Abraccine elege os 100 melhores filmes do cinema fantástico brasileiro

por: Cinevitor

O clássico personagem Zé do Caixão, de José Mojica Marins, em À Meia-Noite Levarei Sua Alma.

Em levantamento inédito realizado pela Abraccine, Associação Brasileira de Críticos de Cinema, o longa À Meia-Noite Levarei Sua Alma, que inaugurou o gênero de horror no Brasil e trouxe ao mundo o personagem Zé do Caixão, foi eleito o melhor filme do cinema fantástico brasileiro de todos os tempos.

A pesquisa, realizada com especialistas e críticos de cinema, comprova a importância do cineasta e ator José Mojica Marins para a construção do cinema de gênero no país, rompendo diversas barreiras ao gestar um anti-herói 100% brasileiro e reverenciado mundo afora. A filmografia de Marins, apesar das muitas dificuldades que o realizador enfrentou ao longo de mais de cinco décadas, especialmente em relação à censura e à falta de apoio governamental, está fortemente presente na lista, com seis títulos.

A seleção também inclui episódios dirigidos por Marins em filmes coletivos, caso de Trilogia do Terror, dividido com Luiz Sergio Person e Ozualdo Candeias, e As Fábulas Negras, com Joel Caetano, Petter Baiestorf e Rodrigo Aragão.

Ao total, 389 produções de diversas épocas e metragens foram citadas na pesquisa da Abraccine, a primeira no Brasil a envolver o cinema fantástico, que abrange o tripé fantasia, ficção científica e horror. O levantamento servirá de base para uma publicação com ensaios dedicados a cada um dos 100 melhores, além de artigos históricos.

Marjorie Estiano e Isabél Zuaa em As Boas Maneiras.

A dupla Juliana Rojas e Marco Dutra, que, na última década, vem se especializando no horror ligado a tensões sociais, emplacou dois filmes no top cinco: As Boas Maneiras e Trabalhar Cansa. Em dupla ou individualmente, Rojas e Dutra tiveram outros longas e curtas na lista. Em quarto lugar aparece As Filhas do Fogo, de Walter Hugo Khouri. O mestre paulista também teve outros títulos citados.

Além destes, têm também presença expressiva na lista Rodrigo Aragão, com cinco filmes; Gabriela Amaral Almeida e Jean Garrett aparecem com quatro cada. A fantasia melhor colocada é Filme Demência (1986), de Carlos Reichenbach, em sexto. Já a ficção científica mais votada é Branco Sai, Preto Fica (2014), de Adirley Queirós, em 19º lugar.

Organizado por Gabriel Carneiro e Paulo Henrique Silva, o livro Cinema Fantástico Brasileiro – 100 Filmes Essenciais será publicado no final do ano, pela editora Letramento. A publicação foi antecedida por outras quatro obras de formato semelhante: 100 Melhores Filmes Brasileiros, Documentário Brasileiro – 100 Filmes Essenciais, Animação Brasileira – 100 Filmes Essenciais e Curta Brasileiro – 100 Filmes Essenciais.

Criada em 2011 e filiada à Fipresci, Federação Internacional de Críticos de Cinema, a Associação Brasileira de Críticos de Cinema reúne 127 profissionais de 16 estados, entre eles, Vitor Búrigo, aqui do CINEVITOR. Além da publicação de livros sobre o cinema nacional (num total de nove lançados desde 2016), a entidade realiza traduções de textos estrangeiros sobre cinema e cursos com concessão de bolsas para a diversidade e participa de júris de festivais de cinema no Brasil e no exterior.

Conheça os 100 melhores filmes do cinema fantástico brasileiro segundo a Abraccine:

: À Meia-Noite Levarei Sua Alma, de José Mojica Marins (1964)
: Esta Noite Encarnarei no Teu Cadáver, de José Mojica Marins (1967)
: As Boas Maneiras, de Juliana Rojas e Marco Dutra (2017)
: As Filhas do Fogo, de Walter Hugo Khouri (1978)
: Trabalhar Cansa, de Juliana Rojas e Marco Dutra (2011)
: Filme Demência, de Carlos Reichenbach (1986)
: Vinil Verde, de Kleber Mendonça Filho (2004)
: O Anjo da Noite, de Walter Hugo Khouri (1974)
: Macunaíma, de Joaquim Pedro de Andrade (1969)
10º: Ritual dos Sádicos, de José Mojica Marins (1970)

11º: O Estranho Mundo de Zé do Caixão, de José Mojica Marins (1968)
12º: Amor Só de Mãe, de Dennison Ramalho (2003)
13º: Dona Flor e Seus Dois Maridos, de Bruno Barreto (1975)
14º: O Duplo, de Juliana Rojas (2012)
15º: Mate-me Por Favor, de Anita Rocha da Silveira (2016)
16º: Quando Eu Era Vivo, de Marco Dutra (2014)
17º: Encarnação do Demônio, de José Mojica Marins (2008)
18º: O Animal Cordial, de Gabriela Amaral Almeida (2017)
19º: Branco Sai, Preto Fica, de Adirley Queirós (2014)
20º: A Marvada Carne, de André Klotzel (1985)

21º: Enigma para Demônios, de Carlos Hugo Christensen (1975)
22º: As Sete Vampiras, de Ivan Cardoso (1986)
23º: O Cemitério das Almas Perdidas, de Rodrigo Aragão (2020)
24º: O Pasteleiro, de David Cardoso (1981)
25º: Trilogia do Terror, de José Mojica Marins, Luiz Sergio Person e Ozualdo Candeias (1968)
26º: Morto Não Fala, de Dennison Ramalho (2018)
27º: A Força dos Sentidos, de Jean Garrett (1979)
28º: A Mulher que Inventou o Amor, de Jean Garrett (1979)
29º: Barbosa, de Ana Luiza Azevedo e Jorge Furtado (1988)
30º: Exorcismo Negro, de José Mojica Marins (1974)

