Capitão Fantástico

por: Cinevitor

capitaofantasticoposterCaptain Fantastic

Diretor: Matt Ross

Elenco: Viggo Mortensen, George MacKay, Samantha Isler, Annalise Basso, Nicholas Hamilton, Shree Crooks, Charlie Shotwell, Trin Miller, Kathryn Hahn, Steve Zahn, Elijah Stevenson, Teddy Van Ee, Erin Moriarty, Missi Pyle, Frank Langella, Ann Dowd, Hannah Horton, Thomas Brophy, Mike Miller, Louis Hobson, Hafid Abdelmoula, Ben Andrews, Richard Beal.

Ano: 2016

Sinopse: Ben Cash é um pai que se dedica ao máximo para transformar seus seis filhos em adultos extraordinários. Isolada da sociedade, a família será forçada a abandonar seu querido paraíso, criado em meio à floresta, quando é acometida por uma tragédia. A partir desse momento, a jornada para o mundo exterior passa a ser desafiadora, e a ideia do que é ser pai é colocada à prova.

Crítica do CINEVITOR: Primeiramente, saiba que você está diante de um dos filmes mais bonitos do ano. Ou até mesmo dos últimos anos. Capitão Fantástico traz uma belíssima mensagem sem parecer piegas ou clichê. Um pai superprotetor, protagonizado com excelência por Viggo Mortensen, comanda uma família totalmente fora dos padrões impostos pela sociedade atual. A começar pelo lugar onde moram: uma floresta. Com seus seis filhos, Ben Cash preocupa-se em ensinar-lhes a essência de tudo aquilo que os rodeia. Lá, em meio às árvores e aos cantos dos pássaros, vivem em um paraíso particular onde as aulas acontecem ao redor de uma fogueira e as refeições são preparadas por todos. Os ensinamentos vem dos livros e a teoria está sempre na ponta da língua. Mas, e a vida prática? E o mundo lá fora? O choque com uma nova realidade acontece forçadamente depois de uma tragédia, na qual todos terão que encarar uma nova maneira de viver. E agora? Será que essas crianças estão prontas para enfrentar a sociedade moderna? É neste momento que Capitão Fantástico começa seu embate entre o certo e o errado. Ainda que traga uma leveza encantadora em sua narrativa, com traços de Pequena Miss Sunshine, o filme aborda questões filosóficas e duela entre a teoria e a prática. Faz também, de maneira coerente, uma crítica ao capitalismo ao colocar seus personagens frente a frente com problemas nunca encarados antes. É um novo olhar diante dos vícios sociais e um difícil recomeço em meio a tantas novidades, até certo ponto assustadoras para aquelas crianças puras. Será que eles estão preparados para o mundo real? Como lidar com tudo isso sem experiência e apenas com os ensinamentos passados pelos livros? Para o pai, essa sempre foi a maneira correta de educar seus filhos. Para os outros, como o avô das crianças, por exemplo, essa educação se mostra bastante primitiva e desconexa com a realidade. Os dois lados possuem argumentos que justificam seus estilos de vida, mas ao desenrolar da trama, Ben começa a se questionar se realmente fez a escolha certa. E com esses questionamentos, Capitão Fantástico coloca as relações familiares em jogo. Em seus diálogos, percebemos um discurso inspirador e ideológico. Fala-se da dificuldade em viver com liberdade, do desapego, de sobrevivência em um mundo corrupto, dos valores da sociedade. Pela primeira vez, essas crianças se deparam com situações que precisam ir além do conceito em sua mais pura forma. No mundo real, o amor é diferente: há pessoas egoístas e gananciosas e a ideia de sobrevivência é completamente diferente. Nessa virada abrupta social, o pai perfeito assume características de vilão ao tentar poupar seus filhos da hipocrisia cultural na qual, agora, estão inseridos. Mas será que vale a pena deixá-los numa bolha? Capitão Fantástico é como se fosse um conto de fadas moderno, onde príncipes e princesas são substituídos por pessoas normais, que não vivem em castelos e muito menos em florestas, mas que pretendem mudar o mundo, mesmo que seja por meio de pequenos hábitos. Ainda que sigam a mesma linha de conduta, seus carismáticos personagens apresentam características próprias que os diferenciam por meio de suas atitudes vividas a cada nova situação, ora assustados, ora curiosos. A discussão entre o certo e o errado se prolonga por toda a narrativa e mesmo depois dos 118 minutos de projeção, o filme continua a se questionar sobre essa efervescência emocional que modifica seus protagonistas, deixando para o espectador tomar sua própria decisão sobre o que lhe foi apresentado. Capitão Fantástico é puro, verdadeiro, apaixonante e emocionante. Aborda questões sociais com sabedoria, mas fala, especificamente, de amor. E espalha esse amor. Não é apenas um filme bonito e comovente. É uma lição de vida. (Vitor Búrigo)

Nota do CINEVITOR:

nota-4,5-estrelas

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