius Melhem e Marcelo Adnet; escrita por Alexandre Pimenta, Carolina Warchavski, Daniela Ocampo, Edu Krieger, Leonardo Lanna, Luiza Yabrudi, Marcelo Adnet, Marcelo Martinez, Marcius Melhem, Maurício Rizzo, Renata Corrêa, Thiago Gadelha e Wagner Pinto (Rede Globo)

MELHOR ROTEIRO | SÉRIE OU LONGA-METRAGEM INFANTIL/INFANTOJUVENIL
Turma da Mônica – Laços, escrito por Thiago Dottori; baseado nos personagens de Mauricio de Sousa e inspirado na HQ Laços, de Vitor e Lu Cafaggi

MELHOR ROTEIRO | SÉRIE | REALITY OU VARIEDADES
Que História É Essa, Porchat? (1ª temporada), redação final: Paula Miller e Fabio Porchat; roteiro de Jô Hallack e Douglas Vieira (GNT)

MELHOR ROTEIRO | SÉRIE | DOCUMENTÁRIO
Bandidos na TV (1ª temporada), escrito por Daniel Bogado e Suemay Oram (Netflix)

ROTEIRISTA DO ANO
Rosane Svartman

Foto: Divulgação/Vitrine Filmes.

15º Comunicurtas UEPB: conheça os filmes selecionados para as mostras competitivas

por: Cinevitor

faixadegazacomunicurtasMarcélia Cartaxo no curta paraibano Faixa de Gaza, de Lúcio César Fernandes.

Foram anunciados nesta sexta-feira, 30/10, os filmes selecionados para as mostras competitivas da 15ª edição do Festival Audiovisual de Campina Grande – Comunicurtas UEPB, que acontecerá entre os dias 30 de novembro e 3 de dezembro, em formato híbrido por conta da pandemia de Covid-19.

Com o tema Reinvenções, a curadoria foi realizada por Hipólito Lucena, Nivaldo Rodrigues e Tiago A. Neves. Ao todo, foram 597 trabalhos inscritos e 77 filmes escolhidos para competição. Completando 15 anos, o Comunicurtas UEPB promete uma edição especial. A temática é uma proposta de lançar olhares para os novos caminhos que estão sendo construídos no cinema e na sociedade, extremamente afetados pela pandemia.

Além das mostras, integram a programação do festival oficinas, palestras, workshops, debates e o Fórum do Audiovisual Paraibano, espaço para discussão de políticas públicas voltadas para o incentivo de produções audiovisuais no estado. O Festival Audiovisual de Campina Grande – Comunicurtas UEPB surgiu com a premissa de abrir um espaço para a democratização e o acesso ao cinema na Paraíba, visando socializar e aumentar a produção local e regional. Realizado desde 2006, na Rainha da Borborema, através da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), o Comunicurtas tem como prioridade oferecer aos profissionais envolvidos nas práticas audiovisuais como cinema, publicidade e telejornalismo, a abertura necessária para a divulgação de suas produções criativas.

Nesta 15ª edição, o filme de abertura será o alagoano Cavalo, de Rafhael Barbosa e Werner Salles. Para a noite de encerramento será exibido o documentário Ziraldo – Uma obra que pede Socorro, de Guga Dannemann. Além disso, o consagrado cartunista paraibano Fred Ozanan será homenageado.

Este ano, o evento vai enfatizar o debate em torno da questão dos festivais on-line e dos modos de consumo da produção audiovisual. A edição 2020 contará com o prêmio revelação de diretores em suas primeiras produções, incentivando coletivos e produtos de pesquisa de universidades, institutos federais e escolas públicas, com o Troféu Maria Bonita.

A premiação acontecerá na noite do dia 3 de dezembro e serão concedidos aos premiados, nas mostras competitivas, o Troféu Machado Bittencourt. O Júri Oficial poderá ainda conceder menções honrosas, se achar necessário.

