Le tout nouveau testament
Diretor: Jaco Van Dormael
Elenco: Benoît Poelvoorde, Pili Groyne, Catherine Deneuve, François Damiens, Yolande Moreau, Laura Verlinden, Serge Larivière, Didier De Neck, Marco Lorenzini, Romain Gelin, Anna Tenta, Johan Heldenbergh, David Murgia, Gaspard Pauwels, Bilal Aya, Johan Leysen, Dominique Abel, Lola Pauwels, Sandrine Laroche, Louis Durant, Jean Luc Piraux, Anne-Pascale Clairembourg, Alice van Dormael, Caroline Lambert, Pascal Duquenne, Viviane de Muynck, Michèle-Anne De Mey, Jean-François Wolff, Tom Canivet, Nora Young, Charlie Degotte, Thérèse Kabankaya, Elisa Echevaria Menendez, Thomas Gunzig, Eiaël Lefrancq Binon, Jaco Van Dormael.
Ano: 2015
Sinopse: Deus existe! Ele mora em Bruxelas com a sua filha. Mas a relação entre os dois é tão complicada que a filha decide se vingar do pai, roubando o computador divino e revelando a todos os humanos a data de sua morte. Para conter a crise, Deus volta a viver normalmente entre os homens, descobrindo o verdadeiro caos que é a Terra nos dias de hoje.
Crítica do CINEVITOR: Criativo. Essa é a melhor palavra para definir O Novíssimo Testamento, filme dirigido por Jaco Van Dormael. Ao abordar a religião em seu roteiro, com humor e ousadia, o diretor apresenta uma obra interessante e divertida. A história mostra Deus de uma forma diferente daquela contada na Bíblia. Em seu apartamento, ele controla o mundo através de um computador e se mostra uma pessoa ranzinza e sem paciência, principalmente com Ea, sua filha, que cansada dos desaforos, resolve se vingar do pai. Ao conseguir acesso à maquina do todo poderoso, ela acaba enviando para todos os humanos, através de mensagens de texto no celular, as datas da morte de cada um. Depois disso, a menina foge para se aventurar no mundo real em busca de novos apóstolos para criar um novo testamento. Irritado com a atitude da filha, Deus decide voltar à Terra para procurar a garota e levá-la de volta para casa. E é a partir daqui que a trama fica ainda mais divertida. Ao longo dos 113 minutos do filme, conhecemos os novos personagens e seus evangelhos, divididos em capítulos. Para contar essa história, o diretor não economizou em brincar com seu imaginário, e por isso, entrega para o espectador um filme arrojado e fantasioso. A linguagem de O Novíssimo Testamento não é inovadora, mas chama a atenção pela criatividade em sua narrativa, que traz ótimas e inteligentes sátiras ao universo bíblico, misturando diversos elementos, como: céu, inferno, milagres, paraíso. Além disso, faz o espectador refletir sobre sua vida, suas atitudes, seus desejos e sobre a busca por explicações de tantas incertezas. A direção de Jaco Van Dormael também merece destaque por conduzir com atitude e segurança uma trama com tons surrealistas. Aqui, os pensamentos dos personagens ganham vida e tudo é representado em cenas bem dirigidas e acompanhadas de uma fotografia na qual as cores fortes se destacam numa estética fria. A protagonista Ea, interpretada pela brilhante Pili Groyne, embarca em uma jornada em busca de respostas para seus questionamentos, revelando o lado mais reflexivo do longa. Enquanto isso, seu pai se aventura em meio ao caos da Terra, sentindo na pele tudo aquilo que criou para os humanos, rendendo momentos divertidos para a trama. A fantasia criada pelo diretor para contar separadamente a história de cada personagem para depois uni-las é interessante e contribui para o desenvolvimento ágil de seu roteiro. Com uma trilha sonora na qual a música clássica prevalece e com atuações primorosas de Benoît Poelvoorde e Catherine Deneuve, O Novíssimo Testamento soa um pouco provocativo, mas sem a intenção de se tornar polêmico. Blasfêmia? Talvez alguns levem para esse lado se não entrarem no clima proposto, sem considerar que tudo não passa de uma obra de ficção. Porém, o maior acerto do diretor foi simplesmente conduzir sua obra sem medo de ousar, com a intenção de se divertir em seu ofício. E deu certo! (Vitor Búrigo)
Nota do CINEVITOR:
