Kika Sena em Paloma, novo filme do cineasta pernambucano Marcelo Gomes.
Considerado o segundo festival de cinema mais prestigiado da Alemanha depois da Berlinale, o Filmfest München, Festival de Cinema de Munique, realizará sua 39ª edição entre os dias 23 de junho e 2 de julho.
Neste ano, o cinema brasileiro marca presença com três títulos na programação, entre eles, Paloma, do premiado diretor Marcelo Gomes, de Cinema, Aspirinas e Urubus, Joaquim, Estou me Guardando Para Quando o Carnaval Chegar, entre outros; o longa, produzido pela pernambucana Carnaval Filmes, em coprodução com a portuguesa Ukbar Filmes, marca a estreia de Kika Sena no cinema no papel da protagonista e será exibido na mostra Spotlight.
Kika, arte-educadora, diretora teatral, atriz, poeta e performer, interpreta Paloma, uma mulher trans que trabalha como agricultora no sertão de Pernambuco. Seu maior sonho é se casar na igreja, com seu namorado Zé, interpretado por Ridson Reis. Eles já vivem juntos, e criam uma filha de 7 anos chamada Jenifer, papel de Anita de Souza Macedo. O padre, porém, recusa o pedido, mas nem por isso Paloma desistirá de realizar seu sonho.
Marcelo Gomes, que assina o roteiro ao lado de Armando Praça e Gustavo Campos, conta que a ideia para o filme veio de uma notícia que leu no jornal: “Era sobre uma mulher transgênero que morava em uma pequena cidade do interior do Pernambuco e cujo maior sonho era se casar em uma igreja católica, toda vestida de branco. A imagem ficou na minha memória por anos porque incorporava várias contradições em um único ato. Eu pensei que essa história singular deveria se tornar um filme. Embora o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo já seja um direito consolidado no Brasil, Paloma quer algo mais. Ela quer a imagem completa. Ela anseia por uma experiência mística que afirme seu amor, transformando-o em um vínculo espiritual e não apenas legal. Somente uma liturgia religiosa pode cumpri-la”, disse o diretor.
A protagonista Kika Sena também falou sobre o filme: “Quando paro para pensar em toda a minha história de vida, concluo que ocupar um espaço em um filme, além de uma realização pessoal, era também um grande ato político, porque tinha e tem muito a ver com a ocupação de corpas pretas e periféricas e transvestigêneres em produções cinematográficas de reverberação nacional e internacional. Porque não estamos acostumades a ver a natureza de pessoas trans e travestis, nesse contexto, para além dos estereótipos. Acredito que o filme trará muitas discussões a respeito do que consideramos como família, além de ser um espaço de ocupação dos nossos corpos reais no cinema”.
Filmado na Ilha de Itamaracá, em Pernambuco, e na cidade de Crato, no Sertão do Cariri, no Ceará, Paloma conta também com Zé Maria, Suzy Lopes, Ana Marinho, Samya de Lavor, Wescla Vasconcellos, Patrícia Dawson, Nash Laila, Márcio Flecher e Buda Lira no elenco. Com produção de João Vieira Jr. e Nara Aragão, direção de fotografia de Pierre de Kerchove, montagem de Rita M. Pestana, direção de arte de Marcos Pedroso e casting por Maria Clara Escobar, o longa será lançado nos cinemas pela Pandora Filmes no segundo semestre desse ano.
Medusa, de Anita Rocha da Silveira: cinema brasileiro na programação.
Outro destaque brasileiro na seleção é o premiado Medusa, de Anita Rocha da Silveira, que será exibido na mostra CineVision Competition. Sobre o filme: há muitos e muitos anos, a bela Medusa foi severamente punida por Atena, a deusa virgem, por não ser mais pura. Hoje, a jovem Mariana pertence a um mundo onde deve se esforçar ao máximo para manter a aparência de uma mulher perfeita. Para não caírem em tentação, ela e suas amigas se esforçam ao máximo para controlar tudo e todas à sua volta. Porém, há de chegar o dia em que a vontade de gritar será mais forte.
Produzido por Mayra Auad e Vânia Catani, da Bananeira Filmes, a equipe conta também com fotografia de João Atala e trilha sonora de Gustavo Montenegro. O elenco apresenta Lara Tremouroux, Mariana Oliveira, Joana Medeiros, Felipe Frazão, Thiago Fragoso, Bruna G, Carol Romano, João Vithor Oliveira, Inez Viana e Bruna Linzmeyer.
Já na mostra International Independents, o Brasil aparece com Marte Um, de Gabriel Martins, que foi exibido no Festival de Sundance deste ano. O filme retrata uma família negra de classe média baixa, que vive às margens de uma grande cidade brasileira após a decepcionante posse de um presidente de extrema direita. O elenco conta com Rejane Faria, Carlos Francisco, Camilla Damião e Cícero Lucas.
Marte Um é sobre seguir os sonhos no Brasil contemporâneo. O garoto Deivid, o caçula da família Martins, sonha em ser astrofísico, e participar de uma missão que em 2030 irá colonizar o planeta vermelho. Morando na periferia de um grande centro urbano, não há muitas chances para isso, mas mesmo assim, ele não desiste. Passa horas assistindo vídeos e palestras sobre astronomia na internet.
O filme começa na noite 28 de outubro de 2018, quando Jair Bolsonaro acaba de ser eleito. Sentado no quintal de casa, enquanto pensa no seu grande sonho, Deivid ouve da rua gritos de “mito” e uma grande comemoração. Será o começo de um período obscuro tanto para sua família quanto para o país.
Com imagens do passado e do presente que se unem para ilustrar cartas imaginárias pessoais e íntimas a um amor impossível, Uma Noite sem Saber de Nada nos apresenta L., uma estudante de cinema indiana. O filme-ensaio, longa de estreia da realizadora Payal Kapadia, foi o grande vencedor do Prêmio Olhar de Melhor Filme. O júri da mostra Competitiva foi formado por Talize Sayegh, Cássio Kelm e Alia Ayman.
O filme-performance de João Vieira Torres, Mal di Mare, rodado na Bienal de Veneza de 2019, recebeu o Prêmio Olhar de melhor curta-metragem da Competitiva. A veterana portuguesa Rita Azevedo Gomes recebeu o Prêmio Contribuição Artística pela direção do longa Trio em Mi Bemol; e Freda, da haitiana Gessica Généus, o Prêmio Especial do Júri. A coprodução do Haiti, França e Benim também levou o Prêmio do Público e foi a escolhida pelo Júri da Crítica, formado por Flavia Guerra, Rafael Carvalho e Letícia Magalhães, concedido pela Abraccine, Associação Brasileira de Críticos de Cinema.
