Morre, aos 94 anos, o ator e diretor francês Michel Piccoli

por: Cinevitor

michelpiccolimorre2Michel Piccoli na estreia de Habemus Papam, no Festival de Cannes, em 2011.

Morreu na terça-feira, 12/05, aos 94 anos, o ator e diretor francês Michel Piccoli. Porém, a notícia da morte só foi divulgada nesta segunda, 18/05, pela imprensa. Segundo o jornal Le Figaro, Gilles Jacob, ex-presidente do Festival de Cannes, revelou em um comunicado que o amigo faleceu nos braços da esposa e dos filhos depois de sofrer um AVC.

Piccoli estrelou mais de 230 filmes ao longo da carreira, que começou na década de 1940, e também dirigiu cinco produções, entre elas, o curta-metragem Train de nuit. Além das telonas, também se destacou nos palcos e na televisão. Nascido em Paris, estudou atuação e apareceu pela primeira vez nos cinemas em uma pequena participação no suspense Sortilégios, de Christian-Jaque, em 1945. Quatro anos depois, conseguiu seu primeiro grande papel: um mineiro de carvão no drama Le point du jour, de Louis Daquin.

Sua vida artística foi marcada por diversos trabalhos marcantes com cineastas consagrados, como: Jean-Luc Godard, nos filmes Paixão (1982) e O Desprezo (1963), este que lhe rendeu um dos papéis mais conhecidos de sua carreira ao viver o marido de Brigitte Bardot; e Luis Buñuel, em Via Láctea (1969), O Discreto Charme da Burguesia (1972), Esse Obscuro Objeto do Desejo (1977), O Fantasma da Liberdade (1974), O Diário de uma Camareira (1964), A Morte no Jardim (1956) e A Bela da Tarde (1967), que atuou com Catherine Deneuve.

odesprezopiccoliBrigitte Bardot e Michel Piccoli em O Desprezo, de Jean-Luc Godard.

Seu currículo conta também com: Jean Renoir, em French Can Can (1955); Alfred Hitchcock, em Topázio (1969); Agnès Varda, em As Cento e uma Noites (1995) e As Criaturas (1966); Claude Sautet, em As Coisas da Vida (1970), Mado, um Amor Impossível (1976), Vicente, Francisco, Paulo e os Outros (1974) e Sublime Renúncia (1971); Marco Ferreri, em Dillinger Morreu (1969), A Última Mulher (1976), À Sombra do Vaticano (1972) e A Comilança (1973); Jean-Pierre Melville, em Técnica de um Delator (1962); Manoel de Oliveira, em Belle toujours (2006), Party (1996), Espelho Mágico (2005) e Cada Um com Seu Cinema (2007); Jacques Rivette, em A Bela Intrigante (1991); entre outros.

Entre tantos sucessos, também acumulou prêmios: em 1982, ganhou o Urso de Prata no Festival de Berlim com Une étrange affaire, de Pierre Granier-Deferre; no Festival de Cannes, levou o prêmio de melhor ator por Salto nel vuoto, de Marco Bellocchio; em Locarno, além de ser honrado pela carreira com o Prêmio Excellence, também foi eleito o melhor ator por Sous les toits de Paris, de Hiner Saleem; no Festival de Veneza, como diretor, ganhou um prêmio da crítica de melhor filme pela comédia Alors voilà, e como melhor ator em Martha et moi, de Jirí Weiss; em 1997, foi premiado no Festival Internacional de Cinema de Xangai por sua atuação em Compagna di viaggio, de Peter Del Monte; entre outros.

papapiccoliEm cena no filme Habemus Papam, de Nanni Moretti.

No César, conhecido como o Oscar francês, recebeu cinco indicações, entre elas: melhor ator por Fora de Controle, de Richard Dembo, e Loucuras de uma Primavera, de Louis Malle. Em 2011, recebeu um prêmio honorário pela carreira no European Film Awards. Nos palcos, Michel Piccoli atuou em peças com textos de August Strindberg, Henrik Ibsen, Heinrich von Kleist, Anton Tchekhov, Arthur Schnitzler, Molière, Pierre de Marivaux e Paddy Chayefsky.

Nas telonas, também atuou em: O Perigoso Jogo do Amor (1966), de Roger Vadim; A Guerra Acabou (1966), de Alain Resnais; Duas Garotas Românticas (1967), de Jacques Demy; Perigo: Diabolik (1968), de Mario Bava; Atlantic City, USA (1980), de Louis Malle; Anjo Negro (1994), de Jean-Claude Brisseau; Sangue Ruim (1986), de Leos Carax; Atrás Daquela Porta (1982), de Liliana Cavani; Atos Proibidos de Amor e Vingança (1979), de Sergio Corbucci; Linhas de Wellington (2012), de Valeria Sarmiento; Trilogia II: A Poeira do Tempo (2008), de Theodoros Angelopoulos; Habemus Papam (2011), de Nanni Moretti, um de seus últimos trabalhos, que lhe rendeu um prêmio no David di Donatello; entre outros.

Fotos: Pascal Le Segretain/Getty Images Europe/Divulgação.

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