Festival de Gramado 2021: conheça os filmes selecionados e novidades da 49ª edição

por: Cinevitor
Chico Diaz em Homem Onça, de Vinícius Reis: selecionado.

Foram anunciados nesta terça-feira, 13/07, em uma coletiva de imprensa transmitida pela TV Educativa RS e pela internet, os filmes selecionados e detalhes da 49ª edição do Festival de Cinema de Gramado, que acontecerá entre os dias 13 e 21 de agosto.

O momento continua sendo de resistência, por isso o festival se orgulha, mais uma vez, de manter sua realização, dando oportunidade e visibilidade para os realizadores do audiovisual brasileiro e latino. Em 2021, o maior evento de cinema do país e o único a acontecer ininterruptamente desde 1973, segue sendo exibido pela internet, televisão por assinatura (Canal Brasil) e televisão aberta (TVE-RS). 

Nesta edição, 893 filmes foram inscritos para as mostras competitivas e 52 foram selecionados: quatro longas-metragens estrangeiros, sete longas brasileiros, três longas-metragens gaúchos, 14 curtas-metragens brasileiros e 24 curtas-metragens gaúchos. Os números indicam que, apesar da falta de incentivos e crise do setor, os produtores seguem resistindo. 

Produções do Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Pernambuco, Paraná e São Paulo integram a mostra nacional de longas, que traz por trás das câmeras estreantes e outros nomes já conhecidos de Gramado, com destaque para a presença feminina mais valorizada do que nunca com três diretoras em competição. Já entre os estrangeiros, Argentina, Bolívia, Chile e Uruguai marcam presença na tela: “Em tempos tão complexos, ter uma qualidade e uma quantidade tão empolgantes de filmes, do Brasil e do exterior no Festival, nos deixa muito felizes e esperançosos. Produções inéditas que aguardavam com ansiedade, como nós, esta edição do Festival de Gramado para conectar-se com as audiências. Representam o melhor da garra, da resistência e do talento que emerge do audiovisual contemporâneo”, analisa Marcos Santuario, que ao lado da atriz argentina Soledad Villamil formam a curadoria do evento. 

Quatorze filmes irão concorrer aos kikitos da categoria de curtas brasileiros e, mais uma vez, os espectadores poderão ver na tela temas recorrentes nas discussões sociais e muita representatividade: “Olhamos para o fazer cinematográfico, considerando a sua qualidade técnica e criativa, com atenção especial para filmes cujas narrativas elaborassem questões pertinentes às discussões sociais tão presentes nos dias de hoje. A representatividade também foi uma constante entre os filmes inscritos, tanto na frente quanto atrás das câmeras. Nesse sentido, buscamos um equilíbrio, e olhamos com mais atenção para filmes que trouxessem para cena corpos de diferentes cores, gêneros, tamanhos e idades, bem como filmes dirigidos por mulheres. E já que estávamos selecionando obras para a competição de curtas brasileiros, pensamos também numa cartela de filmes que incluísse representantes dos mais diversos estados, ultrapassando as fronteiras do eixo Rio-São Paulo”, explica a atriz, roteirista e professora Thaís Cabral, integrante da comissão de seleção da categoria.

Ao lado dela, tiveram a difícil missão de selecionar os filmes para competição a produtora de cinema e artes visuais e curadora audiovisual Jaqueline Beltrame, o jornalista e crítico de cinema Matheus Pannebecker e a cineasta brasileira especializada no mercado chinês Milena de Moura.

Em 2021, os realizadores gaúchos serão ainda mais valorizados. Em parceria com a Gramadotur, a Secretaria Estadual de Cultura oferece o Prêmio Sedac/IECINE aos longas-metragens gaúchos, com valores em dinheiro em diversas categorias. A iniciativa pretende valorizar a resistência do Festival de Gramado em um período difícil para o cinema brasileiro, dando protagonismo ao audiovisual gaúcho. Além de destacar os talentos da safra anual de audiovisual, a iniciativa vem valorizar também o olhar curatorial e artístico da Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul, que assume o júri da premiação juntamente com o Instituto Estadual de Cinema e a Gramadotur.

Serão 24 filmes concorrentes no Prêmio Assembleia Legislativa – Mostra Gaúcha de Curtas e outras três produções na categoria de longas-metragens feitas no Rio Grande do Sul. Responsável pela seleção dos concorrentes entre os longas, o programador da Cinemateca Capitólio de Porto Alegre, Leonardo Bonfim, destaca a quantidade de documentários inscritos e a temática em comum das produções selecionadas: “Todos os filmes têm a questão do medo, do perigo, da ameaça, da perseguição… isso aparece em diferentes contextos. Essa é uma tônica que aparece em todos os três filmes e cada filme dá uma resposta diferente e encontra seus sinais de vida, de existência, de diferentes personagens, de pessoas e histórias no Rio Grande do Sul”.

Gloria Pires no longa A Suspeita, de Pedro Peregrino: na disputa pelo kikito.