Os filmes brasileiros 7 Cortes de Cabelo no Congo, de Luciana Bezerra, Gustavo Melo e Pedro Rossi, e o curta Garotos Ingleses, de Marcus Curvelo, também foram premiados na noite, assim como os títulos O Hábito de Habitar, de Nicolás Pérez, e Upa! Neguinho, de Douglas Carvalho dos Santos, ambos da mostra Mirada Paranaense, reconhecidos com o Prêmio AVEC-PR.
Já na mostra Novos Olhares, os destaques foram para a produção chinesa Jet Lag, de Xinyuan Zheng Lu, e o sul-africano Grace Tomada Única, de Lindiwe Matshikiza, que receberam os prêmios de melhor longa-metragem e Menção Honrosa, respectivamente. Poeta, filme cazaque de Darezhan Omirbayev, recebeu o prêmio de melhor longa-metragem da mostra Outros Olhares.
O júri da mostra Outros Olhares foi formado por Letícia Simões, Diego Trerotola e Denilson Lopes; para a mostra Novos Olhares/Melhor Filme Brasileiro, o júri contou com Viviane Ferreira, Pedro Adrián Zuluaga e James Lattimer. O Prêmio AVEC-PR foi escolhido por Roger Koza, Ramayana Lira e Fran Camilo.
Conheça os vencedores do Olhar de Cinema 2022:
COMPETITIVA | LONGA-METRAGEM
Prêmio Olhar de Melhor Filme: Uma Noite Sem Saber Nada (Toute Une Nuit Sans Savoir), de Payal Kapadia (França/Índia) Prêmio Especial do Júri: Freda, de Gessica Geneus (França/Haiti/Benin) Prêmio de Contribuição Artística: Rita Azevedo Gomes, diretora de O Trio em Mi Bemol (Portugal/Espanha)
COMPETITIVA | CURTA-METRAGEM
Prêmio Olhar de Melhor Filme: Mal di Mare, de João Vieira Torres (Brasil)
MOSTRA OUTROS OLHARES
Melhor longa-metragem: Poeta (Akyn), de Darezhan Omirbayev (Cazaquistão)
MOSTRA NOVOS OLHARES
Melhor Filme: Jet Lag, de Zheng Lu Xinyuan (China) Menção Honrosa: Grace Tomada Única (One Take Grace), de Lindiwe Matshikiza (África do Sul)
FILME BRASILEIRO | LONGAS | Competitiva, Novos Olhares e Outros Olhares
Melhor longa-metragem brasileiro: 7 Cortes de Cabelo no Congo, de Luciana Bezerra, Gustavo Melo e Pedro Rossi
FILME BRASILEIRO | CURTAS | Competitiva e Outros Olhares
Melhor curta-metragem brasileiro: Garotos Ingleses, de Marcus Curvelo
OUTROS PRÊMIOS
Prêmio do Público: Freda, de Gessica Geneus (França/Haiti/Benin) Prêmio AVEC-PR Hugo Mengarelli: O Hábito de Habitar, de Nicolás Pérez (Brasil/Chile/Haiti) Prêmio AVEC-PR | Menção Honrosa: Upa, Neguinho!, de Douglas Carvalho dos Santos Prêmio da Crítica | Abraccine: Freda, de Gessica Geneus (França/Haiti/Benin)
*O CINEVITOR está em Curitiba e você acompanha a cobertura do 11º Olhar de Cinema por aqui, pelo canal no YouTube e pelas redes sociais: Twitter, Facebook e Instagram.
Protagonizado por Johnny Massaro, Renata Carvalho e Vitor Camilo, a obra se passa em Vitória, Espírito Santo, no ano de 1983, quando a primeira onda da epidemia de AIDS arrebata dois rapazes gays e uma mulher transexual, que se unem na tentativa de sobreviver ao temido e desconhecido vírus. Realizado pela Pique-Bandeira Filmes, o elenco conta também com Clara Choveaux, Alex Bonini e Higor Campagnaro.
Rodado poucos meses antes do início da pandemia de Covid-19, o filme traz essa realidade da comunidade LGBTQIA+ que, no início da década de 1980, já sofria fortemente com a marginalização e a iminência da violência e que passa a lidar com uma nova camada de opressão com a chegada do desconhecido vírus que era, preconceituosamente, denominado “vírus gay”. O desespero com a falta de informação, a exclusão social ainda maior e até mesmo o descaso e despreparo do sistema de saúde ao lidarem com a situação, eclodiu em uma epidemia que matou milhares e aumentou ainda mais a homofobia. O longa expressa essa angústia e também essa união da comunidade, que só podia se proteger entre si enquanto eram vistos como ameaças; sendo eles os maiores ameaçados.
Exibido no International Film Festival Mannheim-Heidelberg, na Alemanha, e no International Film Festival of India, o filme recebeu o Prêmio Carlos Reichenbach de melhor longa-metragem da mostra Olhos Livres na 25ª Mostra de Cinema de Tiradentes e também recebeu o Prêmio Especial do Júri para Renata Carvalho no Festival do Rio.
Para falar mais sobre Os Primeiros Soldados, conversamos com o diretor Rodrigo de Oliveira, que marcou presença no Olhar de Cinema.
Aperte o play e confira:
*O CINEVITOR está em Curitiba e você acompanha a cobertura do 11º Olhar de Cinema por aqui, pelo canal no YouTube e pelas redes sociais: Twitter, Facebook e Instagram.
A Universal Pictures divulgou nesta terça-feira, 07/06, o novo trailer de Minions 2: A Origem de Gru. Sequência do spin-off de sucesso da franquia Meu Malvado Favorito, a animação está prevista para chegar aos cinemas brasileiros no dia 30 de junho.
O longa-metragem é dirigido por Kyle Balda, que desde o início esteve na equipe de desenvolvimento da franquia. O cineasta, que começou no departamento de animação dos dois primeiros longas da saga, dirigiu Meu Malvado Favorito 3e Minions.
Minions 2: A Origem de Gru, se passa na década de 1970, muito antes de Gru se tornar um mestre do mal. Na época, o personagem era apenas um garoto de 12 anos, morando em um subúrbio e planejando dominar o mundo de seu porão, mas sem muito sucesso. Quando cruza o caminho dos Minions, incluindo Kevin, Stuart, Bob e Otto (um novo Minion de aparelho nos dentes e uma necessidade desesperada de agradar), Gru acaba formando uma família inusitada. Juntos, eles constroem o seu primeiro esconderijo, projetam suas primeiras armas e unem forças para executar suas primeiras missões.
Mas quando o infame grupo de supervilões Vicious 6 expulsa seu líder, o lendário lutador de artes marciais Wild Knuckles, Gru decide fazer uma entrevista para ocupar a vaga. Os vilões não dão corda para o diminuto aspirante a vilão, mas Gru os engana e enfurece, tornando-se, de repente, o inimigo mortal da maior gangue do mal. Com o jovem em perigo, Gru descobre que até mesmo os bandidos precisam de uma ajudinha dos amigos.
