Ticiana Augusto Lima e Guto Parente no debate do filme.

O premiado cineasta cearense Guto Parente é um dos convidados do 4º Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba. Seu filme, A Misteriosa Morte de Pérola, está entre os selecionados da Mostra Competitiva de Longas. A história se passa em um apartamento antigo e sombrio, onde Pérola é tomada por nostalgia e medo.

Depois da primeira exibição do filme no festival, que aconteceu no domingo, 14/06, o diretor e a atriz Ticiana Augusto Lima participaram de um debate e conversaram com o público. “Pensamos em criar um filme com uma estrutura de quebra-cabeça. A ideia era explorar a ausência e a presença nesse espaço, já que o apartamento também é um personagem, e como construir esse encontro desses dois personagens em dimensões diferentes. A proposta do filme é como conseguir criar um cruzamento dessas dimensões. De um modo geral, é um filme sobre a obsessão”, disse Guto.

A Misteriosa Morte de Pérola foi filmado na cidade de Chalon-sur-Saône, no interior da França, onde Guto foi fazer um mestrado. O apartamento em que morava com Ticiana acabou virando o cenário principal do longa: “Tiveram situações da nossa estadia lá que foram incorporadas ao filme”, revelou Ticiana. “No processo de criação, várias coisas das nossas vidas se misturaram. Foi algo bem peculiar porque a gente morava nesse apartamento e passamos mais ou menos um ano e meio vivendo nele. Nesse tempo, foram quatro ou cinco meses fazendo esse filme. Tivemos um tempo de elaboração muito grande pra ficar brincando com essa ideia de quebra-cabeça, com imagens espelhadas. Foi uma experiência intensa de realização. É um filme muito íntimo, muito pessoal, mesmo sendo um filme de suspense”, completou Guto.

Suspense: Ticiana em cena do filme.

Durante o debate, Guto também falou sobre a concepção sonora do filme: “A gente mora em Fortaleza, uma cidade grande, barulhenta. Quando nos mudamos para essa cidade no interior da França, uma coisa que marcou muito foi a mudança do som. É completamente diferente. Começamos a perceber o silêncio, pequenos ruídos. Foram experiências revolucionárias. Quando pensamos no filme, pensamos na concepção sonora de que fosse silencioso, quase sem som ambiente, que todos os pequenos detalhes estivessem bem evidentes”. E Ticiana completou: “Não tem som direto. O som das filmagens foi apenas referência”.

Ainda sobre o som: “Pensamos muito em como ter essa concepção sonora detalhada. Quando voltamos para o Brasil trabalhamos com o Érico Paiva, que é um editor de som muito bom. Muitas coisas foram criadas depois”, disse Guto. E finalizou: “Foi um processo catártico, no mínimo”.

A Misteriosa Morte de Pérola terá mais uma exibição nesta terça-feira, 16/06. Para conferir a programação completa do 4º Olhar de Cinema, clique aqui.

Texto e fotos: Vitor Búrigo/Divulgação.