41ª Mostra de São Paulo: Paul Vecchiali recebe o Prêmio Leon Cakoff e fala sobre festivais de cinema e retrospectiva

por: Cinevitor

vecchialicinevitorAos 87 anos, Paul Vecchiali recebe prêmio na 41ª Mostra de São Paulo.

O francês Paul Vecchiali começou sua carreira como diretor na década de 1960, com o filme Les petits drames. Seu interesse pela sétima arte logo se expandiu e, ao longo dos anos, trabalhou em diversas áreas, inclusive como ator, além de realizar projetos para a TV.

Em 1978, participou pela primeira vez do Festival de Cannes e apresentou o curta-metragem Maladie, no qual atua e dirige. Voltou em 2004 com À vot’ bon coeur e no ano passado com O Ignorante (Le cancre), na mostra Sessão Especial. Foi premiado em Veneza, com Uma Vez Mais, no original Encore (Once More), e passou também pelos festivais de Tribeca, Locarno e Chicago.

Considerado um dos autores mais importantes em atividade no cinema, com uma carreira com mais de 50 filmes, Vecchiali, hoje com 87 anos, participou da 41ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo para receber o Prêmio Leon Cakoff, além de apresentar uma retrospectiva com oito de seus mais significativos filmes.

renatapaulRenata de Almeida, diretora da Mostra, entrega o prêmio para o cineasta francês.

Na segunda-feira, 23/10, antes de receber a homenagem, Paul Vecchiali falou com o CINEVITOR sobre sua carreira, homenagens e o jogo de interesses presente em importantes festivais. Confira os melhores momentos da entrevista:

PRÊMIOS E HOMENAGENS:

“Fiquei muito surpreso com o convite da Mostra. É sempre uma honra ser consagrado com um prêmio pela carreira e esse é o sétimo que recebo. Ano passado recebi os prêmios Jean Vigo e Raymond Chirat, além de outros três na Itália. E homenagens foram muitas: 174 ao total”.

RETROSPECTIVAS:

“A retrospectiva é importante porque assim consigo encontrar com o público e falar com os espectadores. Não faço filmes para ganhar dinheiro e nem para a crítica. Faço para o público. Por isso as retrospectivas são válidas, pois é essencial esse encontro com a audiência”.

FESTIVAL DE CANNES:

“É uma honra representar a França em festivais, mas ganhar um prêmio não é tão importante. Participar de festivais ajuda a conhecer como as coisas se movimentam nos bastidores e como funciona a política desses eventos. Por exemplo, meu filme Réquiem para Uma Mulher (Corps à coeur) estava pronto para entrar na Competição Oficial do Festival de Cannes. Às onze horas da manhã eu recebi um telefona da organização dizendo que o filme seria selecionado. Às 14h, eles anunciaram a lista oficial e ele não estava. Fui descobrir o motivo depois e disseram que, como a atriz Hélène Surgère já estava com outros três filmes em Cannes, a distribuidora Gaumont falou que se Réquiem para Uma Mulher estivesse na Competição Oficial eles iriam retirar o filme deles [Les soeurs Brontë, de André Téchiné]“.

“Há coisas que são evidentes, por exemplo, quando eu fiz O Ignorante (Le cancre), que tinha grandes nomes no elenco, como, Catherine Deneuve, Annie Cordy e Françoise Arnoul, eu tinha certeza que o filme estaria em Cannes. E participou da mostra Sessão Especial”.

requiemvecchialiNicolas Silberg e Hélène Surgère em cena de Réquiem para Uma Mulher, de 1979.

FESTIVAL DE VENEZA:

“Em 1988, o filme Uma Vez Mais (Once More) estava na competição de Veneza. O presidente do júri era o [cineasta italiano] Sergio Leone e ele não me conhecia. Estávamos um atrás do outro, em um restaurante, e ouvi ele dizer: ‘Talvez seja uma obra-prima, mas vou proibir o júri de entregar um prêmio para esse filme’. Eu não sei o motivo disso, mas ganhei o Prêmio da Crítica e do público. Quem venceu o Leão de Ouro daquele ano foi A Lenda do Santo Beberrão (La leggenda del santo bevitore), de Ermanno Olmi“.

FESTIVAL DE LOCARNO:

Os 7 Desertores (Les sept déserteurs ou La guerre en vrac) não foi classificado para Locarno este ano e recebi um e-mail dizendo que o filme era excelente. Mas, não foi escolhido para a competição porque já tinha filme com [as francesas] Vanessa Paradis e Isabelle Huppert. E eu trabalho com atores que não são tão famosos, sem uma posição tão preponderante no mercado. Em compensação, no Festival Internacional de Cine de Gijón ele está em competição e o responsável pela seleção disse que esse era um dos grandes filmes da minha carreira”.

Fotos: Mario Miranda Filho/Divulgação.

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