Festival de Berlim 2020: Todos os Mortos, de Caetano Gotardo e Marco Dutra, está na disputa pelo Urso de Ouro

por: Cinevitor

todosmortosberlimMawusi Tulani e Agyei Augusto em Todos os Mortos.

A 70ª edição do Festival de Berlim, que acontecerá entre os dias 20 de fevereiro e 1º de março, acaba de anunciar os filmes selecionados para a Competição, que disputarão o cobiçado Urso de Ouro, prêmio máximo do evento. Neste ano, o ator britânico Jeremy Irons comandará o júri e a atriz Helen Mirren será homenageada com o Urso de Ouro honorário.

Em comunicado oficial, Carlo Chatrian, diretor artístico da Berlinale, disse: “Os filmes da Competição contam histórias íntimas e impressionantes, individuais e coletivas, que têm um efeito duradouro e ganham impacto com a interação com o público. Se houver predominância de tons escuros, isso pode ser porque os filmes que selecionamos tendem a olhar para o presente sem ilusão, não para causar medo, mas porque querem abrir nossos olhos. A confiança que o cinema deposita na humanidade, esses seres manipuladores, sofridos e maltratados, é ininterrupta; tão ininterrupta que os vê consistentemente como seus protagonistas”.

Entre os dezoito filmes selecionados, vale destacar a presença do brasileiro Todos os Mortos, de Caetano Gotardo e Marco Dutra. No longa, ambientado em São Paulo entre 1899 e 1900, duas famílias, uma branca, os Soares, e outra negra, os Nascimento, guiam a trama, que se passa onze anos após o fim do período escravista; passado recente que ainda mantém os decadentes Soares presos à ideia de superioridade e posse.

A história é conduzida pelas mulheres das famílias, interpretadas por Mawusi Tulani, Clarissa Kiste, Carolina Bianchi e Thaia Perez. O jovem Agyei Augusto é um dos protagonistas do filme, que também tem participações especiais da cantora Alaíde Costa, da atriz portuguesa Leonor Silveira, Thomás Aquino, Rogério Brito, Andrea Marquee e Gilda Nomacce. A trilha sonora é composta por Salloma Salomão, músico, historiador e educador com profunda pesquisa no cruzamento entre a música brasileira e as tradições da cultura e da música africanas. Assinam a produção: Sara Silveira e Maria Ionescu, da Dezenove Som e Imagens, e Clément Duboin e Florence Cohen, da Good Fortune Films.

A sinopse diz: na São Paulo de 1899, os fantasmas do passado ainda caminham entre os vivos. As mulheres da família Soares, antigas proprietárias de terra, tentam se agarrar ao que resta de seus privilégios. Para Iná Nascimento, que viveu muito tempo escravizada, a luta para reunir seus entes queridos em um mundo hostil a conduz a um questionamento de suas próprias vontades. Entre o passado conturbado do Brasil e seu presente fraturado, essas mulheres tentam construir um futuro próprio.

O festival também anunciou novos filmes da mostra Berlinale Special: “Esta seção fornece uma plataforma para filmes que cativam um grande público. Nós os chamamos de imagens em movimento porque movem o público com sua expressividade e seus artistas brilhantes e corajosos. As estreias de gala cumprem o desejo pelas estrelas, brilho e glamour que fazem parte de todos os grandes festivais. A Berlinale Special se apresenta como um fórum de debate e discussão e constrói pontes entre o público e o cinema”, disse Carlo Chatrian.

Confira os novos filmes selecionados para o Festival de Berlim 2020:

COMPETIÇÃO

Berlin Alexanderplatz, de Burhan Qurbani (Alemanha/Holanda)
DAU. Natasha, de Ilya Khrzhanovskiy e Jekaterina Oertel (Alemanha/Ucrânia/Reino Unido/Rússia)
Domangchin yeoja (The Woman Who Ran), de Hong Sang-soo (Coreia do Sul)
Effacer l’historique (Delete History), de Benoît Delépine e Gustave Kervern (França/Bélgica)
El prófugo (The Intruder), de Natalia Meta (Argentina/México)
Favolacce (Bad Tales), de Damiano e Fabio D’Innocenzo (Itália/Suíça)
First Cow, de Kelly Reichardt (EUA)
Irradiés (Irradiated), de Rithy Panh (França/Camboja)
Le sel des larmes (The Salt of Tears), de Philippe Garrel (França/Suíça)
Never Rarely Sometimes Always, de Eliza Hittman (EUA)
Rizi (Days), de Tsai Ming-Liang (Taiwan)
The Roads Not Taken, de Sally Potter (Reino Unido)
Schwesterlein (My Little Sister), de Stéphanie Chuat e Véronique Reymond (Suíça)
Sheytan vojud nadarad (There Is No Evil), de Mohammad Rasoulof (Alemanha/República Checa/Irã)
Siberia, de Abel Ferrara (Itália/Alemanha/México)
Todos os Mortos (All the Dead Ones), de Caetano Gotardo e Marco Dutra (Brasil/França)
Undine, de Christian Petzold (Alemanha/França)
Volevo nascondermi (Hidden Away), de Giorgio Diritti (Itália)

BERLINALE SPECIAL GALA

Onward, de Dan Scanlon (EUA)
Curveball, de Johannes Naber (Alemanha)
DAU. Degeneratsia (DAU. Degeneration), de Ilya Khrzhanovskiy e Ilya Permyakov (Alemanha/Ucrânia/Reino Unido/Rússia)
Speer Goes to Hollywood, de Vanessa Lapa (Israel)

Foto: Hélène Louvart.

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