É Tudo Verdade 2020 – 25º Festival Internacional de Documentários: conheça os filmes selecionados

por: Cinevitor

paoamargoETVCena do documentário libanês Pão Amargo, de Abbas Fahdel.

Foram anunciados nesta segunda-feira, 09/03, em uma coletiva de imprensa, em São Paulo, os filmes selecionados para a 25ª edição do É Tudo Verdade – Festival Internacional de Documentários. Neste ano, a programação exibirá 83 títulos, em sessões gratuitas, entre os dias 26 de março e 5 de abril, em São Paulo, e 31 de março e 5 de abril, no Rio de Janeiro.

“Alcançar a marca de um quarto de século é uma alegria e uma responsabilidade. Desde a edição inaugural, em 1996, o vigor da produção documental não para de crescer no Brasil e mundo afora. A história do festival confunde-se com esta era de ouro do documentário”, afirma o diretor fundador do É Tudo Verdade, Amir Labaki.

Dirigido por Taghi Amirani, Golpe 53 será o filme de abertura em São Paulo da 25ª edição do É Tudo Verdade, em sessão especial para convidados. Um autêntico thriller documental, o longa investiga, na aurora da Guerra Fria, os envolvimentos da Grã-Bretanha e dos EUA no golpe de Estado que liquidou, em 1953, o regime democrático iraniano liderado pelo primeiro-ministro Mohammad Mosaddegh. Golpe 53 conta com a participação do ator britânico Ralph Fiennes e o lendário montador americano Walter Murch, de Apocalypse Now, assina a edição e colabora com o roteiro.

No Rio, o festival será inaugurado com A Cordilheira dos Sonhos, de Patricio Guzmán, vencedor do Olho de Ouro de melhor documentário no Festival de Cannes do ano passado. Guzmán encerra a trilogia formada ainda por Nostalgia da Luz e O Botão de Pérola num ensaio entre o memorialístico e o político sobre os avanços sociais do governo Allende (1970-1973), a repressão brutal da ditadura Pinochet (1973-1990) e a dura herança atual da política econômica desenvolvida no período autoritário.

golpe53ETVCena do documentário Golpe 53, de Taghi Amirani: filme de abertura em São Paulo.

Exemplo do trabalho de recuperação histórica realizado pelas retrospectivas do festival, Volkswagen: Operários na Alemanha e no Brasil (1974), de Jorge Bodanzky e Wolf Gauer, documentava o estado das coisas do operariado fabril em duas conjunturas nacionais distintas, dialogando com o futuro das mesmas relações trabalhistas como estampado pelo vencedor do Oscar de melhor documentário deste ano, Indústria Americana, de Steven Bognar e Julia Reichert.

Homenageada pela edição inaugural, a obra do mestre cubano Santiago Álvarez tem seu vigor e sua originalidade sintetizados exemplarmente por Silvio Tendler no ainda inédito Santiago das Américas ou O Olho do Terceiro Mundo. Além disso, seis programas especiais celebram a efeméride de um quarto de século do É Tudo Verdade, o mais tradicional festival dedicado ao cinema não ficcional na América Latina.

Em 2003, Paulo Sacramento fez história no festival vencendo ambas as competições, brasileira e internacional, com O Prisioneiro da Grade de Ferro. Uma projeção especial celebra sua volta à circulação agora em versão restaurada. Vale destacar também a mostra Projeções Especiais com a Homenagem a José Mojica Marins, uma celebração póstuma de um dos mais originais criadores do cinema brasileiro, homenageado em 2000 pelo É Tudo Verdade com a estreia de Maldito.

santiagoamericasETVCena de Santiago das Américas ou O Olho do Terceiro Mundo, de Silvio Tendler.

A programação conta também com a mostra Séries Inéditas: Marker & Cousins com a exibição de: A Herança da Coruja (1989), de Chris Marker, no qual o diretor discute em treze episódios, com mais de 50 convidados, o legado cultural e político da Grécia clássica para o mundo contemporâneo; e Women Make Film – Um Novo Road Movie Através do Cinema, de Mark Cousins, onde o diretor discute, em cinco capítulos, a história e a linguagem do cinema desenvolvidos pelas obras de cineastas como Àgnes Varda, Alice Guy Blaché, Heddy Honigmann, Jane Campion, Kinuyo Tanaka, Maya Deren, Petra Costa, Safi Faye, Sally Porter, Sumita Peries, entre outras.

A mostra O Estado das Coisas conta com cinco produções, entre elas, Mucho Mucho Amor, de Cristina Costantini e Kareem Tabsch, que foi exibido no Festival de Sundance e conta a história de Walter Mercado, o mais pop astrólogo da segunda metade do século 20; e Boa Noite, de Clarice Saliby, sobre Cid Moreira, a voz mais famosa do Brasil.

A programação, que comemora os 25 anos do É Tudo Verdade, conta também com atividades paralelas, como debates, seminários e a 17ª Conferência Internacional do Documentário. E mais: em parceria com o É Tudo Verdade, o Itaú Cultural apresentará um ciclo exclusivo de cinco título brasileiros dedicados à fruição cinematográfica, no site. Além disso, em parceria com o Spcine Play, o festival vai disponibilizar um ciclo inédito de dez documentários nacionais dirigidos por mulheres que marcaram a história do evento.

cidmoreiraETVAos 91 anos, Cid Moreira narra a sua própria história em Boa Noite.

Durante todo o mês de março, o Itaú Cultural dedica a sessão das 19h das terças-feiras a documentários selecionados entre os premiados nas primeiras edições do É Tudo Verdade.

