Festival de Cannes 2025 anuncia novos filmes; coprodução brasileira é selecionada

por: Cinevitor
Jonathan Guilherme e Sérgio Coragem em O Riso e a Faca: coprodução entre Portugal e Brasil

Depois de anunciar os primeiros filmes de sua 78ª edição, que acontecerá entre os dias 13 e 24 de maio, o Festival de Cannes revelou novos títulos que completam sua seleção. Como de costume, o evento acontecerá no Palais des Festivals com a tradicional disputa pela Palma de Ouro e mostras paralelas.

Entre os novos selecionados, vale destacar a presença de O Riso e a Faca, do cineasta português Pedro Pinho, na mostra Un Certain Regard. Batizado a partir de uma música homônima do músico cantor e compositor baiano Tom Zé, o filme foi rodado na Guiné-Bissau e no deserto da Mauritânia entre fevereiro de 2022 e janeiro de 2024 e é coproduzido pela brasileira Bubbles Project, com distribuição no Brasil da Vitrine Filmes.

O longa conta a história do engenheiro ambiental Sérgio, português que viaja para uma metrópole na África Ocidental onde vai trabalhar num projeto rodoviário entre o deserto e a selva. Lá, ele desenvolve um relacionamento íntimo com dois moradores da cidade, Diára e Gui. No trio de protagonistas, está o brasileiro Jonathan Guilherme, ex-atleta de vôlei que trocou as quadras pela arte e hoje é poeta em Barcelona, na Espanha, onde mora. Ele dá vida ao personagem Gui e contracena com o português Sérgio Coragem, conhecido por seus papéis em Verão Danado e Fogo-Fátuo; e a cabo-verdiana Cleo Diára, de Diamantino.

Jonathan não é o único brasileiro no elenco, que conta ainda com a participação do doutor em antropologia Renato Sztutman, interpretando a si mesmo. Nomes do cinema nacional estão presentes em cargos-chave do projeto, falado em português e criolo. Uma das produtoras de O Riso e a Faca é a brasileira Tatiana Leite, fundadora da Bubbles Project, uma das empresas que assinam a produção do longa, que ainda traz os também brasileiros Rodrigo Letier, da Kromaki Filmes, como produtor associado, e Eduardo Nasser na direção de produção. Miguel Seabra Lopes, nascido em Portugal e com nacionalidade brasileira, é um dos roteiristas do filme.

Na área técnica, o longa também conta com a experiência e o talento de vários profissionais brasileiros, como o diretor de fotografia Ivo Lopes Araújo e a montadora Karen Akerman. A lista de colaboradores nacionais ainda tem Stella Rainer, Wanessa Malta, Vernal Santos, Amina Nogueira, Caio Costa, Martão Vagner, Isabel Lessa, Victor Hugo Pancaldi, Fernando Junior, entre outros, somando 31 brasileiros na equipe.

Tatiana Leite conta que aceitou o convite dos produtores portugueses sem hesitar: “Eu já era fã do filme anterior do Pedro, A Fábrica do Nada, e o argumento de O Riso e a Faca me tocou profundamente. Sabia que seria uma jornada desafiadora: pela relevância política, pela delicadeza do tema e por expor feridas abertas da colonização. O processo foi ainda mais intenso do que imaginei. Filmamos por quatro meses em película na Guiné-Bissau e Mauritânia, atravessamos a pandemia e seguimos juntos, com uma equipe incrível de portugueses, brasileiros, africanos, franceses e romenos”.

A produtora relata ainda que a saga foi dura, mas que sente que fizeram algo raro e precioso: “Amo ouvir cada personagem revelar as agruras do mundo onde estão emergidos, ao mesmo tempo que buscam completar suas próprias jornadas enquanto indivíduos. Após a estreia em Cannes, mal posso esperar para mostrar o filme ao público brasileiro”

Sobre o filme, o diretor falou: “Após A Fábrica de Nada, O Riso e a Faca procura aprofundar a mesma pesquisa em torno da discursividade no seio da narrativa. O filme convida os personagens a trazer a palavra para o centro da ferida mais exposta do nosso tempo: a fronteira neocolonial. Construindo a partir dessa premissa uma jornada polifônica, expondo um espectro de perspectivas em torno de um problema central, que permanece longe de estar resolvido”.

Outra novidade revelada para esta edição foi o pôster oficial inspirado no longa Um Homem, Uma Mulher, do cineasta francês Claude Lelouch, que levou a Palma de Ouro em 1966, além do Oscar de melhor filme internacional e melhor roteiro. Pela primeira vez na história, o festival apresenta um pôster duplo com um dos abraços mais famosos da sétima arte entre Anouk Aimée e Jean-Louis Trintignant. O comunicado diz: “Em tempos que parecem querer separar, compartimentar ou subjugar, o Festival de Cannes quer (re)unir; aproximar corpos, corações e almas; incentivar a liberdade e retratar o movimento para perpetuá-lo; incorporar o turbilhão da vida para celebrá-lo, repetidamente”. Clique aqui e saiba mais.

Conheça os novos filmes selecionados para o Festival de Cannes 2025:

COMPETIÇÃO

Die, My Love, de Lynne Ramsay (Reino Unido/EUA)
Woman and Child, de Saeed Roustaee (Irã)

UN CERTAIN REGARD

Love Me Tender, de Anna Cazenave Cambet (França)
O Riso e a Faca, de Pedro Pinho (Portugal/Brasil)
The Chronology of Water, de Kristen Stewart (EUA/França/Letônia/Espanha/Reino Unido)
Un Poeta, de Simón Mesa Soto (Colômbia/Alemanha/Suécia)

CANNES PREMIÈRE

Ástin sem eftir er, de Hlynur Pálmason (Islândia)
Love on Trial, de Kôji Fukada (Japão)
Magalhães, de Lav Diaz (Filipinas/Espanha/Portugal/Japão/França)

SESSÃO DA MEIA-NOITE

Honey Don’t!, de Ethan Coen (EUA/Reino Unido)
Le Roi Soleil, de Vincent Maël Cardona (França)

SESSÕES ESPECIAIS

Amélie et la métaphysique des tubes, de Maïlys Vallade e Liane-Cho Han (França)
Arco, de Ugo Bienvenu (França)
Mama, de Or Sinai (Israel)
Qui brille au combat, de Joséphine Japy (França)

TRIBUTE | PIERRE RICHARD

L’homme qui a vu l’ours qui a vu l’homme, de Pierre Richard (França)

Foto: Divulgação/Bubbles Project.

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