Suzana Amaral, diretora de A Hora da Estrela, morre aos 88 anos

por: Cinevitor

suzanaamaralmorreA cineasta no Festival de Brasília, em 2017.

Morreu, na tarde desta quinta-feira, 25/06, aos 88 anos, a cineasta e roteirista Suzana Amaral, que ficou conhecida pelo premiado longa-metragem A Hora da Estrela, baseado no romance de Clarice Lispector.

Nascida em São Paulo, em 1928, começou sua carreira artística aos 40 anos, em 1968, quando cursou Cinema na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. Ao longo desse período, dirigiu três curtas-metragens: Eu sou Vocês, Nós Somos Eles; Semana de 22; e Sua Majestade, Piolin.

Após concluir o curso, em 1971, ministrou aulas de roteiro e fotografia na ECA/USP. Nessa época, filmou diversos documentários em curta-metragem para o extinto programa Câmera Aberta, da TV Cultura. Entre 1976 e 1979, fez mestrado em Direção de Cinema na NYU, em Nova York, e outros cursos na Actors Studio. Com o documentário Minha Vida, Minha Luta, trabalho de conclusão do mestrado, foi premiada no Festival de Brasília do Cinema Brasileiro; o filme serviu de pano de fundo e inspiração para a luta pelas creches da periferia de São Paulo.

Dirigiu também a série Pensamento e Linguagem, em parceria com a Fundação holandesa Bernard Van Leer, e A Casa de Bernarda Alba, adaptação da obra do escritor espanhol Federico García Lorca.

O grande reconhecimento aconteceu em 1985 com o longa-metragem A Hora da Estrela, que recebeu seis prêmios no Festival de Brasília, entre eles, melhor filme e melhor direção. No ano seguinte, o longa foi consagrado no Festival de Berlim e rendeu o Urso de Prata de melhor atriz para Marcélia Cartaxo, no papel da inesquecível Macabéa. O drama, baseado no romance de Clarice Lispector, também foi premiado no Festival de Havana e no Sesc Melhores Filmes. Por conta desse sucesso todo, anos depois, em 1990, Suzana recebeu uma condecoração com a Ordem do Rio Branco pela contribuição do filme à divulgação do Brasil no exterior.

ahoradaestrela1A diretora nos bastidores de A Hora da Estrela, com Marcélia Cartaxo.

Em entrevista ao CINEVITOR, a atriz Marcélia Cartaxo, muito emocionada, relembrou o último encontro com a amiga, em janeiro desse ano e falou, com carinho, sobre Suzana: “Estou muito triste. Só tenho que agradecer por ela ter entrado na minha vida e ter feito uma proposta tão linda que mudou minha trajetória. Suzana fica pra história e será inesquecível pra mim”.

Ao longo da carreira, foi júri de festivais internacionais, dirigiu uma série chamada Procura-se para a RTP, em Portugal, dirigiu filmes institucionais e comerciais, foi professora universitária, atuou como crítica de cinema no jornal Folha de São Paulo e dirigiu seu segundo filme em 2001, o drama Uma Vida em Segredo, com Sabrina Greve e Eliane Giardini. O longa foi premiado no Cine Ceará, Festival de Brasília, Cartagena, APCA, entre outros. Neste mesmo ano, escreveu e dirigiu o documentário Demarcando o Cacique Fontoura, sobre a questão das terras dos índios Carajás.

Em 2009, dirigiu seu terceiro longa, o drama Hotel Atlântico, com Mariana Ximenes, João Miguel e Julio Andrade. O filme, premiado no Festival de Lima e no Prêmio Guarani, rendeu alguns prêmios para o ator Gero Camilo, como Troféu APCA e Redentor, no Festival do Rio. Nesse mesmo ano, Suzana foi homenageada no Festival de Toronto.

Suzana Amaral, que teve nove filhos e mais de vinte netos, estava internada no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, para realizar alguns exames e a causa da morte não foi revelada. A notícia foi divulgada por amigos próximos nas redes sociais.

Foto: Humberto Araujo/Divulgação.

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