52º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro começa com filme de Marco Bellocchio, homenagens e protestos

por: Cinevitor

traidorabrebrasiliaDepois de Cannes, O Traidor é exibido em Brasília.

A 52ª edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro começou nesta sexta-feira, 22/11, no Cine Brasília, em cerimônia apresentada pela atriz Maria Paula. A noite foi marcada por homenagens, protestos, público participativo e exibição hors-concours.

Logo no início, o Secretário de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal, Adão Cândido, subiu ao palco para discursar sob vaias ininterruptas da plateia, que reivindicava sobre os recursos do FAC, Fundo de Apoio à Cultura, principal instrumento de fomento às atividades artísticas e culturais da Secretaria de Cultura do DF, que oferece apoio financeiro a fundo perdido em projetos selecionados por editais públicos.

Depois disso, o público aplaudiu o ator Stepan Nercessian, grande homenageado da noite. Após relembrar sua trajetória em um vídeo exibido na telona, ele discursou: “Pra mim, ser homenageado neste festival tem uma conotação ainda mais forte porque se o cinema brasileiro é feito de resistência, esse festival também foi feito e construído de resistência. Ninguém pode imaginar o que são 52 anos de realização. Passamos por momentos terríveis e não pensem que esses momentos desaparecerão. Vamos continuar!”.

stepanhomenagembrasiliaGrande homenageado da noite: carreira com personagens marcantes.

Criada pelo Festival de Brasília em 2016, a Medalha Paulo Emílio Salles Gomes reverencia os grandes nomes do cinema brasileiro. Nesta edição, Fernando Adolfo recebeu tal honraria. Membro da Academia Brasileira de Cinema e integrante da equipe que criou a Primeira Semana do Cinema Brasileiro, hoje Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, e coordenador-geral do evento por vários anos, o baiano foi ainda integrante de comissões de seleção e jurado de diversos festivais de cinema.

Além disso, a Associação Brasiliense de Cinema e Vídeo, ABCV, homenageou a professora, pesquisadora e documentarista alagoana Debora Diniz, que mandou um vídeo de agradecimento, já que reside fora do país devido ameaças que recebeu por conta de questões políticas. O Maestro Claudio Santoro, que completaria 100 anos em 2019, também foi homenageado; a esposa Gisele Santoro recebeu, emocionada, a honraria. A cerimônia também relembrou a morte de nomes importantes do cinema brasileiro, como os cineastas Fábio Barreto e Domingos Oliveira e o ator Andrade Junior.

Por fim, a equipe de O Traidor, dirigido pelo italiano Marco Bellocchio, subiu ao palco para apresentar o filme de abertura, exibido fora de competição. O longa é baseado na história real de Tommaso Buscetta e conta a trajetória do mafioso, o primeiro do alto escalão a se transformar em informante no caso do Maxi-Processo contra a Cosa Nostra. A atriz Maria Fernanda Cândido, que marcou presença no evento, interpreta Maria Cristina de Almeida Guimarães, mulher de Tommaso.

cartabrasilia2019O ator Marcelo Pelucio tenta ler a carta do Movimento Cultural do Distrito Federal.

O drama, que disputou a Palma de Ouro no Festival de Cannes, foi produzido pelos brasileiros Caio Gullane e Fabiano Gullane. No palco do Cine Brasília, o cineasta André Ristum, produtor delegado, leu uma mensagem enviada por Bellocchio.

Já no final da noite, o ator Marcelo Pelucio, que subiu ao palco ao lado da equipe de O Traidor, tentou ler uma carta do Movimento Cultural do Distrito Federal, mas teve o microfone cortado pela produção do evento. Antes disso, chegou a ser intimado por um segurança que apareceu no palco.

Com fortes emoções na noite de abertura, a 52ª edição do Festival de Brasília acontece até o dia 1º de dezembro com mostras competitivas e paralelas, debates, diversas atividades e muito mais.

*O CINEVITOR está em Brasília e você acompanha a cobertura do festival por aqui, pelo canal no YouTube e pelas redes sociais: Twitter, Facebook e Instagram.

Fotos: Thaís Mallon.

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