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Mostra Manifestos para Adiar o Fim do Mundo: programação conta com exibições de documentários e debates

por: Cinevitor

fransdoccinemaFrans Krajcberg: Manifesto reestreia no dia 12 de março.

Muito se fala sobre o Antropoceno, período ecológico chamado de Era da Humanidade. A ação humana está provocando intensas mudanças e alterando drasticamente o funcionamento do fluxo natural do planeta, causando impactos em cascata a ponto de se tornarem irreversíveis. Os cientistas alertam que o fim desta era irá provocar a sexta extinção em massa das espécies. Neste caso, nossa própria espécie, o homo sapiens seria atingido em cheio.

Cada um dos diretores dos filmes que participam da Mostra Manifestos para Adiar o Fim do Mundo, cada qual à sua maneira, escreveu seu próprio Manifesto, seja abordando a questão da ocupação desordenada da terra pelo homem desperdiçando os recursos naturais, patrimônio de toda a humanidade; seja a questão do direito ancestral à terra, o respeito pelos direitos humanos e pela diversidade cultural da humanidade; seja a denúncia sobre o cruel processo de genocídio de um grupo indígena no Brasil.

O objetivo desta Mostra de filmes é conscientizar as pessoas de que precisamos nos reinventar como espécie compartilhando do mesmo propósito, o de viver em harmonia com a natureza.

Nesta primeira edição, Regina Jehá conversa com seus convidados após a exibição de cada filme, que acontecerá no Espaço Itaú de Cinema – Frei Caneca, sempre às 19h30. Seu filme Frans Krajcberg: Manifesto reestreia na semana seguinte à Mostra, dia 12 de março.

PROGRAMAÇÃO:

Ruivaldo, o Homem que Salvou a Terra (Brasil, 2019)
Direção: Jorge Bodanzky e João Farkas
Sinopse: Fazendeiro no Pantanal do Mato Grosso, Ruivaldo Nery de Andrade ganhou destaque como um soldado na linha de frente da batalha pela proteção do meio ambiente. Acompanhando o dia a dia de esforços para sobreviver de Ruivaldo, o documentário aborda as consequências do assoreamento do Rio Taquari.
Dia e horário: 5/3, 19h30
Sessão seguida de debate com os diretores e Regina Jehá

500 Almas
Direção: Joel Pizzini (Brasil, 2005)
Sinopse: O delicado processo de reconstrução da memória e da identidade dos índios Guatós através de depoimentos dos próprios membros da comunidade e de reconstituições de crimes realizados por homens brancos contra eles; uma tribo indígena da região do Pantanal mato-grossense que foi descoberta muitos e muitos anos após ter sido considerada extinta e que atualmente se encontra disperso pela área.
Dia e horário: 6/3, 19h30
Sessão seguida de debate com o diretor e Regina Jehá

Martírio
Direção: Vincent Carelli, Ernesto de Carvalho e Tatiana Almeida (Brasil, 2016)
Sinopse: Uma análise da violência sofrida pelo grupo Guarani Kaiowá, uma das maiores populações indígenas do Brasil nos dias de hoje e que habita as terras do centro-oeste brasileiro, entrando constantemente em conflito com as forças de repressão e opressão organizadas pelos latifundiários, pecuaristas e fazendeiros locais, que desejam exterminar os índios e tomar as terras para si.
Dia e horário: 7/3, 19h30
Sessão terá abertura com a presença da Regina Jehá

Frans Krajcberg: Manifesto
Direção: Regina Jehá (Brasil, 2019)
Sinopse: Frans Krajcberg se prepara para expor suas obras e receber a grande homenagem da 32ª Bienal de Arte de São Paulo, enquanto desvela suas memórias e reflexões. Recentemente falecido, a vida do artista foi uma luta implacável contra a loucura destrutiva do homem, desde o fogo da 2ª Guerra Mundial às queimadas na Região Amazônica. O destino de um homem extraordinário inserido na história do seu tempo, comprometido com sua arte e profundamente vivo para sempre.
Dia e horário: 8/3, 19h30
Sessão seguida de debate com a diretora Regina Jehá e Sonia Guarany

Foto: Divulgação.

Conheça os vencedores do Festival de Berlim 2020

por: Cinevitor

hongsangsooberlim2020O cineasta sul-coreano Hong Sang-soo na premiação: melhor direção.

Foram anunciados neste sábado, 29/02, os vencedores do 70º Festival de Berlim. Neste ano, o júri foi presidido pelo ator Jeremy Irons e contou com a presença do cineasta brasileiro Kleber Mendonça Filho entre os integrantes. O Urso de Ouro, prêmio máximo do evento, foi entregue para o drama Sheytan vojud nadarad (There Is No Evil), de Mohammad Rasoulof.

O cinema brasileiro estava na disputa pelo Urso de Ouro com Todos os Mortos, de Caetano Gotardo e Marco Dutra, que, infelizmente não foi premiado. Porém, o drama Los conductos, de Camilo Restrepo, uma coprodução entre França, Colômbia e Brasil, ficou com o prêmio de melhor filme de estreia.

Além dos grandes vencedores, também foram anunciados, anteriormente, os premiados pelo júri independente, como o Teddy Award, que elege os melhores filmes com temática LGBTQ+. O Prêmio Amnesty, que tem como objetivo chamar a atenção do público e representantes do setor cinematográfico para o tema dos direitos humanos e encorajar os cineastas a abordá-lo, foi entregue para o documentário americano Welcome to Chechnya, de David France.

Conheça os vencedores do Festival de Berlim 2020:

COMPETIÇÃO OFICIAL | LONGA-METRAGEM

URSO DE OURO | MELHOR FILME:
Sheytan vojud nadarad (There Is No Evil), de Mohammad Rasoulof (Alemanha/República Checa/Irã)

URSO DE PRATA | GRANDE PRÊMIO DO JÚRI:
Never Rarely Sometimes Always, de Eliza Hittman (EUA)

URSO DE PRATA | MELHOR DIREÇÃO:
Hong Sang-soo, por Domangchin yeoja (The Woman Who Ran)

URSO DE PRATA | MELHOR ATRIZ:
Paula Beer, por Undine

URSO DE PRATA | MELHOR ATOR:
Elio Germano, por Volevo nascondermi (Hidden Away)

URSO DE PRATA | MELHOR ROTEIRO:
Favolacce (Bad Tales), escrito por D’Innocenzo Brothers

URSO DE PRATA | MELHOR CONTRIBUIÇÃO ARTÍSTICA:
Jürgen Jürges pela direção de fotografia de DAU. Natasha

URSO DE PRATA | 70th BERLINALE:
Effacer l’historique (Delete History), de Benoît Delépine e Gustave Kervern (França/Bélgica)

COMPETIÇÃO OFICIAL | CURTA-METRAGEM:

URSO DE OURO | MELHOR CURTA: T, de Keisha Rae Witherspoon (EUA)
URSO DE PRATA | PRÊMIO DO JÚRI: Filipiñana, de Rafael Manuel (Filipinas/Reino Unido)
PRÊMIO AUDI: Genius Loci, de Adrien Mérigeau (França)
Curta-metragem indicado ao European Film Awards: It Wasn’t the Right Mountain, Mohammad, de Mili Pecherer (França)

