
Com exibições gratuitas em três mostras virtuais, a segunda edição do Cine Terreiro acontecerá entre os dias 5 e 11 de dezembro com o objetivo de fortalecer a preservação da memória e identidade das culturas de matriz afro-brasileira e indígena através da exibição de produções audiovisuais cinematográficas.
O evento começou suas atividades através da Mostra Retrospectiva, que aconteceu em novembro; agora serão realizadas as mostras principais: Grão e Mar, em caráter competitivo. A Mostra Grão é direcionada para realizadores iniciantes e a Mostra Mar é indicada para realizadores experientes.
Ainda haverá uma Mostra Especial não competitiva, com filmes convidados pela curadoria dentre os inscritos. Esta mostra, com caráter mais livre e que admite também outros formatos, inclui uma série e três longas-metragens. Todas as exibições são gratuitas e ocorrem em ambiente virtual, no site oficial utilizando a plataforma de streaming do festival.
O idealizador do projeto, Rodrigo Sena, compartilha que a iniciativa teve início em 2015, quando realizava exibições independentes em casas religiosas de matriz afro-indígena na Grande Natal, de forma bastante artesanal. Com o tempo foram chegando outros colaboradores, até que em 2021 houve a oportunidade de transformar essa mostra de filmes na primeira edição do festival, que contou com oficinas de capacitação e a participação de 10 casas religiosas da cidade, tendo apoio de editais públicos de incentivo à cultura.
O Cine Terreiro é um festival que procura enaltecer e prestigiar o patrimônio imaterial de matriz afro-brasileira e indígena, abraçando também vertentes como o neo xamanismo, e utiliza a exibição de filmes relacionados a essas temáticas como motor para enriquecer o respeito e pertencimento a essas culturas. Dessa maneira, forma-se um público interessado em assistir e discutir filmes sobre esses assuntos, que envolvem mito, religiosidade e cultura de terreiros, podendo contribuir para diminuição da segregação e preconceito contra esses grupos.
João Paulo Diogo, também realizador do festival, ressaltou: “Queremos proporcionar aos espectadores não um ambiente acadêmico, mas, sim, de entretenimento e cultura; oferecendo, a todos que participem do festival, um lugar acolhedor”. Neste ano, por conta da dificuldade na captação de recursos através de incentivos públicos, o festival é realizado com recursos próprios de seus realizadores, que entenderam a necessidade de manter a continuidade anual do projeto para atender a importância de iniciativas voltadas às temáticas pautadas pelo evento.
Sobre isso, Arlindo Bezerra, produtor do festival, ressalta: “É importante que ações como esta não sejam descontinuadas e mantenham regularidade na sua realização anual, mesmo de maneira independente. Os realizadores e parceiros somam forças para conseguirem concretizar esta edição. Nosso propósito é que o investimento público possa acontecer na terceira edição, para de fato, o festival conseguir realizar ações diretas e presencial com seu público-alvo”.
A homenageada desta edição é atriz mossoroense Tony Silva, que desde 1980 já participou em mais de 50 espetáculos, além de filmes e documentários, e também atuou como oficineira de teatro, em palestras animadas e palhaça.
Conheça os filmes selecionados para o Cine Terreiro 2022:
MOSTRA GRÃO | COMPETITIVA
Atotô Babá, de Márcia Carvalho (MA)
Encruza, de Plínio Gomes (BA)
Ìyá Dúdú, devoção e rExistência, de Renata Mesquita (PE)
Luziaria, de Beatriz Tanabe (CE)
Mineiro de Mina, de Helder da Paixão (MG)
Osmildo, de Pedro Daldegan (AC)
Senhor da Terra, de Coletivo Ficcionalizar (PE)
Terra Fértil em Maré Cheia, de Karen Forbino (SP)
MOSTRA MAR | COMPETITIVA
Alágbedé, de Safira Moreira (BA)
Cantos Caboclos, de Bruno Saphira (BA)
O Pato, de Antônio Galdino (PB)
Onde Aprendo a Falar com o Vento, de André Anastácio e Victor Dias (MG)
Quando Chegar a Noite, Pise Devagar, de Gabriela Alcântara (PE)
Quebra Panela, de Rafael Anaroli (PE)
Santo de Casa, de André Pupo (MA)
Seu Salvador, de Plínio Gomes (BA)
MOSTRA ESPECIAL | LONGA-METRAGEM
A Rainha Nzinga Chegou, de Júnia Torres e Isabel Casimira (MG)
Salve a Malandragem, de Sérgio Rossini (RJ)
Toada para José Siqueira, de Eduardo Consonni e Rodrigo Marques (SP)
MOSTRA ESPECIAL | CURTA-METRAGEM
Abdução, de Marcelo Lin (MG)
Clara Esperança, de Diego Alexandre (RJ)
Paola, de Ziel Karapotó (PE)
Último Domingo, de Renan Barbosa Brandão e Joana Claude (RJ)
Wherá Tupã e o Fogo Sagrado, de Rafael Coelho (SC)
Xocós, de Dayane Dantas (SE)
MOSTRA ESPECIAL | SÉRIE
Encantarias, de Rodrigo Sena e Julio Castro (RN)
O 2º Cine Terreiro é uma produção coletiva da Bobox Produções e tem como realizadores a Ori Audiovisual, Cruzeiro Filmes, Cirandas Coletivo de Assessorias e conta com o apoio da Onã Jóia de D´orisá e Acarajé da Jari.
Foto: Divulgação.