Curta Kinoforum 2022 exibirá filmes do Edital Conexão Juventudes

por: Cinevitor
Cacique Luiz Katu no curta potiguar Antes do Livro Didático, o Cocar.

Depois de anunciar 183 curtas-metragens, de 42 países, selecionados para sua 33ª edição, o Curta Kinoforum, que acontecerá entre os dias 18 e 28 de agosto, em formato híbrido, revelou os seis documentários vencedores do Edital Conexão Juventudes, promovido pelo Instituto Unibanco em parceria com o IPR, Instituto de Políticas Relacionais, e a BRAVI, Brasil Audiovisual Independente, que serão exibidos na programação.

Com 26 minutos de duração, as obras retratam o cotidiano de jovens estudantes do Ensino Médio durante a pandemia de Covid-19 em cinco estados brasileiros: Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Piauí e Rio Grande do Norte. Entre as abordagens, estão alguns temas como estudantes imigrantes, educação indígena e afro-centrada, gravidez na adolescência, inclusão digital, violência urbana e dificuldades para compatibilizar emprego e estudo.

“Para nós, é uma grande satisfação apresentar à população paulistana obras tão atuais. Com uma importante diversidade regional, os documentários contam histórias que dialogam com os desafios das juventudes brasileiras e com o Ensino Médio público, e fazem muito sentido nesse imenso espaço de diversidade e reflexão sobre o audiovisual, que é o Festival Kinoforum”, afirma Tiago Borba, gerente de Gestão Estratégica do Instituto Unibanco.

“Para o Festival Internacional de Curtas de São Paulo, juventude, formação e inclusão são pilares de nossa programação. São jovens, a maioria absoluta dos realizadores que têm seus filmes programados no evento, assim como esta é a faixa etária que responde pela maior fatia de seu público. É muito gratificante programar, este ano, a coleção das obras resultantes do edital Conexão Juventudes. Promover suas primeiras exibições em sala de cinema, encontrar seus realizadores para debate e confraternização confirma o Curta Kinoforum como a vitrine ideal para a jovem cinematografia brasileira”, afirma a diretora do Curta Kinoforum, Zita Carvalhosa.

Envolvido nos processos de seleção dos projetos, bem como na curadoria e na mentoria às produtoras durante o processo de finalização dos filmes, João Jardim, diretor e autor de documentários e filmes de ficção, destaca a personalidade dos materiais em várias temáticas: “Tive o prazer de dar apoio para que eles tivessem uma reflexão sobre quais caminhos poderiam ser mais interessantes e autênticos. Os temas são pertinentes ao momento atual. É falar da pandemia sem deixar de abordar questões mais amplas. O resultado foi um retrato muito bonito. Temos desde ausência total até a escola como fonte salvadora. Trazem uma reflexão positiva sobre o mundo que a gente vai construir a partir de agora”, disse.

Além das apresentações presenciais, os filmes do Edital Conexão Juventudes também ficarão disponíveis on-line, dentro da programação do Curta Kinoforum. Os títulos vão ao ar gratuitamente na plataforma de streaming Itaú Cultural Play no dia 19/08, às 21h, e ficam disponíveis até 29 de agosto.

Com apoio técnico e financeiro no valor de R$ 130 mil por documentário, o Edital Conexão Juventudes selecionou seis produtoras entre dezenas de inscritas. A escolha dos projetos ficou a cargo de uma comissão julgadora composta pelos cineastas João Jardim, João Moreira Salles e Val Gomes, além de Tiago Borba; Mauro Garcia, presidente da BRAVI; e Eliane Costa, coordenadora do MBA Bens Culturais: Cultura, Economia e Gestão, da Fundação Getúlio Vargas. Já durante a execução, as produtoras receberam mentoria, além de João Jardim, da cineasta Marcia Medeiros, na montagem.

Todos os filmes foram criados e produzidos por equipes locais, com o olhar do território, formando um mosaico de linguagens audiovisuais e perspectivas da educação, abordando temas diversos, como a adolescência, educação indígena, imigrantes e educação afrocentrada, entre outros. O contexto da pandemia atravessou todos os filmes, sem se sobrepor à proposta central de cada um.

