Oscar 2022: Will Smith renuncia à Academia

por: Cinevitor
O vencedor do Oscar renunciou à Academia.

Depois de ter sido notificado pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas sobre um processo disciplinar por conta de seu comportamento na cerimônia da 94ª edição do Oscar, Will Smith resolveu deixar a organização voluntariamente.

O vencedor do Oscar de melhor ator por King Richard: Criando Campeãs divulgou um comunicado oficial sobre sua renúncia à Academia: “Respondi diretamente ao aviso de audiência disciplinar da Academia e aceitarei integralmente todas e quaisquer consequências por minha conduta. Minhas ações na apresentação do 94º Oscar foram chocantes, dolorosas e imperdoáveis. A lista daqueles que machuquei é longa e inclui Chris, sua família, muitos dos meus queridos amigos e entes queridos, todos os presentes e o público em casa. Eu traí a confiança da Academia. Privei outros indicados e vencedores de sua oportunidade de celebrar e ser celebrado por seu trabalho extraordinário. Estou de coração partido. Quero colocar o foco de volta naqueles que merecem atenção por suas realizações e permitir que a Academia volte ao incrível trabalho que faz para apoiar a criatividade e a arte no cinema. Portanto, estou me demitindo da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas e aceitarei quaisquer outras consequências que o Conselho considerar apropriadas. A mudança leva tempo e estou empenhado em fazer o trabalho para garantir que nunca mais a violência ultrapasse a razão”.

Depois disso, a Academia também se pronunciou sobre o pedido de desligamento do ator: “Recebemos e aceitamos a renúncia imediata do Sr. Will Smith da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas. Continuaremos a avançar com nossos processos disciplinares contra o Sr. Smith por violações dos padrões de conduta da Academia, antes de nossa próxima reunião do conselho agendada para 18 de abril”, disse o presidente da AMPAS, David Rubin.

Como tudo começou: no domingo, 27/03, ao subir no palco do Oscar 2022 para apresentar a categoria de melhor documentário, Chris Rock fez uma piada com Jada Pinkett Smith, esposa de Will, sugerindo que ela fizesse uma continuação de Até o Limite da Honra, filme no qual Demi Moore aparece de cabelo raspado. Só que Jada tem uma doença autoimune chamada alopecia, que provoca queda de cabelo. Revoltado com o comentário, Smith levantou da cadeira, foi até o palco e estapeou o comediante.

O clima tenso no Dolby Theatre seguiu quando Will voltou para seu lugar e começou a gritar com Rock: “Mantenha o nome da minha esposa fora da sua boca”. Alguns minutos depois, Smith foi eleito o melhor ator por seu trabalho em King Richard: Criando Campeãs. Visivelmente tenso e nervoso, fez um discurso falando sobre defender a família, amor e se comparou ao personagem que interpretou, Richard Williams, pai das tenistas Venus e Serena: “Virei um pai maluco, um protetor feroz da família. O amor faz você fazer coisas loucas. Estou sendo chamado em minha vida para amar as pessoas e protegê-las”.

Ainda durante sua fala, citou o que Denzel Washington falou para ele nos bastidores depois do ocorrido: “No seu momento mais alto, tenha cuidado. É quando o diabo vem para você”. E finalizou, sorrindo: “Espero que a Academia me convide de novo”.

Por conta da polêmica, especialistas da indústria começaram a cogitar a possibilidade de Will Smith ter que devolver sua estatueta devido sua atitude no palco, já que a Academia possui diretrizes rígidas em seu código de conduta, entre elas, “promover ambientes de apoio e respeito pela dignidade humana”. Segundo informações divulgadas pela Variety, o Departamento de Polícia de Los Angeles confirmou que Chris Rock se recusou a registrar um boletim de ocorrência: “Entidades investigativas da LAPD estão cientes de um incidente entre dois indivíduos durante o programa do Oscar. O incidente envolveu um indivíduo batendo em outro. O indivíduo envolvido se recusou a registrar um boletim de ocorrência. Se a parte envolvida desejar um relatório policial em uma data posterior, a LAPD estará disponível para concluir um relatório investigativo”, disse o comunicado oficial.

O momento do tapa durante a cerimônia.

Depois da confusão e do momento desconfortável causado ao vivo, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas divulgou um comunicado oficial: “A Academia não tolera violência de qualquer forma. Nesta noite temos o prazer de celebrar nossos vencedores do 94º Oscar, que merecem este momento de reconhecimento de seus colegas e amantes do cinema em todo o mundo”.

Na quarta-feira, 30/03, a Academia anunciou que tinha iniciado um processo disciplinar contra Will Smith por seu comportamento na cerimônia de premiação. A reunião virtual contou com mais de cinquenta conselheiros, entre eles, Steven Spielberg, Ava DuVernay e Rita Wilson.

Segundo o comunicado oficial, Smith foi convidado a deixar o local depois do ocorrido, mas se recusou. As ações do ator (incluindo contato físico inadequado, comportamento abusivo ou ameaçador e comprometimento da integridade da Academia) violaram o código de conduta da organização e, com isso, o vencedor do Oscar poderá enfrentar suspensão, expulsão ou outras sanções; a decisão será tomada na próxima reunião, que acontecerá no dia 18 de abril.

Por conta do ocorrido, Smith recebeu o aviso do processo disciplinar com pelo menos 15 dias de antecedência sobre suas violações e sanções, e terá a oportunidade de ser ouvido antecipadamente por meio de uma resposta por escrito. Um dia depois da premiação, o ator postou um pedido de desculpas em suas redes sociais: “A violência em todas as suas formas é venenosa e destrutiva. Meu comportamento no Oscar foi inaceitável e imperdoável”.

Segundo informações divulgadas pela imprensa internacional, Will Smith teria participado de uma reunião com Rubin e Dawn Hudson, da Academia, antes mesmo de tomar sua decisão e do encontro virtual dos conselheiros. Mesmo depois da renúncia, a reunião segue confirmada para o dia 18 de abril para encerrar o caso e anunciar as medidas em relação ao ocorrido.

Membro da Academia desde 2001, Smith foi indicado pela primeira vez em 2002 por seu trabalho em Ali, cinebiografia do pugilista Muhammad Ali; em 2007 recebeu sua segunda indicação pelo drama À Procura da Felicidade. Vale destacar que a renúncia não impede o ator de ser indicado outras vezes, mas, a partir de agora, ele não participará mais do processo de votação do Oscar e nem de outras atividades paralelas da Academia.

Fotos: Blaine Ohigashi/A.M.P.A.S. e Robyn Beck/Getty Images.

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