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Carro Rei, de Renata Pinheiro, é exibido no 49º Festival de Gramado; elenco e equipe falam sobre o filme

por: Cinevitor
Matheus Nachtergaele em cena: fantasia e drama social.

A noite de quarta-feira, 18/08, da 49ª edição do Festival de Cinema de Gramado começou com a mostra competitiva de curtas-metragens, que exibiu Aonde Vão os Pés, de Débora Zanatta, e Memória de Quem (não) Fui, de Thiago Kistenmacker. Além disso, La teoria de los vidrios rotos, uma coprodução entre Uruguai, Brasil e Argentina, dirigida por Diego Fernández Pujol, foi exibida na mostra de longas estrangeiros.

Entre os longas brasileiros em competição, Carro Rei, de Renata Pinheiro, foi o destaque da sexta noite do festival. No início dos anos 2000, o nascimento de uma criança dentro de um carro recém-saído da concessionária, provoca um evento fantástico. O bebê cresce e se torna uma espécie de criança transumana que tem a habilidade de se comunicar com carros. Ele é Uno da Silva, vivido por Luciano Pedro Jr. Uno e o carro crescem juntos e são melhores amigos, ao lado de Zé Macaco, seu tio, interpretado por Matheus Nachtergaele, um mecânico de ideias pouco convencionais. Mas, um acidente os separa. A criança se torna um jovem ativista ambiental, afastando-se de seu dom único e da tradição familiar. O carro é exilado junto com Zé Macaco num ferro-velho desativado. 

Combinando fantasia e drama social, o filme fez sua estreia mundial no Festival de Roterdã, em fevereiro, e vem participando de diversos festivais ao redor do mundo. Neste longa, Renata Pinheiro, de Açúcar, volta a trabalhar com o diretor e roteirista Sergio Oliveira, seu marido e com quem trabalha desde seu primeiro curta, chamado Superbarroco, com quem codirigiu vários filmes. A equipe conta também com o corroteirista Leo Pyrata e com o diretor de fotografia argentino Fernando Lockett, com quem trabalhou em Amor, Plástico e Barulho.

O elenco apresenta Jules Elting, de O Ornitólogo, com carreira sólida no teatro e há alguns anos emergente no cinema internacional de arte; além de Clara Pinheiro, filha de Renata e Sergio; Adélio Lima, Ane Oliva e Tavinho Teixeira.

No dia seguinte à exibição, alguns integrantes da equipe e do elenco participaram de um debate virtual, que foi mediado pelo jornalista Roger Lerina. Marcaram presença: a diretora Renata Pinheiro; o produtor e corroteirista Sergio Oliveira; e os atores Matheus Nachtergaele, Luciano Pedro Jr., Jules Elting e Clara Pinheiro.

Questionada sobre a ideia, Renata comentou: “Esse filme foi concebido há alguns anos em função de uma transformação da sociedade brasileira recente. O Brasil tem uma tendência de absorver a tecnologia de uma forma muito rápida. O carro faz parte desse ser moderno que é o brasileiro. Mas, na verdade, o filme é sobre o quão estamos nos transformando também nesse homem tecnológico e o quanto podemos nos desumanizar nesse processo. A diversidade que o filme apresenta é para mostrar como tudo isso afeta; cada pessoa e cada camada social”.

Sonhos e histórias: Jules Elting em cena.

Sergio Oliveira, que também assina o roteiro e a produção, completou: “O prenúncio desse filme é um curta que realizamos chamado Praça Walt Disney [lançado em 2011], no qual fizemos uma coreografia de carros no bairro de Boa Viagem, no Recife. Carro Rei tem, sim, referências de David Cronenberg e John Carpenter, mas tem também Fuscão Preto [filme dirigido por Jeremias Moreira Filho e lançado em 1983], que o Leo [Pyrata, corroteirista] é apaixonado. A ideia do personagem Zé Macaco, por exemplo, também já estava prenunciada em outro roteiro que eu tinha feito e cresceu com o Matheus [Nachtergaele], que personificou tão bem, cheio de camadas e gestos psicológicos e corporais. Foi um longo trabalho, com um roteiro modificado várias vezes, e muito ousado até para nós. Sempre temos uma inquietação de fazer filmes observando a realidade e daqui partir para um realismo mais mágico”.

Sobre seu personagem, Matheus Nachtergaele ressaltou: “Eu recebi o desafio com uma alegria imensa por motivos especiais, já que conheço Renata e Serginho há muito tempo, pois fizemos os três primeiros filmes do Cláudio Assis juntos. Com isso, formou-se um grupo amoroso de amigos em Pernambuco. Eu sou um ator da retomada do cinema brasileiro e também do cinema pernambucano. Aqui, há uma inversão dos papeis: quando Renata como uma grande diretora, que fez a direção de arte do meu longa A Festa da Menina Morta [premiado em Gramado, em 2008], me chama para ser ator dela, já era um sim emocionalmente. Mas quando ela me contou o roteiro, naquele momento eu quis fazer e já comecei a criar o Zé Macaco”.

O ator Luciano Pedro Jr. elogiou o trabalho da diretora: “Ter sido dirigido pela Renata foi incrível. O trabalho que ela vem realizando ao longo dos anos é muito contundente e com muita potência. Você vem percebendo que ela tem feito um trabalho de elenco muito forte, de forma muito incrível com as pessoas que estão encarnando esses personagens. Acredito muito no trabalho dela como um trabalho em conjunto, que para o ator é como se ele fosse mais do que um elemento na tela que compõe o grande quadro. Ela consegue fazer uma combinação muito equilibrada e perfeita de como o elenco pode ser uma potência junto com a plasticidade dos cenários e dos lugares que ela escolhe filmar”.

Jules Elting, que morou dez anos no Brasil e trabalhou no Teatro Oficina, falou diretamente de Berlim sobre sua experiência em Carro Rei: “Foi muito forte compartilhar essa história. Tudo estava no roteiro criado por eles, mas casou muito bem comigo. Me conectei imediatamente com a Renata. Esse filme tem muitas camadas e cada um pega uma coisa que fala mais alto para si. E tem uma aspecto feminista que eu acho muito interessante, que é como os personagens femininos foram escritos, como Amora e Mercedes; não é tão comum ver esse tipo de personagem feminino em um filme, esse jeito que elas lutam e que se colocam no mundo. Isso me interessou muito. Queríamos passar uma mensagem do nosso coração, de como ser mulher nesse mundo, de poder viver a sexualidade e de se conectar com as pessoas. Não era só fazer um filme, mas todo mundo no set estava em uma missão de contar algo maior do que nós”

Clara Pinheiro, filha de Renata e Sergio, falou sobre dividir o set com os pais: “Eu fico muito orgulhosa pela equipe e me sinto muito grata por fazer parte desse elenco. Não só por estar realmente em família, mas eu me senti em família no set porque tinha uma energia muito boa fluindo. Sentíamos que aquilo era muito maior do que cada um individualmente, pois existia uma coletividade. Eu lembro que no meu primeiro dia de filmagem eu chorei muito; pela pressão do primeiro dia e também de filmar com a minha mãe, apesar de eu me sentir completamente aberta para falar qualquer coisa com ela. Mas tinha a pressão de querer fazer muito bem, por ser minha mãe, claro, mas por ser uma diretora muito exigente e sensível”.

Sobre o filme, Matheus concluiu: “Eu tenho pra mim que o filme é uma fábula e como toda fábula ele carrega como base um inconsciente forte que precisa ser significado e que precisa de símbolos. Acho que muitas coisas são ditas no filme, coisas profundas da nossa realidade interior e exterior. Eu comecei a sonhar com a Renata desde o começo. Foi uma viagem fazer o filme, foi uma delícia. Não foi nada careta. É um filme cheio de perguntas, tentativas de respostas e é arriscado; no sentido de propor um cinema para o Brasil com caminhos novos, de criticar e sentir o país. E tentar tornar visível alguns dos nossos pesadelos e sonhos. Espero que as pessoas tenham saboreado como eu saboreei as provocações do filme. Acho que o cinema brasileiro é bonito porque é arriscado, não obedece uma narrativa americanizada, é cheio de cores, denúncias, cheio de tesão e agora cheio dessas novas coisas do mundo atual, essa pornotecnologia fascista”.

As exibições dos longas-metragens brasileiros acontecem entre 13 e 19 de agosto, a partir das 21h30, na grade linear do Canal Brasil, para toda a base de assinantes, e nos serviços de streaming Canais Globo e Globoplay + Canais ao Vivo somente durante o horário da exibição na TV.

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Fotos: Divulgação/Boulevard Filmes.

CINEVITOR #395: Entrevista com Thiessa Woinbackk + Cássio Pereira dos Santos | Valentina

por: Cinevitor
Thiessa Woinbackk em cena: estreia nas telonas.

Depois de passar por diversos festivais nacionais e internacionais, Valentina, de Cássio Pereira dos Santos, dos curtas Marina Não Vai à Praia e A Menina-Espantalho, chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira, 19/08.

O filme conta a história de Valentina, interpretada por Thiessa Woinbackk, uma jovem trans que se muda para o interior de Minas Gerais com a mãe, Márcia, papel de Guta Stresser, para um recomeço. Com receio de ser intimidada na nova escola, a garota busca mais privacidade e tenta se matricular com seu nome social. No entanto, a família enfrenta problemas quando a diretoria da escola, despreparada, começa a exigir a assinatura do pai ausente, vivido por Rômulo Braga, para realizar a matrícula.

O longa traz como protagonista Thiessa Woinbackk, influenciadora digital que começa a legitimar seu espaço como atriz. Thiessa, que faz sua estreia nas telonas em Valentina, ganhou quatro prêmios de atuação por seu trabalho no filme, em festivais como Outfest Los Angeles, Mix Brasil, Mostra Internacional de Cinema em São Paulo e Festival de Seattle

Com produção de Erika Pereira dos Santos, Valentina conta com elenco e equipe, em grande parte, formados por membros da comunidade LGBTQIA+. O projeto conta ainda com trilha original da banda paranaense Tuyo e também com Letícia Franco, Ronaldo Bonafro, Pedro Diniz e João Gott no elenco.

