O Charlatão

por: Cinevitor

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Direção: Agnieszka Holland

Elenco: Ivan Trojan, Juraj Loj, Joachim Paul Assböck, Jan Vlasák, Jan Budar, Marek Epstein, Josef Trojan, Jaroslava Pokorná, Martin Mysicka, Jana Kvantiková, Jana Olhová, Claudia Vaseková, Miroslav Hanus, Tomás Jerábek, Václav Kopta, Jirí Cerný, Martin Sitta, Daniela Vorácková, Frantisek Trojan, Melika Yildiz, Kamil Svejda, Matej Frantisek Preisler.

Ano: 2020

Sinopse: Inspirado na história do herborista Jan Mikolášek, que dedicou a vida aos cuidados de pessoas doentes, apesar dos imensos obstáculos que enfrentou nas esferas pública e privada. Nascido na virada do século 20, Mikolášek ganha fama e fortuna usando métodos de tratamento pouco ortodoxos para curar uma ampla gama de doenças. Renomado na Checoslováquia antes da Segunda Guerra Mundial, o curandeiro aumenta a reputação e a riqueza durante a ocupação nazista e sob o regime comunista. Todos esses regimes, um após o outro, se beneficiam das habilidades de Mikolášek e dão proteção a ele em troca. Mas quão altos devem ser os custos para manter esse status quando as coisas mudarem?

Crítica: Escolhido para representar a República Checa na categoria de melhor filme internacional do Oscar, O Charlatão é baseado na vida de Jan Mikolášek, que ficou conhecido como o oráculo da urina. A trama destaca o dom do curandeiro, que virou popular por ajudar muitas pessoas ao descobrir seus problemas de saúde, e ajudá-los na prevenção, ao analisar a urina apenas ao bater o olho num frasco transparente com o líquido. Focado na vida adulta do protagonista, o filme utiliza-se de flashbacks para explicar o passado e mostrar acontecimentos que respingam na atualidade. É inegável a presença de clichês na narrativa e na maneira clássica de retratar uma biografia nas telonas, porém, a cineasta Agnieszka Holland vai além disso ao explorar com coesão uma certa tensão apresentada no roteiro escrito por Marek Epstein. O desempenho do elenco, encabeçado pelos talentosos Ivan Trojan e Juraj Loj, também contribui para o eloquente desenrolar dos acontecimentos e pelo ritmo satisfatório; assim como o eficaz trabalho de direção de arte, figurino e fotografia. A história fica ainda mais interessante quando O Charlatão parte para a vida pessoal de seus personagens e escancara segredos inadmissíveis para aquela época, como a orientação sexual de seus protagonistas. Em tempos onde a homossexualidade era considerada crime, a única opção era resguardar os sentimentos mais profundos. Mas, ainda assim, é possível conhecer um outro lado do carrancudo curandeiro e até entender certas reações caricatas, que servem mais como um escudo de sua personalidade. Exibido no Festival de Berlim deste ano, o filme não se prende apenas em contar mais uma história de alguém conhecido e ganha pontos ao contextualizar o espectador tanto no passado como no presente de maneira ágil e sem cair no melodrama. Como biografia, O Charlatão cumpre bem o seu papel ao revelar camadas instigantes dos nomes retratados. (Vitor Búrigo)

*Filme visto na 44ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo.

Nota do CINEVITOR:

nota-4-estrelas

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