Chão

por: Cinevitor

Direção: Camila Freitas

Elenco: Natalina Cândida (Vó), Wilmar Fernandes (P.C.), Valtenir Gomes, Elizabett Conceição, José Bento Reginaldo Pires, Eliane Aparecida do Prado, Nelson Guedes, Camila Evelim do Prado, Ruth Rodrigues Santos, Francisca Estácio, Aline Deueslley, Maria Lúcia, Gilvan Moreira, Lucas Alves, Cleuton de Freitas, Ione Ferreira, Ágatha Bella, Clara Alves, Dilma Sousa Santos, Mirielton Reis Paixão, João Paulo Gomes, Luciene Ferreira, Patrícia Cristiane, Divina das Neves, Márcia da Costa, Elbani Ferreira, Maria Aparecida Alves, Ilda Rosa, José Maria, Elizete Silva Brito, Deusimar da Cruz, Fane de Freitas, Fernanda Brandão, Capoeira, Marcio Denizio, Idalice Rodrigues.

Ano: 2019

Sinopse: Junto ao MST, Movimento Sem Terra, um dos mais longevos movimentos populares brasileiros, Chão vivencia a ocupação das terras de uma usina de cana-de-açúcar em processo de falência. A despeito da estagnação jurídica e da aridez do agronegócio no sul de Goiás, o gesto da ocupação se firma em resistência e reinvenção de uma paisagem em disputa. Vó, PC e os mais de 600 acampados regam diariamente a utopia de um lugar por vir, em um futuro projetado para o horizonte ainda intocável da reforma agrária.

Crítica do CINEVITOR: O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra começou na década de 1980 e hoje está organizado em 24 estados nas cinco regiões do país. Aproximadamente, 350 mil famílias já conquistaram terras por meio da luta e organização destes trabalhadores, que mesmo assentados, seguem organizados no MST com a intenção de realizar a Reforma Agrária. Para mostrar o cotidiano destas pessoas, a cineasta Camila Freitas registrou, ao longo de quatro anos, a movimentação de um assentamento em Goiás. Com uma proposta interessante e um tema necessário a ser discutido, o filme capta o dia a dia dos familiares com confiança e apresenta imagens muito bem fotografadas dos campos. Porém, fica a sensação de que faltou alguma coisa. Com personagens com alto potencial carismático, como a Vó Cândida, que aparece logo no início, o longa peca por não se aprofundar mais na história destas pessoas, que poderiam servir como fio condutor de uma narrativa pouco estruturada. Com uma apresentação rápida e pouco aproveitados, a aproximação com o público, infelizmente, passa longe de criar um vínculo afetivo. Chão dialoga muito mais com quem já tem afinidade com o tema e com isso perde a chance de contextualizar o espectador historicamente. Ainda que mergulhe naquele universo com intimidade, sob o ponto de vista e vivência da diretora, o documentário deixa de explicar mais sobre a luta e suas propostas para leigos no assunto. Todo mundo já ouviu falar do MST, mas nem todos conhecem a fundo seus ideais. Algumas situações são retratadas como se fossem esquetes, de maneira rápida e sem conflito narrativo. Outros personagens, que tinham tudo para se destacar, são apresentados vagamente e depois somem da trama. Chão é mais importante do que impactante. É necessário. Vale também pelo fato de ser um filme sobre uma luta, que faz parte da nossa história e enfrenta obstáculos diariamente. Ainda que a temática se sobressaia em relação aos outros elementos do documentário, a diretora consegue evidenciar sua preocupação em relação aos trabalhadores e seus adversários políticos e sociais. Chão não deixa de humanizar seus personagens e faz isso muito bem. Porém, não basta apenas ter um tema interessante. Ao final da projeção, por exemplo, letreiros surgem na tela com diversas informações que poderiam ter aparecido durante o filme. Fato é que faltou mostrar algo a mais. Ainda assim, é impossível negar a importância de um documentário como esse nesse momento do país: por colocar o MST em evidência e dar voz a quem precisa e entende do assunto. Chão fala da nossa história, do nosso povo. Enquanto a sociedade tenta calar aqueles que buscam mudanças, a arte está sempre de braços abertos para colocá-los em destaque. (Vitor Búrigo)

*Clique aqui e assista aos melhores momentos da apresentação e do debate do filme no Olhar de Cinema.

*Filme visto no 8º Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba.

Nota do CINEVITOR:

nota-3-estrelas

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