Mostra América Negra exibirá 35 filmes; programação será on-line e gratuita

por: Cinevitor
Cena do filme Invazão Brazil, de Laryssa Machada.

A mostra América Negra: Conversas Entre as Negritudes Latino-americanas acontecerá entre os dias 4 e 13 de junho, em formato on-line, promovida pelo NICHO 54, instituto que atua no desenvolvimento de carreira de profissionais negros no audiovisual. Com acesso gratuito, a programação será formada por 35 filmes produzidos em dez países diferentes e divididos entre ficções, documentários e obras experimentais. A iniciativa tem o apoio da Open Society Foundations.

A curadoria da mostra propõe uma reflexão sobre a descentralização dos Estados Unidos como principal campo do olhar de produções audiovisuais que retratam as vivências pretas da diáspora. A seleção contempla filmes produzidos ao longo dos últimos 20 anos, que convidam o público a mergulhar num diferente imaginário cinematográfico e racial sobre esses territórios da América Latina.

A programação da mostra será aberta na sexta-feira, 04/06, com a exibição de três filmes que têm em comum a dança, a música e a ancestralidade como fios condutores das narrativas. São eles: o mexicano Diabinhos, diabinhas e alminhas, de Isis Violeta Contreras Pastrana; o uruguaio Tambores afro-uruguaios, de Naouel Laamiri e Rafael Ferreira; e, fechando a programação de estreia, o longa Del palenque de San Basilio, de Erwin Goggel, profundo documento visual e sonoro elaborado ao longo de 17 anos na cidade de Cartagena das Índias, na Colômbia.  

A produção colombiana, inclusive, é um dos destaques da mostra e vem representada por oito títulos no total. Entre eles, o celebrado curta-metragem Palanque, de Sebastián Pinzón Silva; e o longa-metragem Saudó, Labirinto de Almas, de Jhonny Hendrix Hinestroza, diretor premiado no Festival de Veneza com Candelaria.

Outras obras internacionais de destaque são: o venezuelano Belén, la reina del quitiplá, de Adriana Vila Guevara; o mexicano Nana Dijo, do rapper Bocafloja; e Afroargentino, dirigido por Jorge Fortes e Diego Ceballos, que revela as contribuições da população negra para a cultura e a sociedade argentina. A mostra traz ainda filmes de Cuba, Equador, Peru e Bolívia.

Representada por onze títulos, a produção brasileira marca presença com obras de diferentes estilos e linguagens. Destaque para a estreia de Invazão Brazil, de Laryssa Machada, e (Outros) Fundamentos, da artista visual Aline Motta, que traz imagens captadas nas cidades de Lagos, na Nigéria, em Cachoeira, na Bahia, e no Rio de Janeiro, destinos que representam a jornada da diretora em busca de suas raízes. 

Cena do filme (Outros) Fundamentos, de Aline Motta.

Os 35 filmes que compõem a mostra serão exibidos por meio da plataforma de streaming exclusiva Sala 54, que abrigará todas as mostras on-line de filmes do NICHO 54. Cada título ficará disponível para acesso por um período de 43 horas a partir da data de estreia no site. 

“A programação convida o público a fazer um ‘mochilão’ cinematográfico pela América Latina, tendo a negritude como acompanhante privilegiada dessa jornada. Esta mostra possibilita ainda que a plateia acesse manifestações culturais da diáspora, descubra os diversos marcadores de racialização presentes nestes territórios e encontre paralelos entre as experiências de racismo e resistência à opressão na América Latina”, explica Heitor Augusto, codiretor do NICHO 54 e diretor curatorial da mostra, que contou também com aportes curatoriais de Bruno Galindo, Gabriel Araújo, Kariny Martins e Mariana Souza.

A mostra de cinema será antecedida pelo curso Discursos Acerca das Negritudes Latino-americanas, a ser realizado entre os dias 31 de maio e 03 de junho, sempre das 19h às 21h30. A atividade é composta por quatro encontros focados em um país diferente, com o objetivo de oferecer uma perspectiva da formação da identidade negra em diferentes territórios da região. 

O curso será aberto com o encontro da Colômbia Diálogos de fronteira: Perspectivas afro-colombianas e negro-brasileiras, conduzida pelas artista Stéphanie Moreira em conjunto com a artista plástica Liliana Angulo Cortés. Na aula seguinte, o público terá acesso à perspectiva argentina, com a masterclass Também somos negros! A Argentina e os aportes da população Afro, com a professora Miriam Cortez

No dia 2 de junho, será a vez da masterclass México: racialização e diálogos afro-indígenas, com o rapper Bocafloja. A formação será concluída com aula Lélia Gonzalez e a Améfrica Ladina: notas sobre racialização a partir do Brasil, ministrada por Flávia Rios, socióloga, professora adjunta da Universidade Federal Fluminense (UFF) e coorganizadora do livro Por um feminismo latino-americano: Lélia Gonzalez

Dirigido por Fernanda Lomba e Heitor Augusto, o Instituto NICHO 54 visa fomentar a presença negra no audiovisual. Incorporando perspectivas de gênero, classe e orientação sexual, atua na estruturação de carreiras de pessoas negras com vistas a posições de liderança criativa, intelectual e econômica. 

Para conferir a programação completa e mais informações, clique aqui.

Fotos: Divulgação.

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