Eduardo Galeano Vagamundo, de Felipe Nepomuceno, é exibido no 28º Cine Ceará

por: Cinevitor

galeanocineceara1A produtora Tereza Álvarez, Florência Galeano e Felipe Nepomuceno no palco.

O documentário Eduardo Galeano Vagamundo, dirigido por Felipe Nepomuceno, fez sua estreia mundial na noite desta terça-feira, 07/08, na Mostra Competitiva Ibero-americana de longa-metragem da 28ª edição do Cine Ceará.

Em 2010, o escritor uruguaio Eduardo Galeano recebeu Felipe Nepomuceno em sua casa em Montevidéu para uma entrevista. Após sua morte, ocorrida em abril de 2015, amigos e leitores ao redor do mundo realizaram uma homenagem com leituras de sua obra que foram documentadas para este longa. Ricardo Darín, João Miguel, Joaquín Sabina, Lila Rodríguez, Helena Villagra, Paulo José, Walter Carvalho, Mia Couto e o poeta Armando Freitas Filho foram alguns dos convidados.

No dia seguinte à emocionante sessão, que aconteceu no Cineteatro São Luiz, o diretor participou de uma coletiva de imprensa ao lado da produtora Tereza Álvarez e de Florência Galeano, uma das filhas do escritor uruguaio: “A sessão de ontem foi muito linda. Eu conheci o Galeano na barriga da minha mãe. Morei com meus pais na Argentina, na Espanha e depois no México. Minha relação com a América Latina é longa e muito querida”, revelou o cineasta.

Confira os melhores momentos da coletiva de imprensa de Eduardo Galeano Vagamundo:

O FILME:

“Eu sinto muito falta do Galeano e a principal necessidade de fazer esse filme era a de continuar conversando com ele. O documentário foi uma forma de continuar nossas conversas sobre coisas que sempre falamos. Fazer esse filme foi uma experiência muito forte. Existem coisas que vão acontecendo durante as filmagens que acabam nos guiando durante o processo. Galeano é uma pessoa muito próxima e eu não tive a pretensão de fazer uma biografia ou um perfil sobre tal. Muitos filmes virão sobre ele com o papel de narrar sua interessante trajetória”, disse o diretor.

AS LEITURAS:

“Filmamos várias leituras que não entraram no filme. Não foi fácil fazer essa seleção. Muitas pessoas queriam participar. Porém, mais difícil do que fazer essa seleção foi editar esse filme sem o Galeano. Poucas vezes na vida eu me senti tão sozinho como nesse momento na ilha da edição, virando noite, na madrugada. Muitas vezes eu conversava com ele em voz alta, tentando imaginar o que ele faria e o que estaria pensando”, revelou Nepomuceno. “Eu escolhi os textos que mais me emocionavam. Basicamente eram os textos em que eu chorava; esse foi um dos critérios”, completou.

galeanocineceara3O ator argentino Ricardo Darín lê o texto Cerimônia no longa.

OS CONVIDADOS:

“O plano do Darín foi muito forte e emocionante. Depois que filmamos, eu chorei muito. Ele é uma potência como artista, não conhecia aquele texto e foi take único. Filmamos com uma câmera só, sem cortes. O [ator brasileiro] João Miguel também me comoveu muito. Todas essas emoções me guiavam”, disse o diretor.

POLÍTICA:

“Eu nunca conversei com o Galeano sobre política, nunca tive essa conversa com ele. Falamos muito de futebol e de questões pessoais. Por outro lado, as questões políticas do Galeano atraíram muitas pessoas a ele, mas também afastaram pessoas de sua literatura. Galeano é um grande escritor, a literatura dele é muito potente”, revela Felipe.

LIVROS:

“O Galeano tem muitos livros lindos e maravilhosos. E eu tive o prazer de reler esses livros. No filme tem uma frase dele que diz que escrever é uma festa. Eu acho que ler Galeano também é uma festa, é um grande prazer”.

galeanocineceara2O diretor durante a coletiva de imprensa no Hotel Oásis Atlântico, em Fortaleza.

PRODUÇÃO:

“Eu e o Felipe fizemos juntos o Sangue Latino, no Canal Brasil, onde fui coordenadora de produção por muitos anos. O programa foi a origem desse filme e o Galeano é a pedra fundamental do Sangue Latino; foi o primeiro convidado que moldou como seria o programa. Esse encontro com ele foi o que deu forma ao projeto”, revelou a produtora executiva Tereza Álvarez.

FAMÍLIA:

“Meu pai adorava o silêncio e isso está muito bem refletido no filme. As imagens fazem jus ao que ele era. Foi interessante ver meu pai como um personagem, ainda mais nesse filme feito de coração pelo Felipe”, disse Florência Galeano.

“É muita alegria ter a Florência aqui e saber que ela gostou do filme. É uma forma de imaginar que ele também gostou do filme”, finalizou o diretor.

Fotos: Thiago Gaspar e Divulgação.

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