Conheça os filmes selecionados para o 15º Comunicurtas – Festival Audiovisual:

MOSTRA TROPEIROS

A Pontualidade dos Tubarões, de Raysa Prado (João Pessoa/PB)
Ameaça Comunista, de Yan Araujo (Campina Grande/PB)
Aquele Infindável Mês de Agosto, de R.B. Lima (São Bento/PB)
Banco de Dados, de Paulo Philippe e Raysa Prado (João Pessoa/PB)
Carne Seca, de Daniel Rizzi (João Pessoa/PB)
Dias Sombrios, de Michael de Andrade (Queimadas/PB)
Faixa de Gaza, de Lúcio César Fernandes (João Pessoa/PB)
Fim, de Ana Isaura (João Pessoa/PB)
Grão de Areia, de Eduardo P. Moreira (Cabedelo/PB)
Isolamento Rural, de Leonardo Gonçalves (Alagoa Grande/PB)
Margaridas, de Luana Gregório e Valtyennya Pires (Remígio/PB)
Rocha, de Bianca Rocha (Campina Grande/PB)
Será que ele volta, de Roberto di Freitas (Guarabira/PB)
Súbito, de Dimas Carvalho (Campina Grande/PB)
Um dois um: crônicas de homicídios, de Ana Calline (Queimadas/PB)

MOSTRA BRASIL

A Beleza de Rose, de Natal Portela (CE)
Ana Terra, de Alunos do Curso de Produção de Documentário SESC Alagoas (AL)
Aonde Vão os Pés, de Débora Zanatta (PR)
Aperto, de Alexandre Estevanato (SP)
Aula de Hoje, de Dário Junior (AL)
Desassossego, de Fabi Penna (SC)
Em Cima do Muro, de Hilda Lopes Pontes (BA)
Em Quadro, de Luiza Campos (SP)
Joãosinho da Goméa, O Rei do Candomblé, de Janaina Oliveira ReFem e Rodrigo Dutra (RJ)
Naticorda, de Taciano Valério (PE)
Recôncavo, de Pedro Henrique Chaves (DF)
Ser Tão Nossa, de Antonio Fargoni (CE)
Sob o Olhar da Chuva, de Nalú Souza e Walklenguer Oliveira (SP)
Trincheira, de Paulo Silver (AL)
Um Terço de Mim, de Sihan Felix (RN)
Vai Melhorar, de Pedro Fiuza (RN)

MOSTRA TROPIQUEERS

Aquele Casal, de William de Oliveira (PR)
Aqueles Dois, de Émerson Maranhão (CE)
Batom Vermelho Sangue, de R.B. Lima (PB)
Diriti de Bdè Burè, de Silvana Beline (GO)
Dôniara, de Kaco Olimpio (GO)
Endless Love, de Duda Gambogi (RJ)
Eu Vejo Névoas Coloridas, de Pedro Jorge (SP)
Filadelphia, de Dani Drumond (SP)
Invasão Drag, de Thiago da Silva Tavares (RJ)
Marie, de Leo Tabosa (PE)
Mãtãnãg, A Encantada, de Shawara Maxakali e Charles Bicalho (MG)
Não Moro Mais em Mim, de Vitor Celso e Bruna Guido (PB)
O Fim é o Princípio, de Antonio Fargoni (SP)
Perifericu, de Nay Mendl, Rosa Caldeira, Stheffany Fernanda e Vita Pereira (SP)
Pronome Definido, de Giovanna Azevêdo (PB)
Vinde como estais, de Rafael Ribeiro e Galba Gogóia (RJ)

MOSTRA ESTALO

Campina Grande – O Maior São João do Mundo, de Saulo Emerson (Campina Grande/PB)
Campina Grande em um minuto, de Saulo Emerson (Campina Grande/PB)
Coronavírus e o Jornalismo – Fique em casa, de Gabriel Heitor (Patos/PB)
Cumplicidad Brasileña, de Nelson Rossiter (João Pessoa/PB)
Experimento Líquido, de Nelson Rossiter (João Pessoa/PB)
Mais Humanos, de Nelson Rossiter (João Pessoa/PB)
Nossa Vida é uma Canção, de Leonardo Pereira Tavares (Campina Grande/PB)
Prosa de Mercearia, de Erivan Lima (João Pessoa/PB)
São João: digitais do Povo Nordestino, de Gabriel Heitor de Morais Alves (Campina Grande/PB)
Ultimátum, de Alison Bernardes (João Pessoa/PB)