Filmado em Uberlândia e na cidade histórica de Estrela do Sul, em Minas Gerais, o longa foi vencedor de quinze prêmios em festivais do mundo todo, entre eles: Prêmio do Público na 44ª Mostra de São Paulo, Prêmio Especial do Júri no Festival de Cinema de Kiev, melhor diretor estreante no Festival de Cinema da Índia, entre outros. Além disso, no último Festival Mix Brasil de Cultura da Diversidade, venceu em quatro categorias, entre elas, melhor longa brasileiro e Prêmio do Público.

Para falar mais sobre o filme, conversamos com o diretor e com a protagonista, que falaram sobre entrosamento com a equipe, filmagens, temas relevantes, expectativas e estreia nos cinemas em tempos de pandemia.

Aperte o play e confira:

Foto: Leonardo Feliciano.

Valentina

por: Cinevitor

Direção: Cássio Pereira dos Santos

Elenco: Thiessa Woinbackk, Guta Stresser, Rômulo Braga, Letícia Franco, Ronaldo Bonafro, Paula Passos, Rodrigo Lelis, Pedro Diniz, João Gott, Maria De Maria, Aryadne Amâncio, Guilherme Almeida, Leonardo Araújo, Flávia Alves, Danny Leandro, Carlos Henrique Araújo, Lobo Guimarães, Pabllo Thomaz, Giovanna Parra, Leandro Alves, Samuel Gonçalves, José de Campos, Faninho Ebenézer, Luísa della Nina, Luísa Guimarães, Johan Alves, Hyan Santiago, Cissa Gomes Rocha.

Ano: 2020

Sinopse: Valentina, uma menina trans de 17 anos de idade, muda-se para uma pequena cidade mineira com sua mãe Márcia para um recomeço. Com receio de ser intimidada na nova escola, a garota busca mais privacidade e tenta se matricular com seu nome social. No entanto, a família começa a enfrentar problemas quando a diretoria da escola, despreparada, começa a exigir a assinatura do pai ausente para realizar a matrícula. Com o apoio de sua mãe e a ajuda de dois amigos inseparáveis, Valentina precisa enfrentar os haters de plantão e superar o maior desafio de sua vida.

Crítica: Depois de realizar diversos curtas, o cineasta mineiro Cássio Pereira dos Santos marca sua estreia na direção de um longa-metragem com Valentina, filme que narra a história de uma menina trans que precisa se adaptar a um novo recomeço. Junto com sua mãe, muda-se para uma pequena cidade em Minas e loga enfrenta o primeiro obstáculo: conseguir se matricular na escola local com seu novo nome, para assim, evitar mais desgaste emocional. Porém, mesmo havendo uma lei que permita tal decisão para pessoas trans, é preciso a assinatura dos responsáveis; só que o pai de Valentina sumiu, o que acaba dificultando ainda mais as coisas. Em processo de adaptação, a protagonista passa a frequentar algumas aulas de recuperação para entender o método de ensino e se acostumar com a nova escola. Logo, sela uma amizade com dois outros colegas. Ao que tudo indica, nada parece suspeito a ponto de magoá-la ou colocá-la em uma situação desconfortável. Ledo engano. O preconceito, entranhado no lugar mais cruel de um ser humano, é escancarado em atitudes transfóbicas e de pura maldade, principalmente em personagens estereotipados e bem semelhantes à sociedade que vivemos: o homem hétero, por exemplo, que, hipocritamente, sente sua sexualidade ameaçada; e, por mais absurdo que possa aparecer, existe em bando no mundo real. Valentina constrói uma narrativa carregada de dor, mas também de esperança. Ao mesmo tempo em que faz um retrato real de uma sociedade preconceituosa, machista e ignorante, enaltece a força de sua protagonista ao tentar se reerguer. Fala de bullying, aceitação e representatividade de gênero. Mas também aponta uma luz no fim do túnel com situações que demonstram solidariedade. Thiessa Woinbackk, atriz trans que interpreta a personagem-título, entrega um trabalho elogiável ao dar vida a essa jovem estudante que traz consigo traumas do passado e um certo temor em expor sua privacidade àqueles que ainda não a conhecem. Por conta de seu desempenho, foi premiada no prestigiado Outfest Los Angeles LGBTQ Film Festival. Carismática e em busca constante pela felicidade, se mantém firme em suas decisões e ainda conta com o carinho e amor de sua mãe, vivida por Guta Stresser. Além do elenco entrosado, com ótimas atuações, o longa também chama a atenção para outros elementos, como a trilha sonora eclética que acompanha o cotidiano de seus personagens. Valentina traz também momentos revoltantes e absurdos de intolerância, e que infelizmente acontecem na vida real. Mas, é por meio de sua abordagem afirmativa e inspiradora que se coloca não só como uma obra de ficção, mas também de representação de uma comunidade que sofre ataques diariamente; o Brasil, por exemplo, é o país que mais mata pessoas trans no mundo. O roteiro, também assinado por Cássio Pereira dos Santos, traz uma importância à causa ao evidenciar o tema com verdade; mostra dor, sofrimento, fragilidade, falta de compaixão e empatia, estereótipos de masculinidade, e pasme, consequências de se aceitar e se assumir por ser você mesmo. Por que a felicidade do outro ainda incomoda tanto? Qual o motivo de tanta repulsa? Fato é que ainda precisamos melhorar muito, mas nunca deixar de lutar pela liberdade de expressão. Valentina é uma obra inspiradora e sensível. Ainda que realce uma sociedade doentia e tomada pelo ódio, o filme imprime representatividade LGBTQIA+ na telona sem cair em clichês e mantém o fôlego de uma militância necessária que busca direitos iguais e, basicamente, felicidade sem limitações. (Vitor Búrigo)

*Filme visto na 44ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo.

*Clique aqui e assista ao programa especial com entrevista com o diretor e com a protagonista.

Nota do CINEVITOR:

nota-4-estrelas

A Primeira Morte de Joana, de Cristiane Oliveira, é exibido no 49º Festival de Gramado

por: Cinevitor
Letícia Kacperski e Isabela Bressane em cena.

A noite de terça-feira, 17/08, da 49ª edição do Festival de Cinema de Gramado começou com a mostra competitiva de curtas-metragens, que exibiu o gaúcho Eu Não Sou um Robô, de Gabriela Lamas, e o pernambucano Per capita, de Lia Leticia. Além disso, o chileno Gran Avenida, de Moises Sepulveda, foi o representante da mostra de longas estrangeiros.

Entre os longas brasileiros em competição, A Primeira Morte de Joana, dirigido por Cristiane Oliveira, de Mulher do Pai, foi o destaque da quinta noite do festival. O filme tem como protagonista Joana, uma adolescente cuja vida começa a se transformar a partir da morte de sua tia-avó, de quem ela era muito próxima. Isso acaba refletindo também na relação com sua melhor amiga, Carolina. Além de impressionada com a morte em si, Joana também começa a questionar uma história que corre na família: sua tia nunca namorou alguém, nunca se apaixonou. Em sua investigação, parece querer descobrir o segredo da tia para entender o que ocorre com ela mesma.

O longa traz personagens descendentes dos colonos alemães que se estabeleceram no sul do Brasil no século XIX. Marcas dessa origem permeiam o cotidiano de Joana e Carolina. E, apesar de situado em 2007, o filme dialoga com o Brasil do presente e seu cenário de retrocesso nas políticas públicas ligadas a gênero e sexualidade. O elenco conta com Letícia Kacperski, Isabela Bressane, Joana Vieira, Lisa Gertum Becker, Rosa Campos Velho, Pedro Nambuco, Roberto Oliveira, Graciela Caputti e Emílio Speck. A equipe técnica traz ainda renomados profissionais gaúchos, como o diretor de fotografia Bruno Polidoro, a montadora Tula Anagnostopoulos e a diretora de arte Adriana Nascimento Borba.

No dia seguinte à exibição, algumas integrantes da equipe e do elenco participaram de um debate virtual, que foi mediado pelo jornalista Roger Lerina. Marcaram presença: a diretora Cristiane Oliveira; a produtora Aletéia Selonk; e as atrizes Letícia Kacperski e Joana Vieira.

Cristiane, que assina o roteiro ao lado de Silvia Lourenço, falou sobre a parceria com a corroteirista e a ideia do projeto: “É uma história que surgiu da vontade de falar sobre coragem. Pensamos sobre todas as questões que cruzam a formação dos nossos afetos e que são diversas desde a infância: as piadinhas em família, os preconceitos ligados a gênero e orientação sexual e as violências contra a mulher que acabam sendo naturalizadas. A ideia surgiu dessa minha troca com a Silvia e dessa vontade de abordar essas questões e de como essas opressões vão se conectando e interferindo na formação dos nossos afetos”.

Letícia Kacperski, que interpreta a protagonista Joana, falou sobre sua estreia em um longa-metragem e a preparação para a personagem: “Pra mim era tudo muito surreal, foi uma estreia muito especial. Tivemos uma preparação forte com Vanise Carneiro e meses antes das filmagens nos encontrávamos com a Cris para trabalhar algumas cenas. Foi muito especial. A Isa [Isabela Bressane], que interpreta a Carolina, virou uma super amiga. Atuar com ela era muito prazeroso. Com todos, inclusive. Guardo todos eles com muito carinho”

A atriz Joana Vieira, que interpreta a mãe da protagonista, também comentou: “Foi um privilégio estar com uma equipe feminina tratando de temas tão importantes. A personagem Lara foi um grande presente e desafio; de transformação e descobertas que foram proporcionadas. Além disso, vi muita semelhança do meu dia a dia com a personagem da Joana. Eu sou uma mulher lésbica, que hoje vivo isso tranquilamente na minha vida. Eu consigo lembrar de muitas questões que eu precisei passar. É tão bom poder contar essa historia para todo mundo e fazer as famílias dialogarem com tanta leveza e sensibilidade. Eu me emociono muito acompanhando a trajetória dessas mulheres”

Debate virtual com a equipe.

