O filme reacende a força feminina do início do século XX.
O cineasta carioca Alex Levy-Heller assina a direção de Jovens Polacas, longa que conta uma história forte e polêmica, que até hoje é cercada de tabus: a das jovens mulheres, judias e pobres do Leste Europeu, que no início do século passado eram trazidas ao Brasil sob a promessa de uma vida melhor, mas, na verdade, eram exploradas em meretrício.
Com distribuição da Pipa Produções, o filme traça de forma lúdica um retrato da vida à qual eram submetidas estas estrangeiras, traficadas para a prostituição no Rio de Janeiro. Na época, eram conhecidas como Polacas apesar de terem vindo de diversos países da Europa. “Minha intenção sempre foi retratá-las de forma poética. Para isso, busquei inspirações em pinturas, obras de arte e fotografias reais destas mulheres”, resume o diretor.
Livremente adaptado do livro homônimo de Esther Largman, o longa ilustra as memórias quase apagadas de Mira, papel de Jacqueline Laurence, filha de uma Polaca que passou parte da primeira infância num Lupanar, vendo sua mãe e as outras mulheres, a quem chamava de tias, sendo exploradas sexualmente pelos cafetões.
Em busca de detalhes para sua tese de doutorado, o jornalista Ricardo, vivido por Emilio Orciollo Netto, traz à tona as dificuldades destas mulheres desde sua chegada até o fim de suas vidas. Renegadas pela própria comunidade judaica foram obrigadas a construir sua própria sinagoga e seu próprio cemitério, conhecido como Cemitério das Polacas, localizado em Inhaúma, onde a produção foi autorizada a rodar trechos do filme. O local, que ficou por anos abandonado, foi tombado pela Prefeitura do Rio e, hoje, é mantido pela sociedade comunal israelita.
O filme traz referências estéticas das obras de artes de Henry Asencio, Jan Saudek, Henri Lebasque, Matisse, entre outros. No elenco também estão Berta Loran, Flávio Migliaccio e Lorena Castanheira.
Confira o trailer de Jovens Polacas:
Foto: Divulgação/Afinal Filmes.