MOSTRA SOM DA SERRA

Black Bag – Baile do Lampião, de Renaly Oliveira (Campina Grande/PB)
Clipe Especial -#FiqueEmCasa, de Ana Calline (Queimadas/PB)
Flores Estereotipadas, de Luanna Alves de Oliveira (Campina Grande/PB)
Helrison – Feitiço, de Saulo Emerson (Campina Grande/PB)
Hoje eu ia terminar, de Saulo Emerson (Campina Grande/PB)
Noites, de Heloisa Araújo (João Pessoa/PB)
Pirando, de Arquiza (João Pessoa/PB)
Poet, de Yuri da Costa (João Pessoa/PB)
Trapped in Our Bones, de Eduardo P. Moreira (Cabedelo/João Pessoa, PB)

MOSTRA TROPEIROS DE TELEJORNALISMO

90 anos de Antônio Barros, de Hebert Araújo (João Pessoa/PB)
Barulho Branco -Memórias do Telejornalismo Campinense, de Taís Resende (Campina Grande/PB)
Central de Aulas da UEPB recebe exposição de arte com material reciclável, por Rafael Costa (Campina Grande/PB)
Cordel no Ônibus, de Anderson Santana (João Pessoa/PB)
É Preciso Falar Sobre HIV, de Anderson Santana (João Pessoa/PB)
Estudantes da UEPB aprendem técnicas de rapel na prática, por Rafael Costa (Campina Grande/PB)
Jackson sem Moderação: o início, de Hebert Araújo (João Pessoa/PB)
Jackson sem moderação: o legado, de Hebert Araújo (João Pessoa/PB)
Jackson sem moderação: o sucesso, de Hebert Araújo (João Pessoa/PB)
No lume da fogueira, de Inaldete Almeida Oliveira (Campina Grande/PB)
O Abrigo, de Gustavo Camelo de Lima (Campina Grande/PB)
Temper Artes em Caiana dos Matias, de Paulo Ítalo Silva Araújo (Campina Grande/PB)

Foto: Divulgação.

30º Cine Ceará anuncia curtas e longas selecionados para a Mostra Olhar do Ceará

por: Cinevitor

noiteserestaolharcearaKatia Blander no curta Noite de Seresta, de Sávio Fernandes e Muniz Filho.

Foram anunciados nesta sexta-feira, 30/10, os filmes selecionados para a Mostra Olhar do Ceará, que faz parte da programação da 30ª edição do Cine Ceará – Festival Ibero-americano de Cinema, que acontecerá entre os dias 5 e 11 de dezembro.

Entre longas e curtas foram 121 inscritos. Dentre os 26 selecionados, 30% têm direção de mulheres. Vale destacar que os longas da mostra serão exibidos presencialmente em Fortaleza e os curtas poderão ser conferidos pela TVC e pelo canal do festival no YouTube.

A seleção de curtas-metragens é, em sua maioria, composta por documentários e ficções, com dez produções de cada gênero; a lista se completa com um trabalho experimental e um drama com suspense. O melhor longa-metragem e o melhor curta da Mostra Olhar do Ceará, eleitos pelo júri oficial, recebem o Troféu Mucuripe.