Reconhecido como um dos mais importantes eventos mundiais dedicados ao filme de curta duração, o Curta Kinoforum é totalmente gratuito e promove a exibição de mais de 200 filmes, representando 42 países diferentes. A programação é organizada nas mostras Brasil, Latino-americana e Internacional, além de programas especiais, debates, encontros e masterclass.

Conheça os filmes do Edital Conexão Juventudes:

Adolescer, de Gustavo Moraes (ES)
Produtora: 55 CINE
Sinopse: É um documentário sobre a transformação vivida por jovens da periferia da Grande Vitória, originalmente predestinados ao fracasso, que estudavam em uma escola desacreditada pela comunidade. Vivendo em uma região pobre, em meio ao tráfico, e em uma área vista pela mídia local como a mais violenta do estado, estes jovens encararam o desafio de entrar na vida adulta e com apoios de familiares, amigos e da escola, buscar um futuro melhor.

Antes do Livro Didático, o Cocar, de Rodrigo Sena (RN)
Produtora: BOBOX Produções
Sinopse: Estudar durante a pandemia é um desafio enfrentado por crianças e jovens em todo o planeta. Para populações desassistidas, que vivem nas periferias ou em condições de vulnerabilidade, as dificuldades são ainda maiores. Mas essa barreira não retirou a esperança, nem o desejo de aprender dos alunos das duas únicas escolas direcionadas aos povos originários no estado do Rio Grande do Norte. 

Contraturno, de Larissa Fernandes e Deivid Mendonça (GO)
Produtora: Panaceia Filmes
Sinopse: Contraturno é um documentário que acompanha a vida de Vitor e Renata, dois adolescentes que estudam e trabalham na cidade de Urutai, interior de Goiás, durante a retomada das aulas presenciais. Mas, para eles, há um desafio em especial: conciliar a rotina da adolescência, os estudos e o trabalho. O filme aborda alguns dos motivos de abandono e evasão, a crise que a pandemia projetou na educação, e a jornada dupla de adolescentes e como os marcadores raciais atravessam tudo isso.

DesConectados, de Márcio Bigly (PI)
Produtora: B&T Audiovisual
Sinopse: O filme narra os maiores desafios enfrentados pelos estudantes e educadores do Ensino Médio da única escola pública estadual de Tanque do Piauí, semiárido piauiense, durante a pandemia de Covid-19, onde o acesso à internet não é realidade para todos e se tornou essencial e indispensável para dar continuidade aos estudos. Uma história de luta pelo direito à educação e acesso digital, que revela a força das juventudes como ação transformadora de sua própria realidade.

Onde Aprendo a Falar com o Vento, de André Anastácio e Victor Dias (MG)
Produtora: Apiário Estúdio Criativo
Sinopse: O filme conta a história de um grupo de jovens de Oliveira, Minas Gerais, que fundou o Reinadinho, um festejo do Reinado protagonizado só por crianças e jovens. Tendo a Capitã Pedrina como mentora, aprendem sobre sua história e a história de seus antepassados, vivenciando esta tradição afro-diaspórica como espaço de cura e aprendizagem. Convidados pelo filme, refletem sobre o papel da escola e do Reinado enquanto espaços de educação.

Terremoto, de Gabriel Martins (MG)
Produtora: Filmes de Plástico
Sinopse: Em 2010, o Haiti sofreu com um terremoto de grande magnitude que deixou mais de 300 mil mortos. Dentre as vítimas estava a família de Nicolson e Niky Augustin, dois jovens haitianos. Tentando se reerguer nos anos seguintes, a família dos garotos não viu saída a não ser se mudar para o Brasil, mais especificamente a periferia de Contagem, Minas Gerais. Ali, sem saber falar o idioma, eles tiveram que se adaptar a uma nova realidade e educar seus filhos.

Foto: Thamise Cerqueira.

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