No período de 01/06 a 05/07, seis filmes da seleção de 2020 serão exibidos em cinco unidades do Sesc no interior de São Paulo: Araraquara, Sorocaba, Santos, Ribeirão Preto e Jundiaí. Todas as sessões serão gratuitas.

Vale lembrar também que os filmes premiados no É Tudo Verdade 2020, nas competições brasileiras e internacionais de longas/médias-metragens e de curtas-metragens, estarão automaticamente classificados para serem examinados para a disputa do Oscar do ano que vem.

Conheça os filmes selecionados para o É Tudo Verdade 2020 – 25º Festival Internacional de Documentários:

COMPETIÇÃO BRASILEIRA | LONGA OU MÉDIA-METRAGEM
A Ponte de Bambu, de Marcelo Machado (SP)
Atravessa a Vida, de João Jardim (RJ)
Dentro da Minha Pele, de Toni Venturi (SP)
Fico te Devendo uma Carta Sobre o Brasil, de Carol Benjamin (RJ)
Jair Rodrigues – Deixa que Digam, de Rubens Rewald (SP)
Libelu – Abaixo a Ditadura, de Diógenes Muniz (SP)
Meu Querido Supermercado, de Tali Yankelevich (SP)
Não Nasci para Deixar Meus Olhos Perderem Tempo, de Claudio Moraes (DF)
Os Paralamas do Sucesso – Os Quatro, de Roberto Berliner e Paschoal Samora (RJ)
Segredos do Putumayo, de Aurélio Michiles (SP)

COMPETIÇÃO INTERNACIONAL | LONGA OU MÉDIA-METRAGEM
Cidade dos Sonhos (Cheng Shi Meng), de Weijun Chen (China)
Collective (Colectiv), de Alexander Nanau (Romênia)
Dick Johnson está Morto (Dick Johnson is Dead), de Kirsten Johnson (EUA)
O Espião (The Mole Agent), de Maite Alberdi (Chile/EUA/Alemanha/Holanda/Espanha)
O Fator Humano (The Human Factor), de Dror Moreh (Reino Unido)
Ficção Privada (Ficción privada), de Andrés Di Tella (Argentina)
Forman vs. Forman, de Helena Třěštíková e Jakub Hejna (República Checa/França)
Influência (Influence), de Richard Poplak e Diana Neille (África do Sul/Canadá)
Pão Amargo (Bitter Bread), de Abbas Fahdel (Líbano)
O Rei Nu (Der Nackte König – 18 Fragmente Über Revolution), de Andreas Hoessli (Alemanha/Polônia/Suíça)
O Rolo Proibido (The Forbidden Reel), de Ariel Nasr (Canadá)
Silêncio de Rádio (Silence Radio), de Juliana Fanjul (Suíça/México)

COMPETIÇÃO BRASILEIRA | CURTA-METRAGEM
ChoVer, de Guga Millet (RJ)
Filhas de Lavadeiras, de Edileuza Penha de Souza (DF)
Lora, de Mari Moraga (SP)
Metroréquiem, de Adalberto Oliveira (PE)
Movimento, de Lucas Tomaz Neves (SP)
Ouro para o Bem do Brasil, de Gregory Baltz (RJ)
Recoding Art, de Bruno Moreschi e Gabriel Pereira (SP)
Sem Título # 6: O Inquietanto, de Carlos Adriano (SP)
Ver a China, de Amanda Carvalho (SP/China)

COMPETIÇÃO INTERNACIONAL | CURTA-METRAGEM
3 Saídas Lógicas (3 Logical Exits), de Banpark Jieun (Dinamarca/Reino Unido/Líbano)
Algo Mais (This Means More), de Nicolas Gourault (França)
Asho, de Fereydoun Najafi (Irã)
Uma Longa Distância (Larga Distancia), de Juan Manuel Calisto (Peru)
Meu País Tão Lindo (Moj Kraj Taki Piekny), de Grzegorz Paprzycki (Polônia)
Notícias da Capital do Antimônio (Nouvelles de la Capitale d`Antimoine), de Guangli Liu (França)
Saudade, de Denize Galiao (Alemanha)
Sem Choro na Mesa de Jantar (No Crying at the Dinner Table), de Carol Nguyen (Canadá)
Seu Canto (Her Song), de Laura Taillefer Viñas (Portugal)

FOCO LATINO-AMERICANO
1982, de Lucas Gallo (Argentina/Brasil)
Brouwer, A Origem da Sombra (Brouwer, El Origen de La Sombra), de Katherine Gavilan e Lisandra Lopez Fabe (Cuba)
Suspensão (Suspensión), de Simón Uribe (Colômbia)

O ESTADO DAS COISAS
Boa Noite, de Clarice Saliby (Brasil)
Filmfarsi, de Ehsan Khoshbakht (Reino Unido)
Gyuri, de Mariana Lacerda (Brasil)
Mucho Mucho Amor, de Cristina Costantini e Kareem Tabsch (EUA)
O Segundo Encontro (Le Deuxième Rencontre), de Veronique Ballot (França)

PROJEÇÕES ESPECIAIS
Eu Caminho (I Walk), de Jørgen Leth (Dinamarca)
Garoto – Vivo Sonhando, de Rafael Veríssimo (Brasil)
Maldito – O Estranho Mundo de José Mojica Marins, de André Barcinski e Ivan Finotti (Brasil)

Clique aqui e confira a programação completa do É Tudo Verdade 2020.

Fotos: Divulgação.

Comentários