Cannes 2021: curta brasileiro Cantareira, de Rodrigo Ribeyro, é premiado na mostra Cinéfondation

por: Cinevitor
Cinema brasileiro premiado em Cannes!

Criada em 1998 por Gilles Jacob e dedicada à busca de novos talentos, a mostra Cinéfondation, paralela ao Festival de Cannes, foi criada para inspirar e apoiar a próxima geração de cineastas.

Neste ano, na 24ª edição, 17 filmes foram selecionados, dentre os 1.835 inscritos por escolas de cinema do mundo todo. A lista contava com 13 ficções e 4 animações, de 8 realizadoras e 9 diretores. As obras foram analisadas por um júri formado por: Sameh Alaa, Kaouther Ben Hania, Carlos Muguiro, Tuva Novotny, Nicolas Pariser e Alice Winocour.

O curta brasileiro Cantareira, dirigido pelo cineasta paulistano Rodrigo Ribeyro, se destacou e recebeu o terceiro prêmio da mostra, no valor de 7.500 euros em bolsa: “Primeiro, parabenizo equipe e elenco pelo feito. Só a coletividade torna isso possível. Fico muito feliz com esse terceiro lugar na Cinéfondation aqui em Cannes. A representatividade desse prêmio é o que mais importa, principalmente em se tratando de uma competição entre filmes majoritariamente europeus ou oriundos de outros países desenvolvidos. Nosso filme, feito dentro de toda sua simples produção, fica de igual pra igual através do coração que colocamos no que fazemos. Conheci colegas cineastas aqui que contaram com fundos estudantis para realizarem seus projetos, com apoios consideráveis para aspirarem realizações mais ambiciosas. O que faríamos com apoio? Por isso, entendo o valor desse prêmio e o compartilho com todos os brasileiros que vislumbram no cinema uma forma de viver, de transformar e de estar no mundo”, disse o diretor em comunicado oficial.

O paradoxo entre a metrópole e a natureza que literalmente a rodeia ganha corpo numa localidade: a Serra da Cantareira. Esse é o tema do curta-metragem Cantareira, produzido como trabalho de conclusão de curso da Academia Internacional de Cinema de São Paulo. O filme mostra a história de Bento e Sylvio, neto e avô respectivamente, ambos com raízes profundas na Serra da Cantareira, mas em momentos diferentes de vida. O mais velho contempla preocupado o atual estado da Serra, com o avanço à espreita do aspecto natural do lugar, já cicatrizado por lojas e estradas abertas em meio a mata. O jovem vive em São Paulo, solitário, envolto pela cacofonia da cidade grande. Seria melhor voltar ao lugar onde cresceu?   

O diretor baseou muito de sua vivência para criar o roteiro: “Eu cresci na Cantareira, nesse lugar tranquilo, onde o tempo corre (ou corria) numa outra velocidade e onde o som colabora (ou colaborava) para um estado muito mais sereno. Mudar para o centro de São Paulo, fazer amizade com os trabalhadores da região e perceber todas essas diferenças foi a faísca”, disse Rodrigo.

Com fotografia de Dani Drummond e arte de Gabriela Taiara, esse confronto entre o cosmopolita e o rural se faz valer da melhor maneira cinematográfica. O elenco conta com Emiliano Favacho, Almir Guilhermino, Guilherme Dourado, Margot Varella e Gelson dos Santos.

Vale lembrar que o cinema brasileiro já foi premiado duas vezes na mostra: em 2002, Um Sol Alaranjado, de Eduardo Valente, recebeu o primeiro prêmio; em 2005, Buy It Now, de Antonio Campos, uma coprodução entre Brasil e Estados Unidos, também ficou em primeiro lugar.

Conheça os vencedores da mostra Cinéfondation 2021:

1º PRÊMIO
L’enfant Salamandre (The Salamander Child), de Théo Degen (Bélgica) (INSAS)

2º PRÊMIO
Cicada, de Yoon Daewoen (Coreia do Sul) (Korea National University of Arts)

3º PRÊMIO
Cantareira, de Rodrigo Ribeyro (Brasil) (Academia Internacional de Cinema)
Prin Oras Circula Scurte Povesti de Dragoste (Love Stories On The Move), de Carina-Gabriela Dașoveanu (Romênia) (UNATC I. L. CARAGIALE)

Foto: Divulgação.

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