Morre, aos 84 anos, o ator Paulo José

por: Cinevitor
O ator, em 2017, homenageado na Mostra de São Paulo.

Morreu nesta quarta-feira, 11/08, aos 84 anos, o ator, roteirista e diretor Paulo José. Segundo informações divulgadas pela imprensa, ele estava internado há 20 dias e faleceu por conta de uma pneumonia.

Nascido em Lavras do Sul, no Rio Grande do Sul, em março de 1937, Paulo José Gómez de Sousa começou sua carreira no teatro amador, na década de 1950, em Porto Alegre. Nessa mesma época, ajudou a fundar o Teatro de Equipe, ao lado de nomes como Paulo César Pereio, Lilian Lemmertz, Ítala Nandi e Fernando Peixoto. Em 1958, fez sua estreia como diretor na peça Rondó 58 junto com Mário de Almeida. Ao longo de sua carreira, participou de diversas montagens, como ator e diretor, entre elas, O Testamento do Cangaceiro, Os Fuzis da Senhora Carrar, entre outras.

Já em São Paulo, na década de 1960, dirigiu e coordenou as atividades do TUSP, Teatro dos Universitários de São Paulo. Além disso, adquiriu o Teatro de Arena junto com os colegas Gianfrancesco Guarnieri, Augusto Boal, Juca de Oliveira, Paulo Cotrim e Flávio Império. Recebeu o Prêmio Molière duas vezes: em 1963, como melhor figurinista pela peça A Mandrágora; e em 1988, como melhor ator em Delicadas Torturas.

Dos palcos, Paulo José migrou para a televisão. Sua estreia aconteceu em 1969 na novela Véu de Noiva, da Rede Globo. O reconhecimento nacional aconteceu logo em seguida, em 1970, ao interpretar o personagem Samuca em Assim na Terra Como no Céu. Em 1972, se destacou ao lado de Flavio Migliaccio na telenovela O Primeiro Amor, com quem depois formou uma dupla de sucesso em Shazan, Xerife & Cia. O artista, um dos maiores do país, ascendeu junto com as telenovelas inspiradas pela dramaturgia realista brasileira, e, além de atuar, também dirigiu minisséries e especiais para a TV. 

Nas telinhas, acumulou diversos trabalhos entre novelas e seriados, como: O Tempo e o Vento, Armação Ilimitada, Tieta, Delegacia de Mulheres, Araponga, O Mapa da Mina, Olho no Olho, Engraçadinha: Seus Amores e Seus Pecados, Explode Coração, A Justiceira, Por Amor, Era Uma Vez…, A Muralha, Um Só Coração, Ciranda de Pedra, As Brasileiras, entre muitos outros.

Paulo José também brilhou nas telonas. Sua estreia no cinema aconteceu em 1966 no longa O Padre e a Moça, de Joaquim Pedro de Andrade, no qual recebeu o Prêmio Saci de melhor ator. No mesmo ano apareceu em Todas as Mulheres do Mundo, de Domingos Oliveira, que lhe rendeu diversos prêmios, entre eles, o Troféu Calango no Festival de Brasília do Cinema Brasileiro e o Prêmio Air France de Cinema. Depois disso, atuou em Bebel, Garota Propaganda, de Maurice Capovilla, e em Edu, Coração de Ouro, de Domingos Oliveira, que lhe rendeu, novamente, um prêmio em Brasília.

Paulo José em Todas as Mulheres do Mundo, de Domingos Oliveira.

Ao longo da carreira, acumulou diversos prêmios por seu trabalho em filmes como: O Palhaço, no Sesc Melhores Filmes e no Grande Prêmio do Cinema Brasileiro (no qual também foi indicado por Quincas Berro d’Água e Benjamim); Policarpo Quaresma, Herói do Brasil, no Festival de Cinema e Vídeo de Cuiabá e Prêmio Estação Botafogo; O Rei da Noite, de Hector Babenco, no Festival de Brasília; Faca de Dois Gumes, com o Prêmio Air France de Cinema; o curta-metragem Morte, de José Roberto Torero, no Festival de Vitória; Pequenas Histórias, no Festival de Cinema de Paulínia; entre outros.

A trajetória do ator, que foi diagnosticado com a doença de Parkinson em 1992, inclui muitos outros filmes como: O Homem Nu (1968), de Roberto Santos; As Amorosas (1968), de Walter Hugo Khouri; Macunaíma (1969), de Joaquim Pedro de Andrade; Os Deuses e os Mortos (1970), de Ruy Guerra, do qual foi roteirista; Cassy Jones, o Magnífico Sedutor (1972), de Luiz Sergio Person; Dias de Nietzsche em Turim (2002), de Júlio Bressane; 500 Almas (2004), de Joel Pizzini; Insolação (2009), de Felipe Hirsch e Daniela Thomas; Saneamento Básico, O Filme (2007), de Jorge Furtado; A Festa da Menina Morta (2008), de Matheus Nachtergaele; O Homem que Copiava (2003), de Jorge Furtado; Anahy de las Misiones (1997), de Sérgio Silva; Eles Não Usam Black-Tie (1981), de Leon Hirszman; entre outros.

Em 2017, Paulo José foi homenageado na 41ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo com o Prêmio Leon Cakoff por sua carreira no cinema, teatro e televisão. Na mesma ocasião, foi lançado o documentário Todos os Paulos do Mundo, de Rodrigo de Oliveira e Gustavo Ribeiro, que faz um ensaio cinematográfico sobre ele. Clique aqui e assista aos melhores momentos da homenagem.

Entre tantas honrarias, também foi consagrado no Festival de Gramado com o Troféu Oscarito, em 2000, além de ter recebido um prêmio especial de Mérito Artístico, em 2008, pelo filme Juventude, de Domingos Oliveira. Foi homenageado no Prêmio ACIE de Cinema e também no Prêmio Guarani de Cinema Brasileiro.

Na vida pessoal, foi casado com Dina Sfat, com quem teve três filhas: as atrizes Bel Kutner, Ana Kutner e Clara; com a atriz Beth Caruso, com quem teve um filho, Paulo Caruso; e com Zezé Polessa. No ano passado, três dos quatro irmãos de Paulo morreram de câncer.

Fotos: Claudio Pedroso/Agência Foto e Divulgação.

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