Cristiane também falou sobre a recepção do público no Festival Internacional de Cinema da Índia, no qual o filme fez sua estreia mundial: “Na Índia foi muito emocionante porque sabemos que em algumas culturas a mulher ainda atem um segundo lugar de importância na sociedade. Eu tive um retorno positivo de homens da plateia, que gostaram de ver a intimidade feminina retratada desse jeito. Uma outra jovem me disse que tinha vivido aquilo naquela semana. É muito gostoso quando um filme se conecta com uma cultura tão diferente da nossa e, com isso, percebemos que talvez não seja tão diferente assim. Foi uma experiência muito intensa e importante”.

A produtora Aletéia Selonk, da Okna Produções, falou sobre o time feminino que trabalhou no longa: “A equipe envolvida é também uma equipe plural. Claro que essa presença feminina naturalmente vem desde a equipe de base da Okna Producoes, também do universo criado pela Cristiane, com colaboração da Silvia, e desse elenco com fortes protagonistas femininas. Foi um time escolhido a dedo, no que diz respeito a manter essa presença feminina e garantir esse espaço de voz e liderança feminina na produção audiovisual em várias pontas do longa. A equipe contou diretamente com 45 pessoas nas filmagens; no processo como um todo, esse número dobra. A presença das mulheres representou a grande maioria com 70% do espaço de trabalho, criação e colaboração artística”.

E completou sobre a presença feminina no audiovisual brasileiro: “Nossa luta pela equidade de gênero e participação das mulheres no mercado audiovisual é uma luta que transpassa. Nosso mercado é um exemplo do que vivemos na sociedade como um todo. A presença das mulheres é bastante significativa e inegável para todos os olhares da sociedade brasileira e essa grande participação precisa ser ainda mais evidente; não apenas no sentido das responsabilidades, mas também nessa possibilidade de se expressar, ter voz e ocupar esses espaços com respeito e condições iguais de trabalho. Quando a gente discute e age em prol dessa equidade de gênero, estamos falando das mesmas oportunidades com o mesmo espaço e respeito. No Brasil, viemos de um histórico de limitações nesse sentido e, como produtora, fico muito feliz em levar para as telas histórias criadas por mulheres e que demonstram esse universo para tantas outras audiências. Tem também a questão de se identificar com o que a gente vê; de representação, de reconhecimento. É  a mudança que queremos ver. Estar em Gramado dá ainda mais visibilidade para isso”.

Cristiane Oliveira também falou sobre seu processo de criação: “O olhar externo me interessa para o desenvolvimento de histórias; essa possibilidade de adquirir uma nova perspectiva que pode acontecer em qualquer idade. O que me interessou mais foi investigar como essa estrutura familiar acaba sendo uma estrutura em que o conceito de cuidado se choca com o conceito de autonomia. O que é pra ser proteção acaba sendo uma violência. A intimidade me interessa muito também. A família parece uma estrutura onde o laço de sangue já traz essa prerrogativa de que qualquer um pode entrar na intimidade do outro. Acho isso muito interessante como base para desenvolvimento de narrativa, de investigação de conflitos”.

E finalizou: “Essas realidades que me tiram do meu local de conforto, que no caso é mais urbano, me interessam para investigar realidades que eu desconheço e que fazem parte da nossa história. É muito bom tratar dessas misturas e dessa diversidade que está na nossa construção como povo gaúcho. Me interessa investigar essas raízes”

As exibições dos longas-metragens brasileiros acontecem entre 13 e 19 de agosto, a partir das 21h30, na grade linear do Canal Brasil, para toda a base de assinantes, e nos serviços de streaming Canais Globo e Globoplay + Canais ao Vivo somente durante o horário da exibição na TV.

*Você acompanha a cobertura do CINEVITOR por aqui, pelo canal no YouTube e pelas redes sociais: Twitter, Facebook e Instagram.

Foto: Divulgação e Ag. Pressphoto.

Diários de Intercâmbio

por: Cinevitor

Direção: Bruno Garotti

Elenco: Larissa Manoela, Thati Lopes, Bruno Montaleone, David Sherod, Kathy-Ann Hart, Valeria Silva, Ray Faiola, Noa Graham, Maiara Walsh, Emanuelle Araújo, Tim Eliot, Marcos Oliveira, Flávia Garrafa, Henry Richard Jackelén, Kia Abilay, Lance Coughlin, Richie Fusco, Emilia Pedersen, Yasmin Thin Qi, Crystal Tweed, Vinnie Velez, Albert Skowronski, Tatiana Tiburcio, Natália Balbino, Richard Huntchings, Jett Michel, Leo Michel, Adriana Pollastri, Lian Tai, Chrystal Faini, Julio Uchôa, Leo Cidade, Theresa Fonseca, Lance Coughlin, Ann Marie Moloney, Mark Cryer, Jayla Onwuakor, Bárbara Bruno.

Ano: 2021

Sinopse: Bárbara e Thaila são melhores amigas e decidem fazer um intercâmbio fora do país com a esperança de resolverem todos os seus problemas. O que elas não esperavam é que, nas congelantes montanhas do estado de Nova Iorque, elas se encontrariam em situações hilárias e descobririam que há mais em seus sonhos do que imaginam.

Nota do CINEVITOR:

Festival Guarnicê de Cinema 2021: conheça os filmes selecionados

por: Cinevitor
Cena do curta paraibano E Agora Você, de Edson Lemos Akatoy.

Foram anunciados nesta terça-feira, 17/08, os selecionados para as mostras competitivas da 44ª edição do Festival Guarnicê de Cinema, que acontecerá entre os dias 17 e 24 de setembro, em formato híbrido com exibições presenciais em São Luís, no Maranhão, e ações on-line.

As obras selecionadas passaram pela curadoria dos professores Carlos Benalves, Maira Rocha e Marcus Tulio; dos jornalistas Antônio Fabricio, Luciana Veras e Luca Palmieri; e da cineasta Marla Silveira. Em breve, o festival também divulgará os filmes selecionados para as mostras paralelas e ações formativas.

Por conta do alto número de filmes inscritos, foram 1.152 neste ano, o Guarnicê ampliou sua programação acrescentando 36 filmes em comparação aos 51 exibidos em 2020. Os 16 curtas e 8 longas nacionais representam 10 estados brasileiros, inclusive os nordestinos Ceará, Bahia, Paraíba, Pernambuco e Maranhão. As produções discutem a pandemia, a intolerância religiosa, o racismo, a realidade das favelas, o meio ambiente e diversos outros temas.

Os videoclipes, um dos pontos altos da programação, formam a categoria com o maior número de representantes: 37 obras. As mostras maranhenses contam ainda com 10 curtas, quatro longas, cinco filmes publicitários e três reportagens. Por falta de quórum, não será realizada a mostra de curtíssimas-metragens.

[ATUALIZADO: 03/09 – 15h42]

O filme de abertura deste ano será O Jardim Secreto de Mariana, dirigido por Sergio Rezende, com Andréia Horta e Gustavo Vaz no elenco. Além disso, Rezende será um dos homenageados desta edição ao lado de Cleide Ribeiro Carneiro e Sandra Maria Saraiva Pinheiro, funcionárias da Diretoria de Assuntos Culturais, DAC, que contribuíram com a organização do festival em diversas edições; e do Mavam, Museu da Memória Audiovisual do Maranhão.

O júri desta edição contará com Sabrina Fidalgo, Martin Eikmeier e Manoel Leite nas mostras competitivas nacionais; e Rose Panet, Stella Aranha e Dennis Carlos nas mostras competitivas maranhenses.

Conheça os filmes selecionados para o 44º Festival Guarnicê de Cinema:

LONGAS NACIONAIS

Àkàrà no Fogo da Intolerância, de Claudia Chávez (BA)
As Órbitas da Água, de Frederico Machado (MA)
Favela é Moda, de Emilio Domingos (RJ)
Ivan, de Dani Manzini (SP)
Mulher Oceano, de Djin Sganzerla (SP)
Narrativas do Pós, de Graubi Garcia e Jairo Neto (SP)
Nũhũ Yãg Mũ Yõg Hãm: Essa Terra É Nossa!, de Isael Maxakali, Sueli Maxakali, Carolina Canguçu e Roberto Romero (MG)
Utopia Distopia, de Jorge Bodanzky e Bruno Caldas (DF)

CURTAS NACIONAIS

A Beleza de Rose, de Natal Portela (CE)
Afresco de Outono, de Áurea Maranhão (MA)
Algoritmo, de Thiago Foresti (DF)
Apocalíptico Futuro Poeticamente Primitivo, de Leandro Lopes (MG)
E Agora Você, de Edson Lemos Akatoy (PB)
Gado Marcado, de Estevan Muniz (RJ)
Inabitável, de Matheus Farias e Enock Carvalho (PE)
Mundinho, de Jhonatan Silva (MA)
Nonna, de Maria Augusta V. Nunes (SC)
Ok, Karen, de Hugo L. V. e Oliveira (SP)
Portugal Pequeno, de Victor Quintanilha (RJ)
Santo de Casa, de André Pupo (SP/MA)
Tapajós: Uma Breve História da Transformação de um Rio, de Alan Schvarsberg e Cícero Fraga (DF)
Uma Força Extraordinária, de Amandine Goisbault (PE)
Veio de Resistência, de Elinaldo Rodrigues (CE)
Zero, de Sacha Bali (RJ)