A animação conta com dublagens de: Steve Carell, que volta a dar voz ao principal personagem da franquia; Taraji P. Henson, Jean-Claude Van Damme, Michelle Yeoh, Dolph Lundgren, Danny Trejo, entre outros.
Confira o trailer de Minions 2: A Origem de Gru, que chega aos cinemas em junho:
Com um total de 67 títulos, entre longas e curtas, nacionais e internacionais, inéditos no circuito comercial, a programação conta ainda com shows, debates, encontros, sessões apresentadas por convidados e feira de vinil.
“A programação on-line amplia o alcance e democratiza o acesso. É indispensável ao festival. Mas a grande aposta desta edição é a volta ao presencial! Por isso, tantas sessões com diretores, diretoras e convidados especiais. Por isso, tantos shows. Queremos resgatar o prazer do encontro, das trocas, investir na experiência viva que só um festival pode oferecer”, disse Leonardo Kehdi, diretor-executivo do festival.
A cerimônia de abertura acontecerá no dia 15 de junho, às 20h30, no CineSesc, com a exibição do inédito Nothing Compares, dirigido por Kathryn Ferguson, sobre a vida da cantora irlandesa Sinéad O’Connor. Entre altos e baixos na carreira da artista, que mudou radicalmente a figura da mulher no rock ao raspar sua cabeça, usar roupas masculinas e soltar frases polêmicas ao se referir à moral e aos bons costumes britânicos, o documentário traz imagens inéditas de arquivo e a voz da própria cantora como narradora. A diretora resgata essa trajetória de um ponto de vista abertamente feminista.
A mostra Sessões Especiais traz oito títulos divididos em dois grupos. O grupo dos filmes inéditos apresenta 4 títulos finalizados especialmente para o festival e exibidos em sessões únicas. Complementam a programação quatro filmes que foram destaque nas edições de 2020 e 2021 do In-Edit Brasil. Por conta da pandemia de Covid-19, esses filmes foram vistos somente no formato on-line e, agora, serão exibidos pela primeira vez na tela grande do cinema.
O Panorama Mundial traz um total de 25 documentários internacionais que serão exibidos no formato presencial, na cidade de São Paulo, e uma seleção on-line. Entre eles, filmes sobre as bandas a-ha, The Beatles e Flaming Lips, os cantores Rick James, Chico Buarque e Tina Turner, o pianista Billy Tipton, entre outros. Além disso, o In-Edit Brasil apresenta um especial com nove títulos nacionais e internacionais de um dos gêneros musicais mais escutados no mundo, o Heavy Metal.
Neste ano, estão confirmados shows e pocket shows com: Banda Mantiqueira, Mundo Livre S/A, Black Pantera, Benjamim Taubkin, Test, Carline and Friends, Os Imitáveis, Garotos Podres e Alzira E.
Conheça os novos filmes internacionais selecionados para o In-Edit Brasil 2022:
PANORAMA MUNDIAL
a-ha: The Movie, de Thomas Robahm e Aslaug Holm (Noruega/Alemanha) Anonymous Club, de Danny Cohen (Austrália) Bitchin’: The Sound and Fury of Rick James, de Sacha Jenkins (EUA) Cesária Évora, de Ana Sofia Fonseca (Portugal) Crestone, de Marnie Ellen Hertzler (EUA) Delia Derbyshire: The Myths and the Legendary Tapes, de Caroline Catz (Inglaterra) El Niño de Fuego, de Ignacio Acconcia (Espanha) Flaming Lips – Space Bubble Film, de Wayne Coyne e Blake Studdard (EUA) Freakscene: The Story of Dinosaur Jr., de Philipp Reichenheim (Alemanha/EUA) Getting It Back: The Story Of Cymande, de Tim Mackenzie-Smith (Inglaterra) I Get Knocked Down, de Sophie Robinson e Dunstan Bruce (Inglaterra) I’m Wanita, de Matthew Walker (Austrália) In the Court of the Crimson King, de Toby Amies (EUA) Já Estou Farto!, de Paulo Antunes (Portugal) Lydia Lunch: The War Is Never Over, de Beth B (EUA) Meu Caro Amigo Chico, de Joana Barra Vaz (Portugal) No Ordinary Man, de Aisling Chin-Yee e Chase Joy (Canadá) Nothing Compares, de Kathryn Ferguson (Inglaterra/Irlanda) Other, Like Me: The Oral History of COUM Transmissions and Throbbing Gristle, de Marcus Werner Hed e Dan Fox (Inglaterra) Rewind and Play, de Alain Gomis (França/Alemanha) Studio 17: The Lost Reggae Tapes, de Mark James (Inglaterra) The Conductor, de Bernadette Wegenstein (EUA) The Unicorn, de Isabelle Dupuis e Tim Geraghty (EUA) Tina, de Daniel Lindsay e T.J. Martin (EUA)
ESPECIAL HEAVY METAL
A Heavy Metal Civilization, de Cristina Ornellas e Maila-Kaarina Rantanen (Finlândia) Brasil Heavy Metal, de Ricardo ‘Micka’ Michaelis (Brasil) Desgadável – Gangrena Gasosa, de Fernando Rick (Brasil) DIO Dreamers Never Die, de Don Argott e Demian Fenton (EUA) Murder in the Front Row: The San Francisco Bay Area Thrash Metal Story, de Adam Dubin (EUA) Quem Kiss Teve, de Tadeu Jungle (Brasil) Rock Camp: The Movie, de Douglas Blush e Renee Barron (EUA) Rockabul, de Travis Beard (Afeganistão/Austrália/Bósnia-Herzegovina/Reino Unido) The Forbidden Strings, de Hasan Noori (Irã/Afeganistão/Qatar) Until the Light Takes Us, de Aaron Aites e Audrey Ewell (EUA)
SESSÕES ESPECIAIS *Destaques do In-Edit 2020 e 2021
Dom Salvador & Abolition, de Artur Ratton e Lilka Hara (Brasil/EUA) Garoto – Vivo Sonhando, de Rafael Veríssimo (Brasil) Aquilo que Eu Nunca Perdi, de Marina Thomé (Brasil) Secos & Molhados, de Otávio Juliano (Brasil)
SESSÕES ESPECIAIS | EXIBIÇÃO ÚNICA
Carlini – Guitarrista de Rock, de Luiz Carlos Lucena (Brasil) Gueto Flow, Preto Show, de Adrianna Oliveira (Brasil) Música Para Um Filme, de Otavio Cury (Brasil) Um Disco Normal, de João Kombi e Tomás Moreira (Brasil)
A mostra Competitiva de longa e curta-metragem do Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba é composta por um conjunto de apostas, e também descobertas, de filmes recém chegados ao mundo, ainda inéditos no Brasil. Sobre os selecionados, há uma busca do equilíbrio entre inventividade, abordagem de temas contemporâneos e potencial de comunicação com o público.
