Equipe reunida na coletiva de imprensa.
O filme Boa Sorte, dirigido por Carolina Jabor, que chega aos cinemas brasileiros no dia 20 de novembro, é uma adaptação do conto Frontal com Fanta, de Jorge Furtado, e se passa em uma clínica para dependentes químicos. A história mostra o envolvimento entre Judite (Deborah Secco), uma jovem soropositiva, e João (João Pedro Zappa), um garoto viciado em um remédio ansiolítico.
Na manhã de terça-feira, 05/11, o longa foi exibido para a imprensa, em São Paulo. Depois, integrantes da equipe e do elenco participaram de uma coletiva.
O roteirista Jorge Furtado falou sobre sua parceria com o filho Pedro, que também assina o roteiro do filme: “Chamei o Pedro para escrever o filme comigo porque eu precisava de uma visão mais jovem. Foi ótimo trabalhar com o Pedro porque ele fez várias coisas que eu não tinha feito, como ir nas clínicas e estudar a relação deles com o paciente. Ele deu uma vida nova ao roteiro. Depois, quando eu vi o filme, fiquei espantado, porque quando você escreve, tem um monte de coisa que você não imagina. Achei fantástico o resultado”. Jorge também elogiou o trabalho da diretora: “Eu não queria que esse filme fosse igual aos outros. Queria que esse filme fosse diferente. Quando a Carolina se interessou pelo filme, eu tive a certeza que ela faria algo muito melhor do que eu, porque ela chegou com uma visão nova, uma visão feminina”.
Pedro Furtado contou um pouco sobre o processo de adaptação do conto: “Como é um conto pequeno, tinha a questão de como esticar a história e transformar em um filme de uma hora e meia. Quebramos muito a cabeça, porque o conto tem várias mudanças de tempo. A pesquisa foi muito importante. Eu visitei umas clínicas e alguns diálogos que eu ouvi por lá, entraram no filme”.
Os roteiristas Pedro e Jorge Furtado com a diretora Carolina Jabor.
A diretora Carolina Jabor falou sobre seu envolvimento com o roteiro e de seu processo de criação para transformar a história em filme: “Foi muito prazeroso esse processo de roteiro, essa adaptação do conto. Eu me preocupei em ler e estudar o roteiro para compreender a história que eu iria contar. Quando decidi que tinha que contar de forma realista, procurei usar uma linguagem sincera. A princípio, a história soa dramática, mas há uma leveza em tratar desse assunto. Procuramos trazer para o filme a delicadeza que havia na história. Quando eu li o conto, eu vi que, acima de tudo, existia uma história de amor pouco provável”.
Os roteiristas também falaram sobre a questão das drogas, que é abordada no filme: “Esse assunto é sempre perigoso, porque a gente tende a achar que a loucura é uma coisa bacana e não é só bacana, também é sofrida. A doença é um negócio difícil”, disse Jorge. “Essa coisa das drogas lícitas e ilícitas, chama a atenção no filme. Hoje em dia, as pessoas estão usando muitos remédios, trocam uma droga por outra e estão sempre anestesiados”, falou Pedro.
Elenco em sintonia: Deborah Secco e João Pedro Zappa.
Deborah Secco, protagonista do longa, revelou que sempre quis interpretar a personagem Judite, desde quando leu o conto pela primeira vez: “Zona de conforto, de fato, não é o meu lugar e o que me seduziu nessa personagem foi o fato de ela ser o oposto do que eu sou. Minha vida mudou completamente depois que eu conheci a Judite. Ela me ensinou o poder do agora, do hoje, da verdade. Foi uma descoberta libertadora”. E completou: “A Judite me tirou o chão porque ela é uma personagem antagônica. Valeu muito a pena”.
João Pedro Zappa, que interpreta o jovem viciado em um remédio ansiolítico, falou sobre atuar ao lado de Deborah Secco e também sobre a preparação para o personagem: “A nossa cumplicidade começou com um olhar e com um abraço. A química se deu a partir disso. Tivemos uma preparação muito forte e nossa intimidade foi trabalhada energeticamente”. João também falou sobre seu personagem: “Fiquei fascinado com a história do personagem e com a possibilidade de interpretar alguém tão diferente e tão interessante”.
A diretora Carolina Jabor ao lado da atriz Deborah Secco.
Além de elogiar o trabalho dos protagonistas, Carolina também falou sobre a participação de Fernanda Montenegro no longa: “A Fernanda é uma rainha. Eu nunca vi nada igual. É de uma generosidade, genialidade, delicadeza, de uma entrega. Só tenho a agradecer”. Outra que rendeu elogios da diretora foi a atriz Cassia Kis Magro, que interpreta a dona da clínica onde se passa o filme: “Eu queria muito que a Cassia fizesse esse papel e dois dias depois de receber o roteiro, ela me ligou dizendo que achou maravilhoso. Ela veio pelo roteiro. A força de uma história conquista elenco”. Jorge Furtado também elogiou a atriz: “Ela humanizou o personagem, não fez uma coisa piegas”.
Ao final da coletiva, Carolina falou sobre a expectativa em relação à reação do público: “O orçamento é baixo, mas feito com muito amor. É um filme que não é feito com muitas fórmulas, mas é feito com emoção. Se a gente conseguir emocionar ou gerar uma reflexão e as pessoas forem se comovendo com o filme já é um saldo bem positivo”. Jorge Furtado finalizou: “Esse filme é uma história de pessoas e que esse cinema humanista continue existindo”.
Boa Sorte entra em cartaz no dia 20 de novembro. Confira o trailer:
Fotos e texto: Vitor Búrigo.