Festival de Brasília 2022: críticos de cinema assinam carta à comunidade cinematográfica

por: Cinevitor
O crítico Paulo Henrique Silva durante a premiação

Durante a cerimônia de premiação do 55º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, o crítico Paulo Henrique Silva, presidente do Júri Abraccine, Associação Brasileira de Críticos de Cinema, nesta edição, leu uma carta com sugestões para o atual cenário de reflexão sobre o audiovisual no Brasil.

O texto diz: “Nesse momento em que o setor cinematográfico vive uma expectativa de retomada, é preciso chamar a atenção para o exercício da reflexão crítica, que historicamente sempre esteve ao lado do cinema brasileiro, contribuindo para a sua construção e fortalecimento. A crítica de cinema vive um instante de grande desvalorização, com perda de espaço tanto na mídia tradicional quanto no universo digital, devido à falta de políticas e de investimento para o setor. Com isso, o pensamento crítico hoje está fragilizado, reduzindo-se a uma mera indicação de entretenimento, forçosamente voltada para as produções estrangeiras, que já contam com uma estrutura publicitária muito forte. Assim diminuíram-se os espaços para os filmes brasileiros e o entendimento da importância histórica da presença da crítica, inclusive nos festivais. Nesse momento tão delicado, convidamos os diversos agentes dessa cadeia produtiva, como gestores públicos, festivais de cinema, veículos de comunicação e associações de classe, a participarem de um esforço de incremento da crítica a partir de algumas ações, que gostaríamos de propor: realização de atividades de formação de jovens críticos, como oficinas e debates; valorização com a devida remuneração dos trabalhos de mediação, curadoria e produção de textos para eventos; e inclusão nos editais de recursos para projetos relacionados à crítica. Com isso, acreditamos que a crítica poderá voltar a ocupar o espaço de protagonismo e continuar colaborando para o crescimento da atividade como um todo”.

A carta é fruto do Encontro Setorial dos Críticos de Cinema presentes na 55ª edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, ocorrido no dia 19 de novembro, dentro da programação do evento. Assinaram: Adriano Garrett, Amanda Aouad, André Dib, Bárbara Bergamaschi Novaes, Carlos Helí de Almeida, Carol Almeida, Cecilia Barroso, Georgiane Abreu, Guilherme Lobão, Humberto Pereira da Silva, Lorenna Rocha, Maria Caú, Maria do Rosário Caetano, Luiz Zanin Oricchio, Neusa Barbosa e Paulo Henrique Silva.

Neste ano, o júri Abraccine elegeu os filmes Mato Seco em Chamas, de Adirley Queirós e Joana Pimenta, como melhor longa-metragem, e o paraibano Calunga Maior, de Thiago Costa, como melhor curta.

Foto: PC Cavera.

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