Um dos destaques desta seleção é o pernambucano Paterno, dirigido por Marcelo Lordello. Na trama, Sérgio, interpretado por Marco Ricca, é um arquiteto de 55 anos que precisa tomar o poder da empreiteira da família com um plano que depende da herança do seu pai Heitor, em estado terminal, para realizar seu edifício mais ambicioso. No entanto, ele descobre um segredo guardado há muito tempo por Heitor. Começa assim uma busca obsessiva e reveladora do passado de seu pai, algo que desconstruirá Sérgio e todas as suas certezas.
Filmado em 2017 no Recife, Paterno é um filme sobre dilemas familiares e profissionais que se acumulam por vidas inteiras, em um contexto corrompido por especulações imobiliárias na capital pernambucana. Com roteiro de Marcelo Lordello, Fábio Meira e Letícia Simões, a fotografia é assinada por Bárbara Alvarez.
O elenco conta também com Fabiana Pirro, Gustavo Patriota, Thomás Aquino, Nelson Baskerville, Selma Egrei, Rejane Faria, Germano Haiut, Cláudia Assunção, Wilson Rabelo, Zoraide Coleto, Tavinho Teixeira, Clébia Sousa, entre outros.
Para falar mais sobre o filme, conversamos com os atores Marco Ricca e Gustavo Patriota depois da primeira exibição de Paterno no festival.
Aperte o play e confira:
*O CINEVITOR está em Curitiba e você acompanha a cobertura do 11º Olhar de Cinema por aqui, pelo canal no YouTube e pelas redes sociais: Twitter, Facebook e Instagram.
Anamaria Vartolomei em O Acontecimento, de Audrey Diwan.
O Festival Varilux de Cinema Francês, único evento audiovisual realizado nacionalmente e simultâneo em municípios de quase todos os estados brasileiros, realizará sua 13ª edição entre os dias 21 de junho e 6 de julho com 17 obras inéditas e recentes da filmografia francesa, além de dois filmes como homenagem a um clássico e em comemoração aos 400 anos do dramaturgo francês Molière.
Na seleção dos inéditos desta edição com temáticas variadas e gêneros como comédia, drama, suspense e romance estão produções de diretores aclamados internacionalmente. A curadoria procura sempre trazer o melhor da cinematografia francesa atual para o público brasileiro com filmes que exploram temas dos mais clássicos aos mais contemporâneos através de grandes elencos.
Presente na programação pelo oitavo ano, o diretor François Ozon estará representado com seu mais novo filme: Peter von Kant, que abriu o Festival de Berlim e disputou o Urso de Ouro. Baseado em As Lágrimas Amargas de Petra von Kant, obra-prima do cineasta alemão Rainer Werner Fassbinder, o longa troca a personagem Petra por Peter, interpretado por Denis Ménochet, que se envolve amorosamente com o jovem Amir, vivido por Khalil Ben Gharbia, e marca, assim, a volta de Ozon à temática LGBTQIA+.
O Acontecimento (L’événement), da diretora franco-libanesa Audrey Diwan, traz um assunto que está constantemente na ordem do dia: o aborto. Premiado com o Leão de Ouro de melhor filme no Festival de Veneza, em 2021, o longa é uma adaptação do romance homônimo de Annie Ernaux e conta a história de uma jovem que, em plena década de 1960, toma a difícil decisão de interromper sua gravidez.
Para os fãs de suspense, duas produções marcam a seleção: em Golias (Goliath), um thriller com denúncia ambiental dirigido por Frédéric Tellier, uma professora de esportes, um advogado ambiental e um lobista veem suas trajetórias se entrelaçarem após um trágico acontecimento; o elenco conta com Gilles Lellouche, Pierre Niney e Emmanuelle Bercot. Já em Kompromat, de Jérôme Salle, a trama narra a espetacular fuga de um diretor da Aliança Francesa da Sibéria, vítima de uma trama orquestrada pelo Serviço Federal de Segurança da Rússia.
As comédias dramáticas, tão características do cinema francês, também marcam presença: em Esperando Bojangles (En attendant Bojangles), de Régis Roinsard, com Romain Duris e Virginie Efira, a relação de um casal apaixonado se completa com a chegada do filho; o filme é baseado no best-seller homônimo de Olivier Bourdeaut. Em Querida Léa (Chère Léa), de Jérôme Bonnell, o protagonista Jonas decide, após uma bebedeira, visitar sua ex-namorada, Léa, por quem ainda é apaixonado. Ao ser rejeitado, ele vai a um café para escrever-lhe uma última carta de amor, despertando a curiosidade do dono do estabelecimento.
Virginie Efira na comédia dramática Esperando Bojangles.
Outros destaques da seleção são as comédias, entre elas: Entre Rosas (La fine fleur), de Pierre Pinaud, e Um Pequeno Grande Plano (La croisade), de Louis Garrel. A primeira conta a história de Eve Vernet, interpretada por Catherine Frot, que, antes a maior criadora de rosas, hoje vive à beira da falência. A solução para salvar a fazenda: contratar três ex-presidiários que não têm nenhum conhecimento de jardinagem. Na outra comédia, Joseph, de 13 anos, está vendendo seus bens mais valiosos para financiar um projeto ecológico na África. Mas para a surpresa dos pais, ele não é o único; o elenco traz Laetitia Casta, Joseph Engel e o próprio diretor, Louis Garrel.
No gênero drama são várias as opções: em O Próximo Passo (En corps), de Cédric Klapisch, uma jovem e promissora bailarina clássica se machuca após flagrar a traição do namorado. Ela luta para se recuperar, buscando novos rumos no mundo da dança contemporânea. O Mundo de Ontem (Le monde d’hier), de Diastème, com Léa Drucker e Denis Podalydès, conta a história de uma Presidente da República que opta por deixar uma vida política bem-sucedida. Porém, pouco antes do primeiro turno das eleições, um escândalo atrapalha o desempenho de seu sucessor de confiança e pode dar a vitória ao candidato de extrema-direita. Eles têm três dias para mudar o curso da história.
Já em O Segredo de Madeleine Collins, de Antoine Barraud, Judith leva uma vida dupla entre dois países, dois amantes e filhos diferentes com cada um. Aos poucos, esse frágil equilíbrio de segredos começa a se despedaçar. O filme, que conta com Virginie Efira e Jacqueline Bisset no elenco, foi exibido na mostra Giornate degli Autori, no Festival de Veneza.
Ainda entre os dramas, Os Jovens Amantes (Les jeunes amants), da diretora Carine Tardieu, traz a história de dois amantes que se reencontram no corredor de um hospital, 15 anos após o primeiro contato. Shauna tem 71 anos, Pierre tem 45. Eles se reconectam, enquanto Shauna, que é avó e viúva, quer se reafirmar como mulher e mostrar que a diferença de idade não importa; o elenco conta com Fanny Ardant, Melvil Poupaud e Cécile de France. Em Sentinela do Sul (Sentinelle sud), de Mathieu Gérault, o soldado Christian Lafayette volta à França, após uma operação que dizimou sua unidade. Ele tenta retomar a vida, mas se envolve no tráfico de ópio para salvar dois militares sobreviventes.
