Festival de Roterdã 2023: filmes brasileiros são selecionados

por: Cinevitor
Cena do curta Procuro Teu Auxílio para Enterrar um Homem, de Anderson Bardot

O Festival Internacional de Cinema de Roterdã (IFFR, International Film Festival Rotterdam), que acontece na Holanda, é considerado um dos maiores do mundo e destaca obras cinematográficas dirigidas por novos cineastas. Além das seções oficiais em sua programação, há também espaço para nomes consagrados, retrospectivas e programas temáticos.

Nesta ano, a 52ª edição acontecerá entre os dias 25 de janeiro e 5 de fevereiro de 2023. O filme de abertura será Munch, de Henrik Martin Dahlsbakken, cinebiografia do pintor norueguês Edvard Munch; o encerramento do festival contará com a exibição de All India Rank, do cineasta indiano Varun Grover.

Além disso, a diretora de fotografia Hélène Louvart, de A Vida Invisível, Murina, Nunca, Raramente, Às Vezes, Sempre, Todos os Mortos, A Filha Perdida, Lazzaro Felice, entre outros, será homenageada com o Robby Müller Award, que homenageia anualmente um excelente criador de imagens no estilo do falecido diretor de fotografia holandês que dá nome ao prêmio. E mais: a programação apresentará Sunshine State, uma obra de arte de Steve McQueen encomendada pelo IFFR; o trabalho será apresentado no Depot em colaboração com o Museu Boijmans Van Beuningen.

Em comunicado oficial, a diretora do festival, Vanja Kaludjercic, disse: “Ao elaborar o programa deste ano, continuamos comprometidos com o caminho que estabelecemos para nós mesmos: celebrar o grande cinema em todo o seu esplendor e olhar onde os outros não olham”.

O cinema brasileiro ganha destaque nesta 52ª edição com diversos títulos. Na Ammodo Tiger Short Competition, mostra competitiva de curtas-metragens, o Brasil aparece com Remendo, de Roger Ghil, com Elídio Netto, Markus Konká e Eliete Miranda no elenco. Na trama, Zé dirige uma oficina onde trabalha arduamente com a escória e o lixo de sua cidade suburbana à beira-mar. Ele é um homem negro, bissexual e de meia-idade em busca de amor, que enfrenta os traumas invisíveis do colonialismo para encontrar um novo tipo de liberdade.

Na mostra Bright Future, que apresenta uma seleção de estreias de longas-metragens, caracterizadas por um tema original e um estilo individual, representando a vanguarda do cinema contemporâneo, o cinema nacional se destaca com Represa, de Diego Hoefel, que traz Renato Linhares, Gil Magalhães, Jenniffer Joingley e David Santos no elenco. Na trama, depois da morte de sua mãe, Lucas dirige de São Paulo para o Nordeste para vender um pedaço de terra que pertencia a ela. Para isso, ele precisa do consentimento de Robson, um meio-irmão indígena que nunca conheceu. Ele se mantém discreto em seu destino, apresentando-se como um turista em uma cidade empoeirada e devastada em nome do desenvolvimento. Mas Josy, sua sobrinha adolescente, percebe que Lucas tem outras motivações para sua visita.

Outro destaque nacional é A Longa Viagem do Ônibus Amarelo, de Júlio Bressane e Rodrigo Lima, que aparece na mostra Harbour. Vale lembrar que Bressane já participou diversas vezes do Festival de Roterdã: sua estreia aconteceu em 1996 com O Mandarim e no ano 2000 foi homenageado com uma retrospectiva. Neste seu novo trabalho, ao lado de Rodrigo Lima, ele faz uma extensa reflexão sobre suas seis décadas de cinema.

Na mostra Short & Mid-length, um programa de curtas e médias-metragens, o cinema brasileiro apresenta diversos títulos, como: Casa de Bonecas, de George Pedrosa; Escasso, de Clara Anastácia e Gabriela Gaia Meirelles; Procuro Teu Auxílio para Enterrar um Homem, de Anderson Bardot; e Visão do Paraíso, de Leonardo Pirondi.

Enquanto isso, no CineMart, mercado de coprodução do festival, 20 projetos de longas-metragens foram selecionados, entre eles: Cerro Corá, de Francisco Márquez, uma coprodução entre Argentina, Paraguai e Brasil; e Remanso, de Pablo Lamar, uma coprodução entre Paraguai, Brasil, Holanda e Argentina.

O time de jurados da 52ª edição será formado por: Alonso Díaz de la Vega, Anisia Uzeyman, Christine Vachon, Lav Diaz e Sabrina Baracetti na Tiger Competition, principal mostra do festival; e Herb Shellenberger, Simone Zeefuik e Stanya Kahn na Ammodo Tiger Short Competition.