A mostra de curtas gaúchos traz uma seleção bastante heterogênea para o festival, que costura olhares, temáticas, formatos e abordagens variadas, mas que revela, vista em conjunto, aproximações e interesses comuns: “Os filmes lidam, cada um ao seu modo, com diversos eixos narrativos, formas e discursos. Carregam, de forma menos ou mais radical, o peso evidente do tempo de suas produções: o do cenário político nacional e das diversas formas de violência que insistem em machucar nosso país. A inescapável presença fantasmática dessa tensão política, bem como seus inúmeros conflitos sociais, raciais e econômicos estão acentuadas em muitas obras. A seleção evidencia essa urgência e a amarra a registros intimistas que convocam o público a mobilizar também outras sensibilidades, mas que guardam, como gesto político, formas narrativas e estéticas vivas e pulsantes”, analisa o realizador, roteirista e diretor de arte Richard Tavares, integrante da comissão de seleção junto com a atriz Amanda Grimaldi, a jornalista e cineasta Camila de Moraes, o diretor Leo Tabosa e o jornalista e crítico de cinema Pedro Henrique Gomes

Este ano, a cerimônia de premiação do Prêmio Assembleia Legislativa – Mostra Gaúcha de Curtas acontece no último sábado do evento, às 16h, com transmissão ao vivo pela TVE-RS, na televisão, direto de Gramado.

Um dos momentos mais tradicionais e esperados do Festival de Cinema de Gramado é a entrega dos troféus aos homenageados de cada edição. Ao longo desse tempo já foram destacadas 74 personalidades ou entidades de todas as áreas do audiovisual com os troféus Oscarito, Eduardo Abelin, Kikito de Cristal e Cidade de Gramado. Em 2021, o evento decide fazer não uma homenagem isolada, mas sim destacar todos à frente ou atrás das telas que tiveram a missão de arejar e de nos abrir janelas, nos levando a tantos lugares e tantas viagens através do cinema ao longo dos anos e, especialmente neste momento tão delicado para o segmento. 

“Com essa atitude, propomos uma reflexão sobre a relevância e impacto do cinema nas diferentes culturas. Uma reflexão sobre a importância desse trabalho que nos leva a tantos mundos e emoções, e também sobre o momento que vivemos e os novos rumos. Entendemos que cada pessoa envolvida em uma produção merece nesse ano difícil nossa profunda gratidão e admiração, queremos simbolicamente entregar nossos troféus a toda classe realizadora do Brasil e da América Latina. Nossa homenagem é ampla como nossa esperança de que em 2022 estaremos novamente juntos entregando esses troféus na mão de cada homenageado no palco do nosso Palácio dos Festivais”, explica Rosa Helena Volk, presidente da Gramadotur.

Em sua 5ª edição, o Gramado Film Market é o espaço na programação do Festival de Cinema de Gramado voltado ao mercado do cinema e audiovisual, e neste ano também segue com suas ações acontecendo de forma virtual. As discussões deste ano irão versar sobre o difícil momento para o audiovisual brasileiro com a presença de entidades e acadêmicos do setor. Nos dias 14 e 15 de agosto, serão realizados os debates do HUB Universidades, com Forcine Sul, Forcine Nacional e Federação Iberoamericana das Escolas do Audiovisual. Nas mesmas datas acontece a IV Mostra de Filmes Universitários, que este ano irá receber premiação através de votação interativa para o melhor filme. A curadoria da mostra é do Coletivo de Cinema Sigma com apoio do Forcine

Ainda na programação, como vem acontecendo nos últimos anos, haverá um concurso interativo, como explica a coordenadora do Conexões Gramado Film Market, Gisele Hiltl: “O concurso interativo tem sido mais uma forma de abrir espaço e trazer novos conteúdos, formatos e processos da realização audiovisual para o festival. Nesta edição, nada mais óbvio do que avaliar as plataformas que foram em verdade ‘as grandes parceiras do público’ na pandemia que ainda segue. O público poderá acessar o site, entrar no concurso e votar para indicar a melhor plataforma de streaming em 2020 e 2021”. O encerramento do Gramado Film Market será dia 18, com o Fórum Nacional do Audiovisual.

Como já é tradição, a noite que antecede a abertura oficial do Festival de Cinema de Gramado é dedicada aos trabalhos do Programa Municipal Escola de Cinema, o Educavídeo. A iniciativa, que está em seu 11º ano, estimula a realização audiovisual aos alunos da rede municipal. Mesmo com a pandemia, os alunos se reinventaram e seguiram produzindo. Desta forma, parte do material que será exibido neste ano tem temáticas que retratam o momento sob o olhar dos jovens, que adaptaram as condições de produção para os meios digitais. A sessão do Educavídeo, que integra a programação do 49º Festival de Cinema de Gramado, será exibida na noite do dia 12 de agosto, quinta-feira, no site do evento e também no canal do YouTube do projeto.