Já Um Herói (Ghahreman), de Asghar Farhadi, premiado no Festival de Cannes do ano passado, mostra que Rahim, interpretado por Amir Jadidi, está preso por conta de uma dívida. Ao ser dispensado da cadeia por dois dias, tenta convencer seu credor a retirar a queixa, mas nada acontece como planejado.
Louis Garrel e Laetitia Casta em Um Pequeno Grande Plano.
Outro drama de destaque é Contratempos (À plein temps), de Eric Gravel, premiado na mostra Orizzonti do Festival de Veneza nas categorias de melhor direção e melhor atriz para Laure Calamy. Nele, Julie luta sozinha para criar dois filhos no subúrbio e manter seu emprego em Paris. Quando ela finalmente consegue uma entrevista para um cargo desejado, uma greve geral paralisa o transporte. Ela, então, embarca em uma corrida para salvar seu emprego e sua família.
Por fim, o drama histórico O Destino de Haffman (Adieu Monsieur Haffmann), de Fred Cavayé, se passa em Paris, em plena Segunda Guerra Mundial. Um homem comum que sonha em começar uma família trabalha para um talentoso joalheiro, o Sr. Haffmann, papel de Daniel Auteuil. Mas frente à ocupação alemã, eles precisam honrar um acordo que afetará seus destinos. A atração para toda a família é a aventura King: Meu Melhor Amigo, de David Moreau, que conta a história de um filhote de leão traficado, que foge e encontra abrigo na casa de Inès e Alex, de 12 e 15 anos. Os irmãos bolam um plano maluco: levar King de volta à África.
Em suas edições, o Festival Varilux de Cinema Francês faz uma reverência aos grandes filmes, diretores e demais profissionais que marcaram a cultura francesa. Este ano, serão duas homenagens: a um clássico da cinematografia do país, O Papai Noel é um Picareta (Le père Noël est une ordure), de Jean-Marie Poiré, e aos 400 anos de nascimento de Molière, um dos maiores nomes de sua dramaturgia, através do filme As Aventuras de Molière, de Laurent Tirard e Ariane Mnouchkine, indicado ao Prêmio César.
Atentos às mudanças no mercado audiovisual mundial e particularmente no francês, os diretores do Festival Varilux resolveram inovar este ano. A edição de 2022 terá, pela primeira vez, uma mostra de sete séries francesas inéditas. A curadoria criteriosa já conhecida para os longas-metragens participantes se estendeu ao formato seriado e produções recentes foram selecionadas para serem exibidas em São Paulo e no Rio de Janeiro; em data a ser divulgada posteriormente, as séries serão disponibilizadas para todo o Brasil gratuitamente no streaming.
A seleção de sete séries francófonas inéditas no Brasil conta com: Cheyenne e Lola (Cheyenne et Lola), As Sentinelas (Les Sentinelles), Jogos do Poder (Jeux d’influence), O que Pauline não diz (Ce que Pauline ne vous dit pas), Ópera (L’Opera), Síndrome E (Syndrome E) e A Corda (La corde); é a primeira vez que um festival apresenta produções desse tipo nos cinemas.
São Paulo e Rio de Janeiro foram as capitais escolhidas para a exibição das séries, entre os dias 20 e 22 de junho, com debate com convidados para falar sobre o formato. Ainda haverá uma masterclass em cada cidade e encontro de profissionais. As aulas serão ministradas pelo ator e diretor Antoine Lacomblez e pelo roteirista Jean-Philippe Amar, ambos fazem parte de produções que compõem o line-up.
Sahar Goldust no filme Um Herói, de Asghar Farhadi.
Para Emmanuelle Boudier, codiretora e cocuradora do festival, “o mundo está mudando e o mundo das imagens junto com ele. A pandemia acentuou a tendência de consumir produções no sofá, sob demanda. Nós, que amamos tanto o cinema, vamos sempre incentivar que a experiência de assistir aos filmes seja nas salas de cinema, neste lugar mágico. Mas sabemos que existem ótimas produções sendo feitas e assistidas em outras telas. E não podíamos deixar de trazer para o público brasileiro, que sempre prestigiou o festival, um pouco das séries francesas que estão sendo produzidas”.
Uma delegação artística composta de 11 profissionais marca presença em São Paulo e no Rio de Janeiro para apresentar suas obras, entre filmes e séries, e conversar com o público. Para falar de seus longas-metragens estarão: o ator Gilles Lellouche, protagonista em O Destino de Hoffman, Kompromat e Golias; e os cineastas Carine Tardieu (Os Jovens Amantes), Jérôme Salle (Kompromat), Diastème (O Mundo de Ontem), Eric Gravel (Contratempos) e Régis Roinsard (Esperando Bojangles). Para apresentar as séries e participar do encontro profissional os convidados são: o diretor Jean-Philippe Amar (As Sentinelas), o roteirista Antoine Lacomblez (Jogos de Poder e O que Pauline Não Diz), o produtor Alexandre Piel (ARTE), a produtora Soizic Gelbard (Gaumont) e a distribuidora Isabella Barsumian (Federation Entertainment).
“Estamos sempre atentos para trazer para o festival obras de qualidade e com diversidade de temas. Sabemos que o público quer rever seus atores e diretores preferidos, mas também conhecer as novas revelações”, comentou Christian Boudier, codiretor e cocurador do festival.
Atividade integrante do Festival Varilux de Cinema Francês, o 5º Laboratório Franco-Brasileiro de Roteiros foi confirmado entre os dias 20 e 24 de junho no Rio de Janeiro. Com inscrições prévias, o programa é destinado a roteiristas, diretores e realizadores e propicia o desenvolvimento da escrita de projetos de roteiros de longa-metragem e de séries de TV. O LAB é coordenado por François Sauvagnargues, especialista de ficção e ex-diretor geral do FIPA, Festival Internacional de Programação Audiovisual (Biarritz, França), e tem como professores os roteiristas Corinne Klomp, Pascale Rey, Jean-Marie Chavent e Nicolas Clément, todos integrantes do Conservatório Europeu de Escrita Audiovisual (CEEA). Dezesseis participantes foram selecionados e irão trabalhar em quatro grupos durante cinco dias.