PRÊMIO GWFF | MELHOR FILME DE ESTREIA: Los conductos, de Camilo Restrepo (França/Colômbia/Brasil)
PRÊMIO GWFF | MENÇÃO ESPECIAL: Nackte Tiere (Naked Animals), de Melanie Waelde (Alemanha)
BERLINALE DOCUMENTARY AWARD: Irradiés (Irradiated), de Rithy Panh (Camboja/França)
BERLINALE DOCUMENTARY AWARD | MENÇÃO ESPECIAL: Aufzeichnungen aus der Unterwelt (Notes from the Underworld), de Tizza Covi e Rainer Frimmel (Áustria)

MOSTRA PANORAMA | PRÊMIO DO PÚBLICO:

MELHOR FILME DE FICÇÃO: Otac (Father), de Srdan Golubović (Sérvia/França/Alemanha/Croácia/Eslovênia/Bósnia e Herzegovina)
MELHOR DOCUMENTÁRIO: Welcome to Chechnya, de David France (EUA)

JÚRI ECUMÊNICO:

Competição Oficial: Sheytan vojud nadarad (There Is No Evil), de Mohammad Rasoulof (Alemanha/República Checa/Irã)
Panorama: Otac (Father), de Srdan Golubović (Sérvia/França/Alemanha/Croácia/Eslovênia/Bósnia e Herzegovina)
Panorama | Menção Especial: Saudi Runaway, de Susanne Regina Meures (Suíça)
Forum: Seishin 0 (Zero), de Kazuhiro Soda (Japão/EUA)

PRÊMIO FIPRESCI:

Competição Oficial: Undine, de Christian Petzold (Alemanha/França)
Panorama: Mogul Mowgli, de Bassam Tariq (Reino Unido)
Panorama | Menção Especial: A l’abordage, de Guillaume Brac (França)
Forum: The Twentieth Century, de Matthew Rankin (Canadá)
Forum | Menção Especial: Ouvertures, de Louis Henderson, Olivier Marboeuf e The Living and the Dead Ensemble (Reino Unido/França)
Encounters: A metamorfose dos pássaros, de Catarina Vasconcelos (Portugal)

PRÊMIO AMNESTY | FILME INTERNACIONAL: Welcome to Chechnya, de David France (EUA)
URSO DE OURO HONORÁRIO: Helen Mirren

Para conhecer outros vencedores dos prêmios entregues pelo júri independente, clique aqui.

Foto: Getty Images Europe.

Conheça os vencedores do prêmio César 2020, o Oscar francês

por: Cinevitor

papichacesar2020Lyna Khoudri, do filme Papicha: atriz revelação.

Foram anunciados nesta sexta-feira, 28/02, em Paris, os vencedores do prêmio César 2020, conhecido como o Oscar francês e realizado pela Academia de Artes e Técnicas do Cinema (l’Académie des Arts et Techniques du Cinéma).

Antes mesmo de acontecer, o evento foi alvo de diversas críticas por conta das 12 indicações ao filme O Oficial e o Espião, dirigido por Roman Polanski. O cineasta, que na década de 1970 foi preso por abuso sexual, desistiu de comparecer à cerimônia depois dos protestos realizados por associações feministas. Além disso, a diretoria do prêmio renunciou o cargo por conta das polêmicas. Ainda assim, Polanski ficou com o troféu de melhor direção.

Nesta 45ª edição, que foi apresentada pela atriz e comediante Florence Foresti, Os Miseráveis, de Ladj Ly, que foi premiado em Cannes, levou o prêmio máximo da noite, além de outras três estatuetas, entre elas, a de melhor edição.

Conheça os vencedores do César 2020:

MELHOR FILME:
Os Miseráveis

MELHOR FILME | PÚBLICO:
Os Miseráveis

MELHOR DIREÇÃO:
Roman Polanski, por O Oficial e o Espião

MELHOR ATRIZ:
Anaïs Demoustier, por Alice et le maire

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE:
Fanny Ardant, por La Belle Époque

MELHOR ATOR:
Roschdy Zem, por Roubaix, une lumière

MELHOR ATOR COADJUVANTE:
Swann Arlaud, por Graças a Deus

ATRIZ REVELAÇÃO:
Lyna Khoudri, por Papicha

ATOR REVELAÇÃO:
Alexis Manenti, por Os Miseráveis

MELHOR ROTEIRO ORIGINAL:
La Belle Époque, escrito por Nicolas Bedos

MELHOR ROTEIRO ADAPTADO:
O Oficial e o Espião, escrito por Roman Polanski e Robert Harris

MELHOR DOCUMENTÁRIO:
M, de Yolande Zauberman

MELHOR FILME ESTRANGEIRO:
Parasita, de Bong Joon-Ho (Coreia do Sul)

MELHOR FILME DE ANIMAÇÃO:
Longa-metragem:
Perdi Meu Corpo, de Jérémy Clapin
Curta-metragem:
La nuit des sacs plastiques, de Gabriel Harel

MELHOR FILME DE ESTREIA:
Papicha, de Mounia Meddour

MELHOR TRILHA SONORA ORIGINAL:
Perdi Meu Corpo, por Dan Lévy

MELHOR SOM:
Alerta Lobo, por Nicolas Cantin, Thomas Desjonquères, Raphaël Mouterde, Olivier Goinard e Randy Thom

MELHOR FOTOGRAFIA:
Retrato de uma Jovem em Chamas, por Claire Mathon

MELHOR EDIÇÃO:
Os Miseráveis, por Flora Volpelière

MELHOR FIGURINO:
O Oficial e o Espião, por Pascaline Chavanne

MELHOR DESIGN DE PRODUÇÃO:
La Belle Époque, por Stéphane Rosenbaum

MELHOR CURTA-METRAGEM:
Pile poil, de Lauriane Escaffre e Yvonnick Muller

Foto: LP/Frédéric Dugit.

Festival de Berlim 2020: conheça os vencedores do 34º Teddy Award

por: Cinevitor

teddyaward2020Benjamin Radjaipour em Futur Drei: filme premiado.

Foram anunciados nesta sexta-feira, 28/02, os vencedores da 34ª edição do Teddy Award, prêmio paralelo à Competição Oficial do 70º Festival de Berlim, que elege os melhores filmes com temática LGBT.

A cerimônia, apresentada pela cantora alemã Annie Heger, contou com uma performance do cantor brasileiro de ópera Edson Cordeiro ao lado da Babylon Orchester Berlin. O longa Futur Drei (No Hard Feelings), de Faraz Shariat, foi consagrado e levou o prêmio de melhor filme de ficção, além de outra estatueta.

O cinema brasileiro, que, infelizmente não saiu vitorioso, estava representado pelos seguintes filmes: Alice Júnior, de Gil Baroni; Meu Nome é Bagdá, de Caru Alves de Souza; Vento Seco, de Daniel Nolasco; e Vil, má, de Gustavo Vinagre.

Neste ano, o júri foi composto por: Heitor Augusto de Sousa, crítico de cinema brasileiro; Chris Belloni, cineasta holandês; Sylva Häutle, do Queer Film Festival Munich; Nataleah Hunter-Young, programadora de filmes; Ksenia Ilina; e Christian Rodríguez.

Mas, como funciona o Teddy Award? Todos os filmes selecionados para as mostras do Festival de Berlim são analisados por um júri independente. Aqueles que preencherem os critérios relacionados à temática LGBT já são indicados.

Conheça os vencedores do Teddy Award 2020:

MELHOR FILME | FICÇÃO:
Futur Drei (No Hard Feelings), de Faraz Shariat (Alemanha)

MELHOR FILME | DOCUMENTÁRIO:
Si c’était de l’amour (If It Were Love), de Patric Chiha (França)

PRÊMIO ESPECIAL DO JÚRI:
Rizi (Days), de Tsai Ming-Liang (Taiwan)

MELHOR CURTA-METRAGEM:
Playback. Ensayo de una despedida, de Agustina Comedi (Argentina)

TEDDY ACTIVIST AWARD:
Welcome to Chechnya, de David France (EUA)

TEDDY READERS’ AWARD:
Futur Drei (No Hard Feelings), de Faraz Shariat (Alemanha)

Foto: Edition Salzgeber/Jünglinge Film.

Meu Nome é Bagdá, de Caru Alves de Souza, é premiado na mostra Generation do Festival de Berlim 2020

por: Cinevitor

nomebagdaberlimvencePaulette Pink, Grace Orsato e Karina Buhr em Meu Nome é Bagdá.

O grande vencedor do Urso de Ouro da 70ª edição do Festival de Berlim será anunciado neste sábado, 29/02, porém, alguns prêmios já foram revelados nesta sexta-feira, 28/02.

Com um programa abrangente de filmes contemporâneos que explora a vida e o mundo de crianças e adolescentes, a Berlinale Generation desfruta de uma posição única como instigadora do cinema de jovens que quebram convenções. Dirigida por Maryanne Redpath desde 2008, a seção é simultaneamente um lar para jovens públicos e adultos de mente aberta. A geração navega continuamente no espaço entre desafiador e avassalador, e promove um diálogo aberto e controverso com seu público, artistas, convidados da indústria e críticos de cinema.

A seleção se concentra em filmes que, em suas narrativas e linguagens cinematográficas, levam os jovens a sério. Histórias que são contadas pelos olhos de seus jovens protagonistas e que tornam seus mundos tangíveis. Filmes que importam, que abrem portas para mundos desconhecidos. Filmes que exigem coragem, exibindo perspectivas intersetoriais e incentivando soluções coletivas. Filmes que sustentam um espelho para o mundo adulto. Os filmes, documentários e animações, filmes de gênero e obras que expandem a linguagem formal do cinema competem em pé de igualdade nas duas competições da seção.

Quatro júris premiam os melhores longas-metragens e curtas-metragens. Na Generation Kplus, o Urso de Cristal é entregue pelo Júri Jovem, composto por 11 adolescentes com idades entre 11 e 14 anos. Na Generation 14plus, são premiados pelo júri de jovens, composto por sete integrantes entre 14 e 18 anos.

Dois júris internacionais, cada um composto por três especialistas em cinema, entregam prêmios concedidos pela instituição de caridade infantil Deutsches Kinderhilfswerk para o concurso Kplus e pela Agência Federal de Educação Cívica para o concurso 14plus.

O brasileiro Meu Nome é Bagdá, de Caru Alves de Souza, levou o Grande Prêmio do Júri Internacional da Generation 14plus de melhor filme. No longa, livremente inspirado no livro Bagdá, o Skatista, de Toni Brandão, a história gira em torno de uma skatista de 17 anos chamada Bagdá, interpretada por Grace Orsato. Na trama, a jovem passa boa parte do tempo com os amigos skatistas, fazendo manobras na pista local, fumando maconha e jogando baralho. Aos poucos, ela vai se aproximando de Vanessa, interpretada por Nick Batista, outra skatista do bairro que encontra em Bagdá um incentivo para ocupar a pista de skate. Numa ida à Praça Roosevelt, Bagdá e Vanessa encontram outras meninas skatistas e estreitam laços de amizade. O elenco conta também com Karina Buhr, Suzy Rêgo, Helena Luz, Marília Fernandes, Paula Sabatini e Gilda Nomacce.

A justificativa do júri diz: “Fomos unânimes na escolha do nosso filme vencedor, uma fatia de liberdade generosa e abrangente, repleta de belas amizades, música, movimento e solidariedade em ação. Era impossível não ser conquistada pela protagonista titular e sua comunidade, e impossível esquecer o clímax glorioso e cheio de poder deste filme. Aqui está a prova de que a vida pode não nos proporcionar milagres, mas podemos superar todos os obstáculos se seguirmos nossa paixão”.

Conheça os vencedores da mostra Generation do Festival de Berlim 2020:

URSO DE CRISTAL | MELHOR FILME | GENERATION 14PLUS:
Notre-Dame du Nil (Our Lady of the Nile), de Atiq Rahimi (França/Bélgica/Ruanda)

MENÇÃO ESPECIAL:
White Riot, de Rubika Shah (Reino Unido)

URSO DE CRISTAL | MELHOR CURTA-METRAGEM | GENERATION 14PLUS:
Clebs (Mutts), de Halima Ouardiri (Canadá/Marrocos)

MENÇÃO ESPECIAL | CURTA-METRAGEM:
Goodbye Golovin, de Mathieu Grimard (Canadá)

GRANDE PRÊMIO | JÚRI INTERNACIONAL | MELHOR FILME | GENERATION 14PLUS:
Meu Nome é Bagdá, de Caru Alves de Souza (Brasil)

MENÇÃO ESPECIAL:
Kaze no Denwa (Voices in the Wind), de Nobuhiro Suwa (Japão)

PRÊMIO ESPECIAL | JÚRI INTERNACIONAL | MELHOR CURTA-METRAGEM | GENERATION 14PLUS:
Clebs (Mutts), de Halima Ouardiri (Canadá/Marrocos)

MENÇÃO ESPECIAL:
White Winged Horse, de Mahyar Mandegar (Irã)

Foto: Camila Cornelsen.

Confira o trailer de Aos Olhos de Ernesto, de Ana Luiza Azevedo, que estreia em abril

por: Cinevitor

aosolhosernestotrailerProtagonista: Jorge Bolani em cena.

Dirigido por Ana Luiza Azevedo, Aos Olhos de Ernesto acaba de receber mais dois prêmios: melhor filme pelo público e melhor ator, para o uruguaio Jorge Bolani, no 23º Festival Internacional de Cine de Punta del Este. O filme, produzido pela Casa de Cinema de Porto Alegre, já havia sido premiado pela crítica na 43ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo.

O longa, que será distribuído pela Elo Company, teve sua estreia mundial em outubro no 24º Festival Internacional de Busan, na Coreia do Sul, o maior festival de cinema da Ásia, na categoria World Cinema. Muito bem recebido em terras asiáticas, foi considerado “ao mesmo tempo, bem-humorado, poético, sério e comovente”.