LONGAS MARANHENSES

Boi de Lágrimas, de Frederico Machado
Ilha Magnética, de Eliaquim Maia
Mestra Izabel Matos – Meu Torrão, Minha Inspiração, de Sandro Lopes
Ventos que Sopram Maranhão, de Neto Borges

CURTAS MARANHENSES

A Saudade em um Batuque, de Milena Carvalho
Alerta, Vermelho!, de Ramusyo Brasil, Ludmila Rodrigues, Taciano Brito e Beto Pio
Atotô Babá, de Márcia Carvalho
Curica!, de Thiago Furtado
Hortelã, de Thiago Furtado
Manguezais Amazônicos, de Taciano Brito
OURO – Uma Produção Árdua e Desvalorizada, de Cadu Marques
Rasga Mortalha, de Thiago Martins de Melo
Terra Santa, Terra Maldita, de Beto Nicácio
Urubutsin e a Sagração de Upaon Açu, de Alberto Greciano Merino

MOSTRA GUARNICÊZINHO

A Incrível Aventura das Sonhadoras Crianças Contra a Lixeira Curada e o Capitão Sujeira, de Beatriz Ohana (RJ)
Amigo, de Alcione Lopes (SP)
Livre-se, de Mateus Lopes e Vinicius Lima (SP)
O Papagaio e a Pipa, de Tiago Mal (SP)

MOSTRA JOVEM

Adeus, Querido Mandi, de Bruno Villela (AM)
Kaboom!, de Marcio Di Benedetto (SP)
Nu Escuru, de Guilherme Telli (SP)
Tudo Bem, de Caio César (RJ)

MOSTRA PARALELA CENÁRIO BR

A Melhor Versão, de Luis Felipe Sá e Daniel Herz (RJ)
Jambalaia, de Breno Moreira (RJ)
Nós, de Letícia Simões (PE)
Tio Tommy, o Homem que Fundou a Newsweek, de Loli Menezes (SC)

MOSTRA PARALELA CENÁRIO MA

Cama de Espinho, de Dennis Carlos
Sob um Novo Olhar, de Marconi Franco

MOSTRA PARALELA CENÁRIO BR DE CURTAS-METRAGENS

Maré Mansa Traiçoeira, de Daniel Paes (RJ)
Olhos de Cachoeira, de Adler Paz (BA)
Quebre o Silêncio, de Manu Fuzaro (PR)
Tudo Bem, de Caio César (RJ)

MOSTRA PARALELA CENÁRIO MA DE CURTAS-METRAGENS

A Casa no Meio do Nada, de Érico Alessandro e Guilherme Verde (MA/PR)
A Voz de Alguém, de Pedro Danilo Roma (MA)
Modo Noturno, de Crismeson Mauriel (MA)
O Reggae é a Lei, de Emilio Sagaz (MA)

MOSTRA AMAZÔNIA LEGAL

A Terra de Frente, de Thiago Cóstackz (SP)
Antes do Çairé, de Rodrigo Ribeyro (SP)
Enterrado no Quintal, de Diego Bauer (AM)
Manaus Hot City, de Rafael Ramos (AM)
Nazaré, do Verde ao Barro, de Juraci Júnior (RO)
O Barco e o Rio, de Bernardo Ale Abinader (AM)
Um Conto Indígena, de Rodrigo Soares Chaves (MG)

MOSTRA ETNOGRAFIA

O Abebé Ancestral, de Paulo Ferreira (BA)
Olhos de Cachoeira, de Adler Paz (BA)
Rio das Almas e Negras Memórias, de Taize Inácia e Thaynara Rezende (GO)
Sobre Sonhos e Liberdade, de Marcia Paraiso e Francisco Colombo (SC)
Vazanteiros, de Tiago Carvalho (RJ/MG)

MOSTRA CINEMA NÃO TEM IDADE

107, de Pedro Ladeira (DF)
A Rosa Púrpura da Fradique, de Débora Filgueiras (SP)
Ainda Ontem, de Rafael de Almeida (GO)
Bucha do Canhão, de Leonardo Granado (SP)
Ela que Mora no Andar de Cima, de Amarildo Martins (PR)
Fole, de Lourival Andrade (RN)
Já Bateu Meio-Dia?, de Kike Kreuger (SC)
Linhas do Tempo, de Carol Mendonça (SE)
Memórias do Drama, de Augusto Cesar dos Santos (CE)
Mercedes e Ricardo, de Otavio Sousa e Rodrigo Carneiro (SP)
Nem Faz Tanto Tempo Assim, de Ilaine Melo (SC)
O Céu de Lá, de Bernardo Tavares Rosa (RJ)
Prateados – A Vida em Tempos de Madureza, de Valmir Moratelli e Libario Nogueira (RJ)
Quando o Sol Se Põe, de Constancia Laviola Carreiro (RJ)

MOSTRA OLHARES SOBRE A PANDEMIA

Até Onde a Vista Alcança, de Ricardo Weschenfelder (SC)
Célio’s Circle, de Diego Lisboa (BA/SP)
Confinado, de Leco Brasileiro (PR)
Confinamento, de Rogério Rodrigues (RS)
E Se For Sim?, de Bia Goldenberg e Matheus Ramalho (RJ)
Fogo Baixo, Alto Astral, de Helena Ignez (SP)
Impermanentes, de Julio Castro e Manoel Batista (RN)
Inês, de Pedro Sá Earp (RJ)
Isolation, de Clerio Back (PR)
Janelas Daqui, de Luciano Vidigal e Arthur Sherman (RJ)
Murada, de Ralph Campos (RJ)
Por Favor, Socorro, de Sinval de Abranches (MG)
Pra se Manter São, de Renato Caetano (SP)
Reexisto, de Lethicia Galo e Rodrigo Campos (SP)
Reunião, de Guilherme Carravetta de Carli (RS)
Síndrome da Morte, de Edem Ortegal (RJ)
Um Filme de Quarentena, de Miguel Chaves e Jessica Linhares (RJ)

MOSTRA HOMENAGEM SERGIO REZENDE

Guerra de Canudos (1997)
Lamarca (1994)
O Homem da Capa Preta (1986)
Zuzu Angel (2006)

VIDEOCLIPES

A Lei da Natureza, de Tony Soubler; direção: Manlio Macchiavello
Afrobeats Piqui da Rampa, de Jack Angel; direção: Luca Morais
Avohai, de Putaben; direção: Sunday James
Balenciaga, de Gu7o; direção: Sunday James
Basta só te Chamar de Mãe, de Marco Duailibe; direção: Manlio Macchiavello
Berro, de Zezé Alves; direção: Manlio Macchiavello
Brasília do Matadouro, de Paulinho Lopes; direção: Manlio Macchiavello
Bruxas, de Flávia Bittencourt, feat Anastacia Lia, Djuena Tikuna e Emanuele Paz; direção: Flávia Bittencourt e Ruy Castro
Burn Down The House, de Flávia Bittencourt; direção: Emilio Sagaz
Chato, de Marco Gabriel; direção: Jessica Lauane
Colarzinho de Miçanga, de Aretuza Lovi; direção: Lucas Sá e Ernnacost
Com o Afeto das Canções, de Rita Benneditto & Zeca Baleiro; direção: Thais Lima
Darling, de Emilio Sagaz, Mano Borges e Raflea; direção: Camila Dourado & 3XGRANDE
Deixa Girar, de Hagaheli & Liz Lima; direção: Max Pavianni
Dis-Ritmia, de Criolina, Estrela Leminski e Téo Ruiz; direção: Thais Lima
É Só Me Chamar, de Paolo Ravley; direção: Lucas Sá
Fam Matinic Dous, de Steel Band de Montagnac; direção: Manlio Macchiavello
Flowres, de Gu7o; direção: Sunday James
Garruncha do Sampaio, de Marco Gabriel; direção: Jessica Lauane
Kolapso, de Monkey Jhayam, Enme e Terra Treme; direção: Jessica Lauane e Lazaro
Kumbayá, de Baré de Casco; direção: Dani Lopes
La Luna Enamorada, de Kali Uchis; direção: João Pedro Ferreira
Lá Vem Chegando, de Criolabeat; direção: Tássia Dur
Little Lion, de Soulvenir; direção: Sunday James
Maldito Amor, de Betto Pereira e Zeca Baleiro; direção: Vicente Simão Jr.
My Luv, de Adnon; direção: Rairisson Acilon
Now is Black, de Flávia Bittencourt; direção: Ruy Castro e Flávia Bittencourt
Off Spirit, de Jorge Amorim; direção: Manlio Macchiavello
Pedaço do Mar, de Jadsuel Monteiro; direção: Jadsuel Monteiro
Prevejo, de Catharina Bravin; direção: Sunday James
Rápido, de Doka (feat. A trinca, prod. Hxtel); direção: Leonardo Mendes e Weslley Oliveira
Se Você Sentir Minha Falta, de Gabriel Leandro; direção: Sunday James
Sua Canção, de Flávia Bittencourt; direção: Flávia Bittencourt e Ruy Castro
Tirem as Cercas, de Regiane Araújo feat. Núbia & Débora Melo; direção: Thais Lima
Tribo Futurista, de Beto Ehong e Rita Benneditto; direção: Emilio Sagaz
Vazio, de Flávia Bittencourt; direção: Flávia Bittencourt e Ruy Castro
Zombie Dance, de Crash The Coven; direção: Sunday James

REPORTAGENS

Episódios 1, 2, 3, 4 e 5 da série Novo Normal; repórteres: Marcia Carvalho e Fabio Cabral; direção: Edwin Jinkings (TV Assembleia Legislativa do Maranhão)
João Pé de Feijão e o Ateliê Vortex, Programa Tudo de Bom; repórter e direção: Yago Brandão (TV Difusora)
Marcianos invadem São Luís na década de 70 e assustam moradores; repórter e direção: Márcia Carvalho (TV Assembleia Legislativa do Maranhão)

FILMES PUBLICITÁRIOS

Filme Publicitário Di Franco Produções Artísticas, direção: Jadsuel Monetiro; produção: Di Franco Produções
Quem Acredita, Abre Mais Portas, direção: Diego Lisboa e Joca Soares; produção: Sotaque Filmes/Quadrante Brasil
Loki Mitológica, a Cerveja dos Deuses, direção: Eduardo Martins; produção: Agência AHJOB
Mobiliza SLZ VT 1, direção: Jonas Sakamoto; produção: Sobre O Tatame | Quadrante Brasil
Mobiliza SLZ VT 2, direção: Jonas Sakamoto; produção: Sobre O Tatame | Quadrante Brasil

Foto: Divulgação.

