Festival de Toronto 2022 anuncia novos filmes; Carvão, de Carolina Markowicz, é selecionado

por: Cinevitor
Maeve Jinkings no longa Carvão, de Carolina Markowicz.

Depois de revelar os primeiros filmes de sua 47ª edição, o Festival Internacional de Cinema de Toronto, que acontecerá entre os dias 8 e 18 de setembro, divulgou novos títulos selecionados; o evento é considerado um dos mais importantes do cinema mundial e conhecido como um termômetro para o Oscar.

A mostra competitiva Platform apresenta cineastas cujas vozes estão surgindo no cenário cinematográfico. Com diretores estreantes e veteranos, a programação deste ano oferece uma gama diversificada de talentos e vozes de direção distintas que estão surgindo em todo o mundo: “Lançamos a Platform para iluminar alguns dos filmes mais originais e vozes distintas em nosso festival. Agora, no sétimo ano, tornou-se um verdadeiro lar para autores internacionais em ascensão”, disse Cameron Bailey, CEO do TIFF.

Entre as dez estreias mundiais anunciadas, o cinema brasileiro se destaca com Carvão, primeiro longa-metragem de Carolina Markowicz. A exibição marca a volta da cineasta ao Festival de Toronto, no qual já exibiu três curtas: O Órfão, Namoro à Distância e Edifício Tatuapé Mahal; ela também participou do TIFF Filmmaker Lab, em 2015.

No filme, Maeve Jinkings interpreta Irene que, com seu marido, Jairo, papel de Rômulo Braga, tem uma pequena carvoaria no quintal de casa. Eles têm um filho pequeno, Jean, vivido por Jean Costa, e o pai dela não sai mais da cama, não fala e não ouve. A família recebe uma boa proposta, mas também perigosa: hospedar um desconhecido em sua casa, numa pequena cidade no interior. Antes mesmo da chegada dele, no entanto, arranjos precisarão ser feitos, e a vida em família começa a se transformar; nem sempre para melhor.

O longa foi rodado em Joanópolis, interior de São Paulo, uma cidade próxima à qual a diretora cresceu, e ela confessa conhecer bem esse ambiente rural e retrógrado: “Lá, vivenciei tudo o que uma pequena cidade conservadora pode oferecer: pessoas cuidando da vida umas das outras, famílias unidas pelo fato de que a família deve ficar unida, casamentos onde os casais quase se odiavam (mas como é vergonhoso ser solteiro, vamos manter o status quo!). E claro: você pode ser um assassino, mas por favor não seja gay”.

Carolina, que também assina o roteiro, conta que o desejo de fazer o filme veio da angústia de ver o Brasil cada dia mais imune aos absurdos: “Ouvimos nosso presidente dizer que preferiria ter um filho morto a um filho gay. Ouvimos o executivo da maior seguradora de saúde dizer que foram orientados por seus CEOs a deixar as pessoas morrerem durante a pandemia porque morte é alta hospitalar”.

A diretora passou, então, a prestar atenção nesse mundo ao seu redor, notando coisas que acabou trazendo para o filme: “Esse ambiente bucólico, mas ao mesmo tempo agitado, fez de mim uma observadora da natureza humana no seu melhor e no seu pior. E também uma admiradora de um senso de humor áspero, áspero e ácido, capaz de retratar todos os maiores desastres humanos e idiossincrasias de uma maneira bastante estranha”.

Produzido por Zita Carvalhosa, em coprodução de Karen Castanho e Alejandro Israel, o longa será lançado nos cinemas pela Pandora Filmes, com previsão de estreia para o primeiro trimestre de 2023. O elenco conta também com César Bordón, Camila Márdila, Aline Marta e Pedro Wagner.

Vale lembrar que os dez filmes selecionados concorrem ao Platform Prize, no valor de 20 mil dólares canadenses, que será concedido por um Júri Internacional.

Conheça os filmes selecionados para a mostra Platform do 47º Festival de Toronto:

Carvão (Charcoal), de Carolina Markowicz (Brasil/Argentina)
Emily, de Frances O’Connor (Reino Unido)
Hawa, de Maïmouna Doucouré (França)
How to Blow Up a Pipeline, de Daniel Goldhaber (EUA)
Riceboy Sleeps, de Anthony Shim (Canadá)
Subtraction (Tafrigh), de Mani Haghighi (Irã/França)
The Gravity (La Gravité), de Cédric Ido (França)
Thunder (Foudre), de Carmen Jaquier (Suíça)
Tora’s Husband, de Rima Das (Índia)
Viking, de Stéphane Lafleur (Canadá)

Foto: Divulgação.

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