Com recepção similar por aqui, Aos Olhos de Ernesto foi laureado pela crítica da Mostra de São Paulo justamente “por tratar a solidão de maneira realista, sem abrir mão do humor e por apostar, com segurança, num estilo narrativo que dialoga tanto com cinéfilos, quanto com amplas plateias”. O longa também já foi exibido na Mostra Latina do Festival do Rio e no 41º Festival de Havana.

Na trama, a solidão, a amizade, o amor e as redescobertas na terceira idade permeiam a história de Ernesto, vivido pelo ator uruguaio Jorge Bolani, do filme Whisky. Aos 78 anos, o personagem, ex-fotógrafo uruguaio, se depara com uma crescente cegueira e as limitações diversas que acompanham a avançada idade. Viúvo e pai de filho único, Ramiro, papel de Julio Andrade, que vive longe, Ernesto ressignifica sua vida e os padrões da velhice ao conhecer a jovem Bia, interpretada por Gabriela Poester, que o ajuda, até mesmo a reencontrar um grande amor.

Também estão no elenco: Jorge d’Elia, como Javier, o vizinho de Ernesto; Glória Demassi, que vive Lucía, o amor uruguaio do protagonista; e as participações de Mirna Spritzer, Áurea Baptista, Janaína Kremer, Celina Alcântara e Marcos Contreras.

“Aos Olhos de Ernesto é um filme humanista. A melancolia, o lirismo e o humor fazem parte tanto da condução do drama como na composição das imagens e dos personagens. A mesma melancolia, lirismo e humor presentes na literatura de Mario Benedetti. A companhia fresca e afetiva de Bia faz Ernesto repensar a maneira como ele envelhece. Momentos sombrios são substituídos pelo sol e pela vida. Um filme para se defender que há muito a ser vivido, mesmo aos 78 anos”, comenta a diretora.

Escrito por Ana Luiza, em parceria com Jorge Furtado, o roteiro passou por laboratórios de desenvolvimento e teve consultoria do escritor cubano Senel Paz, autor de Morango e Chocolate. Entre diversos aspectos e processos de criação do filme, a mescla de várias culturas e o uso do portunhol são marcas do projeto.  A proximidade cultural entre as cidades do sul do Brasil, Uruguai e Argentina estão presentes na obra através da música, da língua e da literatura.

A história de Ernesto foi inspirada na vida do fotógrafo italiano Luigi Del Re: “O personagem surgiu a partir da história dele, fotógrafo italiano que vivia em Porto Alegre, e que com a idade e avanço da cegueira já não conseguia mais se corresponder com a irmã, que morava na França”, conta a diretora e roteirista. “Em homenagem a Luigi, usamos na direção de arte as suas fotos e equipamentos de filmagem para compor o universo de Ernesto e seu apartamento. Mas Ernesto não é só Luigi: é um pouco de nossos pais, e de nós mesmos”, complementa a cineasta.

Confira o trailer de Aos Olhos de Ernesto, que chega aos cinemas no dia 2 de abril:

Foto: Fabio Rebelo.

Conheça os vencedores do 51º NAACP Image Awards; Rihanna é homenageada

por: Cinevitor

rihannaNAACPReconhecimento: Rihanna foi uma das homenageadas da noite.

Foram anunciados neste sábado, 22/02, em Beverly Hills, em cerimônia apresentada pelo ator e comediante Anthony Anderson, os vencedores da 51ª edição do NAACP Image Awards, premiação multicultural que destaca os afro-americanos mais influentes do cinema, da televisão, da literatura e da música.

Fundada em 12 de fevereiro de 1909, a NAACP, National Association for the Advancement of Colored People (na tradução, Associação Nacional para o Progresso de Pessoas de Cor), é a maior e mais antiga organização apartidária de direitos civis dos Estados Unidos.

O principal objetivo da NAACP é assegurar a igualdade política, educacional, social e econômica dos cidadãos dos grupos minoritários dos Estados Unidos e acabar com o preconceito racial. A NAACP procura eliminar todas as barreiras da discriminação racial através dos processos democráticos. Desde 1970, realiza o NAACP Image Awards.

O drama Luta por Justiça, de Destin Daniel Cretton, foi o grande vencedor desta edição. O longa, que conta a história do advogado Bryan Stevenson, foi premiado em quatro categorias, entre elas, melhor filme e melhor ator para Michael B. Jordan.

michaelbjordanNAACPMichael B. Jordan premiado: melhor ator.

Além dos premiados, a cerimônia também prestou homenagens: a cantora e atriz Rihanna recebeu o President’s Award; o político John Lewis, líder do movimento por direitos civis, foi honrado com o Chariman’s Award; e o piloto de caça General Charles McGee, que fez parte de um grupo de pilotos militares afro-americanos durante a Segunda Guerra Mundial, foi homenageado com o Key of Life Award.

Conheça os vencedores do 51º NAACP Image Awards nas categorias de cinema:

MELHOR FILME:
Luta por Justiça

MELHOR FILME INDEPENDENTE:
Meu Nome é Dolemite

MELHOR DIREÇÃO:
Chiwetel Ejiofor, por O Menino que Descobriu o Vento

MELHOR FILME PARA TV OU SÉRIE OU DRAMATIC SPECIAL:
Olhos que Condenam (When They See Us)

MELHOR DIREÇÃO | FILME PARA TV:
Rashid Johnson, por Native Son

MELHOR ATOR:
Michael B. Jordan, por Luta por Justiça

MELHOR ATRIZ:
Lupita Nyong’o, por Nós

MELHOR ATOR COADJUVANTE:
Jamie Foxx, por Luta por Justiça

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE:
Marsai Martin, por A Chefinha

MELHOR ATOR | FILME PARA TV OU SÉRIE OU DRAMATIC SPECIAL:
Jharrel Jerome, por Olhos que Condenam

MELHOR ATRIZ | FILME PARA TV OU SÉRIE OU DRAMATIC SPECIAL:
Niecy Nash, por Olhos que Condenam

REVELAÇÃO:
Marsai Martin, por A Chefinha

MELHOR ELENCO:
Luta por Justiça

MELHOR ROTEIRO:
Nós, escrito por Jordan Peele

MELHOR ROTEIRO | FILME PARA TV:
Native Son, escrito por Suzan-Lori Parks

MELHOR VOZ ORIGINAL | ANIMAÇÃO | FILME OU TV:
James Earl Jones, por O Rei Leão

MELHOR DOCUMENTÁRIO:
Toni Morrison: As Muitas que Eu Sou, de Timothy Greenfield-Sanders

MELHOR DOCUMENTÁRIO | TV, SÉRIE OU ESPECIAL:
Hitsville: The Making of Motown

MELHOR TRILHA SONORA | ÁLBUM:
The Lion King: The Gift, por Beyoncé e vários artistas

PRÊMIO ESPECIAL | ARTISTA DO ANO:
Lizzo

Foto: Aaron J Thornton/Getty Images.

Retrospectiva completa do cineasta Federico Fellini será exibida em São Paulo

por: Cinevitor

fellini01Anita Ekberg em La dolce vita, de 1960.