Conheça os filmes selecionados para o Festival Internacional de Cinema de Roterdã 2023:

TIGER COMPETITION

100 årstider, de Giovanni Bucchieri (Suécia)
Gagaland, de Teng Yuhan (China)
Geology of Separation, de Yosr Gasmi e Mauro Mazzocchi (Tunísia/Itália/França)
Indivision, de Leïla Kilani (Marrocos/França)
La Palisiada, de Philip Sotnychenko (Ucrânia)
Le spectre de Boko Haram, de Cyrielle Raingou (Camarões/França)
Letzter Abend, de Lukas Nathrath (Alemanha)
Mannvirki, de Gústav Geir Bollason (Islândia/França)
Munnel, de Visakesa Chandrasekaram (Sri Lanka)
New Strains, de Artemis Shaw e Prashanth Kamalakanthan (EUA)
Notas sobre un verano, de Diego Llorente (Espanha)
Numb, de Amir Toodehroosta (Irã)
Nummer achttien, de Guido van der Werve (Holanda)
Playland, de Georden West (EUA)
Thiiird, de Karim Kassem (Líbano)
three sparks, de Naomi Uman (Albânia/México)

BIG SCREEN COMPETITION

Avant l’effondrement, de Alice Zeniter e Benoît Volnais (França)
Before the Buzzards Arrive, de Jonás N. Díaz (México)
Copenhagen Does Not Exist, de Martin Skovbjerg (Dinamarca)
Drawing Lots, de Zaza Khalvashi e Tamta Khalvashi (Geórgia)
Endless Borders, de Abbas Amini (República Tcheca/Alemanha/Irã)
Four Little Adults, de Selma Vilhunen (Finlândia)
Joram, de Devashish Makhija (Índia)
La hembrita, de Laura Amelia Guzmán Conde (República Dominicana)
La Sudestada, de Daniel Casabé e Edgardo Dieleke (Argentina)
Le formiche di Mida, de Edgar Honetschläger (Áustria/Itália)
Luka, de Jessica Woodworth (Bélgica/Itália/Holanda/Bulgária/Armênia)
My Little Nighttime Secret, de Natalya Meshchaninova (Rússia)
Não Sou Nada – The Nothingness Club, de Edgar Pêra (Portugal)
Okiku and the World, de Sakamoto Junji (Japão)
One Win, de Shin Yeon-Shick (Coreia do Sul)
Voyages en Italie, de Sophie Letourneur (França)

AMMODO TIGER SHORT COMPETITION

Aqueronte, de Manuel Muñoz Rivas (Espanha)
Blinded by Centuries, de Parinda Mai (Tailândia/EUA)
Delivery Dancer’s Sphere, de Kim Ayoung (Coreia do Sul)
Fälle, de Mischa Hedinger e Michela Flück (Suíça)
From Voice to Pulse, de Zeno van den Broek (Holanda)
I Can See the Sun but I Can’t Feel It Yet, de Joseph Wilson (Reino Unido)
La Grande Arche, de Camille Authouart (França)
Last Days of Summer, de Stenzin Tankong (Índia/França)
Light of Light, de Neritan Zinxhiria (Grécia)
Natureza Humana, de Mónica Lima (Portugal/Alemanha)
Never Come Back, de Assaf Gruber (Áustria)
Night and Fear, de Lipika Singh Darai (Índia)
Pátio do Carrasco, de André Gil Mata (Portugal)
Phalène, de Sarah-Anaïs Desbenoit (França)
Pure Land, de Tenzin Phuntsog (EUA)
Remendo, de Roger Ghil (Brasil)
Repetitions, de Morgan Alaric Quaintance (Reino Unido)
Shabnam, de Reetu Sattar (Bangladesh)
Skin in the Crosswinds, de Andrew Rubin (EUA)
Square the Circle, de Hanna Hovitie (Finlândia)
Theta, de Lawrence Lek (Reino Unido)
Tito, de Kerven Jimenez e Taylor McIntosh (Haiti)
What the Soil Remembers, de José Cardoso (África do Sul/Equador)
Zabriskie Point, de Cho Seoungho (EUA)

BRIGHT FUTURE

A los libros y a las mujeres canto, de María Elorza (Espanha)
All India Rank, de Varun Grover (Índia)
Almost Entirely a Slight Disaster, de Umut Subasi (Turquia)
Amiko, de Morii Yusuke (Japão)
A Primeira Idade, de Alexander David (Portugal)
Captain Faggotron Saves the Universe, de Harvey Rabbit (Alemanha)
Cielo abierto, de Felipe Esparza Pérez (Peru)
Clementina, de Agustín Mendilaharzu e Constanza Feldman (Argentina)
Croma Kid, de Pablo Chea (República Dominicana)
Die middag, de Nafiss Nia (Holanda)
Füür brännt, de Michael Karrer (Suíça)
Het leven en de vreemde verrassende avonturen van Robinson Crusoe die acht en twintig jaar helemaal alleen op een bewoond eiland leefde en zei dat het van hem was, de Benjamin Deboosere (Bélgica)
Karparaa, de Vignesh Kumulai (Índia)
Kissing the Ground You Walked On, de Heng Fai Hong (Macau)
La amiga de mi amiga, de Zaida Carmona (Espanha)
Las demás, de Alexandra Hyland (Chile)
La empresa, de André Siegers (Alemanha)
La mala familia, de Nacho A. Villar e Luis Rojo (Espanha)
Natura, de Matti Harju (Finlândia)
Paco, de Tim Carlier (Austrália)
Represa, de Diego Hoefel (Brasil)
Residency, de Winnie Cheung (EUA)
Shimoni, de Angela Wanjiku Wamai (Quênia)
Tigru, de Andrei Tănase (Romênia)
Vildanden, de Nadja Ericsson (Suécia)
Whispering Mountains, de Jagath Manuwarna (Sri Lanka)
White River, de Ma Xue (Coreia do Sul)

*Clique aqui e confira a lista completa com os filmes selecionados.

Foto: Luara Monteiro.

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