Álbum em Família, de Daniel Belmonte, é exibido no 49º Festival de Cinema de Gramado

por: Cinevitor
Otávio Müller em cena: filmado pela família durante a pandemia.

Na segunda-feira, 16/08, quarto dia de mostras competitivas do 49º Festival de Cinema de Gramado, foram exibidos os curtas-metragens A Beleza de Rose, de Natal Portela, e Fotos Privadas, de Marcelo Grabowsky. Além disso, o boliviano Pseudo, de Gory Patiño e Luis Reneo, abriu a mostra de longas estrangeiros.

Entre os longas brasileiros em competição, Álbum em Família, escrito e dirigido por Daniel Belmonte, foi o destaque da noite. Na trama, um grupo de atores e atrizes ensaia uma peça virtualmente e busca soluções para contornar o fato de que não podem se encontrar. Confinados em casa, usam os próprios familiares em cena. A peça escolhida é Álbum de Família, de Nelson Rodrigues, tentativa de debater a ideia de família tradicional brasileira.

Produzido por Clélia Bessa e Marcos Pieri, o filme conta com Daniel Belmonte, Otávio Müller, Cris Larin, George Sauma, Eduardo Speroni, Kelson Succi e Dhara Lopes no elenco; além de participações especiais de Renata Sorrah, Tonico Pereira, Lázaro Ramos, Valentina Herszage e Ravel Andrade.

No dia seguinte à exibição, alguns integrantes da equipe e do elenco participaram de um debate virtual, que foi mediado pelo jornalista Roger Lerina. Marcaram presença: o diretor Daniel Belmonte, o produtor Marcos Pieri e os atores George Sauma e Kelson Succi.

Sobre a ideia do longa, o diretor comentou: “Para que o filme pareça uma grande brincadeira sobre o que está acontecendo na hora, ele precisa ser muito bem planejado e pensado camada por camada. Eu, particularmente, gosto muito de autoficção e metalinguagem. Artistas que eu me identifico trabalham nesse lugar, usando desses recursos. Gosto muito de brincar com isso, com essas mentiras roteirizadas como se fossem verdades roteirizadas”.

O ator Kelson Succi falou sobre sua experiência: “Eu já esperava muito porque eu sei da genialidade do Belmonte e dessa equipe inteira. O Dani é muito observador. Ele sabe meu discurso e tudo que eu movimento como artista. Ele já sabe do meu olhar e eu enxergava as nossas trocas roteirizadas. O personagem é um acesso meu, é um degrau a mais, um espelho meu”.

George Sauma, também ator, comentou: “Esse olhar bem humorado sobre o artista, sobre nós e sobre essa intimidade deixa todo mundo desarmado e com vontade de fazer. É divertido ter como história o meu personagem, que sou eu mesmo, não gostar do personagem que eu estou fazendo na cena. E lembra o nosso oficio, então é bom. São várias camadas no roteiro que brincam com quem poderíamos ser e com quem realmente somos. Eu vi conversas minhas com o Daniel que estavam no roteiro. É você falar com verdade, o que você realmente pensa, só que num tom de cinema. Foi um exercício muito interessante”.

O produtor Marcos Pieri, da Raccord Produções, falou sobre a ideia do filme: “Ninguém sabia se daria certo ou não. Todo mundo embarcou nessa ideia. Não só a pandemia trouxe essa vontade de fazer essa experiência, como também a realidade da cultura brasileira. Na época em que o filme surgiu, estávamos há quase dois anos sem nenhuma movimentação ou investimento concreto saindo. Então, quando surgiu essa ideia, por mais maluca que fosse, nos unimos para realizar. Temos força e talento para isso. A equipe se uniu nessa dúvida de como seria o resultado e de como teríamos que nos reinventar nesse formato de filmagem. Criou-se um laço”

Sobre o elenco, o diretor finalizou: “Eu gosto muito de trabalhar com pessoas que admiro. Esse elenco é todo composto por atores e atrizes que sou muito fã. Eu escrevei para que eles falassem. O roteiro foi feito num ato de desespero; em um momento que não podíamos sair de casa e não sabíamos mais do futuro da nossa profissão e encaramos esse desafio de realizar um filme, que é uma empreitada coletiva e colaborativa de muita gente que colocou seu olhar e se esforçou para seguir adiante”

As exibições dos longas-metragens brasileiros acontecem entre 13 e 19 de agosto, a partir das 21h30, na grade linear do Canal Brasil, para toda a base de assinantes, e nos serviços de streaming Canais Globo e Globoplay + Canais ao Vivo somente durante o horário da exibição na TV.

*Você acompanha a cobertura do CINEVITOR por aqui, pelo canal no YouTube e pelas redes sociais: Twitter, Facebook e Instagram.

Foto: Divulgação/Raccord Produções.

O Novelo, de Cláudia Pinheiro, é exibido no 49º Festival de Gramado; equipe e elenco falam sobre o filme

por: Cinevitor
Família em cena: na disputa pelo kikito.

A noite de domingo, 15/08, da 49ª edição do Festival de Cinema de Gramado começou com a exibição de dois curtas-metragens em competição: o gaúcho Desvirtude, de Gautier Lee; e a animação amazonense Stone Heart, de Humberto Rodrigues. Além disso, o documentário Extermínio, de Mirela Kruel, encerrou a mostra competitiva de longas gaúchos deste ano.

Dirigido por Cláudia Pinheiro, O Novelo foi o terceiro filme da competição entre os longas-metragens brasileiros exibido na programação. Produzido por Diego Freitas e Luciano Reck, da Parakino Filmes, o longa conta a história de cinco irmãos que acabam sendo criados pelo irmão mais velho, após a morte da mãe. Um dia, já adultos, eles recebem a notícia de que um homem em coma na UTI pode ser o pai que os abandonou. Na sala de espera do hospital, eles mergulham em conflitos e memórias e, através do tricô aprendido na infância, restabelecem o vínculo fraterno enquanto o estado do homem piora. 

Com roteiro escrito por Nanna de Castro, baseado na peça homônima de sua autoria, o filme conta com Nando Cunha, Rocco Pitanga, Sérgio Menezes, Rogério Brito, Sidney Santiago Kuanza, Isabél Zuaa e André Ramiro no elenco.

No dia seguinte à exibição, alguns integrantes da equipe participaram de um debate virtual, que foi mediado pelo jornalista Roger Lerina. Marcaram presença: a diretora Cláudia Pinheiro; a roteirista Nanna de Castro; e os atores Nando Cunha e Sidney Santiago Kuanza.

Questionada sobre a ideia do filme, Cláudia respondeu: “Uma amiga me apresentou à Nanna. Eu estava procurando um novo projeto e esse roteiro lindo apareceu. Depois, o elenco nasceu justamente em Gramado, em 2017, quando eu estive aí com o Luciano Reck e o Diego Freitas [da Parakino Filmes] e vimos o trabalho maravilhoso do Nando Cunha, que ganhou o kikito de melhor ator pelo curta Telentrega [dirigido por Roberto Burd]. Naquele momento já estávamos com o edital do Fundo Setorial para fazer O Novelo. O resto todo se desenrolou e o elenco nasceu do Nando Cunha”. E completou: “Um elenco desse porte não dá muito trabalho. Foi o elenco mais dedicado que uma diretora poderia querer. Todos estavam muito entregues. Foi muito bonito e gratificante”.

A roteirista Nanna de Castro falou sobre seu processo de criação: “O filme nasceu como uma peça de teatro encomendada por cinco atores que queriam falar do modo como a mídia estereotipa os homens; eles queriam trazer um homem mais humano. Passei um bom tempo fazendo entrevistas e ouvindo homens, de várias classes sociais, sobre suas dores e dramas com a masculinidade. Por isso tem tanta densidade. Eu escrevo teatro, mas sou uma dramaturga que quer escrever cinema. Minhas peças são muito fáceis de transportar. Então, não foi um drama adaptar para o cinema”

História universal e emocionante.

Sidney Santiago Kuanza, que interpreta o caçula Cacau, também falou sobre o roteiro: “Essa peça, que foi criada há dez anos, nos deu muito amor. O teatro não nos abandonou nesse processo. Todo mundo queria fazer muito esse filme. Tem uma coisa do texto da Nanna que cabe na nossa boca. Eu achei que a minha geração não teria a oportunidade de fazer um filme como esse, com esse grau de humanidade. Foi um prazer. Eu acho que nós não temos um filme brasileiro que apresente três gerações de artistas negros podendo construir personagens e com uma história universal e familiar sendo vivida por atores negros. Uma oportunidade que, para nós, é ainda muito rara. Foi bom também ver atores tão distintos, vindos de lugares diferentes, mas que tinham muita química. Foi um set de muito amor e respeito”

Nando Cunha, que interpreta Mauro, o primogênito da família, falou sobre a importância do longa: “Eu estou muito feliz com esse filme. Quando eu passei em Gramado [em 2017] com o curta Telentrega, eu já cheguei com essa ideia de mudar esse olhar para mim como ator. As pessoas só me viam fazendo comédia. Queria mudar esse olhar e que acreditassem mais no meu trabalho. Entrar no festival foi a melhor experiência que eu tive na minha vida. Precisávamos de mais oportunidades. A única diferença entre um ator branco e um ator negro é a oportunidade. E fiquei muito feliz que a Cláudia ficou tocada com a minha fala. Porque se eu não tivesse falado, talvez não estaria nesse filme, pois somos invisíveis”. Clique aqui e assista aos melhores momentos da premiação do 45º Festival de Cinema de Gramado com trechos do discurso de Nando Cunha.