Conheça os filmes da Mostra Olhar do Ceará 2020:

LONGAS-METRAGENS

Cabeça de Nêgo, de Déo Cardoso (CE)
Pajeú, de Pedro Diógenes (CE)
Rio de Vozes, de Andrea Santana e Jean-Pierre Duret (BA/PE)
Swingueira, de Bruno Xavier, Roger Pires, Yargo Gurjão e Felipe de Paula (CE/BA)

CURTAS-METRAGENS

A Fome que Devora o Coração, de Raiane Ferreira
A Gaiola, de Jaildo Oliveira
A Retirante, de Débora Ingrid e Henrique Oliveira
Aqui é Flamengo, de Rafael Luís Azevedo
Aqui Entre Nós, de Alexia Holanda e Daniel Sobral
Cacau, de Ton Martins
Cidade Pacata, de Ezequias Andrade
Doce Veneno, de Waleska Santiago
Futebol para Todos, de Rafael Luís Azevedo
Luna e Sol, de Dado Fernandes
Movimento, de Lucas Tomaz Neves
Noite de Seresta, de Sávio Fernandes e Muniz Filho
O Prisma, de Augusto Cesar dos Santos
Pequenas Considerações sobre o Espaço-Tempo, de Michelline Helena
Plástico, de João Paulo Duarte
Quando Vier a Primavera, Se Eu Já Estiver Morto…, de Robson Lima
Santa Mãe, de Thiago Barbosa
Scelus, de Edmilson Filho
Ser Tão Nossa, de Antonio Fargoni
Sombra do Tempo, de Naiana Magalhães
Terceiro Dia, de Jéssica Queiroz
Todos Nós Moramos na Rua, de Marcus Antonius Melo

Foto: Divulgação.

Entrevista: Thomás Aquino e Rodrigo García falam sobre Curral, exibido na 44ª Mostra de São Paulo

por: Cinevitor

curral1mostraspThomás Aquino e Rodrigo García em cena.

Dirigido pelo cineasta pernambucano Marcelo Brennand, Curral faz parte da Mostra Brasil e da Competição Novos Diretores, dedicada a cineastas que realizam seu primeiro ou segundo longa-metragem, da 44ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo.

Exibido virtualmente na plataforma Mostra Play e também no Belas Artes Drive-in, o filme é um drama político que acontece no interior do Brasil, no município de Gravatá, em Pernambuco. Durante as eleições, a população se divide entre as cores azul e vermelho, que representam os partidos políticos e lutam pelo poder desde sempre. Devido a seca, a água é a principal moeda de troca.

Thomás Aquino interpreta Chico Caixa, um homem humilde recrutado por seu amigo de infância Joel, papel de Rodrigo García, candidato a vereador, para ajudar na conquista de votos em um importante bairro da cidade. Chico é o ponto central para situações que vão questionar os processos eleitorais no interior do Nordeste. O elenco ainda conta com José Dumont e Carla Salle.

Em 2007, o diretor filmou o premiado documentário Porta a Porta, onde acompanhou o passo a passo de candidatos a vereador da cidade de Gravatá, no interior de Pernambuco, e as estratégias dos seus cabos eleitorais para conquistar os votos da população. Inspirado na trajetória de sucesso do documentário, que foi lançado em 2011, Marcelo criou a história de seu primeiro longa de ficção.

A direção de fotografia é de Beto Martins; a direção de arte é assinada por Juliano Dornelles e o figurino por Rita Azevedo. O roteiro foi escrito por Brennand, ao lado de Fernando Honesko e Marcelo Muller.

Para falar mais sobre Curral, entrevistamos os atores Thomás Aquino e Rodrigo García por e-mail. Confira:

O filme chega à 44ª edição da Mostra em época de eleições, algo que é retratado no longa. Vocês acreditam que isso possa reverberar ainda mais no público, além da identificação imediata com o tema?

Thomás Aquino: Eu espero que sim. Acredito que muitas pessoas estão cansadas dessa velha política, desde os tempos mais remotos da história e de como ela foi construída para favorecer apenas alguns. Esses gritos fortes, que estão ficando cada vez mais fortes, são gritos políticos; de pessoas pretas, o grito feminista, o grito das pessoas LGBTQIA+. São gritos de quem já cansou de ficar calado para esse tipo de política velha e conservadora. Espero que o filme possa reverberar as emoções de cada um e que possa também ser uma bandeira promovida pela cultura, que ensina como ter e dar o livre arbítrio para que cada um possa movimentar e tentar constituir uma sociedade mais sólida e beneficente para todos. Vai gerar uma identificação, sim, e espero que isso possa movimentar e mover algo dentro de nós.

