
Considerado o maior festival de documentários do mundo, realizado anualmente desde 1988, o IDFA, International Documentary Film Festival Amsterdam, anunciou os vencedores de sua 35ª edição nesta quinta-feira, 17/11, em Amsterdã, na Holanda.
Neste ano, o cinema brasileiro se destacou com o longa Filme Particular, de Janaína Nagata, na mostra Paradocs, considerada uma vitrine da melhor arte documental experimental do ano. Vencedor do Prêmio Beeld & Geluid IDFA ReFrame, o júri, formado por María Álvarez, Niklas Engstrøm e Dina Iordanova, justificou: “Por combinar imagens antigas e novas tecnologias em uma jornada única, onde o privado se torna público, e por abordar a complexidade do racismo de forma exploratória, permitindo ao espectador a experiência ativa de pesquisa e reconstrução, tornando-a divertida e emocionante”.
Na trama, a diretora compra um rolo de filme 16mm na internet sem saber seu conteúdo: ela descobre um filme de família africâner rodado na África do Sul na década de 1960. Essas imagens aparentemente inocentes de animais selvagens, refeições e tempo livre servem de base para um empreendimento magistral de desconstrução descolonial. Ao longo de uma investigação meticulosa, inteiramente conduzida pela web/desktop, toda a história do Apartheid é desenrolada a partir de um simples rolo de filme amador.
Outros títulos brasileiros também foram selecionados para esta edição, como: Solmatalua, de Rodrigo Ribeiro-Andrade, na IDFA Competition for Short Documentary; Sinfonia de um Homem Comum, dirigido por José Joffily, na mostra Frontlight; Mato Seco em Chamas, coprodução com Portugal, com direção de Adirley Queirós e Joana Pimenta, e Adeus, Capitão, de Vincent Carelli e Tita, na mostra Masters; o documentário Miúcha, a Voz da Bossa Nova, de Daniel Zarvos e Liliane Mutti, e Pornomelancolía, de Manuel Abramovich, uma coprodução entre Argentina, França, Brasil e México, na Best of Fests; e Sessão Bruta, de As Talavistas e ela.ltda, na mostra Envision Competition.
O festival tem como objetivo fortalecer o clima documental internacional, concentrando-se mais do que nunca no documentário como forma de arte. Esse foco inclui filmes com linguagem ou estrutura visual original, obras que mostram culturas menos conhecidas ou são filmadas de uma perspectiva não ocidental; e documentários interativos ou imersivos que inovam o gênero.
Como de costume, a seleção do IDFA acredita no poder do documentário como uma forma artística de informação e reflexão de alta qualidade, com filmes que ajudam o espectador a entender o mundo e a determinar seu próprio lugar; em filmes que fazem pensar, ver e experimentar, com a missão de construir sociedades melhores com mais democracia, abertura e humanidade. Para este ano, a programação na capital holandesa contou com um programa inovador de filmes de vários países, além de palestras, ambiente de mercado, performances e projetos interativos e imersivos.
Com 277 títulos na programação, o IDFA 2022 homenageou a cineasta Laura Poitras, que levou o Leão de Ouro em Veneza com All the Beauty and the Bloodshed e foi vencedora do Oscar por Cidadãoquatro e indicada por My Country, My Country.
O time de jurados deste ano foi formado por: Pirjo Honkasalo, Vanja Kaludjercic, Yousry Nasrallah, Mary Stephen e Yoshihiko Yatabe na Competição Internacional; Manuel Abramovich, Núria Aidelman e Stefan Pavlović na mostra de curta-metragem documental; e Rosa Bosch, Thania Dimitrakopoulou, Pawel Lozinski, Jumana Manna e Kidlat Tahimik na mostra Envision.
Conheça os vencedores do 35º IDFA:
COMPETIÇÃO INTERNACIONAL | LONGA-METRAGEM
Melhor Filme: Apolonia, Apolonia, de Lea Glob (Dinamarca/Polônia/França)
Melhor Direção: Simon Chambers, por Much Ado About Dying
Melhor Fotografia: Paradise, por Paul Guilhaume
Melhor Edição: Journey Through Our World, por Mario Steenbergen
COMPETIÇÃO | CURTA-METRAGEM | DOCUMENTÁRIO
Melhor Filme: Away, de Ruslan Fedotow (Hungria/Bélgica/Portugal)
Menção Especial: Les porteurs (The Porters), de Sarah Vanagt (Bélgica)
ENVISION | COMPETIÇÃO
Melhor Filme: Manifesto (Manifest), de Angie Vinchito (Rússia)
Melhor Direção: Roberta Torre, por Le Favolose (The Fabulous Ones)
Contribuição Artística: My Lost Country, de Ishtar Yasin Gutiérrez (Costa Rica/Iraque/Chile/Egito)
Menção Especial: Notes for a Film, de Ignacio Agüero (Chile/França)
OUTROS PRÊMIOS
Melhor Filme de Estreia: Guapo’y, de Sofia Paoli Thorne (Paraguai/Argentina)
Prêmio Beeld & Geluid IDFA ReFrame: Filme Particular, de Janaína Nagata (Brasil)
Menção Especial | Prêmio Beeld & Geluid IDFA ReFrame: Marcia su Roma (The March on Rome), de Mark Cousins (Itália)
*Clique aqui e confira a lista completa com os vencedores.
Foto: Divulgação.