E completou: “Além desse filme ter mostrado essa masculinidade negra de uma maneira muito sensível, nos mostrou também como seres humanos. Que bom que tudo o que eu falei se concretizou. O filme tá lindo e delicado. Ontem, minha mãe e meus irmãos assistiram e falaram que parecia a nossa história. Isso foi demais. É sobre isso. Estamos vivendo uma polarização louca onde as pessoas ficam em cima do muro e eu já estava me posicionando em 2017. Como é bom se posicionar. Não temos mais tempo para ficar em cima do muro. Foi muito importante fechar esse ciclo agora em Gramado com esse filme. Para mim, tudo isso tem um significado muito grande por ter provado que eu conseguiria fazer um filme com essa magnitude e com a essa força”

Sidney Santiago Kuanza falou sobre a presença negra no audiovisual brasileiro: “Esse é um filme que a gente esperava há muito tempo. Estávamos órfãos desse filme na filmografia brasileira. Tem uma pequena cartografia que eu fiz com O Assalto ao Trem Pagador [de Roberto Farias], As Filhas do Vento [de Joel Zito Araújo e premiado com quatro kikitos em 2004], Café com Canela [de Ary Rosa e Glenda Nicácio] e O Novelo. Eu acho que são filmes que trazem a pluralidade da presença negra no nosso país; em contraponto a tudo que foi criado de estereótipo, todas as cristalizações e as narrativas viciadas e viciantes que foram colocadas na população negra no audiovisual”.

Debate virtual em Gramado com elenco e equipe.

Nando Cunha também comentou: “É uma pena que estamos comemorando um ineditismo, em 2021, de um protagonismo negro no cinema. Tomara que venham mais Novelos e mais festivais, para que tenhamos mais oportunidades e chances de ressignificar esse olhar e as narrativas sobre nós. Todo ano deveria ter um filme desse. Todo ano deveria ter uma oportunidade dessa para qualquer um. Não deveríamos estar discutindo isso agora. O cinema e a televisão foram muito culpados por essas narrativas de marginalização e desse olhar de estereótipo”.

E ressaltou: “Estou em um trabalho agora onde eu faço um nobre do Egito que tem uma casa enorme. Fiquei lembrando que em todos os meus trabalhos anteriores, os meus cenários eram barracos ou uma casa pobre. Agora estou em uma emissora que nem debate isso e me coloca em um lugar de nobre, com um mega cenário. Isso é significativo e muda esse olhar. É isso que o cinema, o teatro e a televisão precisam fazer. Não podemos mais estar marginalizados. Não somos assim”. A diretora Cláudia completou: “O roteiro não fala nada da cor da pele. O que prova, como disse o Nando, que falar desse assunto no século 21 já não é o que se esperava”.

Para finalizar o debate, Sidney comentou: “O roteiro traz coisas muito interessantes para pensar não só na figura do negro, mas na figura do Brasil. Vivemos em um país muito violento, onde muitas vezes nossas narrativas intensificam esse grau de violência; não à toa temos o presidente que temos. Esse filme deixa um legado de pensar em construir histórias brasileiras. A história da população negra no Brasil é permeada pela violência: do Estado, de séculos de escravidão, de um Estado que não pensou possibilidade e promoção para uma população conseguir sua autonomia e emancipação. Mas, a história do Brasil também é feita de processos de lutas e conquistas da população negra. Quando a gente se propõe a construir essas narrativas, todos nós ganhamos e a população negra passa a se ver em outros lugares. A nossa luta ainda hoje no Brasil é, sobretudo, promover nossa humanidade. A história se faz por esses laços positivos”.

As exibições dos longas-metragens brasileiros acontecem entre 13 e 19 de agosto, a partir das 21h30, na grade linear do Canal Brasil, para toda a base de assinantes, e nos serviços de streaming Canais Globo e Globoplay + Canais ao Vivo somente durante o horário da exibição na TV.

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Fotos: Divulgação/O2 Play e Edison Vara/Ag. Pressphoto.

Homem Onça: equipe e elenco falam sobre exibição no 49º Festival de Gramado

por: Cinevitor
Protagonista: Chico Diaz em cena.

Neste sábado, 14/08, aconteceu a segunda noite de exibições das mostras competitivas da 49ª edição do Festival de Cinema de Gramado, que segue até 21 de agosto pela internet e também pela TV. A programação contou com o curta-metragem paulista Entre Nós e o Mundo, de Fabio Rodrigo; e o paraibano Animais na Pista, de Otto Cabral. Além disso, o longa gaúcho A Colmeia também foi exibido.

O segundo título em competição entre os longas-metragens brasileiros foi Homem Onça, de Vinícius Reis. Situado no final dos anos de 1990, o filme investiga como a história do país reflete e interfere na vida pessoal de Pedro, interpretado por Chico Diaz, que tem uma vida estável de classe média com sua mulher Sônia, papel de Silvia Buarque, que procura um emprego, e a filha adolescente, Rosa, vivida por Valentina Herszage.

Pedro trabalha numa das maiores estatais do país, a fictícia Gás do Brasil. Tudo parece caminhar muito bem: um projeto de sustentabilidade desenvolvido por ele ganha um prêmio internacional, o que parece garantir o emprego de sua equipe, apesar da crise que a empresa começa a enfrentar. Seu corpo parece reagir a isso e manchas estranhas aparecem em sua mão. Porém, mesmo o sucesso do trabalho de seu time não garante a segurança do emprego de todos e Pedro é forçado a tomar atitudes drásticas. Homem Onça acompanha esse processo através de duas linhas narrativas que se entrecortam e convergem: num futuro não longínquo, o protagonista não vive mais no Rio de Janeiro, mas em uma pequena cidade, com uma nova companheira, Lola, interpretada por Bianca Byington.

O roteiro, assinado por Reis, em colaboração com Flavia Castro e Fellipe Barbosa, examina como o longo processo de privatização de estatais, no final dos anos de 1990, ressoa na vida dos empregados daquelas empresas. A perda da estabilidade e segurança emocional e econômica de Pedro é um reflexo da situação do Brasil. Assim, ao falar do passado, Homem Onça é um filme que também medita sobre o presente do país, sempre ameaçado de passar por uma nova onda de privatizações.

Rodado no Rio de Janeiro, Petrópolis e Teresópolis, entre dezembro de 2017 e janeiro de 2018, o longa, que chega aos cinemas no dia 26 de agosto, com distribuição da Pandora Filmes, teve sua estreia mundial em fevereiro passado no Arthouse Asia Film Festival. O filme ainda conta com Emílio de Mello, Guti Fraga, Dani Ornellas, Tom KarabachianÁlamo Facó no elenco.

No dia seguinte à exibição, alguns integrantes da equipe participaram de um debate, que foi mediado pelo jornalista Roger Lerina. Marcaram presença: o diretor Vinícius Reis; a produtora Gisela B. Camara; e os atores Chico Diaz, Silvia Buarque e Emílio de Mello.

Debate virtual: equipe conversa com Roger Lerina.

Questionado sobre a ideia do longa, o diretor Vinícius Reis falou sobre o processo inicial de criação: “A ideia surgiu em 1997 durante a privatização da [mineradora] Vale [do Rio Doce]. Meu pai trabalhava na Vale, que entrou em um processo de reestruturação muito violento. Ele contava o que estava acontecendo e eu anotava esses relatos. Logo, percebi que nisso tudo tinha um filme poderoso para ser feito. Só fui escrever esse roteiro treze anos depois. Até fiz um argumento, em 2008, na época em que filmávamos Praça Saens Peña, mas só sentei para escrever em junho de 2010. Então, a ideia nasceu de um ponto de vista muito íntimo e familiar. Depois eu expandi a pesquisa e fui estudar a questão”.

O protagonista Chico Diaz, vencedor do kikito de melhor ator, em 1996, por Corisco & Dadá, falou sobre seu trabalho em Homem Onça: “Navegar nas águas do Vinícius me traz uma certa tranquilidade porque ele me induz a um universo muito estimulante e humano. A curva do meu personagem [Pedro] é muito inteligente e interessante. Acho que nós, intérpretes, não somos responsáveis pelo nosso trabalho. Acho que existe um espectro forte de variáveis que nos obriga a preencher essa partitura. Existe um encantamento fundamental. Eu não sou o responsável por administrar isso, eu sou uma consequência desse processo proposto. Aqueles personagens é que representam um monte de gente. Esse filme nos dá uma oportunidade ímpar de representar nosso semelhantes brasileiros que estão nessa luta e nessa realidade há tanto tempo”.

E completou: “Esse filme é muito importante em um momento muito oportuno. Ele toca em coisas muito importantes. Parece que o tempo se ajeitou para nos receber em boa hora, pois o filme está muito contemporâneo e pode resgatar uma discussão sobre soberania, autoestima e nossas raízes”.

A atriz Silvia Buarque, que interpreta a personagem Sônia, mulher do protagonista, falou sobre o entrosamento com a direção e elenco: “O Vinícius me convidou para fazer esse filme em 2010. Foram muitos anos de intimidade com as várias versões do roteiro. Foram muitas leituras e várias conversas. O Vinícius disse que pensou em mim quando escreveu a Sônia, então acredito que ele pegou muito emprestado do meu jeito. Havia muita intimidade no set. Sou amiga do Vinícius há muitos anos, já que estreamos juntos no teatro; fui casada com o Chico Diaz por dezoito anos e estávamos juntos na época das filmagens. Eu fui muito na trilha do Chico, pois a Sônia vai adoecendo, embora tenha o pé no chão; ela vai se angustiando junto com o sofrimento do Pedro. O Chico foi fundamental para mim e o Vinícius dirigiu esse elenco magistralmente”.