Rodrigo García: Isso estimula o público que gosta de ver um filme que condiz com o que acontece no momento. Porém, entendo que a pandemia reduziu bastante a ida aos cinemas. Por isso, achei tão importante o filme ser disponibilizado até o dia 4 de novembro dentro da 44ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo. As pessoas podem assistir pagando apenas seis reais pelo site.

curral2mostraspPolítica, corrupção e eleições em cena.

Os personagens são estereótipos muito conhecidos do público e vocês os retratam muito bem. Como foi a construção desses personagens?

Rodrigo García: Acredito que os personagens de Curral são completamente reais. Temos pessoas no nosso governo que me parecem muito mais caricaturas do que os personagens do filme. Na construção de Joel, tentei entender o que leva um político a agir de maneira errada. Quis entender quais são as doenças psicológicas que nos levam a errar. Quais são os problemas que carregamos da nossa História que acabaram sendo “normalizados”? Penso que o personagem é um bom exemplo de até onde podemos errar até sermos colocados perante a consciência de nossas doenças sociais.

Thomás Aquino: Foi muito bacana construir o Chico Caixa. Primeiro porque eu vi o Porta Porta [documentário do Marcelo] e vivendo na cidade de Gravatá para esse processo deu para conhecer o cabo eleitoral e como as pessoas se comunicam diante da política. Também estive na zona rural, local que ainda é bastante castigado, e na zona urbana. Minha experiência de vida também ajudou, pois vamos agregando todos os conhecimentos. Foi importante estar na cidade e vivenciar com aquelas pessoas, perceber como funciona o assentamento, ouvir aqueles que ali habitam e que sofrem os castigos determinados por essa velha política. Com isso, agreguei muitas emoções, muitos sentimentos e muitas características para esse personagem. Também procurei colocar as características da política ética, que é a temática do filme. Sempre tem o jeitinho brasileiro de fazer as coisas e sempre tem o movimento de corrupção. Esse personagem acaba tentando ajudar e, de uma certa maneira, acaba se atropelando em suas constituições éticas. Eu também trouxe a questão da cultura social: é mais um homem preto que está sendo explorado por essa categoria política branca. Vemos muito essa questão na atual conjuntura social que vivemos. Eu trouxe essa cultura conservadora, o machismo tóxico desses homens. O personagem vai percebendo aos poucos como se organizar nessa estrutura cultural que foi concebida através de um patriarcado cultural. Foi muito bacana absorver tudo isso, viver as coisas no dia a dia. Tudo isso me levou a dar credibilidade ao personagem.

Curral coloca nossa realidade na telona: a briga entre partidos, a corrupção, a compra de votos, as promessas, os discursos ilusórios. O próprio diretor, Marcelo Brennand, acompanhou de perto as eleições de Gravatá, no Pernambuco, em 2007. Como foi o processo de entrosamento entre a direção e elenco; no caso de retratar com naturalidade aqueles acontecimentos que inspiraram o diretor e os roteiristas?

Rodrigo García: René Guerra é dono de grande crédito quando elogiam o elenco do filme. Ele foi responsável pelos ensaios e ajudou nas construções dos personagens. Um ponto interessante de Curral foi a mistura do elenco de atores experientes com os atores que não haviam trabalhado nesta posição anteriormente. Tornando o filme muito mais dinâmico e realista. Pra mim, esta mistura sempre é bem-vinda.

