Documentários de Susanna Lira, Coraci Ruiz e Julio Matos são exibidos no 29º Festival de Cinema de Vitória

por: Cinevitor
A cineasta Susanna Lira no palco do festival.

Na terça-feira, 20/09, segundo dia da 29ª edição do Festival de Cinema de Vitória, a programação contou com a exibição de curtas-metragens das mostras Festivalzinho, Outros Olhares e Corsária no período vespertino, além de diversas atividades paralelas.

Depois, no Centro Cultural Sesc Glória, foi a vez da Mostra Competitiva Nacional de Curtas com O Dendê do Mestre Didi, de Beth Formaggini; Manhã de Domingo, de Bruno Ribeiro; Sideral, de Carlos Segundo; e Infantaria, de Laís Santos Araújo.

A noite encerrou com a exibição do longa em competição A Mãe de Todas as Lutas, da diretora Susanna Lira, de Torre das Donzelas, Mussum, um filme do Cacildis, Adriano Imperador, entre outros. O filme apresenta uma narrativa que recorre à memória para vislumbrar um futuro de mudanças sob a ótica feminina. O documentário acompanha a trajetória de Shirley Krenak e Maria Zelzuita, mulheres que estão na frente da luta pela terra no Brasil. Shirley traz a missão de honrar as mulheres e a sabedoria das Guerreiras Krenak, da região de Minas Gerais. Maria Zelzuita é uma das sobreviventes do Massacre de Eldorado dos Carajás, no Pará, e suas trajetórias nos ligam ao conceito da violência e apropriação do corpo feminino.

No palco do Teatro Glória, Susanna discursou: “É muito raro que um documentário esteja na mostra competitiva de longas junto com outras ficções. Fico muito feliz e agradeço demais à curadoria. Esse filme eu fiz durante a pandemia e é um filme muito difícil porque é sobre a luta pela terra no Brasil pelo olhar de duas mulheres: uma indígena e uma negra, que são as pessoas que estão no front dessa luta. Espero que vocês aprendam com essas duas mulheres, porque elas me ensinaram muito”.

A diretora também aproveitou para saudar Bete Mendes, a homenageada nacional deste ano: “Estou muito feliz que o filme será exibido em um festival que está homenageando Bete Mendes, uma atriz que tem um histórico político importantíssimo. Obrigada por tudo que você fez e faz por nós. Fazer cinema com cunho político e social é muito difícil, mas a gente resiste”.

Julio Matos e Coraci Ruiz no festival.

Outro documentário que marcou a programação da 29ª edição do Festival de Cinema de Vitória foi Germino Pétalas no Asfalto, de Coraci Ruiz e Julio Matos, exibido na quinta-feira, 22/09, no Teatro Glória.

A trama acompanha Jack, que inicia seu processo de transição de gênero quando o Brasil mergulha em uma onda de extremo conservadorismo. O filme mostra as transformações em sua vida e no país, atravessados por um governo de extrema direita e por uma pandemia devastadora. Através de um relato íntimo do cotidiano de Jack e seus amigos, vemos florescer uma rede de afeto e solidariedade que se constitui em meio a um contexto adverso.

“Esse filme é parte de um processo que vivenciamos na nossa casa, na nossa família, durante a transição de gênero do nosso filho mais velho. Fizemos um outro filme sobre esse processo, que é o Limiar, que participou do festival no último ano. E esse novo filme continua um pouco desse nosso processo, dessa nossa busca e investigação desse momento de misturar nossa vivência familiar com nosso trabalho como documentaristas”, disse Coraci no palco durante a apresentação do filme.

A noite de quinta-feira também foi marcada pela emocionante homenagem para a atriz Bete Mendes, que foi recebida no palco por Lucia Caus, diretora do festival, e Fabrício Noronha, Secretário da Cultura do Espírito Santo. Ovacionada pelo público, Bete discursou: “Muito obrigada! Eu estou muito emocionada! A gente é gente. Gente que sente, é gente que quer ser feliz. E vocês estão me dando uma das maiores felicidades da minha vida. Eu queria dizer que essa homenagem me deixa mais que emocionada, me deixa grata. Nós que lutamos pela arte, pela liberdade, pelo fazer cultural, lutamos pela democracia”.

A programação contou também com exibições de curtas-metragens em competição: Hospital de Brinquedos, de Georgina Castro; Como Respirar Fora D’água, de Júlia Fávero e Victoria Negreiros; Orixás Center, de Mayara Ferrão; e Fantasma Neon, de Leonardo Martinelli.

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Fotos: Thais Gobbo.

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