Últimas Conversas

por: Cinevitor

ultimasconversasposterDiretor: Eduardo Coutinho

Ano: 2015

Sinopse: Realizado a partir de entrevistas feitas pelo cineasta Eduardo Coutinho com jovens estudantes brasileiros, o filme busca entender como pensam, como sonham e como vivem os adolescentes de hoje.

Comentários do CINEVITOR: O último filme de Eduardo Coutinho começa com uma despedida. O documentarista declama seus devaneios e suas insatisfações em frente à câmera logo na primeira cena. Demonstra um cansaço e revela uma certa falta de vontade em realizar este filme, mas deixa claro que, além de ossos do ofício, sua paixão por contar histórias sempre fala mais alto. Fora o amor por seu trabalho, Coutinho revela que além dos sentimentos, precisa fazer filmes para sobreviver. E que, sim, mesmo cansado, gosta muito do que faz. Em Últimas Conversas, Coutinho mostra depoimentos de adolescentes através das mais variadas histórias de vida, de forma simples e agradável. Sua facilidade em abordar temas delicados com desconhecidos, e mesmo assim deixa-los confortáveis, é uma de suas maiores características. Gostar de ouvir histórias é algo fundamental para um documentarista, mas conseguir transmitir a emoção de seus entrevistados para às telonas não é um trabalho tão fácil. Talvez seu segredo, já revelado, seja a capacidade de descontrair o convidado, sem criar nenhum personagem, e apresentá-lo para o público despido de qualquer pudor e insegurança. Entre adolescentes revoltados, intelectuais, sonhadores, frágeis e arrogantes, Coutinho consegue, neste seu último trabalho, trazer histórias tocantes, que quebram a emoção daquele que está em frente à câmera. Como por exemplo, quando entrevista uma jovem que se diz forte e bem resolvida e que além de falar, também canta, mas, ao mesmo tempo em que ri, chora ao lembrar do bullying sofrido no colégio. Essa mistura de sentimentos, que surge repentinamente no bate papo, são méritos de um diretor que realmente sabe o que faz. E por isso, faz de Últimas Conversas um filme divertido e bem estruturado, com uma montagem simples, porém atenciosa, com planos bem enquadrados, detalhando o entrevistado. Coutinho infelizmente faleceu em fevereiro de 2014, assassinado pelo próprio filho, mas seu último filme, que foi finalizado por João Moreira Salles, fica como uma bela despedida de uma brilhante carreira. Sua curiosidade e suas histórias nunca mais serão contadas nos cinemas, mas, sua filmografia, repleta de vidas documentadas, seja no morro da Babilônia ou no Edifício Master, será sempre referência para aqueles que admiram um bom filme sobre a realidade. (Vitor Búrigo)

Nota do CINEVITOR:

nota-5-estrelas

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