Thomás Aquino: Conhecer Marcelo foi massa porque eu pude ver o quanto ele é empolgado e o quanto quer falar sobre arte. Então, a minha empolgação junto com a dele deu bons resultados. Ele me mostrou o documentário [Porta a Porta] e me mostrou o roteiro baseado nesse documentário. Ele também me apresentou uma pessoa que tinha visualizado como Caixa [o personagem] e depois falou que eu transcendi o Caixa que ele imaginava. Isso é muito bacana! Você estar no local, viver com as pessoas, estudar sobre a temática principal do filme; tudo isso vai gerar naturalidade nas personagens. Dissecamos o roteiro juntos, coletivamente, com os outros atores e atrizes. Foram muitas reuniões para entender o que aquele roteiro queria falar. Isso realmente faz com que os discursos que estão ali escritos se tornem crível na boca desses personagens. Fora que a política é isso: o que a gente vê, o que a gente tá acostumado; vários políticos colocando dinheiro em cueca, meia… é um descaso na cara da sociedade! Tem toda uma corrupção que acontece, que se mostra nos jornais, e as promessas de campanhas e os mandatos que não se cumprem. Todo esse descaso, que já é a realidade, a gente perpassa trazendo mais dessa naturalidade, infelizmente. Mas, como modificar isso? Como que a gente pode transcender como ser humano numa sociedade em relação a isso? Espero que Curral possa mostrar mais ainda, junto com as outras provas que existem por aí, o quão estamos à mostra de tudo que está acontecendo e o que podemos fazer em relação a isso para que não continue.

Entrevista e edição: Vitor Búrigo
Fotos: Daniela Nader.

44ª Mostra de São Paulo: conheça os finalistas ao Troféu Bandeira Paulista

por: Cinevitor

valentinafinalistamostraspThiessa Woinbackk e Ronaldo Bonafro em Valentina, de Cássio Pereira dos Santos.

Foram anunciados nesta sexta-feira, 30/10, os finalistas ao Troféu Bandeira Paulista da 44ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo. Durante a primeira semana, foram computados os votos do público dos filmes que participam da Competição Novos Diretores.

As obras mais bem votadas serão submetidas ao júri desta edição, que avaliará e escolherá os longas vencedores do Troféu Bandeira Paulista, uma criação da artista plástica Tomie Ohtake, na categoria de melhor filme; os jurados também podem premiar obras em outras categorias.

O júri deste ano é formado por: Cristina Amaral, uma das principais e mais importantes montadoras do país; Felipe Hirsch, diretor, dramaturgo, cenógrafo e produtor de teatro; e Sara Silveira, nome fundamental da produção cinematográfica brasileira e homenageada desta edição com o Prêmio Leon Cakoff.

Além disso, a Abraccine, Associação Brasileira de Críticos de Cinema, também realiza uma premiação que escolhe o melhor filme brasileiro entre os diretores estreantes e, nesta edição, a tarefa está a cargo dos jornalistas e críticos Ela Bittencourt, Francisco Carbone e Juliana Costa, que formam o júri do Prêmio Abraccine. A imprensa também concede o Prêmio da Crítica e o público escolhe seus preferidos nos gêneros ficção e documentário.

Os vencedores serão anunciados no dia 4 de novembro, durante a cerimônia de encerramento da 44ª Mostra, que ocorrerá às 20h, no palco da área externa do Auditório Ibirapuera, antecedendo a exibição do filme de encerramento.

Conheça os finalistas ao Troféu Bandeira Paulista 2020 da Mostra de São Paulo:

17 Quadras, de Davy Rothbart (EUA)
Al-Shafaq – Quando o Céu se Divide, de Esen Isik (Suíça)
Casulo, de Leonie Krippendorff (Alemanha)
Chico Rei Entre Nós, de Joyce Prado (Brasil)
De Volta para Casa – Marina Abramovic e Seus Filhos, de Boris Miljkovic (Sérvia)
Eyimofe (Esse é o Meu Desejo), de Arie Esiri e Chuko Esiri (Nigéria)
Feels Good Man, de Arthur Jones (EUA)
Filho de Boi, de Haroldo Borges (Brasil)
Josep, de Aurel (França/Espanha/Bélgica)
Mãe de Aluguel, de Jeremy Hersh (EUA)
Mar de Dentro, de Dainara Toffoli (Brasil)
Mosquito, de João Nuno Pinto (Portugal/Brasil/França)
O Livro dos Prazeres, de Marcela Lordy (Brasil/Argentina)
Problemas com a Natureza, de Illum Jacobi (Dinamarca/França)
Valentina, de Cássio Pereira dos Santos (Brasil)

Foto: Leonardo Feliciano.