Já estão confirmadas as seguintes cidades nesta edição do Festival Varilux: Afogados de Ingazeira (PE), Aracaju (SE), Araraquara (SP), Arcoverde (PE), Belém (PA), Belo Horizonte (MG), Botucatu (SP), Brasília (DF), Búzios (RJ), Campinas (SP), Campo Grande (MS), Caruaru (PE), Caxias do Sul (RS), Cotia (SP), Cuiabá (MT), Curitiba (PR), Florianópolis (SC), Fortaleza (CE), Garanhuns (PE), Goiânia (GO), Indaiatuba (SP), João Pessoa (PB), Jundiaí (SP), Juiz de Fora (MG), Londrina (PR), Maceió (AL), Manaus (AM), Maringá (PR), Natal (RN), Niterói (RJ), Ouro Preto (MG), Palmares (PE), Palmas (TO), Pelotas (RS), Petrolina (PE), Porto Alegre (RS), Recife (PE), Ribeirão Preto (SP), Rio Branco (AC), Rio de Janeiro (RJ), Salvador (BA), Santos (SP), São Carlos (SP), São Luis (MA), São Paulo (SP), Teresina (PI), Vitória (ES), Volta Redonda (RJ).
A lista de cidades e de cinemas participantes será continuamente atualizada no site do festival; o valor do ingresso será o já cobrado por cada exibidor. Clique aqui e saiba mais sobre a programação completa.
Um dos destaques da seleção desta 11ª edição é o longa paraibano Pele Fina, de Arthur Lins, do premiado Desvio e dos curtas O Matador de Ratos e A Felicidade dos Peixes. Exibido no domingo, 05/06, com reprise no dia seguinte, o filme acompanha Luísa, interpretada por Ingrid Trigueiro, que viaja para uma praia deserta com sua família durante a escrita de uma adaptação da peça Psicose 4.48, da autora inglesa Sarah Kane.
Imersa no texto, Luísa vê as pulsões da obra se intrincarem cada vez mais à sua realidade e a levarem ao limite entre a adaptação e o delírio. Entre o teatro, o rascunho, as imagens de arquivo e as complexas memórias e relações familiares, Arthur Lins utiliza diferentes registros de encenação para compor um pequeno conto tropical sobre um complexo processo de criação.
Para falar mais sobre o filme, o diretor participou de um debate com o público, logo depois da primeira sessão, no Cine Passeio, que foi mediado por Carla Italiano, e contou também com a presença da protagonista Ingrid Trigueiro e da produtora Mariah Benaglia.
Sobre a questão do teatro na narrativa, Arthur falou: “Não queria ficar imerso em um processo de criação de teatro o tempo todo. A ideia era que o elemento teatral estivesse contaminando aquilo que não era do processo criativo. O cinema é um lugar que eu me sinto mais à vontade e que tenho mais afinidade por fazer filmes, já que nunca tive uma experiência em dirigir uma peça de teatro. Nisso, Ingrid ajudou muito por ter uma experiência muito grande. Eu me surpreendo com a atuação dela até hoje. Era realmente um trabalho de descoberta e ela me ajudou muito a entender como que o teatro se coloca no corpo, na cena. Era como se Ingrid fosse o teatro”.
E completou: “Tem um lugar da encenação, da mise en scène, que é próprio do cinema e que, inicialmente, era o lugar que eu estava mais interessado em investigar. Além disso, a questão do gênero vai contagiando o filme. Quando estávamos perto de filmar eu quase desisti de falar sobre Sarah Kane e do que ela elaborava como dor. Comecei a pensar em Clarice Lispector por ter uma relação mais próxima. Porém, Clarice já é um lugar tão colocado. Mas, de fato, quase dei um passo atrás porque tem uma questão de gênero que eu jamais vou conseguir me aproximar, como diretor, em determinadas instâncias. Houve uma contribuição criativa e efetiva de mulheres e engajamento que eu não tive em nenhum outro filme. Era uma zona delicada de me aproximar dessa pulsão e do que seria esse feminino no filme”.
A produtora Mariah Benaglia com Ingrid Trigueiro e Arthur Lins.
Sobre a personagem principal, Ingrid Trigueiro comentou: “Tem uma fusão do que é real e o que não é. Isso tudo vira, na cabeça da personagem, um conflito. As coisas se misturavam. A gente não entrega de graça e quem assiste é que percebe isso e vê como ela está totalmente voltada à uma descoberta. Ela se questiona o tempo todo e tenta se encontrar. As coisas se misturam fortemente entre passado e presente”.
Durante o debate, a equipe do filme também relembrou a questão da pandemia de Covid-19, que afetou as filmagens: “Estava tudo certo, até que chegou a pandemia. Com isso, sofremos um corte. A palavra que me vem é incerteza. Tivemos que parar e voltamos para casa todos muito assustados. Não sabíamos o desdobramento do que aconteceria. Era muita insegurança e muito medo. Quando voltamos para as filmagens, em uma pseudo tranquilidade no final do mesmo ano, já era outra coisa. O set já tinha se transformado porque tínhamos todos os protocolos para seguir. A angústia do texto também estava no nosso cotidiano. Fomos de um extremo a outro. E hoje estou muito feliz e emocionada de conseguir mostrar esse trabalho pronto aqui”, revelou Ingrid.
A produtora Mariah Benaglia também comentou: “Foi muito louco trabalhar em um filme que falava sobre essa pulsão de morte quando a gente viveu na nossa geração a coisa mais crítica em relação a não existência. O texto parte muito de um processo individual para transformá-lo em um coletivo. Por conta desse processo de um filme interrompido tivemos a oportunidade de ver esse material durante um tempo. Ao passar pela pandemia e revisitar o material, fomos entendendo que o filme foi se desdobrando em outros caminhos. Isso foi necessário para conseguir seguir nesse ano que a gente não sabia o que estava acontecendo”.
Ao final do debate, Arthur falou sobre a experiência de voltar com as exibições presenciais: “Tem uma coisa meio surrealista, uma fronteira borrada do cinema de criar um espaço. Por isso o filme faz ainda mais sentido numa sala de cinema; de criar um espaço com aquelas camadas sonoras, texturas e questões que são do cinema com o cinema. É importante elaborar esse espaço da tela que se espalha pela sala toda e cria um imaginário mental”.
*O CINEVITOR está em Curitiba e você acompanha a cobertura do 11º Olhar de Cinema por aqui, pelo canal no YouTube e pelas redes sociais: Twitter, Facebook e Instagram.
Na trama, Raúl, interpretado por Hugo Nogueira, é um peão desempregado e pai de família que vive em uma casa isolada na imensidão solitária dos campos do Pampa. A mão de obra tradicional da lida no campo já não serve mais aos patrões, donos das terras. A paisagem de imensas pastagens com o gado estão sendo sobrepostas por gigantescas lavouras de soja. Assolado pela pobreza e a falta de trabalho, ele se junta a outros peões para roubar gado durante a escuridão das noites no campo. Ao retornar de mais uma madrugada, encontra sua casa vazia: sua mulher e filhos desapareceram.
