
O Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba busca destacar e celebrar o cinema independente brasileiro e mundial. A seleção apresenta ao público filmes que se arriscam em novas formas de linguagem cinematográfica, que estão abertos ao experimentalismo e que, ainda assim, possuem um grande potencial de comunicação com o público.
Além do destaque para obras contemporâneas, a programação também oferece um recorte dos mais variados filmes que marcaram a história do cinema na mostra Olhares Clássicos, que apresenta um panorama de títulos de diversos diretores, diretoras, países, gêneros e épocas. No conjunto, um poderoso mergulho no cinema mundial de variados momentos históricos e propostas estéticas e narrativas.
Nesta 11ª edição, entre os seis títulos que compõem a mostra, o cinema brasileiro marcou presença com dois filmes de cineastas que faleceram recentemente: Arnaldo Jabor com A Opinião Pública, de 1965, seu primeiro longa-metragem; e Geraldo Sarno com Viramundo, também de 1965; que foram exibidos em conjunto nas sessões do Olhar de Cinema.
Sobre a importância da mostra Olhares Clássicos, conversamos com o crítico Marcelo Müller, do site Papo de Cinema: “Quando a gente pensa em um festival de cinema, temos em mente um cinema feito no presente, que está sendo feito agora e prestes a ser lançado; e muitas vezes falta esse olhar para o passado. Eu acho fundamental a existência da Olhares Clássicos e o festival presta um serviço para o cinéfilo ou para o jornalista que cobre o evento. Muitos desses filmes já vimos em DVD, streaming, em casa ou em telas bem menores. E muitos tiveram pouquíssimas exibições em telas grandes ou foram exibidos há muito tempo. É importante esse acesso aos clássicos para entender o cinema”.
Marcelo também comentou sobre a exibição conjunta dos filmes: “Foi muito certeiro da curadoria ao exibir esses dois filmes conjuntamente. Primeiro porque eles, infelizmente, apresentam algo em comum que é a questão de seus realizadores terem morrido recentemente; e acaba sendo uma forma de prestar uma homenagem. Segundo porque os filmes, realizados na década de 1960, de certa forma dialogam e tem como objeto de estudo dois recortes populacionais completamente diferentes. O Geraldo Sarno olha para os migrantes nordestinos que chegam a São Paulo em busca de oportunidades em um contexto de um pensamento de industrialização da sociedade brasileira. O Arnaldo Jabor olha para a classe média carioca a partir disso tentando confirmar, o que me parece certa tese dele, de que a classe média tende a alienação e de que não constituiu um corpo de presente crítico. Foi uma sessão excepcional principalmente pelo diálogo estabelecido por esses dois filmes e pelo panorama que juntos conseguem construir”.
Além dos brasileiros, Marcelo também falou sobre a exibição de Mandabi, de Ousmane Sembene, de 1968: “A sessão foi linda e foi uma honra assistir a esse primeiro longa-metragem senegalês falando em uolofe da história, dirigido por Ousmane Sembene, considerado o pai do cinema africano, curiosamente em uma sala de uma rede de cinema que não costuma dar abertura para um cinema alternativo”, finalizou.
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Foto: Divulgação.