Sem Ressentimentos

por: Cinevitor

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Direção: Faraz Shariat

Elenco: Benny Radjaipour, Banafshe Hourmazdi, Eidin Jalali, Knut Berger, Niels Bormann, Katarina Gaub, Hadi Khanjanpour, Vanessa Loibl, Paul Lux, Sevil Mokhtare, Abak Safaei-Rad, Jürgen Vogel, Armin Wahedi Yeganeh, Maryam Zaree, Mashid, Nasser, Ali Alik, Mark Tumba, Zabi Tajik, Massoud Raeisi, Eli Levy, Pamir Toryakhil, Mohamed Alik, Qassem Bibo, Amir021, Dilara Altincekic, Nadiah Riebensahm.

Ano: 2020

Sinopse: Na noite de seu aniversário, Parvis rouba uma garrafa de bebida em uma danceteria. Porém, ele acaba pego e, como é filho de iranianos exilados, é obrigado a fazer trabalhos comunitários em um centro de refugiados na Saxônia, Alemanha, onde vive. Lá, ele se apaixona por Amon, que fugiu do Irã com a irmã, Banafshe. Juntos, os três curtem um verão com noites sem fim, primeiros amores, a força a juventude; e a percepção de que nenhum deles se sente plenamente em casa na Alemanha. Em um filme semi biográfico, o realizador oferece uma visão sensível sobre imigrantes em terras alemãs.

Crítica: Vencedor do principal prêmio no Teddy Award, premiação que elege os melhores filmes com temática LGBT do Festival de Berlim, o alemão Sem Ressentimentos marca a estreia do cineasta Faraz Shariat na direção de um longa-metragem. Embalado por uma trilha sonora eletrizante, que permeia muito bem o desenrolar da trama, o filme apresenta as aventuras de três amigos durante o verão. Fala-se de descobertas, paixões, medos e responsabilidades. E também sobre preconceito e aceitação. Enquanto Parvis se apaixona por Amon, irmão de sua amiga Banafshe, há também uma questão importante que aparece como pano de fundo: todos eles não pertencem àquele lugar. Shariat, que assina o roteiro ao lado de Paulina Lorenz e Jan Künemund, evidencia a questão dos refugiados na Alemanha e trata também das angústias em relação à uma suposta deportação, que pode acontecer a qualquer momento. Mais do que mostrar a paixão entre os dois jovens, que domina a narrativa com cenas que retratam tudo que um relacionamento tem direito (o frio na barriga, os conflitos internos, a paixão e a entrega de corpo e alma), o diretor escolhe dividir o foco de sua história com o medo que ronda seus protagonistas sobre um futuro próximo nada satisfatório: a volta para casa e perder a liberdade de ser quem você é. Com toques de Xavier Dolan, Sem Ressentimentos se mostra ainda mais interessante ao retratar relações homoafetivas sem cair no clichê melodramático. Claro que há momentos vistos com frequência em filmes desta temática, como a homofobia, mas que são necessários que estejam ali pois refletem a cruel realidade que impera a sociedade. Porém, é por meio do amor que existe entre seus personagens que o longa encontra seu lugar de fala para passar uma mensagem importante sobre liberdade de expressão, preconceito étnico-racial, desigualdade social e minorias. (Vitor Búrigo)

*Filme visto na 44ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo.

Nota do CINEVITOR:

nota-4-estrelas

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