31º: Mangue Negro, de Rodrigo Aragão (2008)
32º: Excitação, de Jean Garrett (1976)
33º: O Auto da Compadecida, de Guel Arraes (2001)
34º: Estranho Encontro, de Walter Hugo Khouri (1958)
35º: O Menino e o Vento, de Carlos Hugo Christensen (1967)
36º: O Profeta da Fome, de Maurice Capovilla (1970)
37º: Ninfas Diabólicas, de John Doo (1978)
38º: Los Silencios, de Beatriz Seigner (2018)
39º: Estátua!, de Gabriela Amaral Almeida (2014)
40º: O 5º Poder, de Alberto Pieralise (1962)

41º: A Ostra e o Vento, de Walter Lima Jr. (1997)
42º: Reflexões de um Liquidificador, de André Klotzel (2010)
43º: Ele, o Boto, de Walter Lima Jr. (1987)
44º: Amor Voraz, de Walter Hugo Khouri (1984)
45º: A Mulher do Desejo (Casa das Sombras), de Carlos Hugo Christensen (1977)
46º: Amadas e Violentadas, de Jean Garrett (1975)
47º: Abrigo Nuclear, de Roberto Pires (1981)
48º: O Segredo da Múmia, de Ivan Cardoso (1982)
49º: Estrela Nua, de Ícaro Martins e José Antonio Garcia (1985)
50º: Sinfonia da Necrópole, de Juliana Rojas (2014)

51º: Ninjas, de Dennison Ramalho (2010)
52º: Proezas do Satanás na Vila do Leva-e-Traz, de Paulo Gil Soares (1967)
53º: Inferninho, de Guto Parente e Pedro Diógenes (2018)
54º: O Gafanhoto, de John Doo (1981)
55º: Mar Negro, de Rodrigo Aragão (2013)
56º: A Sombra do Pai, de Gabriela Amaral Almeida (2018)
57º: As Fábulas Negras, de Joel Caetano, José Mojica Marins, Petter Baiestorf e Rodrigo Aragão (2015)
58º: Frankstein Punk, de Cao Hamburger e Eliana Fonseca (1986)
59º: Nosferato no Brasil, de Ivan Cardoso (1971)
60º: A Dança dos Bonecos, de Helvécio Ratton (1986)

61º: Shock, de Jair Correia (1984)
62º: O Saci, de Rodolfo Nanni (1953)
63º: Quem é Beta?, de Nelson Pereira dos Santos (1972)
64º: Superoutro, de Edgard Navarro (1989)
65º: Vítimas do Prazer: Snuff, de Cláudio Cunha (1977)
66º: Olhos de Vampa, de Walter Rogério (1996)
67º: A Misteriosa Morte de Pérola, de Guto Parente (2014)
68º: Kyrie ou o Início do Caos, de Debora Waldman (1998)
69º: Um Ramo, de Juliana Rojas e Marco Dutra (2007)
70º: O Xangô de Baker Street, de Miguel Faria Jr. (2001)

71º: Mormaço, de Marina Meliande (2018)
72º: Castelo Rá-Tim-Bum, o Filme, de Cao Hamburger (1999)
73º: A Noite Amarela, de Ramon Porto Mota (2019)
74º: Juvenília, de Paulo Sacramento (1994)
75º: Boi Aruá, de Chico Liberato (1984)
76º: Liliam, a Suja, de Antonio Meliande (1981)
77º: A Noite do Chupacabras, de Rodrigo Aragão (2011)
78º: Ritual Macabro, de Fauzi Mansur (1990)
79º: Trancado por Dentro, de Arthur Fontes (1990)
80º: Brasil ano 2000, de Walter Lima Jr. (1969)

81º: Mens sana in corpore sano, de Juliano Dornelles (2011)
82º: Uma História de Amor e Fúria, de Luiz Bolognesi (2013)
83º: O Clube dos Canibais, de Guto Parente (2018)
84º: Quem tem Medo de Lobisomem?, de Reginaldo Faria (1975)
85º: Noite Final Menos Cinco Minutos, de Debora Waldman (1994)
86º: A Princesa e o Robô, de Mauricio de Sousa (1984)
87º: A Reencarnação do Sexo, de Luiz Castellini (1982)
88º: O Trapalhão nas Minas do Rei Salomão, de J. B. Tanko (1977)
89º: Adeus, de Céu D’Ellia (1988)
90º: O Barco, de Petrus Cariry (2018)

91º: Solo de Violino, de Ody Fraga (1981)
92º: Náufragos, de Gabriela Amaral Almeida e Matheus Rocha (2010)
93º: O Jovem Tataravô, de Luiz de Barros (1936)
94º: Prata Palomares, de André Faria Jr. (1971)
95º: O Nó do Diabo, de Gabriel Martins, Ian Abé, Jhesus Tribuzi e Ramon Porto Mota (2017)
96º: Veneno, de Gianni Pons (1952)
97º: Zezero, de Ozualdo Candeias (1974)
98º: Nervo Craniano Zero, de Paulo Biscaia Filho (2012)
99º: As Quatro Chaves Mágicas, de Alberto Salvá (1971)
100º: Zombio 2: Chimarrão Zombies, de Petter Baiestorf (2013)

Fotos: Divulgação.

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