Filme tem como ponto de partida acontecimentos da história do Brasil nos anos 1990.

A produtora Gisela B. Camara falou sobre a realização do longa: “O maior desafio de produção foi realizá-lo, de certa forma. Entre o primeiro tratamento do roteiro até as filmagens se passaram sete anos. É um tempo considerável, mas usamos isso a favor porque o roteiro foi amadurecendo ao longo dos anos. Os filmes possuem vida própria e vão acontecendo na hora certa. Foi um processo muito prazeroso e todos estavam muito embutidos em um mesmo objetivo. O Vinícius tem uma capacidade de maestria que é muito especial. Ele dá muita liberdade para a equipe trabalhar. O filme é muito dele e muito de todo mundo ao mesmo tempo. Foi um processo muito harmônico de trabalho”.

O ator Emílio de Mello também comentou sobre o filme: “Eu me senti em uma ação entre amigos, realizando uma ideia que partiu do Vinícius, mas que foi desenvolvida e criada por todos nós. Isso é muito importante porque nos dá uma relação familiar com o filme. Um produto familiar, que fala sobre a família brasileira, amizade e afeto. Foi um prazer enorme fazer parte desse projeto. É um filme potente e importante para esse momento, que conta um pouco da história dos brasileiros. Para mim, isso é de uma importância fundamental”.

Ao final do bate-papo, Chico Diaz comentou: “Nessa época do Brasil, poderíamos também discutir em um próximo debate, aproveitando esse filme, o nosso momento histórico, o que está acontecendo no país e a ferramenta que o cinema é na capacidade de reflexão sobre o que está acontecendo com as nossas pretensas privatizações. Ou seja, como o cinema se insere na discussão de uma realidade sequelada e traumatizada como a que estamos vivendo. É importante que o debate se amplie para como o cinema se torna ferramenta de transformação da nossa história. O cinema está potente, argumentado e fundamentado. Estamos em uma época em que precisamos de argumentos culturais como motivos de transformação e conscientização; que esses debates se ampliem também sobre o que, para quem e porque estamos falando. O grande valor de Homem Onça é estar inserido em um momento histórico para discutir um grande debate fora do filme, isto é, na realidade”

As exibições dos longas-metragens brasileiros acontecem entre 13 e 19 de agosto, a partir das 21h30, na grade linear do Canal Brasil, para toda a base de assinantes, e nos serviços de streaming Canais Globo e Globoplay + Canais ao Vivo somente durante o horário da exibição na TV.

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Fotos: Divulgação/Pandora Filmes e Ag. Pressphoto (Gramado).

Casa do Louvor: Marcélia Cartaxo dirige curta baseado em peça teatral

por: Cinevitor
Diretora: Marcélia Cartaxo nos bastidores.

O descaso e o preconceito sentidos pelas operárias do sexo no bairro Alto do Louvor em Mossoró, no Rio Grande do Norte, é o tema principal do curta-metragem, em processo de pós produção, chamado Casa do Louvor, que originalmente era um espetáculo encenado nos palcos entre 2015 e 2019 pela Cia Bagana de Teatro, com a direção dramatúrgica de Carla Pires Martins.

Porém, com a pandemia de Covid-19 e a inviabilidade de estar nos palcos, o coletivo decidiu adaptar a peça teatral para a linguagem do audiovisual. Essa adaptação para o cinema se tornou realidade em 2021 após o projeto ser contemplado pela Lei Aldir Blanc com apoios do Governo do Estado do Rio Grande do Norte, através da FJA, Fundação José Augusto, e também da Prefeitura Municipal de Mossoró, através da Secretaria Municipal de Cultura.

O curta-metragem que conta a história das mulheres do Alto do Louvor, do poder masculino sobre a mulher em uma sociedade machista e patriarcal do interior nordestino, já nasce sob o comando de mulheres: Ana Carla Azevedo e Joriana Pontes, primeiras roteiristas da obra, que compreenderam a importância de ter outra mulher à frente do  projeto e convidaram a consagrada Marcélia Cartaxo para a direção geral do filme: “O nome de Marcélia Cartaxo veio automaticamente devido a algumas oficinas de cinema e encontros com a atriz e diretora dando início a uma longa jornada de sonhos, que aos poucos se tornaram realidade”, ressalta a corroteirista que também é atriz e produtora executiva do filme, Joriana Pontes.

Marcélia, atriz paraibana com 40 anos de carreira profissional, possui em sua trajetória artística o Urso de Prata do Festival de Berlim por sua atuação em A Hora da Estrela, de Suzana Amaral, e um kikito de melhor atriz por Pacarrete, de Allan Deberton, no Festival de Gramado; além de inúmeros outros prêmios ao longo da carreira.

Casa do Louvor será o quarto trabalho de Marcélia como diretora cinematográfica, que realizou também os curtas: Tempo de Ira, que recebeu os prêmios de melhor filme e melhor roteiro no Festival de Cinema, Vídeo e DCine de Curitiba, em 2003, e Redemunho, agraciado em 2016 com quatro prêmios no Cine PE, entre eles, melhor filme, ambos adaptações de contos do escritor Ronaldo Correia de Brito; e De Lua (2013).

Bastidores das filmagens.

Sobre o novo projeto, Marcélia disse: “Aceitamos esse convite e percebemos a importância desse trabalho da Cia  Bagana, que cria esse movimento partindo do teatro para ao audiovisual na cidade. Sabemos que é o começo de muitos outros trabalhos que virão”.

Logo que firmou a parceria com a Cia Bagana, Marcélia também convidou os cineastas paraibanos Bertrand Lira para realizar a consultoria de roteiro e Cristiane Fragoso para atuar como diretora assistente. Durante a pré-produção, sob a tutela de Bertrand, o roteiro passou por novos tratamentos para adaptá-lo ainda mais à linguagem cinematográfica. A partir do quinto tratamento, as diretoras Marcélia e Cristiane, que já vinham indicando algumas diretrizes durante esse processo, se aliaram a Ana Carla Azevedo e Joriana Pontes e passaram a integrar o time de roteiristas do filme. A partir dessa parceria entre as quatro roteiristas, novos elementos foram incorporados ao roteiro e também foram realizadas algumas alterações basilares (na sua linha de ação, estrutura e narrativa), modificando assim o rumo da história e das personagens.

Assim, com uma equipe que carrega o histórico do cinema e do teatro na veia e nos frames, a obra foi filmada na última quinzena de julho, com locações em Mossoró, Florânia e Currais Novos. Todo o processo foi desenvolvido pelos artistas da Cia Bagana e das localidades para também potencializar e valorizar os artistas locais. A equipe de produção foi feita pelos artistas da própria companhia e agregaram-se outros profissionais como Marcos Leonardo e Damásio Costa, que assinam a direção de arte. A fotografia e a captação de som ficaram a cargo da equipe feminina da Ribeiro Produções: Wigna Ribeiro e Samya Alves, respectivamente.

“As filmagens tiveram também uma dinâmica pedagógica de preparar os artistas da Cia Bagana de Teatro para futuros projetos dentro do audiovisual, assim como também uma parceria de alunos de teatro do NAC-PROEC da UFERSA e nas cidades onde gravamos o curta. Esse é um trabalho visceral e com muitos desdobramentos. Será uma emoção pra quem participou e outra para o público que irá degustar a nossa história no cinema”, concluiu Joriana Pontes.

Fotos: Bertrand Lira.

Festival de Gramado 2021 começa com filme protagonizado por Gloria Pires

por: Cinevitor
Gloria Pires em cena: comissária exemplar da Polícia Civil do Rio de Janeiro.

A 49ª edição do Festival de Cinema de Gramado começou nesta sexta-feira, 13/08, com exibição pela internet, televisão por assinatura (Canal Brasil) e televisão aberta (TVE-RS). 

Com apresentação de Roger Lerina e Marla Martins, a primeira noite contou com as exibições do curta maranhense Quanto pesa, dirigido por Breno Nina, premiado com o kikito de melhor ator, em 2015, por O Último Cine Drive-in; e o curta paulista O que há em ti, de Carlos Adriano. O longa gaúcho Cavalo de Santo, de Mirian Fichtner e Carlos Caramez, também foi exibido.

O primeiro filme em competição entre os longas-metragens brasileiros foi A Suspeita, de Pedro Peregrino. O drama policial conta a história de Lúcia, interpretada por Gloria Pires, uma renomada investigadora policial. Aos 55 anos, ela dedicou toda a sua vida à profissão e é um nome respeitado entre seus colegas. Tudo muda durante uma investigação: um famoso escritor, que estava trabalhando nas memórias de um dos chefes do tráfico no Rio de Janeiro e teve seu telefone grampeado por Lúcia, é assassinado. A policial se torna alvo de investigação de seus superiores, ao mesmo tempo em que descobre que tem Alzheimer.

Com roteiro de Thiago Dottori, dos filmes da Turma da Mônica, e argumento do cientista político Luiz Eduardo Soares, o longa conta ainda com Charles Fricks, Gustavo Machado, Bukassa Kabengele, Daniel Bouzas, Júlia Gorman, Joelson Medeiros, Kizi Vaz, Paulo Vespúcio, Genézio de Barros e Alexandre Rosa Moreno no elenco.