Conversamos com o diretor logo depois das exibições em Curitiba, no Cine Passeio, sobre a ideia do projeto, elenco, bastidores e repercussão do filme. Confira os melhores momentos:
ROTEIRO
“Eu fiz um primeiro tratamento do roteiro, que era mais focado na questão familiar, mas ainda estava bem cru. Depois disso, fui para a região onde filmamos para ouvir histórias e fui escrevendo outros tratamentos. Também fui absorvendo o jeito que falavam e adaptando os diálogos para uma linguagem bem regional. Nesse processo de pesquisa acabei conhecendo várias pessoas, que foram entrando no filme”.
ELENCO
“Até cheguei a pensar em fazer com um elenco 100% de atores profissionais. Mas o filme estava extremamente não narrativo e aí eu comecei a pontuar algumas coisas e achei melhor misturar com não atores e deixar que os profissionais dessem um suporte melhor para o drama”.
PROTAGONISTA
“Eu estava falando sobre o filme com uma amiga, contando sobre o personagem e ela disse que tinha alguém para me apresentar. Fomos na casa do Hugo, mas ele não estava. Depois eu voltei e tivemos a primeira conversa. Foram vários momentos até eu decidir que ele estaria no filme. Em nenhum momento ele se deslumbrou com o projeto e sempre foi muito cara de pau, sem ter vergonha de nada. Não ficou nervoso e nem tenso. O tempo inteiro ele brincava e estava muito tranquilo, mas levou a sério. Ele é muito diferente do personagem. É um cara alegre, divertido e fez aquele personagem muito bem em um desenho muito bem construído”.
“Fizemos uma preparação de elenco bem forte. Quando começamos não entreguei o roteiro para ele, que passava as cenas comigo e com a preparadora de elenco. Eu falava que não precisava se preocupar com o que estava escrito no roteiro. A ideia era mostrar o que estava no texto, só que do jeito deles. Até porque o roteiro também tinha coisas que vinham da boca deles”.
Hugo Nogueira em cena.
REGIONALISMO
“Eu queria que fosse um filme bem regional. Queria que fosse naquele lugar, com as pessoas daquele jeito, algo bem autêntico do local. Tive até uma certa dificuldade em pegar atores de Porto Alegre, por exemplo, pela diferença grande de sotaque. Consegui alguns atores que nasceram mesmo na fronteira e tiveram que resgatar o sotaque da infância. O único ator de Porto Alegre se puxou mais para se adaptar ao sotaque, fez um laboratório com um cara muito parecido com o personagem dele e pegou muito os trejeitos dele”.
FESTIVAIS
“Aqui no Olhar de Cinema as pessoas entraram mais nas questões do elenco e do regionalismo. Já no Festival do Rio era uma cena diferente e uma cultura que as pessoas não estavam tão familiarizadas. Eu também tinha medo que talvez não entendessem o sotaque porque tem um portunhol no meio, mas acabou funcionando. Nos preocupamos muito com a pronúncia das palavras e trabalhamos na preparação de elenco para ter uma clareza na fala. Eu acho bonito quando tem essa autenticidade dentro de um filme, que trazem questões bem regionais, como por exemplo os filmes nordestinos. Eu posso não entender alguma gíria, mas entendo o contexto. Pra mim, como público, não incomoda. Pelo contrário, eu valorizo”.
GAÚCHO
“Eu nunca quis perder a originalidade daquele lugar para falar daquelas pessoas. Eu queria apresentar aquele universo de uma maneira muito autêntica, exatamente como ele é. Até para sustentar minha própria inflexão crítica sobre a construção da imagem do gaúcho; no caso, um gaúcho heroico, branco, valente, que nada abala, muito machão. É uma cultura muito caricata que, na verdade, não representa o que realmente é o Rio Grande do Sul na sua história e no seu povo. A história foi forjada. A formação do Rio Grande do Sul tem uma influência fortíssima de guarani e não tem nada na cultura institucionalizada do estado que dê muito valor para o índio dentro dessa história. O índio ficou para trás, assim como os negros”.
*O CINEVITOR está em Curitiba e você acompanha a cobertura do 11º Olhar de Cinema por aqui, pelo canal no YouTube e pelas redes sociais: Twitter, Facebook e Instagram.
Homenageada: Jennifer Lopez, cantora e atriz consagrada.
Considerado um dos prêmios mais divertidos do cinema e da TV, o MTV Movie & TV Awards 2022 aconteceu neste domingo, 05/06, no Barker Hangar, em Los Angeles, com apresentação da atriz e cantora Vanessa Hudgens.
Neste ano, o filme Homem-Aranha: Sem Volta para Casa, protagonizado por Tom Holland, e a série Euphoria, com Zendaya, foram os grandes vencedores da noite. Além disso, depois da já tradicional premiação, foi exibido o MTV Movie & TV Awards: UNSCRIPTED, uma celebração que destaca os momentos mais marcantes de reality shows e foi apresentada por Tayshia Adams.
Nesta edição, a consagrada cantora e atriz Jennifer Lopez, indicada ao Globo de Ouro por Selena e As Golpistas, foi homenageada com o Generation Award, prêmio que celebra artistas que deixaram seu nome na história do cinema e da televisão. J.Lo une-se a uma lista de artistas icônicos que já foram honrados, como: Sandra Bullock, Jim Carrey, Tom Cruise, Reese Witherspoon, Mike Myers, Scarlett Johansson, entre outros.
O ator e comediante Jack Black, de Escola de Rock, Bernie: Quase um Anjo, Margot e o Casamento, Alta Fidelidade, As Viagens de Gulliver, O Amor Não Tira Férias, Nacho Libre, O Amor é Cego, das franquias Jumanji e Kung Fu Panda, entre outros, recebeu o prêmio Gênio da Comédia, honraria já entregue para nomes como Will Ferrell, Kevin Hart, Melissa McCarthy e Sacha Baron Cohen.