O público do CCBB, Centro Cultural Banco do Brasil São Paulo, e do CineSesc poderá rever toda a obra do mestre italiano a partir do dia 26 de fevereiro, quando começa a mostra em homenagem aos 100 anos de nascimento do mestre italiano, comemorados em 20 de janeiro de 2020. Uma oportunidade única de assistir, na sala de cinema, vários clássicos do cinema mundial, de mergulhar no mundo felliniano, com suas histórias e personagens fascinantes.

A retrospectiva Fellini, Il Maestro tem curadoria de Paulo Ricardo Gonçalves de Almeida, produção da Voa Comunicação e Cultura e apresentará 24 títulos, desde o filme de estreia de Fellini, Mulheres e Luzes (Luci del varietà), de 1950, codirigido com Alberto Lattuada, até o último deles, A Voz da Lua (La voce della luna), de 1990, incluindo obras-primas estreladas por parceiros constantes como Marcello Mastroianni e Giulietta Masina, sua esposa, e embaladas pela música de Nino Rota. A mostra exibirá também o documentário Fellini: A Director’s Notebook, de 1969, no qual o próprio Fellini comenta seu processo de trabalho e passeia por seus lugares preferidos em Roma.

O curador Paulo Ricardo Gonçalves de Almeida destaca que “Federico Fellini é reconhecido como um dos maiores e mais influentes cineastas de todos os tempos, cujos filmes, que trazem um olhar altamente pessoal e idiossincrático sobre a sociedade, são uma combinação única de memória, sonhos, fantasia e desejo. O adjetivo felliniano é sinônimo de qualquer tipo de imagem extravagante, barroca ou fantasiosa no cinema ou na arte em geral. A Doce Vida lançou um novo termo: paparazzi, derivado de paparazzo, o fotógrafo amigo do jornalista Marcello Rubini, vivido por Mastroianni”.

Abismo de Um Sonho (Lo sceicco bianco), lançado em 1952, foi o primeiro longa-metragem o qual Fellini assinou sozinho a direção. Logo depois, em 1953, ele lançou Os Boas-Vidas (I vitelloni), de 1953, que iniciou, com o Leão de Prata no Festival de Veneza, uma sucessão de prêmios em sua carreira. O primeiro Oscar de melhor filme estrangeiro veio com A Estrada da Vida (La strada). Para Noites de Cabíria (Le notti di Cabiria), Fellini se inspirou nas notícias de uma cabeça de mulher decepada e nas histórias contadas por Wanda, a prostituta que conheceu no set de A Trapaça (Il bidone), de 1955. Noites de Cabíria ganhou o Oscar de melhor filme estrangeiro e, Giuletta Masina, o prêmio de melhor atriz no Festival de Cannes.

fellini03Premiada: Giulietta Masina em Noites de Cabíria, de 1957.

O fenômeno da Hollywood no Tibre, em 1958, em que estúdios americanos lucraram com o trabalho barato em Roma, permitia que jornalistas roubassem fotos de celebridades na Via Veneto. Daí veio a inspiração para A Doce Vida (La dolce vita), de 1960, um sucesso de bilheteria que ganhou a Palma de Ouro no Festival de Cannes e eternizou a cena de Anita Ekberg na Fontana di Trevi.

Em carta a Brunello Rondi, Fellini esboçou suas ideias sobre um homem sofrendo de bloqueio criativo. Ele se decidiu pelo título auto-referencial 8 1⁄2, mas não sobre o que o personagem fazia para viver. Fellini narraria tudo o que lhe havia acontecido: faria um filme sobre um diretor que não sabe mais qual filme ele quer fazer. 8 1⁄2 ganhou o Oscar de melhor filme estrangeiro e de melhor figurino.

Julieta dos Espíritos (Giulietta degli spiriti) foi seu primeiro filme a cores. Em março de 1971, Fellini começou a produção de Roma, coleção aleatória de episódios inspirados pelas memórias e impressões do diretor sobre a cidade. Em 1973, dirigiu Amarcord, vagamente baseado em seu ensaio autobiográfico Minha Rimini. Em 1989, realizou A Voz da Luz, seu último filme. Em 1993, Fellini ganhou o Oscar honorário em reconhecimento pela sua carreira.

“A grande descoberta de Fellini após seu período neo-realista foi o trabalho de Carl Jung. Depois de conhecer o psicanalista Ernst Bernhard, no começo dos anos 1960, Fellini leu a autobiografia de Jung, Memórias, Sonhos, Reflexões. Bernhard também recomendou que Fellini consultasse o I Ching e mantivesse um registro de seus sonhos. O foco de Bernhard na psicologia junguiana provou ser a maior influência no estilo maduro de Fellini e marcou o ponto de virada em sua obra do neo-realismo para o onírico. Como consequência, as ideias de Jung sobre o anima e o animus, o papel dos arquétipos e o inconsciente coletivo influenciou diretamente filmes como 8 1⁄2 (1962), Julieta dos Espíritos (1965), Fellini Satyricon (1969), Casanova de Fellini (1976) e Cidade das Mulheres (1980)”, comenta o curador.

Federico Fellini morreu em Roma, em 31 de outubro de 1993, ao 73 anos, de ataque cardíaco, um dia depois da celebração dos 50 anos de casamento com Giulietta Masina. O funeral, no Estúdio 5 da Cinecittà, seu favorito, atraiu 70 mil pessoas. Cinco meses depois, Giulietta faleceu de câncer no pulmão. Fellini, Masina e o filho Pier Federico estão enterrados na entrada principal do cemitério de Rimini.

Confira a lista completa com os filmes que serão exibidos:

A Voz da Lua (La voce della luna) (Itália/França, 1990)
Entrevista (Intervista) (Itália, 1987)
Ginger e Fred (Itália/França/Alemanha Ocidental, 1986)
E la Nave Va (Itália/França, 1983)
Cidade das Mulheres (La città delle donne) (Itália/França, 1980)
Ensaio de Orquestra (Prova d’orchestra) (Itália/Alemanha Ocidental, 1978)
Casanova de Fellini (Il Casanova di Federico Fellini) (Itália, 1976)
Amarcord (Itália/França, 1973)
Roma de Fellini (Roma) (Itália/França, 1972)
I Clowns (Itália/França/Alemanha Ocidental, 1970)
Satyricon de Fellini (Fellini – Satyricon) (Itália, 1969)
Fellini: A Director`s Notebook (Itália, 1969)
Histórias Extraordinárias (Histoires extraordinaires) (França/Itália, 1965)
Julieta dos Espíritos (Giulietta degli spiriti) (Itália/França, 1965)
(Itália/França, 1963)
Boccacio 70 (Itália/França, 1962)
A Doce Vida (La dolce vita) (Itália/França, 1960)
Noites de Cabíria (Le notti di Cabiria) (Itália/França, 1957)
A Trapaça (Il bidone) (Itália/França, 1955)
A Estrada da Vida (La strada) (Itália, 1954)
Os Boas-Vidas (I vitelloni) (Itália/França, 1953)
Amores na Cidade (L’amore in città) (Itália, 1953)
Abismo de Um Sonho (Lo sceicco bianco) (Itália, 1952)
Mulheres e Luzes (Luci del varietà) (Itália, 1950)

A programação do CCBB São Paulo ainda oferece outras atividades gratuitas: um debate, dia 12/3 com a presença dos críticos Neusa Barbosa e Felipe Furtado, um curso de três dias (16, 18 e 19/3) ministrado por Felipe Furtado, e um super livro-catálogo de mais de 400 páginas com artigos críticos, ensaios, entrevistas, filmografia, fotos etc. Para ganhar o catálogo, basta juntar cinco ingressos de sessões da mostra. As inscrições para o curso devem ser feitas pelo e-mail cursofellinisp@gmail.com.