No dia seguinte à exibição, alguns integrantes da equipe de A Suspeita participaram de um debate, que foi mediado pelo jornalista Roger Lerina. Marcaram presença: o diretor Pedro Peregrino; a produtora Daniela Busoli; o ator Gustavo Machado; e o diretor de fotografia Fabricio Tadeu. A protagonista Gloria Pires, que não conseguiu participar por conta de outros compromissos, disse, em comunicado oficial: “Estar na 49ª edição de um festival tão emblemático e poder mostrar o fruto de quatro anos de trabalho é um sonho que se realiza”

Pedro Peregrino, que faz sua estreia na direção de um longa de ficção com A Suspeita, é diretor na TV Globo, com trabalhos como Éramos Seis e Órfãos da Terra, e falou sobre referências para o longa: “O filme não tem uma grande referência, mas sim, um conjunto de referências de coisas que eu vi e estudei a vida inteira [Pedro é formado em cinema pela Universidade Estácio de Sá]. Meu trabalho de referência foi ir atrás de parcerias potentes”.

O diretor também falou sobre a pesquisa para abordar o tema policial: “Além do Luiz [Eduardo Soares], conversamos com policiais em diversas situações. Essa trama traz inter-relações que são muito características do Rio de Janeiro, como essa promiscuidade que acontece em relação à polícia, tráfico, milícia e religião. Tínhamos um cenário propício para contar essa história”. Pedro também destacou o tema da doença de Alzheimer: “Houve um processo de pesquisa e tínhamos a consultoria de uma neurologista o tempo todo, desde o início da pré-produção. Lemos algumas coisas sobre essa doença e também assistimos alguns filmes. Pesquisamos na literatura, no cinema e na ciência o que foi necessário para contar essa historia”.

Debate: Roger Lerina conversa com a equipe do filme.

Gustavo Machado, que interpreta o Delegado Gouveia, falou sobre a preparação de seu personagem: “Tivemos o auxílio luxuoso do Magalhães, um policial super experiente que estava o tempo todo, na preparação e no set; ele que dizia o que era crível. A presença dele e seu humor eram inspiradores. Tinha a Lucia Fernandes também, uma policial super parceira que dava vários toques na dinâmica toda. Tivemos a sorte de ter essas duas pessoas conosco. Além disso, eu, Pedro e Gloria fizemos uma visita à Cidade da Polícia [CIDPOL] e todos foram super generosos”.

A produtora Daniela Busoli falou sobre o filme e também sobre o trabalho de Gloria Pires como produtora: “O projeto nasceu com o Luiz Eduardo Soares e logo me apaixonei pela história que ele me apresentou. Como produtora, temos a função de juntar as peças de um quebra-cabeça para atrair os melhores talentos para o projeto e para conseguir viabilizar economicamente. A Gloria, além de uma atriz fantástica, é um ser humano maravilhoso. Como parceira de produção, ela ficou mais na parte de produção artística junto com o Pedro. Foi um grande encontro. A energia nesse trabalho era muito boa. Foi muito gratificante”.

Gustavo também falou sobre as filmagens: “O clima no set, apesar dos temas pesados do filme, foi muito leve e saboroso. Todos muito unidos. O Pedro como diretor tem uma característica que eu adoro que é esse diretor muito assertivo, que sabe o que quer, mas tem também uma abertura enorme para descobrir nas filmagens. Como ator, eu adoro esse tipo de set onde você vai para construir junto”

Fabricio Tadeu, que assinou a direção de fotografia de filmes como Noites de Reis, O Matador e Alemão 2, falou sobre suas escolhas para A Suspeita: “Trabalhar com o Pedro é muito especial porque ele é muito ligado na construção da fotografia do filme. Este longa tem algo peculiar que é a personagem da Gloria Pires; os corredores e labirintos simbolizam momentos da vida da personagem. Muitos movimentos de câmera buscam traduzir o estado emocional dessa personagem e dessa fragilidade que é só dela. Aqui, a fotografia busca ser discreta nesse sentido, de não roubar a cena e conviver com a personagem”.

Ao final da coletiva, Pedro falou sobre a estreia do filme no festival: “Eu acho que Gramado transcende o evento em si. Não é só um festival, é um símbolo de cinema. Ele comunica com quem faz e quem não faz cinema. Minha vida é um pouco isso. Eu vivo isso, que é estudar e ler sobre filmes, mesmo quando estou trabalhando na televisão. Cinema é minha grande paixão e estrear meu primeiro filme em Gramado é uma realização”.

As exibições dos longas-metragens brasileiros acontecem entre 13 e 19 de agosto, a partir das 21h30, na grade linear do Canal Brasil, para toda a base de assinantes, e nos serviços de streaming Canais Globo e Globoplay + Canais ao Vivo somente durante o horário da exibição na TV.

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Fotos: Desirée do Vale (Gloria) e Edison Vara/Ag. Pressphoto (Gramado).

Festival de Locarno 2021: curta brasileiro Fantasma Neon, de Leonardo Martinelli, é premiado com o Leopardo de Ouro

por: Cinevitor
Leopardo de Ouro para o cinema brasileiro!

Foram anunciados neste sábado, 14/08, os vencedores da 74ª edição do Festival de Cinema de Locarno, considerado um dos principais festivais de cinema autoral do mundo. O Leopardo de Ouro, prêmio máximo do evento, foi entregue para Vengeance Is Mine, All Others Pay Cash, de Edwin, da Competição Internacional de longas.

O brasileiro Fantasma Neon, de Leonardo Martinelli, que traz Dennis Pinheiro e Silvero Pereira no elenco, recebeu o Leopardo de Ouro de melhor curta-metragem internacional na mostra Pardi di domani, território de experimentação expressiva e poesia formal inovadora, que exibe curtas e médias-metragens em estreia mundial ou internacional. Além disso, o filme também foi reconhecido pela Internationale Kurzfilmtage Winterthur.

O Brasil também estava representado com outro filme na competição internacional de curtas: A Máquina Infernal, de Francis Vogner Dos Reis. E mais: a cineasta brasileira Ivete Lucas, que hoje mora nos Estados Unidos, apresentou o curta Happiness Is a Journey, codirigido por Patrick Bresnan, na seção Pardi di domani: Concorso Corti d’autore.

Neste ano, a cineasta Eliza Hittman presidiu o júri da Competição Internacional de longas, que apresentou filmes em estreias mundiais e que disputaram o Leopardo de Ouro; o time de jurados contava também com Kevin Jerome Everson, Philippe Lacôte, Leonor Silveira e Isabella Ferrari. Já o júri da mostra Pardi di domani foi formado por: Kamal Aljafari, cineasta palestino; Marie-Pierre Macia, produtora francesa; e Adina Pintilie, cineasta romena.

A 74ª edição foi marcada pelo retorno da mostra Piazza Grande, que acontece ao ar livre, e que não foi realizada no ano passado por conta da pandemia de Covid-19.

Conheça os vencedores do 74º Festival de Cinema de Locarno:

COMPETIÇÃO INTERNACIONAL

Leopardo de Ouro | Melhor Filme: Seperti Dendam, Rindu Harus Dibayar Tuntas (Vengeance Is Mine, All Others Pay Cash), de Edwin (Indonésia/Singapura/Alemanha)
Prêmio Especial do Júri: Jiao ma tang hui (A New Old Play), de Qiu Jiongjiong (Hong Kong/França)
Melhor Direção: Abel Ferrara, por Zeros and Ones
Melhor Atriz: Anastasiya Krasovskaya, por Gerda
Melhor Ator: Mohamed Mellali e Valero Escolar, por Sis dies corrents (The Odd-Job Men)
Menção Especial: Espíritu sagrado (The Sacred Spirit), de Chema García Ibarra (Espanha/França/Turquia) e Soul of a Beast, de Lorenz Merz (Suíça)

MOSTRA CINEASTI DEL PRESENTE

Leopardo de Ouro | Melhor Filme: Brotherhood, de Francesco Montagner (República Tcheca/Itália)
Prêmio Especial do Júri: L’Été l’éternité (Our Eternal Summer), de Émilie Aussel (França)
Melhor Direção Emergente: Hleb Papou, por Il legionario (The Legionnaire)
Melhor Ator: Gia Agumava, por Wet Sand
Melhor Atriz: Saskia Rosendahl, por Niemand ist bei den Kälbern (No One’s with the Calves)

PARDI DI DOMANI | COMPETIÇÃO INTERNACIONAL

Leopardo de Ouro | Melhor curta-metragem internacional: Fantasma Neon, de Leonardo Martinelli (Brasil)
Leopardo de Prata: Les Démons de Dorothy (The Demons of Dorothy), de Alexis Langlois (França)
Melhor Direção: Eliane Esther Bots, por In Flow of Words
Medien Patent Verwaltung AG Award: Imuhira (Home), de Myriam Uwiragiye Birara (Ruanda)
Menção Especial: FIRST TIME [The Time for All but Sunset – VIOLET], de Nicolaas Schmidt (Alemanha)
Curta-metragem indicado ao European Film Awards: In Flow of Words, de Eliane Esther Bots (Holanda)

PARDI DI DOMANI | Concorso Corti d’autore | Leopardo de Ouro: Criatura (Creature), de María Silvia Esteve (Argentina/Suíça)

PRIMEIRO FILME

Melhor Primeiro Filme: She Will, de Charlotte Colbert (Reino Unido)
Menção Especial: Agia Emi (Holy Emy), de Araceli Lemos (Grécia/França/EUA)

PRÊMIO DO PÚBLICO: Hinterland, de Stefan Ruzowitzky (Áustria/Luxemburgo)
PRÊMIO VARIETY PIAZZA GRANDE: Rose, de Aurélie Saada (França)
PRÊMIO FIPRESCI: After Blue (Paradis sale), de Bertrand Mandico (França)
PRÊMIO ECUMÊNICO: Soul of a Beast, de Lorenz Merz (Suíça)
PRÊMIO EUROPA CINEMAS LABEL: Sis dies corrents (The Odd-Job Men), de Neus Ballús (Espanha)

Clique aqui e confira a lista completa com os vencedores do Festival de Locarno 2021.

Foto: Alessandro Crinari/Locarno Film Festival/Ti-Press.