Conheça os vencedores do MTV Movie & TV Awards 2022:
MELHOR FILME Homem-Aranha: Sem Volta para Casa
MELHOR SÉRIE Euphoria
MELHOR ATUAÇÃO | CINEMA Tom Holland, por Homem-Aranha: Sem Volta para Casa
MELHOR ATUAÇÃO | SÉRIE Zendaya, por Euphoria
MELHOR HERÓI Scarlett Johansson, por Viúva Negra
MELHOR VILÃ ou VILÃO Daniel Radcliffe, por Cidade Perdida
MELHOR BEIJO Poopies e a cobra, por Jackass Para Sempre
MELHOR ATUAÇÃO ASSUSTADA Jenna Ortega, por Pânico
ARTISTA REVELAÇÃO Sophia Di Martino, por Loki
MELHOR ATUAÇÃO CÔMICA Ryan Reynolds, por Free Guy: Assumindo o Controle
MELHOR LUTA Cassie vs. Maddy, em Euphoria
MELHOR TIME Tom Hiddleston, Sophia Di Martino e Owen Wilson, por Loki
HERE FOR THE HOOKUP Euphoria
MELHOR MÚSICA On My Way (Marry Me), de Jennifer Lopez (Case Comigo)
MELHOR MOMENTO MUSICAL Dance With Me, em Heartstopper
PRÊMIO MTV GENERATION Jennifer Lopez
GÊNIO DA COMÉDIA Jack Black
Movie & TV Awards: UNSCRIPTED
MELHOR REALITY SHOW | DOCUMENTÁRIO Sunset: Milha de Ouro
MELHOR REALITY SHOW DE RELACIONAMENTO Loren & Alexei: After the 90 Days
MELHOR ESTRELA DE REALITY SHOW Chrishell Stause, por Sunset: Milha de Ouro
MELHOR SÉRIE DE COMPETIÇÃO RuPaul’s Drag Race
MELHOR REALITY SHOW DE LIFESTYLE Selena + Chef
MELHOR SÉRIE SEM ROTEIRO The D’Amelio Show
MELHOR TALK SHOW The Tonight Show Starring Jimmy Fallon
MELHOR APRESENTADOR/APRESENTADORA Kelly Clarkson, por The Kelly Clarkson Show
ESTRELA REVELAÇÃO REDES SOCIAIS Bella Poarch
MELHOR BRIGA EM SÉRIE DE TV Bosco vs. Lady Camden, em RuPaul’s Drag Race
MELHOR REALITY SHOW O RETORNO Paris Hilton, por Cozinhando com Paris Hilton
MELHOR DOCUMENTÁRIO MUSICAL Olivia Rodrigo: Dirigindo até Você
O Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba busca destacar e celebrar o cinema independente brasileiro e mundial. A seleção apresenta ao público filmes que se arriscam em novas formas de linguagem cinematográfica, que estão abertos ao experimentalismo e que, ainda assim, possuem um grande potencial de comunicação com o público.
Além do destaque para obras contemporâneas, a programação também oferece um recorte dos mais variados filmes que marcaram a história do cinema na mostra Olhares Clássicos, que apresenta um panorama de títulos de diversos diretores, diretoras, países, gêneros e épocas. No conjunto, um poderoso mergulho no cinema mundial de variados momentos históricos e propostas estéticas e narrativas.
Nesta 11ª edição, entre os seis títulos que compõem a mostra, o cinema brasileiro marcou presença com dois filmes de cineastas que faleceram recentemente: Arnaldo Jabor com A Opinião Pública, de 1965, seu primeiro longa-metragem; e Geraldo Sarno com Viramundo, também de 1965; que foram exibidos em conjunto nas sessões do Olhar de Cinema.
Sobre a importância da mostra Olhares Clássicos, conversamos com o crítico Marcelo Müller, do site Papo de Cinema: “Quando a gente pensa em um festival de cinema, temos em mente um cinema feito no presente, que está sendo feito agora e prestes a ser lançado; e muitas vezes falta esse olhar para o passado. Eu acho fundamental a existência da Olhares Clássicos e o festival presta um serviço para o cinéfilo ou para o jornalista que cobre o evento. Muitos desses filmes já vimos em DVD, streaming, em casa ou em telas bem menores. E muitos tiveram pouquíssimas exibições em telas grandes ou foram exibidos há muito tempo. É importante esse acesso aos clássicos para entender o cinema”.
Marcelo também comentou sobre a exibição conjunta dos filmes: “Foi muito certeiro da curadoria ao exibir esses dois filmes conjuntamente. Primeiro porque eles, infelizmente, apresentam algo em comum que é a questão de seus realizadores terem morrido recentemente; e acaba sendo uma forma de prestar uma homenagem. Segundo porque os filmes, realizados na década de 1960, de certa forma dialogam e tem como objeto de estudo dois recortes populacionais completamente diferentes. O Geraldo Sarno olha para os migrantes nordestinos que chegam a São Paulo em busca de oportunidades em um contexto de um pensamento de industrialização da sociedade brasileira. O Arnaldo Jabor olha para a classe média carioca a partir disso tentando confirmar, o que me parece certa tese dele, de que a classe média tende a alienação e de que não constituiu um corpo de presente crítico. Foi uma sessão excepcional principalmente pelo diálogo estabelecido por esses dois filmes e pelo panorama que juntos conseguem construir”.
Além dos brasileiros, Marcelo também falou sobre a exibição de Mandabi, de Ousmane Sembene, de 1968: “A sessão foi linda e foi uma honra assistir a esse primeiro longa-metragem senegalês falando em uolofe da história, dirigido por Ousmane Sembene, considerado o pai do cinema africano, curiosamente em uma sala de uma rede de cinema que não costuma dar abertura para um cinema alternativo”, finalizou.
*O CINEVITOR está em Curitiba e você acompanha a cobertura do 11º Olhar de Cinema por aqui, pelo canal no YouTube e pelas redes sociais: Twitter, Facebook e Instagram.
Os vencedores da sexta edição, que aconteceu em novembro do ano passado.
A sétima edição do VerOuvindo – Festival de Filmes com Acessibilidade Comunicacional do Recife, que acontecerá entre os dias 22 e 29 de agosto, já está com inscrições abertas.
O festival conta com duas mostras competitivas para filmes de curta-metragem: Mostra de Curtas com Audiodescrição e Mostra de Curtas com língua brasileira de sinais (Libras); serão aceitos filmes de ficção, documentário e animação. Os interessados podem conferir o regulamento e efetuar as inscrições gratuitamente no site oficial (clique aqui) até o dia 3 de julho.
Para participar da competição, os curtas-metragens devem conter o recurso de audiodescrição ou Libras e terem sido produzidos a partir de 2020; a seleção será feita por um júri técnico. Os filmes escolhidos para exibição concorrem ao Troféu VerOuvindo e prêmios em dinheiro (R$ 1.000,00 cada categoria). A premiação é direcionada a melhor audiodescrição e a melhor tradução em Libras nas categorias ficção, documentário, animação e júri popular.
A sétima edição do festival VerOuvindo terá sessões on-line e presenciais, todas bilíngues (português e Libras), no Recife, Vitória de Santo Antão e Caruaru. O VerOuvindo é pioneiro no Brasil na difusão audiovisual com acessibilidade, com atuação também na formação e no reconhecimento dos profissionais de tradução audiovisual acessível.
A programação terá exibição de curtas e longas, além de atividades formativas como oficinas, palestras e debates sobre acessibilidade comunicacional, entre especialistas, profissionais, estudantes e o público. Diferente de outros festivais, o VerOuvindo, além de exibir filmes, produz conteúdo acessível para as obras audiovisuais.
Além disso, no dia 11 de junho, o festival inicia as inscrições para a Jornada VerOuvindo, que reúne profissionais e estudantes de tradução audiovisual acessível: tradutores intérpretes de Libras, audiodescritores, legendistas e pesquisadores. A chamada de trabalhos é para que compartilhem suas experiências, práticas ou teóricas, por meio de comunicação oral, presencial ou on-line. Os interessados devem inscrever gratuitamente seus trabalhos no site do festival até o dia 10 de julho.