Datas: CCBB São Paulo – 26/02 a 23/03 e CineSesc – 12/03 a 18/03.

Após passagem pelo Rio de Janeiro, a mostra fica em cartaz até 23 de março em São Paulo e segue para o CCBB Brasília (de 24/03 a 19/04).

Fotos: Divulgação/Cineteca di Bologna/Rialto Pictures.

Confira o trailer de Nóis por Nóis, de Aly Muritiba e Jandir Santin, que estreia no dia 12 de março

por: Cinevitor

noispornoistrailerOs atores Matheus Correa e Luiz Bertazzo em cena.

Nóis por Nóis acompanha a vida de jovens da Vila Sabará, comunidade da periferia de Curitiba que têm seus destinos selados após uma festa. Dirigido pela dupla Aly Muritiba e Jandir Santin, o longa trabalha com atores naturais e traz no casting jovens da cidade que pertencem ao movimento negro e do rap.

“Fizemos um amplo processo de casting e depois de preparação com a molecada do rap e do movimento negro da cidade, que junto com atores e atrizes profissionais nos ajudaram a dar forma ao roteiro”, disse Muritiba.

A ideia de fazer um filme com jovens da periferia, mais especificamente da Vila Sabará, a maior ocupação urbana da cidade de Curitiba e que tem um longo histórico de luta, partiu do Jandir Santin, que atuava como educador na comunidade trabalhando com audiovisual. Como Aly Muritiba já realizava um cinema político e tinha alguma experiência com atores naturais, ele fez o convite para Muritiba pensar e escrever a história com ele. A ideia original era retratar o cotidiano de meninas e meninos que tentam sobreviver e criar naquele ambiente adverso.

Depois de falar sobre bullying virtual e no universo jovem com Ferrugem, Muritiba revisita esse universo com Nóis por Nóis, mas com diferentes abordagens: “As questões que atravessam os jovens periféricos são de outra natureza, são mais urgentes e diretas, menos existencialistas e mais de natureza da existência física mesmo. O simples fato de estar no mundo, de se locomover nas ruas, já constitui uma situação de insegurança quando se é preto, pardo ou mina. Então era importante em Nóis por Nóis dar a ver esta situação, mas não apenas como diagnóstico, mas apontando caminhos de resistência também. É por isso que neste filme os corpos estão nas ruas, ocupando e reivindicando o direito à existência. Em Ferrugem, os corpos juvenis estão nos condomínios, nas escolas, atrás de muros. Aqui não”, explica Muritiba.

O longa conta com Ma Ry, Matheus Moura, Maicon Douglas, Otávio Linhares, Luiz Bertazzo, Matheus Correa, Stephanie Fernandes, Felipe Shat, Sol do Rosário, Patrícia Savary, Marcos Tonial e Regina Célia Razzolini no elenco.

Confira o trailer de Nóis por Nóis, que estreia no dia 12 de março:

Foto: Divulgação/Olhar Distribuição.

Morre, aos 83 anos, José Mojica Marins, o Zé do Caixão

por: Cinevitor

morrezedocaixaoPioneiro do cinema de horror no Brasil.

Morreu nesta quarta-feira, 19/02, aos 83 anos, o diretor, roteirista e ator José Mojica Marins, conhecido como Zé do Caixão. O mestre do terror brasileiro estava internado desde o final de janeiro e faleceu por conta de uma broncopneumonia, em São Paulo. A morte foi confirmada pela filha, a atriz Liz Marins.

Filho de artistas circenses, Mojica mostrou interesse pela sétima arte ainda na infância quando assistia aos filmes na sala de projeção de um cinema que seu pai trabalhava, na Vila Anastácio. Aos 12 anos, ganhou uma câmera e realizou diversos filmes caseiros. Além disso, montou uma escola de interpretação para os amigos e, aos 17 anos, fundou a Companhia Cinematográfica Atlas.

Em 1950, dirigiu, escreveu e atuou em seu primeiro filme, o curta-metragem Reino Sangrento. Oito anos depois, realizou seu primeiro longa-metragem, o faroeste A Sina do Aventureiro, no qual também atuou. Na sequência vieram: o curta Sentença de Deus, que passou por diversas dificuldades de produção, e o longa Meu Destino em Tuas Mãos, lançado em 1963.

Foi em 1964 que ganhou grande destaque ao lançar À Meia Noite Levarei Sua Alma, filme em que seu personagem mais famoso, o Zé do Caixão, apareceu pela primeira vez. Depois disso, o temido agente funerário apareceu em diversas produções, como: Esta Noite Encarnarei no Teu Cadáver, Quando os Deuses Adormecem, Exorcismo Negro, A Estranha Hospedaria dos Prazeres, A Encarnação do Demônio, entre outros.

mojicafilmeEm cena do filme À Meia Noite Levarei Sua Alma, de 1964.

Em 2016, Mojica foi homenageado na 44ª edição do Festival de Cinema de Gramado com o Troféu Eduardo Abelin. Porém, por determinação médica, teve que cancelar sua ida à serra gaúcha e foi representado pela filha, a atriz e cineasta Liz Marins, também conhecida como Liz Vamp. A homenagem celebrou mais do que o inegável legado ao gênero do horror que Marins ajudou a construir e consolidar no Brasil com seu eterno personagem Zé do Caixão, mas também reverenciou seu talento como diretor, roteirista e produtor. Clique aqui e assista aos melhores momentos da homenagem.

Em 2015, na Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, recebeu o Prêmio Leon Cakoff. Em 2000, foi homenageado pelo conjunto da obra no Fantasporto, Festival Internacional de Cinema Fantástico do Porto, em Portugal. No Festival Paulínia de Cinema, em 2008, seu longa Encarnação do Demônio foi premiado como melhor filme pelo júri e pela crítica. No Festival Sesc Melhores Filmes, em 2009, o terror foi escolhido pelo público como melhor filme e melhor direção. Também foi consagrado no Fant-Asia Film Festival, Catalonian International Film Festival, entre outros.

José Mojica também fez sucesso na TV: na década de 1960 apresentou o Cine Trash, na Rede Bandeirantes. Em 2008, o programa O Estranho Mundo de Zé do Caixão foi lançado no Canal Brasil e rendeu sete temporadas. Além disso, sua vida foi retratada na série Zé do Caixão, exibida no canal Space, na qual o ator Matheus Nachtergaele interpretou o cineasta. Em 2011, foi homenageado pela escola de samba Unidos da Tijuca, no carnaval carioca.

zecaixaogramado

Considerado o mestre do horror brasileiro, desbravou o gênero com muita sátira e provocação, como em À Meia Noite Levarei Sua Alma, que chocou a moral da época ao colocar seu icônico personagem comendo carne crua em plena sexta-feira santa. Sua obra também ganhou muito destaque na Europa e nos Estados Unidos.

