Zeffirelli: carreira de sucesso nas telonas, na TV e na ópera.
Morreu, na manhã deste sábado, 15/06, aos 96 anos, o cineasta italiano Franco Zeffirelli. Segundo informações divulgadas pela imprensa internacional, o diretor morreu na sua casa, em Roma, depois de uma longa doença que piorou nos últimos meses.
Nascido em Florença, na Itália, Gianfranco Corsi Zeffirelli inicialmente estudou arquitetura, mas depois de ver Henrique V, de Laurence Olivier, em 1944, se inspirou para começar uma carreira no teatro. Em 1945, começou a trabalhar como cenógrafo no Teatro della Pergola, em Florença, e concentrou-se nessa área entre os anos de 1950 e 1960.
Em 1948, foi assistente de direção de Luchino Visconti, com quem teve um relacionamento, no drama A Terra Treme. Depois disso, trabalhou com outros diretores, até realizar seu primeiro longa-metragem: a comédia Weekend de Amor, em 1958, com Marisa Allasio e Nino Manfredi. Logo, em 1967, ganhou destaque com A Megera Domada, adaptação de William Shakespeare e protagonizada por Elizabeth Taylor e Richard Burton. O longa recebeu duas indicações ao Oscar: melhor direção de arte e melhor figurino. Também foi indicado ao Globo de Ouro, BAFTA e premiado pela National Board of Review.
O grande reconhecimento veio em 1968 com outra adaptação de Shakespeare: Romeu e Julieta. O longa, protagonizado por Leonard Whiting e Olivia Hussey, até então desconhecidos, recebeu duas estatuetas douradas no Oscar: melhor fotografia, para Pasqualino De Santis, e melhor figurino, para Danilo Donati. Também foi indicado nas categorias de melhor direção e melhor filme. Foi premiado no Globo de Ouro, BAFTA, indicado ao Directors Guild of America e consagrado pela National Board of Review.
Bastidores de Romeu e Julieta: o diretor com os protagonistas.
Com La traviata, lançado em 1982, Zeffirelli recebeu sua primeira indicação ao Oscar, na categoria de melhor direção de arte; o filme também foi indicado pelo figurino. Protagonizado por Teresa Stratas e Plácido Domingo, foi indicado ao Globo de Ouro e premiado no BAFTA e pela National Board of Review.
Como diretor realizou outras obras, entre elas: Irmão Sol, Irmã Lua (1972), indicado ao Oscar de melhor direção de arte e premiado no Festival de San Sebastián; O Campeão (1979) , premiado no Globo de Ouro e indicado ao Oscar de melhor trilha sonora; Amor sem Fim (1981), com Brooke Shields, que foi indicado em diversas premiações, como Oscar, Globo de Ouro e Grammy, pela música Endless Love, de Lionel Richie; Otello (1986), exibido no Festival de Cannes, premiado como melhor filme estrangeiro pela National Board of Review, indicado ao Oscar de melhor figurino e ao Globo de Ouro de filme estrangeiro; Il giovane Toscanini (1988), cinebiografia do maestro italiano Arturo Toscanini, com C. Thomas Howell e Elizabeth Taylor.
Dirigiu também: Hamlet (1990), com Mel Gibson e Glenn Close, indicado ao Oscar em duas categorias: melhor direção de arte e figurino; Sonho Proibido (1993), com Angela Bettis e exibido no Festival de Cinema de Gramado; Jane Eyre – Encontro com o Amor (1996), com William Hurt, Charlotte Gainsbourg, Anna Paquin e Geraldine Chaplin; Chá com Mussolini (1999), que rendeu o prêmio de melhor atriz coadjuvante para Maggie Smith no BAFTA, além de ser indicado na categoria de melhor figurino e protagonizado por Cher, Judi Dench, Joan Plowright e Lily Tomlin; Callas Forever (2002), drama biográfico, indicado ao Prêmio Goya e protagonizado por Fanny Ardant, sobre os últimos dias da cantora de ópera Maria Callas, por quem Zeffirelli era apaixonado; o curta-metragem Omaggio a Roma (2009), com Monica Bellucci e Andrea Bocelli; além de diversos trabalhos para a TV.
Judi Dench e Zeffirelli nos bastidores de Chá com Mussolini.
Outro destaque de sua carreira foi a minissérie Jesus de Nazaré, com Robert Powell, Anne Bancroft, Ernest Borgnine e Christopher Plummer, exibida pela ITV, no Reino Unido, durante a Páscoa e que atraiu uma audiência de mais de 20 milhões de espectadores.
Em 1970, a pedido do Papa Paulo VI, Zeffirelli encenou Missa solemnis em homenagem aos 200 anos do nascimento de Beethoven. Ele também se destacou no teatro e na ópera, onde suas produções formaram o núcleo do repertório de casas como Met e Teatro alla Scala. Dirigiu performances com os maiores cantores da época, como Joan Sutherland, Tito Gobbi e Maria Callas. Entre tantos sucessos, destaca-se Tosca, que se estendeu por 40 anos no repertório da Royal Opera House de Londres.
Além do cinema, Zeffirelli também atuou na política e foi senador por dois mandatos como membro do partido Forza Italia, de Silvio Berlusconi. Mais tarde, serviu como conselheiro do Ministério da Cultura. Em 2004, tornou-se o primeiro cidadão italiano a receber o título de Cavaleiro Comandante da Ordem do Império Britânico. Em 2018, o cineasta foi acusado de abuso sexual pelo ator Johnathon Schaech, com quem trabalhou em Sonho Proibido. A família do diretor, que já estava doente na época, negou a acusação.
Em 1996, revelou sua homossexualidade e, dez anos depois, escreveu um livro contando sua história. Seu último trabalho como diretor foi em 2017, com o curta-metragem de animação Zeffirelli’s Inferno.
Fotos: Divulgação.