11º Olhar de Cinema: equipe de curadores fala sobre os filmes selecionados

por: Cinevitor
Curadores reunidos no Cine Passeio.

Depois da noite de abertura da 11ª edição do Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba, foram iniciadas, no dia seguinte, as atividades do Seminário de Cinema de Curitiba, que começou na quinta-feira, 02/06, com uma conversa com a equipe de programação do evento.

Com foco na reflexão sobre a linguagem cinematográfica e diálogos da expressão dessa linguagem com a sociedade, o Seminário de Cinema de Curitiba, que acontece em formato presencial no Cine Passeio e também com transmissão ao vivo pelo YouTube, apresenta pautas bastante contemporâneas ao cinema brasileiro, não só atentas às questões de mercado, mas evidenciando, sobretudo, questões identitárias ao transitar em torno de debates raciais e de gênero.

Com abertura de Antonio Gonçalves Junior, cofundador e diretor artístico do festival, esta primeira conversa aberta ao público com os curadores abordou temas como a seleção deste ano, seus filmes e eventos. A equipe curatorial desta edição foi formada por: Bruno Galindo, Camila Macedo, Carla Italiano, Carol Almeida, Eduardo Valente, Gabriel Borges, Kariny Martins e Marisa Merlo.

Gabriel Borges, coordenador de inscrição e seleção, e que também assinou a curadoria de longas-metragens e da mostra Foco, destacou os números desta 11ª edição: “Foram inscritos 540 longas-metragens, sendo 152 brasileiros e 388 internacionais. Entre os estrangeiros, foram 34 franceses, 33 dos Estados Unidos, 30 argentinos, 24 da Alemanha, 21 de Portugal, entre outros países, como a Bélgica e Israel; além de diversas coproduções”.

Já sobre os curtas, Gabriel revelou: “Foram 1.261 trabalhos inscritos, sendo 837 brasileiros e 424 internacionais. Entre os estrangeiros, foram 52 franceses, 47 da Espanha, 40 portugueses e 20 da Alemanha”. Kariny Martins, que também fez parte da seleção de curtas-metragens, comentou: “Percebemos um número muito expressivo de curtas brasileiros inscritos e isso nos diz muita coisa. Ainda mais pensando nesses últimos anos de esvaziamento de políticas públicas. Esses títulos nacionais, que estão para além da mostra Olhares Brasil, nos dizem muita coisa sobre a nossa cultura e a nossa produção audiovisual”

A conversa abordou temas como a seleção deste ano, seus filmes e eventos.

Carla Italiano, que assinou a curadoria de longas-metragens e também das mostras Foco e Olhar Retrospectivo, falou sobre o trabalho do diretor boliviano Kiro Russo: “Mais uma vez a Mostra Foco se volta para o cinema da América do Sul. Neste ano, destacamos o cinema de Kiro Russo, um artista com uma filmografia de poucos, porém potentes trabalhos: são quatro curtas e dois longas”

Além disso, a mostra Olhar Retrospectivo destaca o trabalho da cineasta estadunidense Su Friedrich, importante nome do cinema de invenção e referência indispensável para o pensamento das autorias lésbicas na produção de imagens. Sobre isso, Camila Macedo comentou: “É a primeira vez que a mostra destaca o trabalho de uma mulher. A obra de Su Friedrich é de difícil categorização. Ela gosta de sustentar uma certa tensão e também indefinições. Porém, dois elementos históricos e contextuais são incontornáveis para apresentar seu trabalho: a inserção de sua obra no cinema de vanguarda e experimental estadunidense, em especial na década de 1960 quando ela começou a realizar filmes; e também as influências dos pensamentos feministas ou dos ditos movimentos de mulheres, como eram chamados”.

E completou: “Ela ficou muito entusiasmada porque é a primeira vez que uma mostra com seus filmes acontece no Brasil; são sete na programação. Também reforço o agradecimento ao Aaron Cutler, que tem um carinho muito grande por essa mostra”.

Ainda sobre a retrospectiva de Su Friedrich, Carol Almeida finalizou: “É importante destacar nessa retrospectiva que estamos lidando, mais uma vez, com a materialidade desse apagamento dessas diretoras; não somente lésbicas, mas diretoras feministas que lidam com o cinema experimental e de vanguarda. Boa parte desses filmes não passou por nenhum processo de restauração e isso ressalta o valor dessa retrospectiva, de fazer circular essas obras”.

Para assistir ao bate-papo completo com os curadores, clique aqui.

*O CINEVITOR está em Curitiba e você acompanha a cobertura do 11º Olhar de Cinema por aqui, pelo canal no YouTube e pelas redes sociais: Twitter, Facebook e Instagram.

Foto: Marcelo Deguchi.

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