O cineasta paulistano, que marcou a história do cinema brasileiro, deixa uma obra com mais de 40 filmes como diretor e mais de 60 produções como ator, entre curtas e longas de ficção, documentários e séries.

Fotos: Agilberto Lima/Patrícia Cecatti/Divulgação.

De Perto Ela Não é Normal: confira o trailer da comédia protagonizada por Suzana Pires

por: Cinevitor

suzyangelicatrailerAngélica e Suzana Pires em cena.

Com direção de Cininha de Paula, de Crô em Família e Duas de Mim, a comédia De Perto Ela Não é Normal, protagonizada por Suzana Pires, chega aos cinemas no dia 2 de abril. O filme é uma adaptação do monólogo da atriz, que rodou os palcos de todo o país levando mais de 500 mil pessoas ao teatro.

Na trama, Suzana interpreta três personagens e o longa conta também com um elenco estrelado: Angélica, Ivete Sangalo, Marcelo Serrado, Samantha Schmütz, Henri Castelli, Gaby Amarantos, entre outros grandes atores. O roteiro é da própria Suzana (que foi coautora, ao lado de Walter Negrão, de novelas como Sol Nascente e Flor do Caribe), que escreve pela primeira vez para o cinema, em parceria com Martha Mendonça e Renato Santos.

De forma leve, divertida e irreverente, Suzana Pires interpreta Suzie, Neide e Tia Suely, três faces femininas de uma mesma família. Suzie é o alter ego que a própria Suzana interpreta. Uma mulher madura, de 40 e poucos anos, casada e com duas filhas crescidas, que segue exatamente a vida tradicional que a sua mãe acreditava ser a correta. Esposa de seu amigo de infância, Pedrinho, um homem preguiçoso e sem muita opinião própria, Suzie ainda tem que lidar com Dora, uma sogra rabugenta, que faz da vida dela um verdadeiro inferno. Sentindo-se infeliz e pressionada por tudo e por todos, ela não consegue mais se enxergar como a menina sensível e criativa que foi na infância. Quando reencontra sua Tia Suely, uma mulher livre e decidida, ela resolve dar uma guinada na vida e ir em busca de si mesma.

E mais: na trama, Samantha Schmütz interpreta Naninha, a amiga de academia que tenta fazer Suzie emagrecer e ficar sarada de forma não convencionais; Ivete Sangalo é Dayse Aparecida, uma hilária professora de filosofia da faculdade de Direito; Angélica volta às telonas após 11 anos para interpretar Rebeca, amiga de infância de Suzie, casada com JP, interpretado por Izak Dahora.

Já a cantora Gaby Amarantos faz sua estreia nas telonas no papel de Maria Pia, uma advogada empoderada e bem-sucedida, que oferece o primeiro trabalho na área para a protagonista; Henri Castelli, também estreante nos cinemas, interpreta um Deus grego, ou quase isso, e faz par romântico com a protagonista, que também se envolve com os personagens de Ricardo Pereira e Otaviano Costa. Cristina Pereira interpreta Dora, a sogra rabugenta de Suzie e Jane Di Castro é Geralda Maltêz, chefe de departamento no INSS. O longa-metragem conta ainda com Maria Clara Gueiros, Heloisa Perissé, Marcos Caruso, Maria Clara Spinelli, Anna Lima, Sarajane, Tulio Schuelter, João Bravo e uma participação especial do Orlando Drummond, o eterno Seu Peru, da Escolinha do Professor Raimundo.

O filme é a primeira produção brasileira a contar com a cláusula de inclusão (inclusion rider), que ficou mundialmente conhecida após o discurso de agradecimento da atriz Frances McDormand no Oscar 2018. A cláusula exige um nível de diversidade tanto na construção dos personagens, quanto na escalação de elenco e equipe técnica.

Assista ao trailer da comédia De Perto Ela Não é Normal:

Foto: Ellen Soares.

Entrevista: cineasta Dea Ferraz fala sobre Modo de Produção, documentário sobre um sindicato de trabalhadores rurais em Pernambuco

por: Cinevitor

modo2Trabalhadores rurais são destacados no filme.

No documentário Modo de Produção, que chega aos cinemas nesta quinta-feira, 13/02, o protagonismo cabe a um sindicato de trabalhadores rurais em uma pequena cidade pernambucana. Com direção de Dea Ferraz, o filme analisa os elos entre Capital, Estado e Justiça.

Todo dia, trabalhadores e trabalhadoras, de existências marcadas pela indústria canavieira, vão ao sindicato para tratar com os advogados sobre direitos, deveres, perspectivas de aposentadorias e demissões. E assim parecem cada vez mais enredados nas complexas relações entre Capital, Estado e Justiça. Nessa perspectiva, qual é o papel de um sindicato quando uma massa de trabalhadores segue à mercê de mecanismos burocráticos?

Modo de Produção faz do Sindicato de Trabalhadores Rurais de Ipojuca, Canela e Nossa Senhora do Ó, a cerca de 60 km do Recife, seu personagem central. Um lugar por onde passa, a cada dia, uma massa de trabalhadores rurais, de vidas talhadas pela cana. Aposentadorias, demissões, vínculos laborais e um suposto desenvolvimento econômico-social que se avizinha como uma miragem distante ou, quem sabe, fantasma: o Porto de Suape.

Dirigido pela realizadora pernambucana Dea Ferraz, dos documentários Câmara de Espelhos, de 2016, e Mateus, de 2019, o filme foi rodado em 2013, montado em 2016 e exibido pela primeira vez em janeiro de 2017, na Mostra de Cinema de Tiradentes. Passou ainda no 6º Olhar de Cinema, na mostra Esses corpos indóceis do 50º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, ForumDoc.BH e no 10º Janela Internacional de Cinema do Recife.

Para falar mais sobre Modo de Produção, entrevistamos a diretora Dea Ferraz por e-mail. Confira:

Como surgiu a ideia de realizar esse documentário?

A ideia nasce em 2012, a partir de uma provocação de dois amigos, pesquisadores e jornalistas, Laercio Portela e Cesar Rocha. Na época, andávamos a conversar sobre os impactos de Suape na Região e no Estado, e na forma equivocada com que a mídia hegemônica exaltava o Porto como sendo o oásis do desenvolvimento brasileiro. Já naquela época queríamos pensar sobre essa escolha de desenvolvimento socioeconômico implantado pelos governos Lula/Dilma. Queríamos pensar sobre os impactos ambientais, sociais e humanos que o Porto provocava. E queríamos pensar sobre isso a partir do ponto de vista dos trabalhadores e trabalhadoras da região, majoritariamente pessoas que estavam nas usinas de cana de açúcar. Sendo assim, o primeiro contato na pesquisa de campo foi com o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Ipojuca, Gamela e Nossa Senhora do Ó, onde acreditávamos ser possível encontrar nossos personagens.