Uma parceria entre Brasil e Estados Unidos irá encerrar a 49ª edição do festival. O longa Fourth Grade, do diretor Marcelo Galvão, premiado e reconhecido cineasta que já levou pra casa os kikitos de melhor filme por Colegas (2012) e melhor direção por A Despedida (2014), é um remake de Quarta B, primeiro filme do diretor em 2005. 

Conheça os filmes selecionados para o Festival de Gramado 2021:

LONGAS-METRAGENS BRASILEIROS

A Primeira Morte de Joana, de Cristiane Oliveira (RS)
A Suspeita, de Pedro Peregrino (RJ)
Álbum em Família, de Daniel Belmonte (RJ)
Carro Rei, de Renata Pinheiro (PE)
Homem Onça, de Vinícius Reis (RJ)
Jesus Kid, de Aly Muritiba (PR)
O Novelo, de Claudia Pinheiro (SP)

LONGAS-METRAGENS ESTRANGEIROS

Gran Avenida, de Moises Sepulveda (Chile)
La teoría de los vidrios rotos, de Diego Fernández Pujol (Uruguai/Brasil/Argentina)
Planta permanente, de Ezequiel Radusky (Argentina/Uruguai)
Pseudo, de Gory Patiño e Luis Reneo (Bolívia)

CURTAS-METRAGENS BRASILEIROS

A Beleza de Rose, de Natal Portela (CE)
A Fome de Lázaro, de Diego Benevides (PB)
Animais na Pista, de Otto Cabral (PB)
Aonde vão os Pés, de Débora Zanatta (PR)
Da Janela Vejo o Mundo, de Ana Catarina Lugarini (PR)
Desvirtude, de Gautier Lee (RS)
Entre Nós e o Mundo, de Fabio Rodrigo (SP)
Eu não sou um robô, de Gabriela Lamas (RS)
Fotos Privadas, de Marcelo Grabowsky (RJ)
Memória de Quem (Não) Fui, de Thiago Kistenmacker (RJ)
O que Há em Ti, de Carlos Adriano (SP)
Per Capita, de Lia Leticia (PE)
Quanto Pesa, de Breno Nina (MA)
Stone Heart, de Humberto Rodrigues (AM)

CURTAS-METRAGENS GAÚCHOS

Brecha, de Helena Thofehrn Lessa (Pelotas)
Cacicus, de Bruno Cabral e Gabriela Dullius (Santa Cruz do Sul)
Comboio pra Lua, de Rebeca Francoff (Pelotas)
Depois da Meia Noite, de Mirela Kruel (Caxias do Sul)
Desvirtude, de Gautier Lee (Porto Alegre)
Era uma Vez… uma Princesa, de Lisiane Cohen (Porto Alegre)
Eu não sou um robô, de Gabriela Lamas (Porto Alegre)
, de Thais Fernandes (Porto Alegre)
Hora Feliz, de Alex Sernambi (Porto Alegre)
Isso me faz pensar, de Hopi Chapman (Porto Alegre)
Jardim das Horas, de Matheus Piccoli (Porto Alegre)
Love do Amor, de Fabrício Koltermann (Restinga Sêca)
Não Sou Eu, de Theo Tajes (Porto Alegre)
Nave Mãe, de Gisa Galaverna e Wagner Costa (Sapucaia do Sul)
Nilson filho do campeão, de Diego Tafarel (Santa Cruz do Sul)
Noite Macabra, de Felipe Iesbick (Canoas)
Para Colorir, de Juliana Costa (Porto Alegre)
Rota, de Mariani Ferreira (São Leopoldo)
Rufus, de Eduardo Reis (São Leopoldo)
Solilóquio, de Marcelo Stifelman (Porto Alegre)
Tom, de Felippe Steffens (Porto Alegre)
Tormenta, de Emiliano Cunha e Vado Vergara (Porto Alegre)
Trem do Tempo, de Vitor Rezende Mendonça (Pelotas)
Um dia de primavera, de Lisi Kieling (Porto Alegre)

LONGAS-METRAGENS GAÚCHOS

A Colmeia, de Gilson Vargas (Porto Alegre)
Cavalo de Santo, de Mirian Fichtner e Carlos Caramez (Porto Alegre)
Extermínio, de Mirela Kruel (Cachoeira do Sul)

No próximo ano, o Festival de Gramado completa 50 edições ininterruptas e já dá pistas de como será a celebração: “Começamos esse trabalho há dez anos, quando reformulamos a equipe de trabalho e a curadoria. Tivemos avanços significativos ao longo deste período, seja no nosso desenvolvimento internacional, marcando presença nos principais festivais do Brasil, das Américas e da Europa, seja abrindo caminhos para o mercado audiovisual com o Gramado Film Market. Tínhamos um cronograma de trabalho que precisou ser mexido devido à pandemia, mas que demonstrou a força que temos como equipe e como evento. Criamos uma maneira inovadora de se realizar um festival do porte de Gramado. A edição 50 será uma ode ao cinema brasileiro, latino e à cidade de Gramado”, comenta Rosa Helena Volk.

Foto: Divulgação/Pandora Filmes.

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