Morre, aos 85 anos, o cineasta Maurice Capovilla

por: Cinevitor
O cineasta na 24ª edição do Cine Ceará, em 2014.

Morreu neste sábado, 29/05, aos 85 anos, o cineasta, roteirista, ator e produtor Maurice Capovilla, também conhecido como Capô. Segundo informações divulgadas por familiares, ele faleceu em decorrência de uma doença pulmonar e o corpo será cremado no domingo, no Rio de Janeiro.

Nas redes sociais, a esposa Marilia Alvim, com quem era casado há 39 anos, publicou: “Hoje Capô foi dançar no infinito”. Em fevereiro do ano passado, o cineasta fez uma publicação comovente, em sua página no Facebook, falando sobre sua saúde: “Nesta quinta-feira vou me despedir para sempre, peço desculpas aos meus amigos e amigas. Aconteceu o que estava previsto há muito tempo, o Alzheimer que tomou conta da minha memória implacável assim para sempre. Vou sentir saudades, mas devo um grande abraço a todos vocês que me acompanharam”.

Nascido em 16 de janeiro de 1936, em Valinhos, São Paulo, Maurice Capovilla começou sua carreira na década de 1960 com curtas-metragens. Antes disso, participou de um dos primeiros cineclubes da capital paulista ao lado de Jean-Claude Bernardet e Gustavo Dahl. Também estudou Filosofia na USP, trabalhou em diversos jornais como repórter e também na Cinemateca Brasileira e foi professor na ECA, Escola de Comunicações e Artes

Seu primeiro trabalho como diretor, o curta União, foi lançado em 1962. Depois, dirigiu Meninos do Tietê, que foi premiado na Argentina. Em 1964, realizou o curta documental Subterrâneos do Futebol, produzido por Thomas Farkas.

Em 1968, lançou Bebel, Garota Propaganda, seu primeiro longa-metragem. Baseado em um conto de Ignácio de Loyola Brandão, o filme foi exibido no Festival de Brasília do Cinema Brasileiro e rendeu o prêmio de melhor atriz para Rossana Ghessa.

Com seu segundo longa, o drama O Profeta da Fome, Capô disputou o Urso de Ouro no Festival de Berlim. O filme, com José Mojica Marins no elenco, foi premiado em quatro categorias no Festival de Brasília: melhor roteiro (Maurice Capovila e Fernando Peixoto), melhor montagem (Silvio Renoldi), melhor atriz coadjuvante (Julia Miranda) e melhor ator coadjuvante (Maurício do Valle). Também foi eleito o melhor filme no Prêmio Molière no Air France do Cinema. O longa, baseado no texto Estética da Fome, de Glauber Rocha, ganhou destaque por dialogar com o cinema marginal

Com o drama O Jogo da Vida, de 1977, participou do Festival de Cinema de Gramado. O filme, baseado no conto Malagueta, Perus e Bacanaço, do jornalista João Antônio, rendeu o kikito de melhor atriz coadjuvante para Myriam Muniz. No Festival de Brasília, em 2003, também exibiu Harmada, uma adaptação do romance de João Gilberto Noll, que garantiu o Candango de melhor ator para Paulo César Pereio.

Também dirigiu Noites de Iemanjá (1971), com Joana Fomm no elenco; Vozes do Medo (1972), com o segmento Julia Miranda; O Último Dia de Lampião (1975); O Princípio e o Fim (1980); O Boi Misterioso e o Vaqueiro Menino (1980); Crônica à Beira do Rio (1980); entre outros. Seu último filme, Nervos de Aço, foi exibido na 24ª edição do Cine Ceará.

Além do cinema, Capô também se destacou na TV. Na Rede Globo, na década de 1970, dirigiu a série Globo Shell e o programa Globo Repórter. Já na Rede Bandeirantes, participou como diretor de núcleo com a exibição dos primeiros telefilmes brasileiros.

Em 2005, recebeu a Ordem do Mérito Cultural, do extinto Ministério da Cultura, que reconhece relevantes contribuições à cultura brasileira; naquele ano, a honraria celebrou a diversidade e cidadania. A condecoração no Palácio do Planalto contou com a presença do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, acompanhado do ministro da Cultura, Gilberto Gil.

Foto: Rogerio Resende.
Pesquisa: Enciclopédia Itaú Cultural.

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