Morre, aos 88 anos, o ator Milton Gonçalves

por: Cinevitor
O ator, em 2015, quando foi homenageado na CineOP.

Morreu nesta segunda-feira, 30/05, no Rio de Janeiro, aos 88 anos, o ator Milton Gonçalves. Segundo informações divulgadas pela imprensa e confirmadas por familiares, ele faleceu em casa por conta de problemas de saúde que enfrentava desde que teve um AVC, em 2020.

Nascido em Monte Santo de Minas, em Minas Gerais, Milton começou sua carreira no teatro amador e no teatro infantil. Depois disso, já em São Paulo, trabalhou como aprendiz de sapateiro e alfaiate; logo, entrou para o elenco do Teatro de Arena e participou da peça Ratos e Homens, de Steinbeck, com direção de Augusto Boal, em 1956. Também trabalhou no Teatro Experimental do Negro de São Paulo e no Teatro Nacional de Comédia. Em 1981, recebeu o Prêmio Estácio de Sá pelos serviços prestados ao teatro carioca.

Sucesso nos palcos, migrou para a televisão no começo da década de 1960 e fez uma participação especial em O Vigilante Rodoviário, da TV Tupi. Ao longo dos anos, atuou em diversas novelas e minisséries da Rede Globo, como: Rua da Matriz, Rosinha do Sobrado, A Moreninha, Padre Tião, Irmãos Coragem, Bandeira 2, O Bem-Amado, Roque Santeiro, Pecado Capital, Baila Comigo, Carga Pesada, Tenda dos Milagres, Cambalacho, Fera Radical, Que Rei Sou Eu?, Araponga, As Noivas de Copacabana, De Corpo e Alma, O Rei do Gado, Chiquinha Gonzaga, Esperança, A Favorita, Lado a Lado, entre tantos outros trabalhos. Junto com Célia Biar e Milton Carneiro, formou o primeiro elenco de atores da Globo

O talento de Milton Gonçalves também se estendeu para o cinema. Sua estreia nas telonas aconteceu em 1958 em O Grande Momento, drama dirigido por Roberto Santos. Na década de 1970, no Festival de Gramado, recebeu o kikito de melhor ator coadjuvante por Barra Pesada, de Reginaldo Faria; anos depois, foi homenageado com o Troféu Oscarito e em 2004 levou outro kikito, só que dessa vez como melhor ator pelo filme Filhas do Vento, de Joel Zito Araújo. No Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, em 1975, foi consagrado por sua atuação em A Rainha Diaba, de Antonio Carlos da Fontoura.

Protagonista: atuação premiada em A Rainha Diaba.

Sua filmografia conta também com Eles Não Usam Black-Tie, Cidade Ameaçada, Grande Sertão, Paraíba, Vida e Morte de um Bandido, O Homem Nu, O Bravo Guerreiro, Pedro Diabo Ama Rosa Meia Noite, Macunaíma, Ipanema, Adeus, Lúcio Flávio, o Passageiro da Agonia, Ladrões de Cinema, Aguenta Coração, O Beijo da Mulher-Aranha, Luar Sobre Parador, Um Trem para as Estrelas, O Que é Isso, Companheiro?, O Homem Nu, Orfeu, Bufo & Spallanzani, Carandiru, Xuxa e o Tesouro da Cidade Perdida, Segurança Nacional, O Abismo Prateado, Assalto ao Banco Central, Billi Pig, Carcereiros: O Filme, Pixinguinha, Um Homem Carinhoso, Hermanoteu na Terra de Godah: O Filme, entre muitos outros.

Pelo conjunto da sua obra, foi homenageado diversas vezes e recebeu diversas honrarias, como: Troféu Mário Lago, Prêmio Camélia da Liberdade, Troféu Raça Negra, entre outros. Em 2015, também foi homenageado na CineOP – Mostra de Cinema de Ouro Preto.

Entre tantos sucessos, Milton, que era militante do movimento negro, candidatou-se a governador do estado do Rio de Janeiro, em 1994. Além disso, foi o primeiro brasileiro a apresentar uma categoria na cerimônia de premiação do Emmy Internacional, em 2006, no qual foi indicado pelo papel de Pai José na novela Sinhá Moça, e foi homenageado pela Acadêmicos de Santa Cruz, no Carnaval do Rio de Janeiro deste ano, com o enredo Axé, Milton Gonçalves! No Catupé da Santa Cruz. Seu último trabalho na TV foi na novela O Tempo Não Para, em 2018, na Rede Globo.

Foto: Leo Lara/Universo Produção.

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