Acontece que ao entrar no Sindicato e depois de passar alguns dias acompanhando os atendimentos jurídicos, fiquei muito impactada pelo abismo explícito que demonstravam. Para mim, o sindicato, e aquela massa de trabalhadores e trabalhadoras que por ele passavam, dava a ver a brutalidade de um sistema perverso como é o Capitalismo e suas relações de trabalho opressoras. Justiça, Estado e Capital como abismos a serem pensados. O filme, portanto, assumindo um desejo de falar de modos de produção que se desdobram em modos de vida. De fato havia algo na pluralidade dos atendimentos que apontavam para condições de existências. Era o sistema como um todo que se apresentava muito claramente ali. Quando decidi filmar o sindicato, assumi o desejo de apontar para uma máquina de funcionamento que faz das pessoas suas engrenagens. Eu percebi que nos atendimentos essa máquina se apresentava, mas não “só” isso, neles também ouvíamos os relatos da vida de trabalho dessas pessoas. Seus horários, suas rotinas sem folga, sem férias, a dificuldade na relação com os empregadores, a insalubridade. Então esse acabou se tornando o foco do filme e Suape uma miragem distante, quase fantasma, como o plano final do filme.

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É interessante saber que o filme foi rodado em 2013, montado em 2016 e exibido pela primeira vez em 2017, sendo que ele ainda dialoga muito com os dias de hoje. Na sua opinião, como ele reverbera na situação atual do país?

Às vezes penso que a arte carrega um mistério tão profundo… a ponto de falar daquilo que está por vir. De fato, o filme se transformou muito, da sua ideia inicial à final. Em 2017 lançamos Modo de Produção na Mostra Tiradentes e naquele momento o país vivia a ameaça da Reforma Trabalhista, de Temer. Enquanto circulávamos pelos festivais, as propostas eram discutidas no congresso e no Senado. Agora, em 2020, o filme chega às salas de cinema, quando a Reforma já foi aprovada e o Governo Bolsonaro acelera a marcha de degradação do aparato de proteção social dos trabalhadores e trabalhadoras, extinguindo o histórico Ministério do Trabalho e promovendo alterações legislativas, como a Medida Provisória 905, que trata do contrato verde e amarelo, onde há a inédita taxação do seguro-desemprego, destinado aos desempregados e desempregadas.

Então sinto que o filme, de certa forma, acompanha tudo isso. E se em 2013 as condições de trabalho já eram precárias, agora tudo desaba numa brutalidade impressionante. Acho que o cinema, e nesse caso Modo de Produção, tem a capacidade de levantar questões atuais, que reverberam para além das telas, porque provocam o pensamento, a reflexão e a troca, na medida em que nos coloca em contato com as imagens e suas personagens reais. 

É revoltante ver algumas situações retratadas no filme que envolvem burocracias e problemas jurídicos com os personagens, que, muitas vezes, não sabem quais são seus direitos trabalhistas. Ao longo do processo de filmagem, você chegou a procurar os patrões e/ou responsáveis por essas indústrias de cana de açúcar? Se sim, teve alguma resposta? Eles sabiam da existência desse filme?

Durante as filmagens tentamos fazer imagens das lavouras de cana de açúcar, mas não fomos autorizadas. As únicas imagens que conseguimos são as últimas, quando vemos à distância alguns trabalhadores na cana, de um ponto de vista da estrada. Mas mesmo assim, depois de 20 minutos filmando, chegaram seguranças da usina, proibindo a gravação. De toda forma, os patrões não eram o foco. Pra mim sempre esteve muito clara a vontade de fazer ver o funcionamento de um sistema que é violento e opressor.

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“Acho que o cinema, e nesse caso Modo de Produção, tem a capacidade de levantar questões atuais, que reverberam para além das telas, porque provocam o pensamento, a reflexão e a troca, na medida em que nos coloca em contato com as imagens e suas personagens reais”

Como foi a repercussão do filme depois de ser exibido em alguns festivais? Com o público, com os trabalhadores, com os Sindicatos e com os patrões (caso tenham se manifestado)?

Como todo filme, Modo de Produção causa diferentes respostas, e acho que essa é a maior capacidade que a arte tem. Eu não acredito em filmes unânimes ou “perfeitos”, fechados neles mesmos. Acredito em processos, em buscas, em fendas e abismos. Cada filme como parte de um caminho, de uma entrega, de um tempo. Deixar que cada espectador encontre dentro de si as questões que lhe mobilizam e que lhe emocionam diante daquelas imagens. A forma que cada um vê e sente o filme se associa às vivências e histórias que cada um carrega. Nos festivais por onde o filme passou, como na Mostra Tiradentes ou no Olhar de Cinema, os debates foram muito importantes e as pessoas acabam falando muito sobre as próprias condições de trabalho, mesmo que sejam trabalhos na cidade. Para alguns, há uma identificação com a condição de vulnerabilidade do trabalho, que é tão forte hoje. Algumas pessoas se incomodam com o fato do filme não entrar na vida individual de cada trabalhador, mas acho que aí seria outro filme, com outros desejos. Também há quem se incomode com a temporalidade dilatada dos atendimentos, a repetição das situações. Mas esse é o cerne do filme: estar com os trabalhadores e as trabalhadoras, permanecer com eles e elas, na repetição de modelos históricos, para, quem sabe, dar a ver o Sistema.

Também exibi o filme em sindicatos e nesses espaços a reflexão passa não só pela identificação com as personagens, mas também por uma auto crítica ou auto reflexão. Foram sessões bonitas de viver. E depois das salas de cinema, estamos planejando uma distribuição pelo Estado de Pernambuco, em sindicatos, universidades e coletivos. Vamos ver agora, em 2020, o que o filme vai causar.

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O filme chega aos cinemas nesta semana, qual sua expectativa em relação ao público (não na questão de bilheteria e sim de reação)? Como você espera que ele dialogue com os espectadores?

Esse é sempre o momento mais difícil pra mim. A gente nunca sabe como o público vai se relacionar com o filme. Não há como prever e aí está, mais uma vez, o belo mistério da arte. É como disse antes, cada um deve sentir de um jeito muito específico. Mas claro que as expectativas se formam e o desejo é de que o filme seja capaz de despertar uma emoção, uma relação, um pensamento, algo que leve o espectador para dentro de si a partir da imagem que se apresenta. Exercício de alteridade e de relação. No caso de Modo de produção, uma relação de empatia com todos aqueles rostos que atravessam o sindicato e a tela. Que o filme, com toda sua claustrofobia, seja um instrumento por onde a vida escape, por onde a arte nos atravesse e por onde possamos ver o mundo que vivemos, para só então imaginar outros mundos.


Com distribuição da Inquieta Cine, Modo de Produção estreia no Recife e Triunfo, em Pernambuco; Aracaju (SE), São Luís (MA), Salvador (BA), São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Belo Horizonte (MG), Brasília (DF) e Porto Alegre (RS).

Entrevista e edição: Vitor Búrigo
Fotos: Divulgação/Leo Lara, Universo Produção.