Eleita com 46.502 votos, Marielle buscava um modelo de cidade mais justo para todos.
Na quarta-feira, 14/03, a vereadora carioca Marielle Franco, a quinta mais votada na última eleição, foi assassinada no Rio de Janeiro a tiros quando retornava para casa depois de uma palestra. Seu motorista, Anderson Pedro Mathias Gomes, também foi atingido e não resistiu. O crime, que se trata de uma execução, ainda está sendo investigado e comoveu milhares de pessoas no Brasil e no mundo, resultando em diversas manifestações públicas.
Marielle, criada no Complexo da Maré, era socióloga formada pela PUC-Rio e mestra em Administração Pública pela UFF. Sua dissertação de mestrado teve como tema: UPP: a redução da favela a três letras. Trabalhou em organizações da sociedade civil, como a BrazilFoundation e o Centro de Ações Solidárias da Maré. Iniciou sua militância em direitos humanos após ingressar no pré-vestibular comunitário e perder uma amiga, vítima de bala perdida. Ao se tornar mãe aos 19 anos, começou a lutar pelos direitos das mulheres e debater essa temática na periferia.
Com mais de 46 mil votos, foi eleita vereadora e se tornou a segunda mulher mais votada neste cargo no país. Coordenou a Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, ao lado de Marcelo Freixo. Na Câmara Municipal, presidiu a Comissão de Defesa da Mulher e atuava como relatora em outra comissão que monitorava a intervenção federal nas favelas.
Mulher, negra, mãe, favelada: quinta vereadora mais votada no Rio de Janeiro, em 2016.
Sua trajetória também ficou marcada pelas denúncias constantes em relação aos abusos policiais e a violação aos direitos humanos. Ficou conhecida por defender os direitos humanos, debater sobre as questões do feminismo e da violência contra as mulheres e apoiar os jovens, a comunidade LGBT e lutar contra o racismo. Aos 38 anos, Marielle seguia sua luta contra à violência nas comunidades cariocas. Mas, foi brutalmente silenciada.
Sua história agora será contada nas telonas. Segundo informações divulgadas na coluna de Ancelmo Gois, no jornal O Globo, e confirmadas pela LC Barreto Produções, de Lucy e Luiz Carlos Barreto, em sua conta no Instagram, o longa será produzido por Paula Barreto, de Flores Raras e João, O Maestro: “Queremos contar onde ela foi criada, a influência da Maré nela e como se transformou nessa líder que perdemos. O que importa, agora, são seus ideais. Há milhares de Marielles no Brasil, precisamos contar essa história”, escreveu Paula no post.
O longa, que acabou de ser anunciado, ainda não tem elenco confirmado e nem data de lançamento. Porém, alguns nomes já foram anunciados: Jorge Mautner será responsável pela trilha sonora e o roteiro será escrito por João Paulo Reys e Flavia Guimarães. Além disso, a renda será destinada aos moradores do Complexo da Maré, que também farão parte da equipe.
*Fontes biográficas: Casa da Mãe Joanna.
Foto: Divulgação.