
Foram anunciados nesta quinta-feira, 03/02, os vencedores do Prêmio Abraccine 2021. Com uma cartela de filmes predominantemente lançada em plataformas de streaming, associados e associadas da Abraccine, Associação Brasileira de Críticos de Cinema, votaram, definiram e elegeram seus lançamentos favoritos.
O prêmio foi anunciado pela primeira vez em uma transmissão ao vivo no canal da entidade no YouTube (assista aqui). Com mediação do presidente da Abraccine, Marcelo Miranda, participaram também Cecília Barroso e Adriano Garrett, integrantes da comissão que trabalhou na metodologia e organização da votação esse ano.
Os resultados destacam dois aspectos importantes: a presença expressiva de filmes dirigidos por mulheres, com equilíbrio entre os títulos mais votados e trabalhos de grande estímulo estético; e a predominância dos serviços de streaming como espaços de difusão para lançamentos importantes da temporada.
Pelo segundo ano consecutivo, o longa-metragem estrangeiro mais votado por integrantes da Abraccine tem direção de uma mulher: Ataque dos Cães, da neozelandesa Jane Campion. Uma cineasta também assina o curta-metragem brasileiro mais votado, Chão de Fábrica, dirigido por Nina Kopko e realizado em São Paulo.
Fechando a trinca de premiados com os melhores de 2021, o longa brasileiro mais votado foi o cearense Cabeça de Nêgo, com direção de Déo Cardoso. Com Lucas Limeira, Jéssica Ellen e Val Perré no elenco, a obra é um manifesto contra o racismo e a precariedade do sistema educacional no Brasil. Produzido e distribuído pela Corte Seco Filmes, e disponível na Globoplay, conta a história de Saulo, que inspirado pela leitura do livro dos Panteras Negras tenta impor mudanças em sua escola e acaba entrando em conflito com alguns colegas e professores. Após reagir a um insulto racista, ele é expulso, mas se recusa a deixar as dependências da escola por tempo indeterminado até que a justiça seja feita, dando início a uma grande mobilização coletiva.
Engajado politicamente, o projeto cearense se preocupa em construir, no decorrer da história, a consciência social de Saulo ao mostrar o estudante inspirado por ativistas como Angela Davis, Beatriz Nascimento, Lélia Gonzalez, Amílcar Cabral, Abdias do Nascimento, Marielle Franco, Martin Luther King, Carolina de Jesus, Fred Hampton, Malcom X, Nelson Mandela, entre outros.
Além dos três premiados, a Abraccine divulgou também seu TOP 10 de melhores filmes em cada uma das três categorias, a partir da mesma votação.
Conheça os vencedores do Prêmio Abraccine 2021:
LONGA-METRAGEM BRASILEIRO
VENCEDOR:
Cabeça de Nêgo, de Déo Cardoso
COMPLETAM O TOP 10, EM ORDEM ALFABÉTICA:
A Nuvem Rosa, de Iuli Gerbase
A Última Floresta, de Luiz Bolognesi
Alvorada, de Anna Muylaert e Lô Politi
Bob Cuspe – Nós Não Gostamos de Gente, de Cesar Cabral
Deserto Particular, de Aly Muritiba
Madalena, de Madiano Marcheti
Marighella, de Wagner Moura
Valentina, de Cássio Pereira dos Santos
Vento Seco, de Daniel Nolasco
LONGA-METRAGEM ESTRANGEIRO
VENCEDOR:
Ataque dos Cães, de Jane Campion (Reino Unido/Canadá/Austrália/Nova Zelândia)
COMPLETAM O TOP 10, EM ORDEM ALFABÉTICA:
All Hands on Deck (À l’abordage), de Guillaume Brac (França)
Annette, de Leos Carax (França)
A Filha Perdida, de Maggie Gyllenhaal (EUA/Reino Unido/Grécia/Israel)
First Cow – A Primeira Vaca da América, de Kelly Reichardt (EUA)
Meu Pai, de Florian Zeller (Reino Unido/França/EUA)
Nomadland, de Chloé Zhao (EUA)
Quo Vadis, Aida?, de Jasmila Zbanic (Bósnia-Herzegovina)
Small Axe: Lovers Rock, de Steve McQueen (EUA)
Undine, de Christian Petzold (Alemanha)
CURTA-METRAGEM BRASILEIRO
VENCEDOR:
Chão de Fábrica, de Nina Kopko (SP)
COMPLETAM O TOP 10, EM ORDEM ALFABÉTICA:
A Fome de Lázaro, de Diego Benevides (PB)
A Máquina Infernal, de Francis Vogner dos Reis (SP)
Rua Ataléia, de André Novais Oliveira (MG)
Se Hace Camino al Andar, de Paula Gaitán
Sem título #7 – Rara, de Carlos Adriano (SP)
Sideral, de Carlos Segundo (RN)
Trópico de Capricórnio, de Juliana Antunes (SP)
Uma Paciência Selvagem me Trouxe até Aqui, de Érica Sarmet (SP)
Yaõkwa, Imagem e Memória, de Rita Carelli e Vincent Carelli (PE)
Foto: Marcos Hirano.